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Capítulo 7 | Alice

NOTA DA AUTORA

É agora, querides amigues!

O momento do grande encontro espera por vocês nos próximos capítulos, então não esqueçam de comentar e votar! :D

Beijocas e boa leitura!


Cher e a sua versão da música "Fernando", do Abba, me fazem companhia no ônibus, e não consigo parar de sorrir. Minha diva máxima sempre me alegra, mas hoje, particularmente, estou nas nuvens.

Desde que o volume de posts aumentou e Helô passou a me ligar como se fosse o Fernando, Rafael tem falado mais comigo. Ele me manda, ao longo do dia, algumas mensagens com piadinhas bobas sobre coisas como odiar as segundas-feiras, curte meus posts (curiosamente, nenhum em que eu tenha marcado Fernando) e, no almoço de despedida do Aroldo da Contabilidade, até se sentou ao meu lado. Tudo bem que a Vanessa estava do outro lado e ele mal trocou duas palavras comigo, no entanto eu contei como uma vitória.

E ontem... Ah, ontem!

Nós tivemos a primeira demonstração do simulador no centro de convenções. Rafael e eu ficamos juntos, em uma cabine escura, durante toda a exibição para controlar o vídeo e resolver qualquer problema que pudesse surgir. Ele foi tão gentil comigo. Fez questão de deixar a porta entreaberta para que eu não tivesse uma crise por estar trancada em um ambiente escuro, ficou se oferecendo para buscar água para mim o tempo todo e no fim até me tocou. Não de um jeito sexual, foi apenas um leve toque nas costas enquanto caminhávamos, mas mal consegui me concentrar em colocar um pé diante do outro.

Chego ao trabalho e vou direto para a sala de reunião para falarmos sobre as alterações que precisam ser feitas no simulador. Apenas Raquel está presente, já projetando os e-mails que recebemos dos palestrantes no monitor. Me sento e preparo meu tablet para possíveis anotações.

O relógio na parede diz que são oito e quarenta, e a reunião começava às oito e meia. Onde está Rafael?

Meu pensamento parece tê-lo atraído, porque, no mesmo instante, ele abre a porta. Seus olhos estão marcados por olheiras, seu cabelo está uma bagunça e a camisa social que usa foi abotoada pulando um dos botões.

— Desculpem o atraso.

— Sem problemas. — responde Raquel. Ela está tão concentrada nos e-mails que não repara em como ele está. Mas eu sempre reparo. — Vamos começar?

Enquanto Raquel foca na tela, eu me viro para Rafael e articulo as palavras "você está bem?", sem emitir som. Ele entende o que digo e meneia a cabeça assentindo. Aponto para a sua camisa, fazendo com perceba o botão pulado. Rafael se arruma movimentando os lábios em um silencioso "obrigado" e se volta para a TV.

As próximas três horas são dedicadas às observações dos palestrantes. Não são muitas, contudo abordamos cada uma com cuidado e estruturamos a melhor forma de trabalhar as alterações necessárias.

— Falta só mais uma observação do Harry. — diz Raquel, fazendo referência ao e-mail aberto na tela.

O palestrante é da Queen Mary, de Londres, e, assim que ela fala seu nome, não posso deixar de pensar no meu Harry.

Meu Harry. Isso soa bem.

Eu entro todos os dias no seu Instagram. Ouço todo dia a sua música de amor. Se eu o conhecesse, me chamariam de stalker. Mas não conheço, então acho que podemos classificar apenas como curiosidade.

Estou curiosa para ouvir a sua voz quando não está cantando. Para saber como seu corpo se encaixaria no meu abraço. Para sentir o seu cheiro e o sabor da sua boca...

É, talvez eu deva ser classificada como stalker mesmo.

Contudo, desde aquele sonho, eu não consigo pensar em outra coisa. E esse outro Harry, da universidade de Londres, não está tornando nada fácil a minha concentração nessa reunião.

— ...e te entregamos, até hoje fim do dia, o outline das alterações.

