Deus e o tempo são a solução.
Gente, essa semana e a anterior foi muito difícil mesmo. Estou com alguns problemas pessoais de saúde que me tiraram completamente o tempo, fora o que já tenho que fazer habitualmente... Me perdoem mesmo pela demora.
Eu ainda estou na correria por conta dessa questão pessoal, mas acredito que esse domingo eu conseguirei postar o próximo sem problema!! Me perdoem por essa gafe de demora... 😕
E fiquem tranquilas, está tudo bem. Eu só preciso do carnaval para poder dormir e estará tudo perfeito RS...
Capítulo 36: Deus e o tempo são a solução.
O tempo passava sem se importar que não estivéssemos acompanhando a sua rapidez. Eu só queria que o tempo passasse mais devagar ao ponto de eu poder desfrutar melhor dos poucos dias que eu tinha de felicidade com Zey.
Os dias corriam em sua lentidão momentânea. Meu coração ainda sentia uma leve pontada de dor quando lembrava de Hakim, de Kadi e de Mariam, pensando como eles estariam, como estavam levando a vida e se talvez pensassem como eu estava levando a minha conforme o tempo passava.
Era verdade que eu me ocupava o máximo que podia para não pensar neles e no passado. Tentei aprender o máximo de coisas possíveis tanto na faculdade quanto no restaurante. Talvez tenha me inscrito em um monte de cursos para ocupar o tempo livre, é verdade.
No trabalho também. Tentava aprender as coisas o mais rápido possível e buscava o conhecimento de tudo o que as meninas me ensinavam para tão logo não dar trabalho a elas e atrapalhar o que elas tinham que fazer também.
Os dias passavam. Olhando pela janela, eu conseguia ver pouco a pouco o avançar das estações. O sol quente, o dia chuvoso, as noites longas, os dias ocupados de afazeres, as obrigações que eram muitas, as saudades que transbordavam em minha alma, a doçura do cair da tarde. O tempo avançava sem se preocupar que não estivéssemos prestando atenção no dia a dia. Mais um dia nascia e éramos ocupados por toda a lista de coisa que tínhamos que fazer sem se atentar aos pequenos detalhes do dia a dia. Talvez só porque eu não tivesse mais esses pequenos detalhes mais que eu acabava lembrando deles quando os tinha com Hakim. Os passeios que fazíamos às sextas para a Mesquita e depois para jantar, os dias que ficávamos conversando sobre qualquer coisa, só porque tínhamos o tempo para isso ou até mesmo os dias que sentávamos na porta de entrada da casa e víamos o cair da tarde assim que ele chegava em casa.
Parecia que fazia tanto tempo...
Era uma sexta quando Zey entrou em casa e veio me abraçar eufórica. Ainda sem entender, dei alguns pulinhos com ela até que ela me contasse o motivo da sua felicidade.Eu estava fazendo um lanche, pois estava já quase na hora de eu ir trabalhar no restaurante.
— Eu consegui um estágio na televisão! Vou começar a fazer reportagens pequenas, como locais de turismo aqui na Arábia, mas tenho fé de que logo me tornarei uma âncora e apresentarei o jornal da noite, da madrugada, qualquer jornal! — E Zey estava tão feliz que eu acabei pulando com ela também contagiada pela felicidade.
— Zey! Que notícia maravilhosa! Você vai conseguir subir, com certeza! Eu tenho muita fé em você! — Zey começou a dançar estendendo os braços para o alto enquanto dizia:
— Oh, Deus! Oh, Deus! Muito obrigada, Deus! — E eu acabei sorrindo ao vê-la desfilar e dançar pela cozinha.
— Não vai esquecer da sua amiga pobre quando for rica e bem sucedida! — Brinquei e Zey fez um movimento com a mão como se fosse de desprezo.
— Você também vai ser rica! E eu vou acompanhar com reportagens todas as vezes que você salvar um animal do sofrimento humano incalculável! Você vai estar lá xingando um filho de Sheik mimado que contrabandeou um pobre de um leopardo e eu vou estar lá acompanhando você fazendo o resgate! — Acabei rindo ao imaginar.
