Imerjo num misto de frustração e felicidade, como se ambas pudessem conviver em perfeita harmonia, ocupando um mesmo lugar no espaço.

Às vezes até me esqueço de que vivo outra vida, desfilo outro corpo, preferia permanecer bem aqui.

Às vezes até me esqueço de que o mundo não se resume em olhar para o lado e ver-se cercado pelo nada, quase tudo o tempo todo é lotado, bagunçado, turbulento, sem graça.

Quase nunca é só o silêncio e o barulho do vento bagunçando os cabelos.

Há certo agito em ser pacato, e há certo vazio em negar seu próprio agito.

Não sou de ferro como a estrutura em que me abrigo, não me resumo a um quadrado fechado de ventilação artificial. Não sou artificial, bom, pelo menos na maior parte do tempo.

O silêncio, meu melhor companheiro, é cem vezes melhor que a conversa, quando as minhas palavras sempre vão ser mal interpretadas.

A meia noite e meia prefiro a solidão absoluta à me resumir a alguém que não sou, à me apertar em um espaço onde não me encaixo, vestir uma roupa que não me serve.

— Você sempre foi um jeans apertado demais. Ainda assim o meu favorito.