Táxi?
Pode me chamar de rainha dos apps. Tenho uma amiga que me apelidou dessa forma, e em pouco tempo você vai entender o motivo.
Só essa semana, tive pelo menos uns três encontros. No último dia do carnaval peguei um americano, sujo de purpurina até na bunda.
Ah, e saio apenas com gringos, ok?
Meu objetivo é conquistar a Europa e a Oceania, e quer saber por que eu não pego brasileiros?
Porque... Eu hein, me respeita!
Bom, pra começar, deixa eu explicar outro detalhe. Moro no Rio de Janeiro, não tenho ar condicionado em casa e, por isso, costumo dizer que o verão é a minha estação promíscua.
Às vezes, aceito ir ao motel só porque lá é fresquinho e tem televisão a cabo.
Essa foi uma das razões pela qual aceitei sair com o Karl, austríaco, fazia um calor infernal naquele dia. E eu também nunca tinha pegado um austríaco, precisava incluir essa nacionalidade na minha lista.
Demos match no Tinder uma hora da tarde e à noite combinamos de nos encontrar na porta do hotel Pestana, no Arpoador. Onde a Madonna costuma se hospedar. Cheguei lá quase meia noite.
Interagir com gringos tem outra vantagem, como eles não tem muitos dias na cidade, não perdem tempo antes de te convidar pra sair, coisa que eu também não suporto.
Ficar semanas de papo pra depois não dar em nada?
Eu não! Tenho coisas melhores para fazer.
Mas confesso, cheguei na porta do hotel e ao ver o cara bateu um leve desânimo. Peguei o celular e enviei mensagem para uma amiga minha.
23:47 – Mulher, acabei de chegar no Pestana.
O Karl está na porta do hotel, mas sei lá.
Tô olhando ele aqui do carro.
Achei meio diferente da foto.
23:48 – Karl? Quem é esse?
O piloto?
23:48 – Aff, esse é outro
O piloto já peguei e ele já voltou pra Londres.
23:48 – Ah, sei lá.
Aproveita que esse aí ainda não te viu
Vai embora.
23:48 – Não
Tá quente pra kct
E ele parece inteligente
e tem um bom emprego
Professor de economia q tá no Brasil
só pra dar um seminário
23:49 – E daí? Quer casar com ele?
23:49 – Me respeita!
Mas vai que evolui algum dia...
Bom saber que presta
23:49 – Então sai do carro e boa sorte!
Depois me conta.
23:49 – Tá
Fica de olho no cel
Qq coisa te mando uma msg pra vc me ligar fingindo que alguém morreu.
Olhei pro cara e desci do carro. Magrinho, branquelo, cabelo preto e mordi a boca.
Pelo visto eu destruiria ele na cama em três minutos, mas resolvi dar uma chance.
Atravessamos a rua e sentamos pra beber num quiosque do Arpoador. Programa bem típico de gringo, clichê puro, mas vá lá, eu tinha uma meta de nacionalidades a conquistar.
Sentamos.
Pedi um chopp e ele, uísque. A bebida chegou e Karl começou a organizar os itens na mesa. Alinhou o saleiro com o porta-guardanapos, enxugou as gotas que pingavam do meu copo... Só sossegou depois de deixar tudo arrumado.
Maior esquisitão, devia ser piradinho na cama, fiquei um pouco tentada.
Tentei fixar o olhar no dele enquanto bebíamos, mas ele evitava.
Segurava o copo de uísque com o corpo meio curvado para frente, e mantinha os olhos fixos em algum ponto atrás de mim no horizonte.
Quando finalmente começamos a conversar, o cara só reclamava. Falou mal dos programas da televisão, do hotel, do Brasil, da faculdade onde ele participou do seminário. Só faltou falar mal de mim.
Os garçons avisaram que o quiosque iria fechar e fiquei aliviada. Eu já estava de saco cheio, pensando no desperdício de tempo e de maquiagem, quando ele pediu a conta e olhou pra mim pela primeira vez:
- Vamos beber mais uma cerveja em outro lugar?
Aceitei. Eu ainda tinha esperanças no ar condicionado.
Pagamos a conta, ficamos de pé, e notei que ele continuava parado me olhando:
- O que foi? – Perguntei.
- Posso te tocar?
Ele me perguntou quase salivando. Franzi as sobrancelhas, peguei a mão de Karl e coloquei na minha cintura.
- Eu estou te tocando. Eu estou te tocando. - Ele suspirou e falou com a voz baixa.
Piradinho, piradinho.
Descemos o calçadão e escolhemos um pub de frente para a praia. Dessa vez nós dois bebemos cerveja e perguntei a ele, entre um copo e outro:
- Você tem algum vício?
- Sexo. Mas relaxa, fiz um ano de tratamento.
Enfim a noite e o assunto começaram a melhorar. Karl admitiu que teve uma fase de vício em se relacionar com prostitutas.
De repente, do nada, no meio do assunto ele pede a conta outra vez e me pergunta:
- Vamos pro motel?
Arregalei os olhos.
- Cara, a gente nem se beijou ainda.
- Vamos só pra conversar num lugar mais privado.
Passei alguns instantes em silêncio, ele percebeu que eu estava em dúvida:
- Se não quiser, podemos pegar um táxi e dar umas voltas pela cidade.
Cara pirado.
- Eu não! Nem tenho dinheiro pra isso.
- Eu pago.
- Lógico que você paga.
Deixamos o pub e pegamos um táxi na rua. Eu disse ao motorista para rodar três quarteirões enquanto decidíamos aonde ir.
Karl sentou ao meu lado e me beijou. Nossas línguas mal haviam se tocado e ele começou a gemer baixo. Entreabri os olhos e vi que ele se contorcia, virava o olho.
Fiquei assustada, mas excitada.
O taxista até virou o retrovisor para nos observar, ele tentou disfarçar que estava curtindo o pay-per-view, mas eu percebi.
Nos beijamos por um tempo. O táxi andando, o Karl gemendo, eu ficando excitada...
Achei melhor ir logo com o Karl pro motel, antes que ele me fizesse passar vergonha e chegasse ao finalmente ali mesmo.
Sussurrei no ouvido dele:
- Vamos pro motel?
- Espera. Vamos dar mais uma volta.
Ele me beijou de novo. Com mais intensidade. Peguei a mão dele e coloquei na minha cintura, ele gemeu alto e tremeu. Estava na agonia do coito e eu perdendo a paciência.
Demos mais uma volta naquele esquema de me beijar, gemer, revirar os olhos...
O taxista já quase não olhava mais para frente.
Chamei o Karl de novo para irmos logo para o motel. Ele negou.
Outra vantagem de sair com gringos é que eles não sabem falar português.
Interrompi o beijo e falei com o taxista. Karl me perguntou se estava tudo bem e eu disse que sim.
Mais ou menos uns quinze minutos depois, o táxi parou, desci do carro e acenei um tchauzinho para o Karl, que me olhou sem entender nada, e ainda gritou meu nome quando o taxista arrancou com o carro.
Eu havia dado o endereço da minha casa e explicado ao motorista que depois deveria levá-lo de volta ao Pestana.
Pelo menos o carro tinha ar condicionado.
Abri meu celular pra falar com outras combinações, e marquei encontro com um nova iorquino para o dia seguinte.
Por Carine Raposo
Baseado em fatos reais
Será que a Joyce tem uma história com final mais feliz?
Vamos descobrir no próximo conto.
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Olá meus amoressss! E aí? Gostaram? =)
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