Amor à primeira vista
Conto especial para a SarahSantos867! ❤❤❤
Sicília, Itália, 2018
- De: Sarah Santos
Para: Quem se interessar possa
- (18/02/2018)
Provavelmente quando acharem esta carta já será de manhã e eu estarei bem longe deste convento, então permito-me a desejar um bom dia a quem estiver lendo, ao invés de boa noite.
Como a maioria do convento sabe, fui abandonada quando bebê em frente a este convento e por misericórdia das irmãs fui acolhida.
Aqui me deram amor, me educaram e fizeram de mim o que sou hoje. Então, não pensem que não dei valor a tudo que fizeram por mim, saibam que sempre estarão no meu coração, que eu sentirei muito a falta de vocês e que para sempre terei uma conta incapaz de pagar devido a tudo que fizeram por mim.
Optei por partir porque eu me olho no espelho e me vejo vestida de freira, mas não me sinto como tal e sou incapaz de sentir este orgulho em vestir esta roupa para a servir a Deus como todas vocês sentem.
Não que eu não ame a Deus, mas não sinto que a minha vocação seja ser freira. Por isso resolvi fugir, quero descobrir quem eu realmente sou e o que eu quero de fato desta vida.
Gostaria de ter me despedido, mas sei que não me deixariam ir, caso eu falasse a verdade.
Agradeço à vocês por tudo que me fizeram ao longo dos meus 21 anos de vida e peço desculpas pela dor que causarei a vocês. Talvez, um dia eu volte para visitá-las.
Sei que ficarão preocupadas com o fato de que eu estou andando na rua sem um centavo sequer no bolso e confesso que fiquei tentada a pegar emprestado o dinheiro que os fiéis dão para a igreja durante a missa e por essa ideia descabida ajoelhei no milho e pedi perdão a Deus.
Deus colocou na minha vida pessoas boas e sei que me fará encontrar um anjo no meio do caminho que me ajudará bem como vocês fizeram, não precisem se preocupar!
Com amor,
Sarah Santos. -
Finalizei a carta em meio a lágrimas, sorte a minha não ter molhado o papel. Me permiti olhar o meu quarto pela última vez, peguei a minha pequena mala e saí do quarto.
Andei até a porta do convento e saí com facilidade, já que não existem seguranças tomando conta.
Olhei de um lado para o outro as ruas de Sicília. Nunca havia saído do convento antes e estava encantada com a beleza da Itália.
Eram duas horas da manhã e não havia muitas pessoas andando na rua, eu não sabia para onde eu ia e nem a quem eu pediria ajuda, mas tinha fé que Deus me guiaria.
Resolvi atravessar a rua. Achei bonitinho o boneco vermelho que estava do outro lado da rua. Mas quando eu estava no meio da rua, vi um carro. Não sabia se ele iria parar, então resolvi correr, mas ele acabou batendo em mim e eu caí no chão.
Fechei os olhos e disse: "Meu Deus, estou no céu? Alguém me atropelou?"
"Não está no céu, não consegui parar o carro a tempo e você acabou caindo no chão. Agora saí do meu caminho porque eu não vou ser preso por causa de você e vê se presta atenção no sinal, talvez não tenta tanta sorte assim da próxima vez." Um homem lindo me respondeu com um tom nada amistoso.
Fiquei vermelha ao perceber que ele escutou os meus pensamentos. Resolvi abrir os olhos e levantar. Eu estava bem, nada tinha acontecido comigo.
Abri a porta do carro dele e entrei, ele entrou também. "O que pensa que está fazendo dentro do meu carro? Desce já daí!" O homem disse furioso.
"Acredito que você é o sinal que Deus mandou para mim. Você vai me proteger e guiar os meus passos, agora corre antes que você seja preso!"
"Vou correr, mas primeiro você vai sair do meu carro!" Ele gritou.
