Bons e maus momentos
Cenas que se passam no livro passado imperfeito
Capítulo 7
Manu
Já havia se passado um mês desde aquele dia fatídico onde houve as turbulências tanto com minha família quanto com a de Joaquim. Naquela noite tive que dormir com Rubi lá em casa, pois Joaquim ficou na casa dele com Lucas. Não tirava a razão dele o menino precisava.
Um maldito mês já havia ido embora e não conseguia encontrar o momento certo para contar para Joaquim.
Sempre que o assunto vinha acontecia um imprevisto com Lucas e não conseguia falar com ele. Teve apenas uma vez que toquei no assunto filhos e Joaquim estava tão cansado que nem me deu atenção.
Eu não queria parecer mimada, mas sentia saudade de estar com ele e no meu atual estado eu precisava de sua companhia. Teve situações em que eu achava que nunca seria prioridade para ele e logo em seguida descartava aquela hipótese. Não queria parecer egoísta e competir com um menino de dez anos. Era ridículo da minha parte.
Meu celular apitou enquanto eu caminhava de volta para a faculdade após meu horário de almoço. Peguei e vi que era um aviso de que minha consulta com o obstetra era daqui a cinco dias. Dei um sorriso enorme. Ele havia me prometido que eu conseguiria escutar o coração do meu bebê e se estivesse mentindo eu iria usar o meu punho no olho dele como Joaquim havia me ensinado uma vez.
Estar grávida era complicado, ainda mais quando tinha que encobrir os enjoos constantes que sentia, o sono que nunca passava e a fome que dava sinais nas horas mais inapropriadas.
Mas, por incrível que pudesse parecer, estava adorando tudo aquilo e me pegava às vezes conversando com minha sementinha no banho. Eu nem havia dado à luz ainda e já estava com aquele sentimento de proteção, pesquisando tudo que pudesse beneficiar meu bebê e tomando todos os remédios na hora certa o que era impressionante se tratando da minha mente esquecida.
Pensar em proteção me lembrou do meu pai e de suas ameaças. Senti um arrepio de medo percorrer meus braços. Ele estava sumido aquele tempo todo e não sabia dizer se era algo bom ou ruim.
Atravessei a rua e peguei meu celular para ligar para Rubi. Faltava pouco para terminar minha hora de almoço e eu queria avisar que minha consulta estava perto caso ela tivesse esquecido.
Minha amiga andava estranha aqueles dias desde que Marcelo havia voltado.
Eu mesma não esperava o ver após tanto tempo de só ouvir falar do primeiro amor de minha amiga e ele realmente era lindo.
Os dois estavam muito grudados naquele mês sempre saindo e indo na casa um do outro. Confesso que gostei bastante de ver o brilho apaixonado no rosto dela por mais que tentasse esconder.
Só que Rubi de uma hora para a outra andava estranha e nem falava mais sobre seu assunto favorito que era algo relacionado a Marcelo. Liguei diversas vezes, mas a mesma não atendia. O jeito seria ter que a encontrar na hora do intervalo. Se caso ela continuasse me ignorando eu iria até a sua sala e a pegaria pelos cabelos se fosse necessário. Já estava cansada de todos me ignorarem
Segui para a minha aula com um segurança logo atrás de mim. Eu odiava aquilo, pois por mais que ele tentasse se manter "invisível" não conseguia. Eu o via e meus colegas também e me fazia sentir como se estivesse voltado há dois anos quando comecei naquela escola pública onde todos me olhavam como se eu tivesse duas cabeças.
Eu queria dispensar aquele homem, mas minha mãe e Joaquim insistiam que era para a minha segurança o porquê que eu achava ridículo.
Meu pai não dava notícias desde aquele dia então eu presumi que ele havia desistido.
Fui para a minha sala e me sentei na cadeira que eu costumava sentar sempre. A aula seria enfadonha com um tema que era chato a beça, mas importante e por mais que eu tentasse prestar atenção não conseguia.
Foi com alegria que após duas horas de tortura a aula havia terminado.
Juntei as minhas coisas e saí da sala apressada com o intuito de encontrar Rubi. Fui até a sua sala, mas ao que parecia ela também já havia saído.
