Amor e mudanças
Esse capítulo é maiorzinho rsrs. E o alerta já se acende....
Capítulo 27
Amor e mudanças.
A semana passava tranquilamente, cada um em sua rotina, como todos os seres humanos e animais fazem, seguindo as funções básicas, como é geral a todos e, em particular, para nós seres humanos, trabalhando, estudando, pensando.
Eu ia para a faculdade cumprir minha grade curricular durante a semana e separava os períodos após as quatro da tarde, quando não tinha mais horário de estudo, para arrumar a casa, descongelar as comidas que Sâmia havia preparado e cuidar de mim.
Com Malika em casa, as coisas mudaram um pouco. Ela tinha se prontificado em ir às terças na psicóloga e colocar todos os seus exames em dia nos outros dias para ter certeza de que estava tudo bem no seu físico. Ela costumava gastar grande parte do tempo em ficar em casa no celular e caminhando.
No começo, eu não percebi que alguma coisa estava diferente, até porque a psicóloga havia me chamado para conversar e dito que no processo de psicoterapia poderia haver coisas que Malika mudaria, até mesmo para se livrar do trauma gerado.
Assim, eu realmente achava que as coisas sutis que aconteciam era porque ela estava aos poucos se desapegando dos traumas gerados. Contudo, naquele dia, enquanto eu pegava as roupas minhas e de Hakim com Sâmia na lavanderia para dobrá-las e guardá-las, Sâmia me chamou em um canto e, aproveitando que Malika havia saído para caminhar, me falou:
— Essa sua irmã está muito estranha e não acho certo que você a mantenha por muito perto. Ela parece estar... Não quero ser grossa, mas você sabe que sempre fui sincera contigo desde o dia que você chegou aqui. — Concordei com a cabeça.
— Você sempre foi sincera, Sâmia e é de minha confiança e de Hakim. Pode falar o que se passa em você. — Sâmia apertou um lábio sobre o outro como se decidisse ainda se falava o que queria me dizer ou não.
— Hakim já havia me dito que ela está fazendo tratamento médico e passou por um situação difícil. Não sei que situação difícil ela está passando, mas tenho medo de que ela acabe se matando. Que ela é muito diferente de você, grossa comigo só porque sou empregada doméstica, isso eu não ligo. Outras casas nas quais trabalho existe muita gente rica esnobe como sua irmã. — Ouvir isso não era nada agradável, mas engoli em seco e continuei ouvindo. — Mas esse nem é o ponto, porque grosseria já estou acostumada a ligar. Contudo, com mulheres que passam fome, choram e fazem video chamadas diárias com homens e se tranca no quarto... Não sei o que ela está fazendo, Mariam, mas acho isso muito perigoso. Você deveria ficar de olho na sua irmã. — Arregalei os olhos sem acreditar no que ouvia.
— Ela está passando fome? — Um alerta se fazia na minha cabeça. Eu precisava ligar para os meus pais e ver se eles podiam ajudar, porque sozinha eu não sabia se teria condição de ajudar minha irmã.
— Por vontade própria. Eu deixo comida e já vi várias vezes ela misturar com outras coisas para esconder e jogar fora. Por acaso ela está querendo se matar de fome? Novamente, repito, não sei que situação difícil ela passou, mas nada deveria justificar o seu autoextermínio. Deus não aprovaria isso. — Sâmia disse severamente.
— E a respeito do que você disse de falar com outros homens... Você percebeu alguma coisa diferente? — Sâmia bufou e olhou para os lados, mas de repente parou de falar e eu percebi que ela tinha ouvido antes de mim passos de escadas para quem descia da cozinha para o porão, onde estávamos e onde a máquina de lavar e secar e algumas coisas que simplesmente eram usadas vez ou nunca em casa, mas que sempre reclamamos que não temos quando precisamos ali ficava.
Voltei a dobrar peças e Sâmia voltou a tirar as peças da máquina de passar e a me contar o que ela tinha feito de comida para os próximos 3 dias.
— Tem roupa minha? — Perguntou Malika chegando. Sâmia concordou e passou também a entregá-la as roupas que ela tinha lavado dela.
O assunto, por ora, havia terminado, mas o alerta já tinha se acendido dentro de mim. De qualquer forma, eu estava devastada. Não sabia como ajudar Malika se ela não conseguia ter disposição em se abrir comigo e dizer o que se passava dentro dela.
Ela precisava falar até para que eu pudesse ajudá-la. A sensação que eu tinha era como se estivesse vendada e com as mãos amarradas. Não havia nada que eu pudesse fazer, por mais vontade que eu tivesse de ajudar.
Ainda assim, a noite, deitada na cama com Hakim, abracei a sua cintura e suspirei. Ele sabia que isso significava que alguma coisa estava me incomodando.