— Acho que vou precisar de uma boa amizade com pessoas ricas como você mesmo para não ser morta por esses homens ricos que acham que mandam no mundo. — Zey bateu uma palma gargalhando.
— É bom que eles aprendem com quem estão se metendo! Girl fire! — Ela estendeu a mão para mim e eu bati firmando nosso trato.
— Eu vou sair agora, Zey.O restaurante me espera. Hoje é o dia que servem comida brasileira no restaurante. Simplesmente lota! Preciso ir correndo! — Zey acabou concordando comigo e me deixando partir. O dia estava uma correria como eu previra. Felizmente, eu já sabia o que tinha que fazer e não precisava encher as meninas. Tínhamos as mesas que cada uma ficava responsável por atender e assim o fluxo seguia sem intercorrências.
— Mah, a minha mesa 19 continua insistindo que quer ser atendida por você. Deve ser algum cliente mais antigo que gostou do seu atendimento. — Concordei com Baliam e toquei no ombro dela.
— Não se preocupe, eu vou lá. — Pisquei para ela. — Fica com minha mesa 7 enquanto isso. Estão chegando agora lá. — Baliam concordou e trocamos por ora as nossas mesas. Segui animada até a mesa que eu deveria atender, como eu sempre fazia. Contudo, a animação caiu por terra quando eu vi que era Hakim, Malika, Kadi, senhor Mustarf, Alita e mais um convidado: Mohammed. Engoli todo o meu orgulho, porque eu sabia que eles provavelmente estavam ali para me humilhar e decidi que tentaria os tratar como qualquer cliente e manter o profissionalismo acima de tudo.
Ninguém parecia surpreso que seria eu que atenderia eles. Talvez porque senhor Mustarf tenha sido enfático com Baliam para deixar Mariam atender essa mesa. Era a única explicação plausível para mim.
— Boa noite. Hoje a casa trabalha com comida brasileira, como mostram os cardápios. O meu nome é Mariam e serei responsável pelo atendimento de vocês hoje. Há alguma coisa no cardápio que vocês já pensaram em pedir? Gostariam de alguma sugestão? — E eu vi o sorriso de Alita demoníaco antes mesmo de imaginar que ela decidiria abrir a boca e falar.
— Olha quem está aqui. Mas não é que combina com você? Essa roupa de garçonete, é o melhor que você poderia receber mesmo. — E o comentário dela parecia uma adaga afiada, mas eu fiz o possível para desviar ou para, pelo menos se fosse atingida, não parecer fisicamente com dor.Fiquei em silêncio, porque a melhor solução de paz e o melhor desprezo é quando você não retruca e a outra pessoa é obrigada a recolher sua ofensa. Kadi, como um anjo, acabou salvando o silêncio destruidor:
— O que você sugere, Mah? Nunca comi nada brasileiro. — Concordei com a cabeça e voltei minha atenção total para Kadi, pois era muito fácil sorrir para ela.
— Há uma bebida chamada guaraná, tipicamente brasileira, que parece como se houvesse várias bolhinhas de felicidade explodindo na boca. Há dois pratos que costumam sair muito e depende bastante de qual tipo de proteína você é mais chegada. Temos moqueca e bife com batata fritas. Temos também um prato que é mais um fast food que costuma saindo bastante também, que se chama coxinha. — Kadi tinha os olhos brilhando enquanto me ouvia.
— Vamos querer a sugestão. — Disse Hakim para minha surpresa e nossos olhos se encontraram. Não sabia como eu havia conseguido ter a grande capacidade de ler os seus pensamentos somente de olhá-lo, mas eu podia. Olhando ele, eu conseguia saber exatamente o que ele pensava. Ou melhor, que dia ele relembrava...Nossa ida ali era um dia marcante que ficaria para sempre na minha memória. Lembraria da nossa foto que ainda continuava no mural do restaurante.
— Gostariam de alguma coisa mais? — Senhor Mohammed riu.
— Agora que está solteira, ou sempre esteve, apreciaria em ser minha segunda esposa? — A pergunta dele era tão ultrajante e inconcebível que ele fizesse que eu precisei de todo o controle do mundo para não estourar.
