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capítulo 4


A angústia de Adam me tomou de forma inesperada, e um medo desconhecido me assombrava.

- O que você fez? - Digo, pegando os meus sapatos debaixo da mesa.

- Só vamos sair daqui. - Ele diz afobado, me apressando e bebendo o drink de Kelly.

- Depois a gente se fala. - Falo para Kelly com o semblante confuso acompanhando a cena.

- O que tá rolando aqui? - Pergunta Cassandra ao lado de John.

- Nada, boa festa. - Diz Adam, saindo o mais rápido possível.

- Não se preocupem. - Digo, o seguindo, e saindo da festa.

Descemos as escadas do salão de festa de Kelly e invadimos a rua deserta, que era iluminada pelas fracas luzes dos postes.

A noite estava agradável, e estaria melhor se eu não estivesse com uma sensação estranha no meu peito, e que as palavras do irmão não saíssem da cabeça. Pierre queria matá-lo, e se isso fosse verdade, ninguém poderia nos ajudar.

- Por que Pierre está te caçando?

- Me dá a chave? - Ele ignora a pergunta e estende a mão para a minha bolsa pequena.

- Me responde primeiro. - Digo com raiva.

- Não tenho tempo para isso. - Ele diz apreensivo. Por favor.

Pego a chave e a entrego.

- Te encontro em casa. - Ele sai em disparada correndo.

- Me esperar, seu corno. - Digo trotando, mas sem conseguir acompanhá-lo.

Após longos minutos de caminhada, chego à minha casa, outrora uma linda casa, agora não passa de uma casa caindo aos pedaços.

Não morávamos em um condomínio fechado, o que nos deixava vulneráveis aos possíveis assaltos, já que um terço da cidade possuía víciados em drogas, o que fazia muitos serem perigosos.

No trajeto, a mente recordou que Jorge e Jade foram ao centro de distribuição para uma cirurgia devido a um assalto, e na irmã que deveria estar intrigada.

Preciso de ajuda. Mas quem? A intuição ou o medo me falavam, havia algo errado ali e tinha um pressentimento do que era.

Não queria estragar o casamento de John por algo que nem ela sabia. Se fosse algo grave, ele chamaria alguém melhor para ajudar. Pensava, tentando me tranquilizar. Mesmo com o sentimento de que estava

Chego à minha casa, que estava trancada, mas podia sentir a movimentação de que Adam havia chegado. Faço o anúncio da minha presença. A porta é aberta por Adam com uma faca em punho.

- Está com esse medo todo por quê? - Pergunto, mas só sou ignorada, e então mato a minha curiosidade. - Foi você que fez o assalto, não foi? - Digo, ligando os pontos.

- É, foi. - Ele diz, indo para o seu quarto.

- Porra, Adam. Você não fez isso? - Digo, em negação. - Não te falta nada aqui, seu idiota? Pra que isso? - Digo, segurando a vontade de fazer o barraco que esse idiota merecia e acordar a vizinhança.

- Sermão, agora não. - Diz, voltando do quarto com uma mochila nas costas e colocando uma blusa de frio. - Só quero saber da arma, onde que ela tá?

- Além de ladrão, virou assassino.

- Dobra sua língua para falar comigo, tá bom? - Ele diz irritado, apontando o dedo na minha direção. Mas essa irritação vira medo com o barulho de uma moto passando pela rua.

Adam agarra a faca sobre a mesa e aponta para mim.

- Eu não vou morrer aqui. - Diz, andando na minha direção. - Cadê a arma?

O barulho da moto para em frente da nossa casa, e o semblante de Adam piora.

- No meu quarto, dentro do colchão. A munição também tá lá.

Ele entra no corredor para o quarto, fazendo o mínimo de barulho possível. Vou até a cozinha atrás de outra faca e um lugar para me esconder.

Mas então um pensamento grita em seu cérebro. A porta não está trancada.

Corro até a porta, sem me preocupar com o barulho, toco na chave no trinco. Mas era tarde demais.

A porta se abre em um tranco violento, me jogando para trás e me fazendo encontrar o chão.

Um homem com uma pistola apontada para mim entra na casa. Agarro firme a faca enquanto rastejo para trás.

- Solta. - Ele sussurra. - Solte a faca. Ele acena para que eu a jogue para longe. O obedeço sem muita escolha.

Ele gesticula para que eu levante e fique de costas para ele. Sou revistada pelo homem sem nenhum pudor, e ao acabar ele passa os braços sobre o meu pescoço e aponta a arma para minha cabeça.

- Eu não quero te matar, mas eu posso te ferir de maneiras inimagináveis. Onde que ele tá? - O homem fala ao pé do meu ouvido de forma convincente, não gostaria de contrariá-lo.

- Por favor, não mate ele. - Eu imploro nervosa.

- Mas uma resposta errada e você que está morta. - Responde o homem, me deixando sem alternativa.

- No quarto. - Digo com pesar e torcendo para o irmão não estar mais lá.

- Me mostre. - Ele diz, enquanto a mente me tortura com a certeza de que não tinha como o irmão fugir.

Cada passo pelo corredor, meu coração ameaça sair pela boca. A mente caça algum tipo de fuga, o que se mostra impossível. Então chegamos ao meu quarto.

O quarto estava revirado, meu colchão jogado no chão. A cômoda se encontrava ao meu lado com apenas o ventilador que usava ali. Uma ideia me ocorre, burra, mas era uma ideia.

Adam estava de pé com a arma apontada para nós. O homem se ajeita atrás de mim e intensifica o aperto, me fazendo de escudo. Ele aponta a arma para o meu irmão.

- Não torne isso pior do que já é, eu quero você vivo, solta a arma. - Diz o homem.

Encaro Adam no fundo dos seus olhos e me volto para o ventilador, suplicando para que ele tenha entendido por trás da sua cara de choro.

- E aí? - O homem insiste. Eu passo os pés descalços por baixo da última gaveta da cômoda e a abro.

- Você vai me matar, Pierre, eu sei como ess... - Fecho a gaveta bruscamente, fazendo um baque e surpreendendo o meu algoz.

Ele afrouxa a chave de braços, e eu aproveito e lhe dou uma cabeçada em seu queixo. Me desvencilho do homem com facilidade, que tinha a sua atenção voltada para Adam.

Agarro o ventilador sobre a cômoda e me viro com o objeto com toda força que tenho contra o rosto do homem, acertando-o em cheio no rosto.

Porém, o golpe não faz o efeito que esperava, pois no instante seguinte a arma de Pierre se aponta para a minha cabeça.

Mas agora seu rosto sangra por cima da sobrancelha, e ele possui um olhar fatal. Ele acena a cabeça na direção de Adam.

O irmão se encontra no chão, gemendo de dor, pressionando uma ferida no ombro em que segurava a sua arma, que agora estava distante dele. Uma forte pancada acerta minha cabeça, me jogando na escuridão.

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