Depois que encerrei a ligação com a minha prima, tratei de organizar as coisas aqui no escritório e me preparei para ir para casa, pois já estava tarde e eu só fiquei por aqui porque tinha uns contratos que precisavam ser assinados com uma certa urgência e como eu pretendia passar o dia em casa amanhã, resolvi adiantar o trabalho.

Era quase 20:00 quando estacionei na garagem do prédio e peguei o elevador para subir até a minha cobertura, me sentia cansado, só queria tomar um banho e relaxar um pouco, queria muito que Milena entendesse os meus receios sobre ela ir sozinha para aquele país onde passou a maior parte de sua vida, mas como sempre eu acabo me saindo como o egoísta controlador e possessivo, segundo ela mesma me intitulou dias atrás no meio de uma de nossas discussões sobre o assunto.

Para não tornar a briga ainda mais séria, me calei e até hoje não comentei mais nada, sei que ela conversou com os meus pais, tanto que mamãe intercedeu a favor dela, dizendo que eu não poderia simplesmente proibi-la de ir para onde quisesse, então depois de pensar muito, hoje já havia tomado a minha decisão, eu ia deixa-la ir a sua consulta medica e rever seus amigos.

Mas quando abri a porta de casa, encontrei a mesma sentada no sofá, parecia chateada e pensativa com alguma coisa, então aproveitei aquele momento para conversarmos e acabar de vez com aquele clima chato, pois já fazia duas semanas que eu dormia no sofá da sala e minhas costas já estavam pedindo arrego, então deixei as pastas sobre o centro no meio da sala e sentei ao seu lado, alisando seus cachos revoltos e admirando suas expressões neutras naquele momento.

— Eu decidi deixa-la ir para sua consulta e rever seus amigos! — Exclamei, me endireitando melhor no sofá.

— Eu sabia que em algum momento você iria acabar cedendo, mas resolvi não ir.

Franzi o cenho, virando-me para ela, não estava entendo nada, ela que tanto brigou e discutiu por isso, agora não estava mais interessada.

— Agora eu que não estou entendendo, porque você não quer mais ir?

— Você tinha razão, Ryan ficou sabendo da minha possível ida a Nova York e com toda a certeza nos esbarraríamos por lá, então é melhor eu continuar aqui e saber se a Laura poderia me apresentar a medica dela, como você sugeriu. — Contou, fazendo-me respirar fundo para não dizer que tinha lhe avisado, pois com toda a certeza ela não hesitaria em me deixar dormindo aqui por mais tempo.

— Eu imaginei isso, por isso não queria que fosse, mas tudo bem, já é um assunto encerrado para mim.

Dito isso, levantei-me e fui em direção ao banheiro, pois estava louco para tirar essa roupa e me refrescar, porque queria estar pronto para quando meu filho acordasse e ficássemos juntinhos vendo algum filme ou brincando no chão da sala.

Ele já tinha 1 ano e a cada dia que passava ficava ainda mais esperto, lembro-me quando comecei a planejar sua primeira festinha, sei que Milena não queria isso tudo, mas eu fiz questão e fizemos a festa mais linda do mundo para ele, toda a família e alguns amigos vieram para que pudéssemos comemorar, até hoje assisto as filmagens e sorrio feliz por ter proporcionado esse momento lindo para ele.

Estava tão distraído que nem vi a hora passar, até que sai do banheiro e fui buscar uma roupa no closet, foi quando lembrei da ligação estranha de Laura, querendo saber do meu pai, alguma coisa havia acontecido e ela não estava afim de dizer o que era, mas com toda a certeza eu irei descobrir, pois não gostei do jeito que estava agindo quando conversamos rapidamente hoje cedo, era como se estivesse tensa e nervosa com alguma coisa.

— Olha quem acordou e está com saudades do papai. — Ouço a voz de Milena atrás de mim e sorrio, sabendo que meu filho acordou e está louco para brincar comigo.

Tanto que o pego de seus braços e passo a dar cheiros em sua barriguinha, fazendo o mesmo rir e sacudir as perninhas.

— Papai também estava com muitas saudades, vamos brincar lá na sala. — Digo, e ele sorri ainda mais colocando os dedinhos na boca.

Então saímos do quarto e fomos direto para sala, sento-me com ele e começo a lidar os brinquedos, Milena pega um pote gigante de sorvete e se junta a nós no chão da sala.

— Eu arrumei suas coisas e coloquei de volta lá no quarto. — Diz, lambendo a colher de um jeito sensual.

— Certo, minhas costas agradecem!

Ela continua me provocando com o pote de sorvete, mas eu finjo que não estou vendo, pois agora quem vai levar um belo castigo vai ser ela por ter me deixado na seca por duas semanas.

— Di, eu queria me desculpar pelo que eu disse naquele dia, sei que não merecia. — Pede, olhando fixamente para Daniel que esta mordendo a mãozinha de borracha.

— Uhum, eu também peço desculpas, se por acaso dei a entender que era um controlador.

Ela me olha de um jeito triste, sabendo que me feriu com aquelas palavras, tanto que alisa o meu braço e se encosta mais em mim, demonstrando o quanto está arrependida por tudo o que me disse dias atrás.

— Eu não acho isso, só queria que você fosse mais maleável em certos assuntos.

Balanço a cabeça positivamente, entendendo seu ponto, tanto que de última hora acabei deixando que ela fosse, mas foi como pensei, aqueles amigos dela não iam segurar a língua, tinham que falar para aquele corno maldito sobre a ida dela para lá, e ainda mais sozinha com o meu filho.

Torço para um dia nunca mais encontra-lo, ou não responderei por mim.

— Está certo, vamos encerrar esse assunto e viver a nossa vida.

Ela concorda, se levanta para guardar o pote de sorvete e quando volta, se aconchega no meio de minhas pernas, na certa está com saudade dos nossos momentos de carinho e entrega.

— Estou com saudades de você!

— É mesmo? — Tento soar irônico.

— Sim, muito.

Dito isso, ela segura o meu rosto e me puxa para um beijo, que retribuo amorosamente, pois nada me faz mais feliz do que terminar o dia na companhia dos amores da minha vida.

❤❤❤

Beijos e até o próximo capítulo...