— O que houve, Mah? — Ele perguntou passando a mão com carinho pelo meu cabelo. Fechei os olhos sentindo a sensação agradável de amar.
Não havia mais porque termos o quarto onde eu ficava e, aparentemente, ali passou mais a ser um closet do que de fato um lugar que eu habitava. Já havia me acostumado a dormir ali, ao lado dele e abraçá-lo durante a noite. Tinha sido uma mudança tão natural que parecia que éramos um casal há mais tempo do que éramos agora.
— Minha irmã... — Disse profundamente.
— O que tem ela? — Ele perguntou com cuidado. Demorei a criar coragem, mas acabei lhe contando tudo o que Sâmia havia me relatado. Hakim suspirou com pesar e acabou se sentando na cama e me puxando para isso também.
Ele estava sem camisa e eu devo admitir que talvez por isso tenha conversado com ele deitada, pois assim não me distraia olhando para ele. Agora sentados, acabava me distraindo mais facilmente enquanto ele falava:
— Acho que você deve falar com seus pais e pedir ajuda. Ela precisa ter alguém com quem dividir as suas dores. Talvez a psicóloga não esteja sendo suficiente. Seria interessante falar isso para a psicóloga, mas de forma que ela saiba e não conte para sua irmã que ela sabe disso. Precisamos tentar de todas as formas. A respeito dela conversar com outros homens, é possível resolver em parte. Posso instalar um programa no celular dela para que reinicie o celular todas as vezes que ela entrar em sites com possíveis teores pornográficos ou de má índole. O que você acha?
— Você não acha que estamos invadindo a privacidade dela com isso? — Perguntei apertando um lábio sobre o outro, ainda bastante sem direção.
— Você é a irmã mais velha dela, Mah. Na ausência dos seus pais, quem pode ajudá-la a lidar com o que ela não consegue perceber que é errado é só ela mesmo. Essas pessoas que ela entra em contato, se forem de sites assim, podem difamá-la para toda a Arábia Saudita e até mesmo fora do país. Não estamos proibindo que ela converse com outros homens, se ela assim quiser, mas que ela não acabe sendo vítima de um site deles e de homens assim que se fazem de amorosos apenas para roubar fotos dela... — E Hakim tinha um ponto e tanto.
Era difícil pensar que agora eu realmente era a irmã mais velha de Malika. Na teoria, por me fazer passar por ela, e também por todo o peso que significava estar na posição dela. Nunca tinha parado para pensar que precisaria tomar decisões assim difíceis. O peso nos meus ombros era grande e a sensação de que eu não poderia fazer isso da maneira correta que a situação pedia, só fazia com que meu peito doesse ainda mais.
— Não se preocupe, Mah. Eu estou aqui para te ajudar. — Hakim apertou a minha mão e eu sorri fracamente com lágrimas nos olhos.
Hakim tinha realmente se tornado o meu porto seguro, o homem com quem eu podia contar em qualquer ocasião. Sem ele, talvez eu já tivesse sucumbido há muito tempo. Abracei-o, agradecendo pelo apoio e ele me abraçou também.
— Não sei como conseguiria lidar com isso sem você. Muito obrigada pela ajuda. — Hakim concordou.
Como sugerido, aceitei as ideias de Hakim. De manhã cedo, ele ficou em casa e esperamos que Malika fosse no banheiro e deixasse o celular na mesa da cozinha, como ela sempre fazia. Ele rapidamente instalou o programa que havia se proposto e eu já sabia que a minha parte naquele dia era conversar com a psicóloga de Malika e então falar com meus pais.
Como Malika iria no médico e talvez fizesse uma ultrassonografia naquele mesmo dia, eu tinha esses dois horários para seguir com o plano.
E foi assim que acabei fazendo.
Deixei Malika no médico dela, alegando que iria para a faculdade e fui direto na psicóloga dela que me recebeu com cordialidade.
— Não posso falar muita coisa de Mariam, em respeito ao nosso sigilo médico-paciente, mas posso dizer que estamos tentando. Ela ainda está se abrindo para mim, mas, pelo que ela me disse, alguma coisa na conversa com você e alguns amigos fez ela descobrir qual o objetivo da vida dela. — E eu abri um sorriso.
Lembrei quase que imediatamente do nosso jantar e como Malika parecia ter se decidido por fazer direito. Eu ficava feliz que ela tivesse isso como objetivo de vida. Ainda assim, falei para a psicóloga de como Malika estava estranha, que até a minha fiel empregada doméstica tinha comentado e a psicóloga concordou com a cabeça.
