05- Confusão de sentimentos
IU observou o marido se aproximando com um semblante sério, o rosto inchado de quem mal dormira. Ela podia ver a tristeza estampada em seus olhos, algo que ia além das brigas por ciúmes. Ela sentia que estava perdendo o controle sobre ele, e isso a incomodava profundamente. Seu único objetivo naquele momento era trazer seu alfa de volta para casa.
Jimin parou diante dela, seu olhar expressando uma mistura de tristeza e confusão. Ele se via diante da pessoa que mais amara na vida, sem saber como agir ou o que sentir. Seu ego estava ferido, seu coração destroçado pelos enganos que ele mesmo insistira em sustentar. Sentia-se culpado e envergonhado, e por isso não conseguia contestar a presença dela ali.
- Meu amor, volte para casa comigo. Não precisa ficar aqui, sinto tanto a sua falta...- IU sussurrou com uma voz suave, esforçando-se para convencer o marido. Ela abandonou a postura altiva e prosseguiu, perdendo-se na doçura de suas palavras. - Eu sei que precisava desse tempo, por isso não vim antes, mas juro que não aguento mais um minuto naquela casa sem você.
Ela se aproximou, encurtando o espaço entre eles, e o abraçou com força, como se sua vida dependesse daquele gesto. Enquanto chorava em seu ombro, sentiu-o imóvel, frio e distante, levando-a a questionar se Jimin ainda a amava.
Alguma coisa mudou, ele não é assim-, pensou IU, angustiada.
-Volte para nossa casa, por favor - implorou ela, apertando o lúpus entre os braços em um gesto desesperado. Ela nunca se importou em se rebaixar um pouco para conseguir o que tanto almejava. - Vamos conversar, tenho certeza que tudo será diferente desta vez.
- Já chega, IU! - afastou-a lentamente pelo ombro.
Ele encarou o rosto bonito da esposa, coberto por lágrimas e totalmente vermelho. Mesmo que as palavras dela tenham abalado suas estruturas, no fundo Jimin sentia que elas não eram verdadeiras. Isso o fez lamentar-se profundamente mais uma vez, pois ainda tinha uma ponta de esperança de que IU pudesse mudar.
No entanto, percebeu que se enganara. O ciclo de enganos entre eles seguiria, se ele permitisse, pois ela conhecia cada uma de suas fraquezas e continuava a usá-las para obter o que queria.
- Não precisa mais atuar comigo... - as palavras saíram rudes de seus lábios enquanto ele se afastava, dando as costas a ela. - O teatro acabou, as cortinas se fecharam e não tem ninguém na plateia para te aplaudir.
- Entendo...Você precisa de mais tempo, eu te darei meu amor, mas saiba que te amo e que não vou desistir do nosso casamento - murmurou IU, limpando as lágrimas em seu rosto com a mão, borrando sua maquiagem. Era hora de recolher as armas e bater em retirada, mas não antes de sustentar seu objetivo. - Tenho certeza de que da próxima vez que nos vermos, você voltará para nossa casa, comigo.
IU nunca se sentira tão humilhada e desprezada, mas precisou engolir aquela dose extra de sentimentos amargos, mesmo que a contragosto. Agora estava ciente de que não seria fácil convencer o alfa a voltar para casa e que precisaria de muito mais do que lágrimas para tê-lo aos seus pés como antes.
Ela encarou a figura masculina de costas para si por um breve momento e logo saiu do recinto em passos lentos. Ao seu ver, havia sido derrotada pelo orgulho que o marido insistia em sustentar, mas deixaria ele sair por cima pelo menos uma vez. Assim, a chance de sua estratégia falhar na próxima seria mínima.
Jimin permaneceu de costas até o momento em que ouviu a mulher abrir a porta e sair. Inevitavelmente, se pôs a chorar, voltando-se para a estrutura de madeira branca fechada. Caminhou até ela, com o coração descompassado e dolorido, e levou a mão à maçaneta.
Ele quis muito abrir a porta e gritar para que a esposa voltasse, no entanto algo dentro de si o impedia de fazê-lo, tornando as coisas ainda mais difíceis de suportar.
O silêncio se estendeu pelos momentos seguintes. Taehyung retomou a sala, vendo o amigo parado próximo à porta. Correu até ele e o abraçou forte, murmurando palavras que pudessem trazer algum tipo de conforto a ele.