— Merda. — Falei alto em meio ao tanto de estudantes andando para lá e pra cá.
Peguei meu celular e liguei para ela, mas nada. Será que ela tinha desaprendido como se usava um celular?
Andei para o pátio e vi que um pequeno grupo no canto mais afastado da faculdade. Não me liguei muito naquilo, mas ao escutar um grito histérico falando o nome de Rubi fiquei em alerta. Corri para o local e afastei algumas garotas que pareciam se divertir com a situação. No Centro daquela roda do inferno vi Rubi com os olhos lacrimejando e a tal Jéssica que havia visto apenas uma vez lhe proferindo insultos.
— Acha mesmo que ele ficará com você? Ele tem a opção de ficar comigo, garota se toca. — O olhar de repulsa que Jéssica deu de baixo para cima para Rubi me deixou possessa, ainda mais que fez com que minha amiga se encolhesse.
— Era a minha amiga, mas agora vejo que não passa de uma puta. Era o que se podia esperar de gente como você. — Arregalei os olhos e aquilo bastou para mim.
Entrei no meio daquilo tudo e fiquei de frente para a vaca que era alguns centímetros mais alta que eu. A encarei com nojo e fúria em meus olhos.
— O que faz aqui garota? — Vislumbrei o reconhecimento em seu olhar.
— Repete o que você falou. — Disse com raiva na voz.
— Manu vamos embora. — Senti Rubi me puxando, mas me firmei no lugar.
— Eu quero ver essa vaca repetir isso que ela disse para você.
— Acha que tenho medo de você garota tosca?
— Então repete. — Falei com um sorriso irônico nos lábios. Ela se aproximou de mim até ficarmos a meros centímetros de distância. Sua tentativa de me intimidar não obteve sucesso.
— Pois bem. Ela é uma puta. É de se esperar que pessoas de classe inferior sejam assim... — Mal esperei que ela terminasse a frase. Fechei meu punho e lhe dei um gancho de direita como Joaquim havia me ensinado várias vezes.
Ponha toda a sua força concentrada no seu punho. — Ele disse em meu ouvido.
E foi o que fiz ficando satisfeita ao ver a vaca da Jéssica segurando o seu olho e gritando como uma cachorra no cio.
— Está louca? — Ela disse em meio aos gritos da platéia ao redor.
Pulei para cima dela e enchi seu rosto pomposo de tapas. Eu estava ensandecida por aquela mulher dizer aquelas coisas da minha amiga e ela ia aprender a ficar longe dela.
— Manuela. Alguém faça alguma coisa. — Escutei Rubi gritando para ninguém em especial.
Não gostava de agir com violência, mas não aguentava injustiças no mundo e tava pouco me fodendo para as consequências. Ver minha amiga à beira das lágrimas acordou o monstro dentro de mim.
Rubi era o tipo de pessoa que defendia a todos, mas na hora de defender a si mesma ela não conseguia. Ela tinha feridas abertas na sua alma, marcas que nem mesmo eu sabia do que se tratava, não merecia mais sofrimento do que devia ter passado.
Não demorou muito para que eu sentisse mãos fortes me tirando de cima da desgraçada. Vi com alegria seu lustroso cabelo em total desordem, seu belo nariz sangrando e uma marca vermelha em seu olho, não iria demorar para que ele ficasse roxo.
Pelo menos por algum tempo iria se lembrar de não mexer com Rubi.
— Loirinha para com isso.— Era Joaquim que estava me segurando.
— Eu vou te denunciar sua louca.
— Faça isso. Vou adorar.— Falei sarcástica enquanto Joaquim ainda me segurava.
— Você e a vadia da sua amiga vão me pagar. — Escutar aquilo só me dava vontade de bater ainda mais naquela mulher e os esforços do meu namorado ao me segurar se redobraram.
— Dá para vocês seguirem com suas vidas? Aqui não tem show algum para ver. — Joaquim gritou quase me deixando surda, e quando viu que eu parei de lutar para sair do seu aperto, me largou.