— Precisamos analisar isso. Ficarei de olho e vou ver como posso fazer ela falar sobre para que possamos conversar sobre sua possível autoimagem. Ela deve ter ficado traumatizada com toda a situação que passou e isso mexe com a autoimagem de uma pessoa. — Mexi a cabeça afirmativamente.
— É isso que me preocupa, que ela esteja tão afetada que sinta que não deve mais viver nesse mundo. — A psicóloga concordou comigo.
— Talvez, se ela continuar com isso, seja necessário que você procure um psiquiatra também. — Ela foi sincera. — Talvez o uso de algum medicamento ajude nesse momento mais grave. — Era doloroso pensar que Malika estivesse passando por tudo sem contar nada para ninguém.
A conversa com a psicóloga não demorou muito, até porque eu não tinha tanto tempo assim. Nos despedimos e ela ficou de já passar a tentar trabalhar essas questões com Malika no próximo encontro que elas tivessem.
Decidi ir nos meus pais antes mesmo de marcar um psiquiatra, até mesmo para ter da parte deles um conselho, um comentário do que eles achavam disso tudo. Além disso, também queria que eles parassem de renegar Malika e estava indo ali com o intuito de conversa com eles acerca disso. Afinal, acreditava de verdade que isso poderia estar contribuindo para que Malika estivesse do jeito que estava.
O pior de ter passado por uma situação como a dela era não ter o apoio dos pais. Eu achava que poderia bastar para Malika ter o meu apoio, que ele seria mais do que necessário para ela ultrapassar todo e qualquer problema, mas eu também estava superestimando a minha ajuda. Pelo visto, eu não podia ajudá-la como achava que podia. Ainda mais ao descobrir e perceber que Malika não confiava sequer em mim.
Mesmo diante dessas grandes verdades, decidi que nada disso importava e de que pediria a ajuda dos meus pais para resolver esse problema. Eles, com certeza, tinham alguma solução, ao menos para me ajudar.
Dirigi até a residência que por longos 20 anos foram minhas, até porque papai e mamãe não me atendiam. Bati na porta de casa e esperei que eles abrissem, mas foi uma das empregadas mais antigas de casa, Dona Maya, que me atendeu.
— Oh, querida, você veio ver seus pais? — Concordei com a cabeça.
— Eles estão? — Dona Maya negou com a cabeça.
— Eles saíram ontem, querida. Eles devem voltar amanhã. Foram visitar uma das filiais de hotel no interior. — Concordei com a cabeça.
Era triste ver que eles não estavam ali.
Acabei voltando para casa com a sensação não somente de vazio, mas de que alguma coisa faltava dentro de mim. Parecia que eu não tinha completado a minha missão de ajudar Malika e que eu estava falhando com a minha missão de irmã.
Cheguei em casa com Hakim que chegara com outro carro. Franzi o cenho sem entender, pois não havia nenhum motorista com ele. Teria pegado emprestado de algum amigo? Não me importei.
Fui estacionando o carro e ele entrou com o carro ao lado do meu, ocupando assim praticamente todo o jardim, ou o que sobrava dele. Quando desliguei o carro, ele saiu do dele também.
— Não encontrei com eles. Não estão em casa. — Esclareci e Hakim veio andando até a minha direção.
— Não se preocupe com isso. Nós vamos conseguir contatar eles e resolver a situação. — Concordei. Hakim me abraçou por trás e colocou a cabeça dele no meu ombro. Respirei fundo e fechei os olhos.
— Acho que não temos janta hoje. Eu comi tudo no almoço. — Murmurei para Hakim que riu no meu ombro.
— Isso significa que vamos ter que decidir quem cozinha? — Com planos maquiavélicos na cabeça, assenti lentamente.
— Acho que sim. Ou pedir comida... Mas eu gosto tanto da sua comida... — Hakim gargalhou no meu ouvido.
— Essa é uma bela maneira de fazer chantagem, querida. Eu também gosto muito da sua comida... — Ele disse me balançando para um lado e para o outro. Nossos dedos se encontraram quando coloquei as minhas mãos sobre as dele e então as tirei da minha cintura para poder me virar até ele e abraçá-lo pelo pescoço.
— Mas eu preciso ser consolada... Não consegui fazer tudo o que queria hoje e estou triste... — Ele apertou um lábio sobre o outro quase fazendo um bico.
— Meu amorzinho está triste? Vou ter que compensar? — Assenti com a cabeça e ele sorriu com aquelas lindas covinhas que tinha.
— Eu quero panquecas de frango como você sabe fazer. — Hakim gargalhou e me abraçou pela cintura, diminuindo a distância que havia entre nós.
— E que tal se... — Ele disse tocando o nariz dele com o meu em um toque íntimo e cheio de amor... — Se sairmos para comer e estrearmos o seu presente de consolo? — Demorei para entender o que ele queria dizer e fiz bico.