Romper um relacionamento, mesmo que não haja mais amor, nunca é algo fácil. Encarar todo o processo e chegar ao entendimento sobre os próprios sentimentos também é doloroso, afinal, ninguém é imune à confusão sentimental que se arma em um término.
[...]
O dia mal havia começado, e o ômega corria de um lado para outro para deixar as coisas em ordem antes de sair de casa para resolver alguns assuntos pendentes na rua. Desde que seu filhote saiu do hospital, suas maiores preocupações estavam na recuperação do pequeno e em reorganizar a vida deles.
Coisas como o seguro do carro e a documentação perdida no acidente precisavam ser resolvidas o mais breve possível, pois, na semana seguinte, o Kim voltaria a trabalhar e o garoto voltaria a frequentar a escolinha.
- Filho, come logo seu cereal, estamos atrasados.
A voz do mais velho soou abafada, pois, no momento, ele se encontrava na geladeira, pegando algumas frutas que havia separado no dia anterior. Pegou o recipiente de vidro com tampa de plástico, fechou a geladeira e o levou até o balcão, conferindo se estava tudo certo. Então, levou até a bolsa do garoto, que estava em cima da cadeira próxima à mesa.
- O Yoongi deve estar para chegar. Hoje você vai ficar com vovô Jin - contou animado, fechando a bolsa logo após acomodar o recipiente no fundo dela. Direcionou o olhar para o filho, com um sorriso terno nos lábios - Ele está de folga do trabalho, vocês vão poder brincar o dia todo enquanto eu resolvo algumas coisas com seu tio.
- Não tô com fome - balbuciou o pequeno, sem ânimo, debruçado sobre uma das mãos, enquanto com a outra mexia o cereal com a colher. - Quero ir ao hospital ver o doutor Park.
- Filho, já conversamos sobre isso - disse, soltando um suspiro prolongado, e se direcionou até o outro lado da mesa onde o menino estava sentado, abaixando-se à altura dele - As coisas não funcionam dessa forma. Você não pode simplesmente chegar no hospital e exigir vê-lo ou qualquer outro médico. Tem todo um processo. Além do mais, o doutor Park trabalha em uma área isolada do hospital, onde ocorrem cirurgias e atendimentos específicos na área ortopédica - explicou.
- Eu sei de tudo isso, mas eu tô com muita saudade dele, papai. Meu coração dói de saudades, se você encostar aqui vai sentir.
O pequeno alfa agarrou a mão do pai e a levou ao seu peito, no intuito de mostrar a ele que estava falando a verdade, mas Jungkook o conhecia tão bem que aquilo não era necessário para que de fato soubesse o que estava sentindo. A conexão entre eles ia além dos laços sanguíneos; um podia sentir o que o outro sentia através do olhar ou do toque.
O ômega sustentou um sorriso doce e fez uma leve massagem sobre o que seria o "coraçãozinho" do garoto, concordando com o que ele falava com a cabeça. Naquele instante, Jungkook sentiu o peso da culpa cair sobre seus ombros.
Desde que Suk nasceu, ele vem tentando suprir a necessidade de seu filhote de ter um pai alfa. Jeon não queria que toda dor do abandono que sofreu durante a gestação passasse para ele, mas o recente apego com o doutor passou a sustentar e dar veracidade ao que antes, para ele, não passava de uma mera hipótese.
Park é alfa lúpus, assim como Yoon-Suk, e no curto período que passaram juntos, a amizade e a conexão deles se tornaram tão fortes quanto as que o pequeno tem com seus avós e tios. Mas, diferente do sentimento que o pequeno lupino tem por seus parentes, o afeto que sente pelo doutor vai além do seu entendimento, e para que isso ocorra, ele necessita que seu lobo desperte.
- Sua consulta está marcada para alguns dias, não vai demorar nadinha - ele abraçou o filho, repetindo as palavras enquanto acariciava seus cabelos pretos, soltando seu cheiro para acalmá-lo - Eu prometo que não vai demorar, bebê.
Não batemos a meta de 500 views, mas aqui estou.
Capítulo revisado e repostado
23/Jan/24
Até o próximo❤️
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