Vi que a garota saiu possessa dali e os fofoqueiros, que nada fizeram para ajudar Rubi, se dispersaram como ratos em um navio. Minha vontade era correr atrás dela e puxar aquela cobra pelos cabelos, mas me contive.
No momento, Rubi precisava de mim.
Respirei fundo várias vezes. Inspirando, expirando. Repetindo esse processo a cada segundo passado até que meu coração se acalmasse e meus hormônios também.
— O que deu em você Manu? Não é de agir assim. — Joaquim disse a minha frente.
— Tive meus motivos. — Falei de forma simples.
— Que eu saiba o explosivo da relação sou eu. — Ele disse bem humorado o que me fez revirar os olhos.
— Posso ter meus momentos de mulher maravilha também Batman.
— Eu discordo disso amiga. Na sua situação todo cuidado é pouco. Qualquer esforço pode fazer mal para o bebê. — Rubi disse de uma vez e fez com que Joaquim virasse para ela com os olhos arregalados como esferas ônix.
— Que bebê?
— Droga Rubi. Não consegue se manter calada nem que sua vida dependesse disso. — Falei revoltada.
— Não me responderam. Que bebê? — Joaquim cruzou os braços e nos olhou sério.
Aquela não era a hora e nem muito menos o local que eu imaginava contar para ele. Eu tinha planejado levar para o jardim botânico, local especial para a gente, e contar lá. Criar um ambiente legal e ter alguma lembrança linda para contar quando meu bebê nascesse e entendesse, mas Rubi estragou tudo e a hora e o local se anteciparam.
Não havia mais porque esconder.
— Estou grávida Joaquim.— Disse dando de ombros como se estivesse falando do tempo.
Meu sentimento quando eu soube da gravidez era de medo de que Joaquim não aceitasse meu bebê. Com o passar daquele mês aprendi a amar aquele acontecimento indesejado, não iria querer que minha sementinha viesse ao mundo e pensasse que ambos os pais não o quisessem. Se Joaquim não aceitasse ele que fosse para o inferno. Iria ser só eu e minha sementinha e iria estar muito feliz com aquilo.
O demônio nada disse por alguns segundos somente encarava o nada com a boca levemente aberta. O que seria engraçado se não fosse trágico.
— Acho que ele está em choque Manu. — Rubi disse mexendo nele para que alguma que ele tivesse alguma reação.
— Fala alguma coisa Joaquim. — Como ele continuou sem falar eu continuei. — Olha se você não aceitar saiba que não vou tirar a minha sementinha. É meu e não vou fazer mal a ele e se você não quiser, pois que vá plantar batatas no inferno... — Mal terminei de falar e Joaquim me pegou no colo e me rodou no ar. — O que está fazendo seu doido?
— Jura que está grávida? Tem certeza? — Ele me perguntou me pondo no chão e olhando dentro dos meus olhos.
Quando deparei com aquele par de ônix eles estavam brilhantes, um brilho que eu reconhecia. Amor e felicidade.
— Sim, Quinzinho. Eu esqueci de tomar a pílula e...
— Vou ser pai? — Assenti e ele me beijou com paixão logo depois seus lábios encontraram cada parte do meu corpo.
Ele se ajoelhou no chão, levantou a minha blusa e começou a salpicar beijos leves por toda a extensão da minha barriga.
— O que está fazendo Joaquim? — Falei envergonhada olhando para todos os lados. Para a minha sorte o campus estava ficando vazio e os poucos alunos estavam alheios ao acontecimento que desenrolava.
— Eu vou ser pai. Meu anjo vai ter um bebê. — Ele disse me olhando com uma carinha adorável, o que quase me levou às lágrimas. Se levantou e beijou minha testa me abraçando logo em seguida.
— Não está aborrecido? — Perguntei com o rosto enterrado em sua camisa.
Era claro que eu precisava de uma informação dita, pois mesmo que a ação dele fosse positiva eu precisava daquilo.
— Óbvio que não meu bem. Você me fez o homem mais feliz do mundo. — Olhei para Rubi com um sorriso e vi que a mesma estava portando um também. Ela mantinha um olhar do tipo " eu disse".