Começamos a escutar um som esquisito e eu me dispus a olhar para trás, tratava-se do carro da polícia que estava se aproximando.
"Saiam do carro e coloquem a mão para trás." O policial disse através de um auto falante.
"Você não estava brincando quando me disse que poderia ser preso, não é mesmo? Eu não quero ser presa, Deus! Não vivi a minha vida inteira num convento, fazendo tudo certinho, para acabar sendo presa! Ave Maria, cheia de graça (...) " Ele interrompeu a minha reza.
"Dá para calar a porra da boca? Esse policial está me seguindo desde Roma, estava despistando bem até que eu resolvi não passar por cima do seu corpo e te ajudar. Assim que eu der um jeito nesse policial, te deixarei em qualquer lugar. Coloca o cinto, vai precisar." Ele disse.
"Está tarde para se deixar uma dama em qualquer lugar." Respondi e coloquei o cinto.
"Está tarde para uma freira estar andando na rua." Ele rebateu e acelerou o carro.
O policial começou a atirar, ele abaixou o vidro, revidou e parou o carro. "Você vai matá-lo?" Perguntei apavorada.
"Não. Vou deixá-lo me matar! Em que mundo você vive, garota?" Ele respondeu irônico.
"Não me chama de garota! Eu tenho nome, me chamo Sarah." Disse.
"Não me importo com o seu nome." Ele respondeu seco e continuou atirando.
"Você é ruim de mira, graças a Deus!" Disse já fazendo o sinal da cruz.
"Eu já matei, só estava fazendo um - F - na testa dele. Minha marca registrada, mas agora eu terminei a minha obra de arte. A garota pode sair agora." Fiquei em choque diante do comentário dele.
"Não tenho para onde ir, fugi do convento." Resolvi ser sincera.
"Não me importo." Ele deu de ombros.
"Você não é tão mal assim, praticou um crime e mesmo com um policial te perseguindo, não passou por cima de mim. Me ajuda, por favor." Lágrimas brotaram do meu rosto.
"Quando eu vi o seu rosto te achei bonita e achei um desperdício te matar, resolvi poupar a sua vida. Quer ajuda? Vou te dar uma quantia em dinheiro, acabei de roubar a - Banca d' Italia - em Roma, o banco mais importante da Itália. Estou com bilhões aqui."
"Não posso aceitar dinheiro roubado, isso é contra a Deus e contra a tudo que eu acredito."
"Então não posso te ajudar." Ele disse. Respirei fundo.
"Fabrício na escuta. Christian, o banco foi roubado sem maiores dificuldades, já matou os homens?" Ele apontou para um ponto transparente que estava no ouvido dele, ao ver que eu o olhava como se ele estivesse louco.
"Ótimo. Também estou indo para a mansão." Pelo visto, os pobres coitados já estão ao lado de Deus agora.
"Fabrício é um nome lindo." Sorri.
"Só o meu nome que é lindo?" Ele fez carinho no meu rosto. Corei.
"Você é bipolar. Estava me tratando mal até bem pouco tempo e agora está sorrindo para mim." Mordi os lábios, talvez eu não devesse fazer tais observações à ele, afinal, não sei do que ele é capaz.
"Você é louca! Que espécie de freira entra em um carro de um homem que diz que está fugindo da polícia? Que espécie de freira permanece num carro de um homem que executa outro homem na frente dela?"
"O tipo de mulher que fugiu do convento para se descobrir, para viver a vida e deixar de ser freira porque essa definitivamente não é a minha vocação, além disso, não tenho medo de você. Eu deveria, mas não sinto."
"Ok. Você deveria sentir medo de mim, mas não sente. Eu deveria ter te atropelado, mas não fiz. Estamos quites, pode sair do meu carro agora."
" É isso mesmo que você quer? Se fosse, já estaria morta ou você já teria me tirado a força daqui." Sorri.
"Você não tem noção do perigo!" Ele sorriu.