— Não vamos ter sua panqueca de frango? — Hakim me deu um selinho.
— Vamos ter você dirigindo e nos levando para comer o que quiser. O que acha? — Pisquei, aos poucos sentindo que entendia o que ele queria dizer com isso.
— Eu... O carro...? — Hakim assentiu enfaticamente e eu abri ainda mais o sorriso.
— É seu. — Ele simplesmente disse.
Como ainda estava abraçada ao pescoço de Hakim, passei a lhe dar muitos e muitos beijos por todo o rosto enquanto sentia o meu coração repleto de alegria.
— Você escolhe onde jantarmos. — Eu nem acreditava o que ouvia da boca de Hakim, de felicidade, decerto. Eu poderia viver nesses breves momentos de felicidade?
— Você pode escolher. Quero ver o carro! — Disse com os olhos brilhando e Hakim fez um gesto como se fosse um cavalheiro dizendo: "damas a frente."
Segui com ele até o carro e ele começou a falar aqueles detalhes de carro que eu não conseguia entender nada. A única coisa que consegui entender foi que o carro produzia energia própria pelo movimento das rodas e isso economizava combustível e era melhor para o meio ambiente.
— O melhor marido do mundo é o meu! Você não precisava ter cumprido com o que contei de mentira. Eu não tenho palavras para agradecer! — Disse abraçando Hakim e praticamente pulando em cima dele no processo de felicidade genuína.
— Eu fico feliz que você esteja feliz. — Ele me puxou para um beijo.
Continuamos nos beijando. Passei minha mão novamente pelo seu pescoço e ele abraçou a minha cintura com uma mão e com a outra me elevou pela bunda até o caput do carro. Levemente assustada, dei um pequeno gritinho, mas que ele logo calou com um outro beijo.
Nossos lábios se encontravam em perfeita dança. Minhas mãos passaram pelos cachos de Hakim com mais veemência, bagunçando-os um pouco. Eram macios e com o cheiro do shampoo de rosas que ele usava. Sua boca desceu do meu queixo para meu pescoço e eu também tentei provocá-lo mordiscando a sua orelha.
Funcionou.
Sua mão que estava na minha bunda, apertou-a levemente e a outra que estava na minha cintura tentou deslizar por dentro da blusa. Puxei Hakim para mais perto e o coloquei entre as minhas pernas sentindo-o já inchar.
— Acho que podemos inaugurar o carro. — Ele sugeriu, arqueando uma sobrancelha e eu quase lhe dei um tapa, sentindo o rosto corar, mas ele me beijou novamente antes de permitir que eu fizesse alguma coisa mais.
Como ele estava com a mão na minha pele, julguei que tinha o mesmo direito e passei minha mão por baixo da sua camisa. Ele mordiscou o meu lábio inferior antes de começar a descer em um rastro cego por cima da pele, na minha blusa.
Arranhei levemente as suas costas sentindo que talvez tivéssemos que ir para o quarto antes de irmos jantar. A sensação que eu tinha era de que todas as vezes que Hakim me beijava assim, eu podia literalmente encontrar as nuvens.
Busquei os lábios de Hakim antes que ele começasse o processo de me inebriar e voltei a beijá-lo nos lábios. Coloquei a minha mão na sua bunda e murmurei por entre os seus lábios:
— Isso também faz parte do presente? — Ele sorriu de lado.
— Não acho que seja uma má ideia. — Ele arfou por entre meus lábios.
Talvez tivéssemos continuado se não ouvíssemos uma chave passando pelo portão. Isso significava que Malika estava voltando e não poderíamos continuar. Pelo menos, não antes de entrarmos no nosso quarto e estarmos em maior privacidade.
— Vocês já chegaram? — Ela olhou para nós que tínhamos já nos arrumado e Hakim havia se colocado atrás de mim em um abraço na tentativa de dar tempo ao tempo para que as coisas dentro dele se acalmassem.
— Sim. — Disse e emendei. — Chegamos faz uns 10 minutos. — Malika concordou com a cabeça.
Ela simplesmente nos cumprimentou e entrou. Ficamos nos entreolhando sem entender direito o que havia acontecido, até que Hakim fizesse uma careta e eu começasse a rir.
— Vamos nos ajeitar e avisar minha irmã. Vamos sair. — Hakim concordou.
— Vamos lá.
***
Oi oi gente!!
Tudo bem com vocês??
Temos um capítulo nessa data especial que é agradável, mas que também acende algumas luzinhas de alerta...
Apertem os cintos que mais coisas virão pela frente. Quando menos esperarem, a bomba vem.
Fiquem no aguardo. Algumas das tramas estão prestes a serem colocadas em pauta!
Bjinhos
Diulia.
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