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Capítulo 28

Era tarde, e eu me encontrava sentada na varanda do quarto que foi meu durante os dias em que eu vivia aqui no passado, pois quando a minha mãe morreu há exatos 4 anos, não tive mais coragem de entrar nessa casa.

As lembranças eram tão fortes que decidi fazer as malas e viajar sem rumo, deixando alguém muito importante para trás.

E como papai e eu não nos dávamos bem, ele nem se quer se importou em saber onde e como eu estava.

— Querida, Roger chegou! — Maria exclamou, assim que me viu distraída olhando para o nada.

— Certo, eu vou descer. — Digo, e ela se vai caminhando devagar até a porta do quarto, avisando que vai preparar um cafezinho para servi-lo.

Roger era o melhor amigo do meu pai, trabalhavam juntos e sempre o acompanhou nas viagens de negócios que faziam, ou seja, eles eram totalmente inseparáveis.

E foi por isso que o chamei aqui, pois Roberto, o advogado da família entrou em contato comigo quando eu ainda estava em Nova York, me avisando sobre o testamento do meu pai.

Eu havia herdado metade de seus bens, uma cobertura que ele havia me dado de presente quando fiquei noiva e a presidência da imponente construtora Azevedo.

Confesso que não queria nada com aquela empresa, pois não era o meu ramo, e esse era o grande motivo das muitas brigas que tive com o meu pai, pois ele queria que eu estudasse Engenharia Civil e assumisse os negócios para que ele se aposentasse e vivesse a vida que sempre quis.

Uma vida regrada a mulheres e farra, como eu sempre presenciava quando era pequena, pois mamãe não aceitava as traições e sofria de depressão com as humilhações feitas por papai toda vez que saia alguma manchete dele com suas amantes.

Diante de todos esses pensamentos, me levantei decidida a saber mais sobre isso, pois o advogado citou mais um herdeiro e eu quero tirar essa história a limpo.

Então me olhei uma última vez no espelho, abri a porta do quarto e me direcionei até as escadas, visualizando Roger sentado em um dos sofás tomando o delicioso café que Maria havia servido.

— Boa tarde, Roger, quanto tempo. — O cumprimento, me sentando na poltrona ao lado.

— É um prazer enorme revê-la, Luana. — Diz, animado, pois já faz alguns anos que não pisava em Paris.

— O chamei aqui para esclarecer algumas coisas, como sabe o testamento do meu pai foi aberto e eu fiquei com algumas dúvidas em relação a um segundo herdeiro. — Sou direta, pois pretendo procura-lo se caso essa história se confirmar.

— Ah, eu sabia que um dia você iria acabar descobrindo, é uma longa história menina, um pouco triste eu diria.

— Então é verdade? — Indago, me desencostando da poltrona para encara-lo com firmeza.

O observo suspirar e tomar mais um gole de café, antes de começar a contar a história, pois sabe que sou insistente e não vou sossegar enquanto não souber de tudo.

— Luana, você sabe que eu acompanhava o seu pai em todas as viagens e não vou negar, ele tinha uma amante em cada canto do mundo, mas quando viajamos para o interior e ele se interessou em comprar a fazenda que estava na beira da falência, foi diferente.

— Ele conheceu alguém por lá?

— Sim, a filha dos proprietários que queriam de todo jeito vender a propriedade, tanto que eu avisei que ele não fizesse nada com a pobre moça, pois ela era inocente e poderia ter o coração partido.

Fecho os olhos, imaginando o sofrimento dessa pobre mulher que com toda a certeza caiu nas mentiras do grande Lionel Azevedo, e nem imaginava que ele era casado e tinha uma família.

— Meu pai não ouvia ninguém, nem respeitava a minha mãe, como o senhor sabe.

— Sim, ele se envolveu com essa moça e dias depois ela descobriu a gravidez, contou ao seu pai e foi acusada de golpista. — Conta, me deixando boquiaberta, nunca pensei que meu pai fosse tão cruel assim, pois mamãe sempre teve esperanças de que ele iria mudar.

Mas isso nunca acontecia...

— Então quer dizer que eu tenho irmãos?

— Apenas 1, ele se chama Leonardo e vivi aqui mesmo em Paris.

— E como é que você tem tanta certeza? — Pergunto, com a voz embargada, pois jamais imaginei que o meu pai fosse capaz de abandonar um filho.

— Há 1 ano atrás, seu pai descobriu que seu tio era filho bastando do seu avô com uma prostituta que morreu durante o parto e sua avó fez questão de cria-lo como filho, pois para ela a criança não tinha culpa dos pais que tinham. — Conta, me deixando mais uma vez chocada com as revelações, pois essa família sempre foi muito separada e eu agora entendo o motivo. — Depois disso, ele me procurou e me pediu ajuda para encontrar a moça que engravidou, contratamos um detetive que vasculhou toda a vida deles e até pensei que seu pai iria se redimir, mas ele era muito orgulhoso e deve ter deixado para lá.

Balanço a cabeça de um lado para o outro, ainda sem acreditar em todas essas coisas que saíram de sua boca, mas bem lá no fundo do meu coração eu sei que meu pai não prestava e era capaz de tudo, talvez ele tenha pensado que iria se redimir através de seu dinheiro.

— Papai achou que eram ambiciosos e que aceitariam o dinheiro. — Digo, deixando as lágrimas rolarem pelo meu rosto.

— Pois é, eu ainda acho que seu pai se matou, pois, pelo laudo do legista, ele estava alcoolizado. — Revela, me deixando ainda mais triste, pois é como se a história se repetisse.

Pois mamãe provocou uma overdose de remédios e agora meu pai se embriaga e joga o carro propositalmente na frente de um caminhão.

Isso só pode ser um pesadelo...

❤❤❤

beijos e até o próximo capítulo...



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