"Porque você não representa perigo para mim."
Foi então que durante essas provocações sem sentido, surgiu aquele clima forte com ele, o nosso primeiro beijo que foi intenso, quente e apaixonado. Ele retirou o meu véu* para ver os meus cabelos.
"São lindos, ficam melhores assim." Ele disse ao mesmo tempo em que passava a mão pelos meus cabelos castanhos.
"Eu preciso ir para a mansão, você estará mais segura longe de mim." Ele me deu um selinho.
"Não quero me afastar de você! Sei que Deus te colocou no meu caminho para me proteger."
"Deus? Só se for o diabo! Desce, vai ser melhor!" Ele riu, mas não me parecia feliz.
"Me deixa ficar com você por pelo menos um dia, se não gostar da minha companhia no dia seguinte eu te prometo que saio da sua vida e que nunca mais irá me ver de novo."
"Feito. Você é muito teimosa!"
"Só sou uma mulher que sabe exatamente o que quer." Eu tive a ousadia de dizer. Meu coração disparou.
"E o que você quer?" Ele me perguntou já sabendo a resposta.
"Você." Falei baixinho no ouvido dele. Ele sorriu e me deu um beijo longo.
Ele retirou uma certa quantia em dinheiro da mala, ele abriu um livro que tinha um fundo falso e colocou a quantia toda nele.
"Hobin Hood seria um ótimo livro para ler, se não tivesse feito o favor de estragá-lo. É este o seu propósito? Roubar dos ricos para dar para os pobres..."
"Eu sou da Máfia italiana. Roubo, mato, estupro, faço o que me mandam por dinheiro e pela adrenalina que isso me causa também. Não venha tentando achar bondade em minhas ações porque isso simplesmente não existe em mim." A resposta dele me arrepiou, mas fingi calma.
"Você tem um lado bom sim, se eu consigo enxergar esse lado em você por que você não consegue?" Ele respirou fundo e nada disse.
"Irmão, eu estou aqui fora. Dá para vir aqui, por favor." Fabrício falou através da escuta, pegou a mala, saiu de dentro do carro e colocou a mala em cima do carro.
Um homem lindo de olhos cinzas apareceu. "O que houve? Por que não entrou?" Ele perguntou para o Fabrício.
Fabrício pegou a mala e entregou para o tal homem. "Já peguei a minha parte e mais um pequeno adicional de periculosidade porque um policial me perseguiu." Fabrício sorriu.
"Adicional? Sempre roubando dos demais, não é? A sorte é que ninguém tem coragem de fazer algo com você porque somos irmãos." O homem disse.
"Que sorte a minha, Christian!" Ele riu e o Christian revirou os olhos em protesto.
"Não é possível que você mal acabou de roubar um banco e já arrumou uma quenga para passar a noite. A propósito, bela fantasia! Você está impecável!" Christian olhou para mim como se estivesse olhando um pedaço suculento de carne.
"Quenga é a senhora sua..." Estava respondendo, mas o Fabrício me interrompeu.
"Já estamos indo, irmão." Ele disse. Bufei.
"Só não mato essa puta agora porque você ainda não se divertiu." Christian disse e colocou a mão em algo que estava na cintura dele. Meu Deus, será que era uma arma?
"Tchau, irmão!" Fabrício o abraçou.
"Tchau." Christian sorriu.
Fabrício entrou no carro, começou a dirigir e me perguntou incrédulo: "Você definitivamente é louca! Como você fala daquele jeito com o chefe da máfia?"
"A pergunta certa seria: como ele teve coragem de se referir a mim como quenga?" Rebati.
"O que você queria que ele pensasse? Que eu encontrei uma freira que fugiu do convento e resolvi dar uma carona para ela que aceitou sabendo que eu sou um mafioso? E pior: mesmo me vendo matar um policial? Não acha um tanto absurdo para alguém acreditar?" Não disse nada, mas me permiti refletir a respeito.