— Esse tipo de pergunta não deve ser feito dentro do restaurante a nenhuma das nossas garçonetes. Por favor, apenas aprecie a sua comida e guarde esses pedidos para fora do restaurante e para outras meninas que não estejam aqui para trabalhar, estudar e seguirem os próprios sonhos. — E antes mesmo que eu respondesse, fiquei surpresa que Pam estivesse ali ao meu lado. Provavelmente Baliam tinha lhe contado da troca de mesas e ela deve ter farejado problema envolvido. Por isso, havia aparecido. Ninguém esperava e eu vi que não somente eu havia arregalado os olhos, mas todos os presentes.
— Ora, essa! — Senhor Mohammed estava estupefato. — Quem você pensa que é por falar assim comigo? Acha que uma mulherzinha como vo...
— Essa mulherzinha como o senhor se referiu é minha esposa e chefe do restaurante às sextas, senhor. Por favor, não falte com respeito em um lugar caro como esse. Temos câmera e temos também outros clientes que não acreditam no ultraje que fazes com uma de nossas funcionárias. — Disse Hamzaf, o marido da chefe. Mohammed ia estourar novamente e eu já previa que aconteceria uma loucura ali, mas Mustarf segurou o braço do homem e voltou a atenção para nós três, especificamente para mim:
— Pedimos desculpa pela atitude. Não se repetirá. Aguardamos nossa janta. — Concordamos e pedimos licença antes de sairmos.
Eu consegui ouvir enquanto acompanhava os meus chefes que Mustarf pedia para que Mohammed não fizesse esse tipo de comentário ali no restaurante, pois era realmente deselegante e o homem pareceu concordar. Alita ficou reclamando sobre a aparição dos chefes e então eu não consegui ouvir mais nada.Quando entramos na cozinha, Hamzaf ralhou:
— Esses homens são uns cabeças dura, Pam. Eu já te disse para não falar sozinha com eles sem que eu esteja presente. — Pam revirou os olhos.
— Eu não vou ficar te esperando sempre que for falar com um deles. E onde está a nossa filha? — Hamzaf pegou uma linda menina de aparentes 1 ano que estava amparada por Baliam e Pam sorriu e tocou o nariz da menininha.
— Quem é a Sairah da mamãe? — E a menina sorriu colocando o dedo na boca. Então abruptamente, para minha surpresa, Pam se virou para mim:
— Você não precisa atender eles. Podem muito bem se contentar com quem atender eles, pois todos os nossos funcionários aqui são gabaritados para isso. — Apertei um lábio sobre o outro.
— Eu sei disso, mas acho que devo terminar o meu atendimento, uma vez que comecei. Eles vieram aqui provavelmente para me humilhar mesmo. Eu preciso mostrá-los que sou mais elevada do que a idiotice de se aparecer que eles querem mostrar. — E Pam que sabia que eu havia me separado de Hakim, acabou respirando fundo antes de se dar por vencida.
— É você que sabe, Mah. Eu só não quero que você aceite as babaquices daquele cara que acha que pode falar o que quiser aqui. Baliam vai ficar de olho para ver se acontece mais alguma coisa, se você insiste em atendê-los ainda assim. — E eu concordei com a solução afinal.
Os pratos foram chegando e eu fui os servindo, dessa vez sem que eles falassem muitas coisas. Parecia que o chamado dos chefs tinha feito alguma coisa. Quando estava servindo torta de limão e brigadeiro como sobremesa para eles foi quando voltaram a falar algumas coisas.
— Eu achava que esse restaurante era conhecido por colocar foto dos casais no mural de fotos do restaurante, por ser um restaurante caro e não ser para qualquer um pagar, mas até agora não nos ofereceram isso. — Disse Alita aumentando a voz para que outras pessoas ao redor ouvissem.
— Com licença, vou pegar a câmera para isso. — E fui buscar a câmera para isso.
— Primeiro, uma foto da minha nora com meu filho. — Ela disse pedindo para que eu tirasse uma foto de Hakim e Malika.
