Capítulo 19
Ellen Sandler
Estava completamente perdida nos últimos dias. Meu irmão iria morrer e Lara estava grávida. Tentei em vão entrar em contato com o senhor Mackenzie, mas ele já havia se prevenido para que eu não conseguisse falar com ele. Minha irmã iria pagar os para ligar à noite e me contar como estavam. Mas eu teria que fazer isso antes, e sabia disso.
Joyce iria embora hoje depois do almoço para o distrito dois, então logo teria que buscar minha mãe e minha irmã. Mas antes precisava encontrar Jorge, ele poderia saber alguma forma de salvar meu irmão e o filho que ele está esperando com Lara.
Uma batida na porta anunciou a presença de Jorge, levantei do sofá e o atendi:
- Bom dia, Princesa. - Ele disse com um sorriso convencido no rosto. - Me chamou, eu vim.
- Obrigada por ter vindo. - Disse acenando para ele entrar.
- Então, Ellen. - Ele disse, se jogando no sofá. - Você tentou matar o Pierre?
- Não, não foi isso que aconteceu. - Disse sentando ao lado dele.
- Deixa eu te contar direito. -
Resumi o ocorrido da noite passada, evitando mencionar o flerte com Pierre.
- Eu não falei para você me avisar. - Ele disse sério.
- Isso é um problema meu, Jorge. Não é justo fazer você ter que lidar com isso.
- Também não é justo você lidar com isso. - Ele disse pensativo. - Seu irmão está morto, Ellen.
- E se contarmos para Pierre sobre a gravidez?
- Ele morre de qualquer jeito. Na cabeça do psicopata do Pierre, é melhor uma criança sem pai do que o pai ser um bandido.
- Mas não tem como saber.
- Tem sim, Ellen. Ele matou um amigo meu cuja mulher estava com oito meses de gestação. O cara estava aplicando golpes em pessoas de bem. Agora pensa no seu irmão, que participou de um assalto que resultou na morte de uma criança e ainda por cima, levou a mulher grávida com ele.
- O que eu faço agora? - Disse, controlando a vontade de chorar. Por que fui pegar aquele caco de vidro?
- Eu vou falar com Pierre, vou ver o que consigo. - Ele disse, mexendo no comunicado.
- Esse acordo que vocês têm, ainda está de pé?
- Esse é o único motivo de eles estarem vivos. A única coisa que tinham que fazer era arcar com os prejuízos do assalto, e isso estava a critério dos maltas.
- A culpa é minha, não devia ter pego aquele caco de vidro.
- A culpa é do seu irmão, ele que é bandido. - Jorge se levantou, ainda mexendo no comunicado, e foi para fora. - Vou conversar com Pierre.
- Tá. - Acenei em concordância enquanto ele saía.
Ele tem que conseguir. Era a único pensamento bom que conseguia ter, olho pro comunicado, e vejo que já tá na hora de busca a mãe.
Vou até a greta da janela e vejo Jorge dentro do carro estacionado na frente da minha casa, parecendo já está na ligação, e tão vou me arrumar pra buscar a mãe.
Jorge Baggio
-Olha, já estava com saudade do nosso príncipe encantado, diz aí, o que você quer? - Diz Pierre impaciente.
- Você sabe? Fiquei sabendo que você matou dois jovens ontem.
- Sim, e seu pai e todos os envolvidos também sabem, eles não me pagaram e foram mortos como a gente combinou.
- Você não podia aumentar o prazo, o pessoal não tem como arcar com isso.
- Não? Todos já me pagaram, só falta o Adam, Lara e Mike. Se esqueceu que eles são filhos de um bando de burgueses.
- Tá bom, Pierre. A Ellen não vai conseguir pagar esse valor pro Adam e pra Lara.
- Meus pêsames, eles estão mortos.
- Quanto falta para dar os cento e cinquenta mil?
- Vinte e quatro, ou pagam ou todos morrem.
- Você não vai matar todos eles?
- Eu não queria matar todos eles, eu quero matar o Mike e o tal do Adam. O resto tanto faz.
- Por que Adam?
- A irmã dele tentou me matar para salvá-lo, tá na cara que esse idiota vai acabar com a vida dela.