"Falando nisso, acho melhor você usar uma roupa normal." Ele disse.
"Melhor mesmo! Não posso ser confundida novamente como prostituta." Fiz o sinal da cruz. Ele riu.
"Chegamos." Ele disse. Colocou o carro na garagem e entramos na apartamento dele.
"É lindo!" Disse assim que entrei.
"Você preferiu o apartamento do que a mim, fiquei profundamente triste com isso." Ele riu.
"Por que tem essa necessidade toda de ganhar um elogio meu?" Perguntei olhando fixamente para aqueles lindos olhos cor de mel.
"Do mesmo modo que você busca justificar as minhas más atitudes com algum motivo bom, eu tenho que justificar a sua loucura. Talvez esteja comigo pela minha beleza irresistível ou pelo meu dinheiro." Ele disse de forma amarga.
"Por que não posso estar com você apenas por sua causa? Por que tem que ser por algo que você tenha?"
"O que você quer de mim?" Ele desviou o olhar.
"Quando eu saí do convento, eu queria viver, queria conhecer o mundo, então eu percebi que o que eu queria dessa vida, o que faltava em mim não era exatamente o que, era quem, era você, Fabrício."
"Não, não é possível que você esteja gostando de mim! Estamos juntos há algumas horas e você nem sequer parece uma freira! Digo, cadê a inocência, a pureza que deveria ter por viver em tal ambiente?"
"Está vendo o meu joelho? Ele não é nada bonito não é mesmo? É de tanto eu ser obrigada a me ajoelhar no milho! Sabe por que? Porque eu não seguia as regras, eu queria conhecer o mundo tal qual ele é e eu já vi filmes diversos filmes pornográficos e outras coisas proibidas. É por isso que não sou inocente como as outras. Sei o que estou sentindo no meu coração. Você acha que só porque é mafioso não pode ter direito a um amor?"
"Também me interessei por você, mas acha que vai ficar comigo e ser um mar de rosas? Sua vida estará em risco o tempo inteiro!" Ele disse com um tom de preocupação na voz.
"Sempre quis ter um pouco de emoção na minha vida! Nunca pensei em ter uma relação com um mafioso, mas jamais recusarei o plano de Deus. Sei que você me protegerá ou me ensinará a me proteger."
"Por que você é tão teimosa?" Ele coçou a barba.
"Porque alguém tem que ser por nós dois. Eu não vou desistir de nós dois. Sei que parece um tanto cedo para admitir uma paixão, mas essas coisas podem acontecer porque foi à primeira vista e isso é tão sublime quando o vem à tona. O amor é o sentimento mais lindo que se pode acontecer e nada vale mais do que o amor porque..." Ele me interrompeu com um beijo.
"Eu não sou romântico, então não me faça me arrepender do que estou fazendo, não faça declarações, sou diabético." Revirei os olhos em protesto.
"Estou com fome." Disse com um pouco de vergonha.
"Deveria estar com sono. Já são 04:00h. A freira não tem sono?"
"É efeito de um comprimido de arrebite que eu peguei no quarto do padre Francesco. Não sabia quando poderia dormir." Corei ao falar do meu pecado para ele.
"Você roubou o padre?" Ele perguntou, começou a rir e eu corei.
"Você fica linda quando cora." Ele distribuiu beijos por todo o meu rosto e por último me deu um selinho. Sorri. Parece que estou vivendo um sonho!
"Vou ligar para a pizzaria. Quer pizza de que?" Fabrício me perguntou.
"Ligar? Pensei que fosse roubar!" Mordi os lábios.
"Não pratico crime o tempo inteiro e uma pizza é tão barato, me sentiria um tremendo pobretão se eu roubasse, mas posso roubar o dono da pizzaria, caso a ideia lhe agradar."
"Está me chamando para roubar? Misericórdia!" Fiz o sinal da cruz.