Enquanto isso, Baliam apareceu para tirar a conta. Talvez tenha sentido que seria melhor liberá-los logo antes que eu surtasse ou qualquer coisa do tipo. Alita continuou insistindo:
— Se aproximem mais, vai. — E Malika não tardou para pegar o braço de Hakim e se aproximar de mim. Meu olhar encontrou o de Hakim na tentativa de verificar o que poderia passar dentro da cabeça dele. Ele estava triste. O seu olhar era de quem já tinha desistido de viver e mais parecia um boneco sendo arrastado de um lado para o outro. Não parecia nada entregue a situação que era obrigado a estar com minha irmã, embora ela estivesse feliz e agarrando o braço dele por inteiro, além de colocar a cabeça sobre o ombro dele.
— Posso tirar? — Perguntei engolindo em seco. A situação não era nada confortável para mim e Hakim.
Não sabia como ele não conseguia lembrar de como tinha me feito sorrir quando me contou uma coisa engraçada e eu acabei tentando e ele tirou uma foto minha. Estávamos realmente felizes naquela época. Como Hakim podia se entregar tanto ao ponto de deixar Kadi feliz em detrimento da sua própria felicidade? E como, afinal, eu não conseguia sentir raiva dele por isso, só pena, por se colocar nessa situação? Ao mesmo tempo, parecia ser tão compreensível para mim que eu não conseguia achar cem por cento errado que ele entregasse a sua, a nossa felicidade, em troca da felicidade do anjo que era Kadi.
No seu lugar, eu provavelmente faria a mesma coisa.
— Pode. — Disse Alita e eu tirei a foto. Será que seríamos compreendidos por Deus do outro lado? Será que ele entenderia o que estávamos fazendo e nos abençoaria por isso, apesar de tudo?
Tirei a foto que ficava pronta no mesmo momento e entreguei para que eles pudessem olhar antes de colocar no mural.
Malika pegou da minha mão e ficou admirando. Hakim parecia distraído olhando para todas as direções possíveis, menos para mim ou Malika.
— Perfeita. Pode pendurar. — Concordei pegando a foto novamente e indo até o mural para colocar a foto. Para que Malika não ousasse rasgar uma das únicas lembranças físicas que eu e Hakim tínhamos, tentei colocar a foto numa posição do mural que fosse bem distante da foto que eu tinha com Hakim. Eles ficaram admirando e Alita ficou fazendo elogios sobre como eram um casal lindo. Quando eles estavam indo embora, quando achei que toda a tormenta havia acabado, Alita se virou e falou alto comigo:
— É bom saber que em alguns meses você vai sair da nossa vida... Fostes uma péssima influência para os nossos filhos. — E ela saiu junto do resto das pessoas que estavam ali.
Se era possível sentir mais dor, talvez tenha sido nesse dia. Saber que eles seguiam a vida deles, mesmo que Hakim não estivesse feliz, também podia doer muito, mesmo eu tendo concordado e aceitado a escolha de Hakim por Kadi.
O difícil era saber que eles seguiam e eu parecia empacada no mesmo lugar, vendo-os partir enquanto a sensação de dor e solidão se apossavam do meu peito. Eu precisava superar Hakim. Eu não podia me deixar ser afetada tanto dessa maneira. Se ele estava seguindo... E eu sabia que também estava seguindo... Por que não podíamos seguir no mesmo passo? Eu sabia que era um processo. Eu estava dando os primeiros passos, ocupando a minha mente, ocupando-me com afazeres até o momento que o processo de cura fosse tão natural quanto o respirar. Até o momento que eu simplesmente, em um dia qualquer, quando estivesse olhando para o sol caindo e dando lugar à noite, pudesse me dar conta de que já não pensava nessa dor há muito tempo e que, na verdade, parando para pensar com mais atenção, não era nem mais como se existisse a dor em mim...
E então eu poderia sorrir e ter certeza de que estava curada. O processo de cura haveria de ter chegado ao fim.
***
Oi oi Gente! Tudo bem??
Como vocês estão?
Desculpa a demora!!
Esse capítulo é fofo pela Pam, mas de cortar o coração por conta da Mah!
Espero que gostem! Essa semana voltamos a programação normal aos domingos, prometo.
Bom carnaval para todas!!
Bjinhos
Diulia
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