- Eu fiquei sabendo disso. - Digo refletindo. - Se não pagarem os vinte e quatro mil, você vai matar o Adam e o Mike.
- E a Lara também. - Mas ela está grávida, a mente quis gritar, mas sabia que isso resultaria na morte do Adam e no ódio eterno da Ellen contra mim, assim que soubesse.
- Me envia um vídeo do Adam em cativeiro para mim.
- Beleza, vai enviar para o John?
- Para a Cassandra, lógico. Se eu falar uma merda dessa pro John, ele deixa o Adam morrer.
- Muito inteligente da sua parte. - Ele diz sarcástico. - Jorge, o pouco que eu sei sobre você me diz que você é uma pessoa inteligente e sabe muito bem o que está acontecendo aqui, não sabe.
- Onde isso vai chegar, Pierre? - Digo vendo que um vídeo de Pierre havia chegado até mim.
- Eu sei das suas tramoias com a Samantha e sei que você só está com ela porque seu pai obriga para ganhar vantagens com os avós dela, para ganhar desconto nas mercadorias deles. Se ele souber da Ellen, ela está morta, Jorge.
- Não contou dela para o meu pai, né?
- Claro que não, mas esse é o problema. Seu pai veio me contando uma história bem contada sobre você ter uma relação de quase irmão com o Mike, Vick e Zoe. Eu perguntei para eles sobre você, eles não tiveram uma versão muito convincente.
- Isso não tem nada a ver com você?
- Tem razão, mas uma coisa tem: essa história de vingança do Mike e essa sua paixão platônica pela Ellen está muito mal contada. Tenho um pressentimento de que tudo isso não passa de uma armação do ditador do seu pai.
- Pierre, eu não ligo para suas neuroses.
-Deveria ligar, elas já mataram muita gente, e também quase nunca estavam erradas, e o seguinte, Jorge, eu vou atrás de cada um dos responsáveis pela morte da Nancy, e eu não tenho problemas em enfrentar o chefe dessa cidade, se for o caso, e eu já vou avisando que se isso acontecer, você é o primeiro que vai morrer.
-Pra minha sorte você fala mais do que faz, né?
-Pra sua sorte, mas não se preocupe, o tiro vai estourar sua cabeça sem aviso prévio. - ele desliga a ligação.
Saio do carro sem muito tempo para pensar nas ameaças de Pierre, bato na porta, e Ellen abre novamente, aparentemente acabando de sair do banho.
-Vai sair?
-Vou buscar minha família.- Ela diz, ajeitando os cabelos. -E aí, como foi? -
-Tem vinte e quatro mil?
-Não, tenho treze, no máximo.
-Merda, vamos ligar para sua irmã e ver quanto dinheiro ela consegue mandar, dependendo da quantia eu consigo cobrir o resto.
-E é o único jeito?
-Ellen, vou ser bem sincero contigo, Pierre está ansioso para matar o Adam, ainda mais depois de ele achar que você estava querendo matá-lo, você paga ou ele morre. Ligue para Cassandra logo.
Envio os setecentos e trinta bits cobrados para uma ligação de dez minutos, de Zagreb até alguma praia do marrocos , e o vídeo do Adam ferido em seu cativeiro.
Ellen vai até o quarto ter um particular com a irmã. E só me cabe esperar e ter que enfrentar meus pensamentos.
Pierre tinha razão, meu pai não podia saber da existência da Ellen, ele já havia deixado claro que eu não deveria ter nenhum envolvimento com alguma mulher, ou isso resultaria em mortes. E eu sabia que isso era verdade, pois já vi do que o pai é capaz quando alguém se intromete nos seus planos.
E o Pierre, me mataria sem muita dificuldade quando descobrir que meu pai está por trás do maldito assalto, e ele terá muito prazer em jogar na cara do meu pai que matou um filho dele, mesmo tendo certeza de que o Pierre amava mais a Nancy do que o pai me ama a mim ou ao meu irmão.
Tenho que sair dessa, mas tenho que fazer uma coisa de cada vez. Primeiro me livrar de Samantha e do pai, e preciso de um plano bem elaborado para me manter vivo e a salvo, e depois eu poderei ficar com Ellen, custe o que custar.
-Obrigado por esperar. - Ellen volta, me tirando dos meus pensamentos.