"Não consigo imaginar uma ex freira roubando, embora esta ideia me seja bastante excitante, porém não estou te chamando para roubar, apenas considerando a sua ideia e a melhorando. Ainda não disse do que quer a pizza."
"Só você para achar isso excitante. Napolitana, por favor."
Fabrício ligou e pediu a pizza. "É só aguardar quarenta minutos. Quer o quê para beber? Whisky? Cerveja? Ice? Vodka?"
"Deus que me livre! Nunca tomei essas bebidas do diabo não."
"Não sabe o que está perdendo!" Ele riu.
"Tem mais arrebite? Quero me manter acordado por muito tempo." Ele beijou o meu pescoço.
"Tenho, mas acho que você deveria dormir." Me afastei um pouco dele. Acho que sei o que vem a seguir e não sei se deveria fazer isso no mesmo dia em que o conheci.
"Vamos ver um filme na Netflix, então." Fabrício ligou a televisão, eu escolhi um filme romântico e ele dormiu em cinco minutos de exibição de filme com a cabeça na minha perna.
Fiquei fazendo carinho nele, ele é tão lindo! Parece um anjo dormindo, quem diria que na verdade é um diabinho? Um diabinho que eu amo!
A campainha tocou e eu não fazia ideia de onde estava a chave da porta. Dei um beijo nele no rosto e disse: "Fabrício, acorda..."
Fabrício pegou a arma e apontou em qualquer direção. Gritei e ele pulou do sofá. " Cadê o filho da puta?" Fabrício perguntou. Ele me parecia tão elétrico!
"Esse nome feio que você acabou de pronunciar eu não sei, mas o homem da pizza acabou de chegar." Sentei no sofá. Ele passou as mãos pelo cabelo e foi em direção a porta, tempos depois ele voltou com a pizza.
Comemos a pizza, eu tomei refrigerante, mas ele preferiu tomar cerveja. A cerveja é uma porta para o demônio tomar conta, ele não deveria brincar com o ser que mora lá em baixo.
"Me diga, como são os filmes pornográficos que você já assistiu?" Ele me perguntou. Os olhos deles estavam brilhando.
"Eu gosto dos clássicos italianos, gosto de filmes que tenham freiras, eu sei que é um completo desrespeito com Deus, freiras rezando e transando com homens naquele local sagrado e em espaços onde qualquer um que estiver passando pode ver. Acredita que até o padre transa com as freiras nos filmes que eu vejo? Eu assistia porque era um jeito de aproximar essa realidade que eu achava que nunca teria com a minha antiga realidade. Só assim eu conseguia me sentir como parte daquela cena, consegue me compreender?" Corei por ter falo a respeito disso com ele.
"Compreendi cada palavra dita." Ele disse.
"Vou dormir agora. Poderia me dizer em que quarto de hóspedes dormirei?" Abaixei a cabeça, depois do que contei não haveria possibilidade de olhar nos olhos dele nem tão cedo devido a minha grande vergonha.
"Quem disse que você vai dormir no quarto de hóspedes?" Fabrício segurou no meu braço, me forçando a virar para olhá-lo. Nos beijamos intensamente.
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Boa tarde, meus amores! ❤
Espero que estejam gostando do conto da Sarah. Semana que vem teremos o final dele e o começo do conto da merieli123.
Sarah não me pediu música, disse que só se lembrava de música evangélica e que não queria brochar os leitores. Achei essa música "Man! I feel like a woman!" Da Shania Twain a cara dessa primeira parte do conto. Ela é bem antiga, mas eu amo.
* Véu é o nome daquele pano que as freiras usam para cobrir a cabeça.
Esta menina da foto é desconhecida, Sarah pegou do Pinterest. Retrata um menina jovem com cara de anjo, mas com atitudes endiabradas. Muito a Sarah do nosso conto.
Este é o gato do Joe Manganiello, avatar do Fabrício.
Beijos 😘
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