Concordo com Rafael, mesmo sem ter ideia de quando paramos de falar sobre o e-mail do tal Harry.

— Ótimo. — responde Raquel enquanto fecha seu laptop. — Aguardo vocês então. — Ela se levanta e sai da sala.

Rafael se volta para a parede com o monitor, que agora está desligado. Está perdido em seus pensamentos, entretanto preciso trazê-lo de volta à realidade para que possamos tocar esse projeto.

E eu estou louca para saber o que diabos está acontecendo com ele.

— Fala logo.

Ele sacode a cabeça, virando para mim e saindo de seu transe.

— Falar o quê?

— Obviamente, você não está nada bem, Rafael. Você dormiu na noite passada?

Rafael dá um sorriso estranhamente triste.

— É impressionante como você sempre soube me ler bem.

— Seu cabelo está um caos e suas olheiras estão quase cavando um buraco na sua cabeça. Não é muito difícil de ler isso.

— Imagino que não.

Chuto de leve a canela dele por debaixo da mesa.

— Vai, me conta. Ainda somos amigos, não?

Falo as palavras sentindo um gosto amargo ao dizer "amigos". Mas a verdade é que, se eu não tiver Rafael como meu namorado, seria bom ao menos tê-lo por perto de alguma forma. O motivo de eu ter começado a me interessar por ele é porque era uma pessoa com quem eu dividia muitas coisas: meu amor por tudo nerd, banhos de sol durante a semana antes do trabalho, burritos de carne com batata dentro (não fale mal até provar). Quando isso se transformou em mais do que apenas amizade? Eu não sei dizer. Entretanto, havia algo ali antes. Talvez pelo menos isso eu consiga trazer de volta.

— Eu terminei com a Vanessa ontem.

Não me movimento. Não respiro. Não sei o que fazer com essa informação. De algum modo, com alguma força que não tenho ideia de onde vem, consigo formular apenas duas palavras:

— Por quê?

— Cheguei à conclusão, na terapia, de que não era ela quem eu queria.

Terapia de novo? Será que esse terapeuta quer o Rafael para ele? Já é o segundo relacionamento que ele estraga!

Espera. O que ele disse?

Que ele terminou, Alice! Foca nisso!

Terminou porque não era ela quem ele queria. Ele está interessado em outra mulher? Será que ele vai namorar o Rio de Janeiro inteiro antes de querer voltar para mim?

— Que bom que você finalmente sabe o que quer.

Me levanto e começo a arrumar as minhas coisas. Queria dar uma chance para a nossa amizade, mas não tenho estrutura para conversar sobre outra mulher com ele. Preciso pensar na minha sanidade antes de me preocupar com a dele. Colocar a máscara de oxigênio em mim antes de ajudar a pessoa ao lado, sabe?

Quando vou pegar a mochila para sair da sala, Rafael segura o meu pulso. Nossos olhares travam uma conversa que me diz tudo que eu preciso saber.

Sou eu.

Eu sou a mulher que ele quer.

***

O restaurante mexicano do shopping está lotado. Por ser localizado em um bairro que possui a sede de muitas empresas, a hora do almoço é sempre uma disputa louca por mesas. Rafael e eu saímos cedo para almoçar, então conseguimos nos sentar com facilidade, mas agora a fila na porta já está quase chegando até a escada rolante do outro lado do andar.

Depois que entendi o que ele estava querendo me dizer na sala de reunião, Rafael me convidou para almoçar. Não falou mais nada, nem confirmando nem discordando do que eu havia compreendido, só pediu para almoçarmos. Não tínhamos foco para voltar ao trabalho, por isso saímos no mesmo instante.

Agora estamos aqui, sentados e nos observando sem falar. Pedimos os burritos com frijoles e dois refrigerantes para o garçom, contudo, desde então, o único barulho é o dos talheres e das conversas nas mesas ao lado. Depois de tudo que fiz com a ajuda de Helô, imaginei que esse momento seria mais fácil e que a gente voltaria imediatamente a ser como antes, no entanto está tudo tão estranho. Ele está estranho. Ou seria eu?