-Deu bom?
-Ela consegue ajudar com seis mil.
-Seis mil? Você tem treze, né? Eu tenho sete e uns quebradinhos, tá pago.
-Não precisa fazer isso. Você não tem motivo?
-Você é meu motivo.
-Por quê? Só ficamos uma vez?
-Eu sou um idiota, né?- Digo me aproximando.
-Eu não disse isso, eu só pensei. - ela diz enquanto eu seguro seu rosto, pude perceber que ela estava chorando, não gostava de vê-la assim.
-Desde o momento em que eu te conheci, gostei da maluca que joga suco nos outros no restaurante e da que inventa um nome ridículo em um casamento. - Ela sorri, um sorriso doce e magnífico. - Mas agora eu também vejo que é uma mulher forte e íntegra que faz tudo pela família. Você é incrível, Ellen.
-Tá me deixando com vergonha. - Ela diz com um sorriso bobo.
-Isso é o que eu quero, Ellen.
-Que eu fique com vergonha? - Ela pergunta com estranheza.
-Te fazer sorrir. - digo com um sorriso de satisfação ao admirar cada parte do rosto da minha deusa. - Eu pagaria o dinheiro que fosse por isso. Pode ser egoísta o que vou dizer, mas eu quero ser responsável por fazer uma mulher como você feliz todos os dias, e eu vou lutar por isso, irei encarar quem for, mas no final, eu serei a pessoa que mais te fez feliz em toda sua vida. Isso é uma promessa.
Ela não sorria mais, ela apenas me encarava, como se analisasse o pedido que eu havia feito.
-Você é um fofo. - Ela diz olhando para mim com um olhar de entrega. - Promete mesmo?
Você é um idiota, Jorge. Ela está muito frágil, o irmão será morto a qualquer momento, ela havia gasto quase todas as suas economias para salvá-los, e ainda teria que cuidar da mãe e de uma criança. Ela não é burra, mas uma declaração dessas iria mexer com qualquer um.
Mas no fundo, não havia mentido, queria fazê-la feliz, ela merece, não eu, lógico, ninguém me merece, mas essa mulher tem que ser feliz, e eu farei parte disso.
-Olha, você está frágil, Ellen, passando por tudo isso, eu não quero chegar aqui e me aproveitar de você. Quando tudo isso acabar, eu te levo pra sair, aí sim, eu cumpro a promessa, pode ser.
Ela me encarou com atenção, eu não pude decifrar seu olhar, mas mesmo com as marcas de choro que vieram com o diálogo da irmã, ela continuava linda. Eu quero essa mulher pra mim.
-Já deve estar cansado de ouvir isso, mas obrigado por tudo.
-Tô cansado mesmo, vamos embora que você já está atrasada.
-Oh merda, esqueci, eu não vou te chamar pra ir, porque minha mãe vai ficar me humilhando, e eu não estou com um psicológico legal pra ser humilhada.
Solto uma gargalhada da fala, e ela me segue.
-Claro, minha linda. Vamos lá, que eu te levo, bom que a gente já paga o Pierre.
Vamos para o carro e lá fazemos o pagamento para Pierre, nos livrando finalmente desse problema, que era só o começo. Chego às redondezas da casa de Cassandra e paro a pedido da Ellen, para evitar algum falatório.
-Eu espero te ver logo - digo.
-Vamos sim, e não se preocupe, eu vou estar arrumada na próxima vez - ela diz soltando um cinto.
-Bom mesmo, mas arruma esse coraçãozinho pra mim, porque ele vai ser meu, dona Ellen.
-Ele não é tão fácil assim de conquistar.
-Eu vou fazer parecer fácil.
-Olha como ele é um garanhão - ela diz vindo em minha direção para me dar um beijo, mas eu viro o rosto por causa do incidente de hoje de manhã.
-Beijo só depois do casamento - digo enquanto ela beija minha bochecha.
-Não sei se você vai resistir à tentação - ela diz sensualmente em meu ouvido e sai do carro sorridente.
Eu ainda terei você, Ellen, mas agora não posso. Tenho que me livrar de Samantha, e já tenho um plano que irá destruí-la e ao pai. E então terei a Ellen só para mim.
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