Não era só Joaquim que estava se sentindo o homem mais feliz do mundo. Eu sentia aquela felicidade.
♡♡♡
Estava praticamente deitada em cima de Joaquim enquanto o mesmo acariciava meus longos cabelos enrolados. Seu sorriso era enorme e poderia afirmar com toda a certeza que eu mantinha a mesma fisionomia em meu rosto. Felicidade me resumia e satisfação também após o que acabamos de fazer.
Mal chegamos em casa e quase arranquei as roupas de Joaquim ao mesmo tempo que devorava sua boca deliciosa. Foi maravilhoso sentir seu corpo contra o meu e tudo o que veio a seguir.
— Você parece tão feliz. — Sussurrei contra a sua pele bronzeada.
— Ter você ao meu lado e agora saber que vou ser pai me deixou feliz pra caralho.
— Não está com medo?
— Claro que sim meu anjo, mas vamos ser pais maravilhosos e pensar assim me basta. — Sua resposta me fez sorrir e plantei um beijo em seu peito.
— Fico contente de saber. Tinha tanto medo de não aceitar. — Explanei para eles meus medos. Dizer aquilo me deixava muito mais aliviada.
— Me tem em tão baixa conta assim meu anjo? — Ele abaixou a cabeça para me olhar melhor e senti minhas bochechas coragem pela vergonha.
— Desculpa, mas tudo o que ocorreu no passado ainda me faz sentir receio de que uma hora você acorde e se arrependa. Talvez querendo voltar para sua vida de antes. — Ele levantou meu queixo e colou seus lábios nos meus rapidamente.
— Saiba que nunca vou querer voltar para aquela vida de antes Manuela. Disse que me salvou e era a verdade. Sem você para me tirar do inferno em que me encontrava, preso em mim mesmo, eu iria para caminhos ainda piores do que eu estava seguindo. — Senti meus olhos se encherem d'água pela emoção que sentia e ele capturou uma lágrima solitária antes que ela percorresse minha bochecha.
— Não vai se arrepender quando me ver gorda ou quando reclamar por minhas roupas estarem apertadas demais?
— É linda de todo o jeito meu amor.
— E quando a sementinha chorar ou tiver cólicas?
— Nem isso, meu amor. Para de tentar me convencer do contrário.— Sorri e ele beijou uma sobrancelha de cada vez. — Sementinha?
— É assim que chamo nosso bebê já que não sei o sexo. — Ele assentiu e sorriu.
— Gostei de sementinha. — Me aconcheguei em seus braços e o barulho do celular quebrou o nosso momento de paz.
Joaquim se esticou para o pegar da mesa de cabeceira e fez uma careta ao ver quem era. Parecia que ele estava relutante se atendia ou não.
— Não vai atender? — Me estiquei curiosa e vi no visor o nome de Lucas.
— Sempre que meu irmão me liga é notícia ruim. — Ele respirou fundo, o cansaço aparente em suas feições e por fim atendeu. — Oi mano.
O silêncio se fez presente por alguns segundos e o semblante de Joaquim mudou de cansaço para um estado de alerta e logo depois para um de fúria.
Me levantei, sem nem ao menos me preocupar com meus seios expostos e procurei a blusa de Joaquim para a vestir.
— Quando foi isso? — Escutei ao me abaixar e pegar a camisa azul a vestindo logo em seguida.
O cheiro do perfume de Joaquim me deixou levemente nauseada, mas enxotei aquilo para um canto da minha mente. Vai ver era psicológico. Eu amava o cheiro do meu namorado como que naquele momento aquilo me deixava enjoada?
— Estou indo para aí. — Joaquim disse se levantando, vestindo a cueca e a calça jeans. Quando ia procurar a blusa sorriu ao constatar que a mesma estava comigo. Veio até mim e beijou meus lábios. — Não vou demorar baby.
— Aconteceu algo grave?
— Nada com que tenha que se preocupar. — As palavras urgentes me deixaram em alerta e no meu subconsciente eu sabia que tinha algo de errado sim.
Logo senti Joaquim me deixando sozinha no quarto, indo sabe-se lá para onde.
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