Capítulo Solitario
...
Como ser durona em tempos de crianças choronas? Eu queria descobrir essa resposta, mas é meio complicado quando se é criança, tudo é assunto de adulto, fica um pouco difícil descobrir as coisas. Mamãe costuma dizer que sou bastante inteligente para minha idade e que logo, logo eu descobriria, embora eu discorde, às vezes penso que ela está certa, as coisas costumam acontecer no tempo certo.
O que fazer para dizer NÃO!? Mamãe vive reclamando que eu deveria dizer não quando as meninas pedem minhas bonecas, até na escola vejo os professores dizendo "aprenda a dizer não", eu tento, mas como faço isso? Acho que nunca vou descobrir.
- Você quer namorar comigo? - perguntou Marcos, um menino que mora na casa ao lado. Nesse instante eu estava na praça sentada no banco, estava lendo O Pequeno Príncipe, um livrinho bem legal sobre um menino e seu mundo diferente.
"Não. Claro que não, eu só tenho sete anos, não posso namorar ainda. Ah se meu pai souber que você me fez essa..."
- Sim. - eu respondi.
"Ah meu Deus! O que eu fiz!!!? Como podem ver, essa sou eu dizendo: NÃO!".
- Obrigada por aceitar. - ele disse, estendendo a mão para me cumprimentar. No entanto, não quero pegar na mão dele. Esses garotos vivem brincando com uma bola suja.
- Meu pai disse que sou uma princesa. Se você vai ser meu namorado, então você tem que ser um príncipe, e não é assim que príncipes cumprimentam suas damas.
Ele fez um movimento com a cabeça parecido com uma reverência. Eu ri. Seu cabelo era loiro e sua pele era branquinha, até parecia que não saía pra brincar, ele estava tão fofinho, não conseguia esconder suas bochechas rosadas, eu ri mais ainda. Porém eu ria nos pensamentos, é uma coisa que faço.
- Quantos anos você tem? - ele perguntou.
- Sabia que é falta de educação perguntar a idade de uma mulher, tenho sete, agora quando esquecer esse número espero que isso não se repita, tenha modos você é um príncipe.
Esses meninos são sempre grossos, ainda bem que eu tenho a solução. Posso pedir ao papai para ensiná-lo a ser legal.
- Que bom, temos a mesma idade. E agora que estamos namorando, o que vamos fazer? - ele disse olhando para o chão como se fosse vergonhoso não saber, mas tudo bem, o que um garoto de sete anos deveria saber sobre relacionamentos?
- Acho que você tem que me pagar doces, é assim que funciona, eu vi nos filmes. Eu também nunca namorei. - confessei, talvez isso o deixasse mais confiante.
- É... Acho que é.
- E tem que me proteger também.
- Proteger de quê? - ele perguntou pensativo.
- De tudo. Nunca se sabe quando algo ruim vai aparecer.
"Esse Marcos é tão tolinho, tão pequeno e ainda não sabe de nada, bem que a mamãe vive dizendo: as mulheres são bem mais inteligentes que os homens, espero que você Belle, não traga nem um menino para casa tão cedo. Sinto que ela não vai gostar de vê-lo, mas posso está errada ele parece ser divertido."
- Vamos comprar os doce, então? - ele disse colocando a mão no bolso.
- Não precisa, guarde o dinheiro para depois. Eu tenho doces lá em casa.
- Uau! Vamos lá comer então. Quais doces você tem?
- Vamos sim. Mas preciso que faça algo quando chegar lá. Por favor não fale a mamãe que você é um menino, não posso levar meninos para casa, então diga a ela que você é um homem.
- Certo. Mas vai ter amor lá, né?
- Amor, o que é isso? É de comer?
- É um bombom de chocolate que vem numa embalagem amarelinha. O papai disse que comprava para mãe quando eles namoravam, já que ele não sabia cantar. Ah, e só para deixar claro, eu sei cantar. Posso cantar pra você depois.
- Certo, depois você canta. Mas não sei se tem esse chocolate lá, a gente pergunta para a mamãe quando chegarmos.
É, hoje foi o dia de fazer a coisa errada, a mamãe vai me matar. Mas tudo bem, nem todas as histórias têm finais felizes. Talvez eu não precise ser durona, posso me contentar em ser quem sou. E sobre o "NÃO", eu posso começar a usar o "talvez".
GuhhCalazans :D
***
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