— Me desculpa.

Não esperava que essa fosse a primeira coisa que ele falaria.

— Pelo quê?

— Ah, Alice! Por onde eu começo? Por ter te enrolado por seis meses; por ter terminado tudo no estacionamento do shopping, no meio do dia de trabalho; por ter começado um relacionamento com outra pessoa que trabalha com a gente sem me preocupar com como você se sentiria vendo isso; por não ter te oferecido mais carona; por não ter retornado as suas mensagens depois, quando você claramente só queria me mostrar o idiota que eu estava sendo. Eu não fui a melhor pessoa que poderia ser. Não fui o homem que eu achava que eu era. Me perdoa, por favor.

O discurso de Rafael chega como um soco no estômago e faz minha expiração sair pesada. Ele sabe o que fez. Ele me viu nesse processo todo e entendeu o que eu estava sentindo. Me sinto aliviada.

Não, essa não é a palavra. Me sinto... Legitimada.

— Não espero que você me aceite de volta agora. Mas se você conseguir encontrar uma forma de me perdoar... Seria tão bom conseguir apagar nosso último almoço aqui, aquele que terminou comigo cometendo o maior erro da minha vida, e substituir por esse. — Rafael estica o braço sobre a mesa e toca meus dedos. — Um almoço com ar de esperança. De uma nova chance. O que você me diz?

— Eu... — Os dedos de Rafael passam a acariciar a parte de trás da minha mão, tornando o nosso contato mais íntimo. O alívio que eu senti com o discurso dele é substituído por alguma outra coisa que eu não consigo nomear. Lutei tanto por isso nessas últimas semanas, fiz coisas que alguns considerariam beirar a loucura, e agora, com tudo que eu mais queria acontecendo, estou travada. — Eu... — gaguejo. Por que não consigo falar? Diz que aceita. Diz que quer ele de volta, Alice! Fala, mulher! — Eu... — Não consigo, algo me impede. Não sei o que é, contudo não consigo. Preciso de ajuda.

Como se estivesse lendo a minha mente, Helô me liga.

Na tela, o rosto de Fernando faz Rafael soltar minha mão. Seguro o aparelho e me levanto.

— Preciso atender.

Só percebo que saí do restaurante e estou na praça de alimentação quando atendo o telefone.

— Ele me quer.

Claro que quer, você é um partidão. Até eu te quero! E olha que eu não quero mulheres. Bom, pelo mesmo não desde que eu e a Débora tentamos explorar a teoria de Freud sobre bissexualidade na faculdade. — responde Helô, sem pestanejar.

Ela age como se estivéssemos no meio da conversa e já tivesse total conhecimento sobre o que está acontecendo, mas não tem, então eu preciso dar um passo atrás e explicar a situação.

Conto sobre a reunião na GameStart, o convite para almoço e o discurso dele validando todos os meus sentimentos.

Sempre gostei do Rafael.

— Quando ele me largou, você disse que era um traste que não tem bom gosto e curte necrofilia.

É, isso parece ser algo que eu diria. — Helô dá uma pausa, antes de continuar. — Espera um pouco. O almoço está acontecendo agora, não? Posso saber por que você está gastando saliva comigo e não na boca do Rafael?

— Eu... Eu... — não continuo.

Começo a roer a unha do dedão sem saber o que eu quero dizer. Era só o que eu precisava! Ficar nisso — que só pode ser considerado um gaguejo narcisista, já que a única palavra que digo é "eu" — com a Helô também!

Eu sabia! Ah, adoro como eu sou boa terapeuta.

— Do que você está falando?

Você não quer o Rafael! Só queria um encerramento decente.

— Oi?

Você queria um final coerente, no qual ele validasse seus sentimentos. Um desfecho que te desse a sensação de que essa página podia ser virada. O término veio do nada, te pegou de surpresa, você não estava pronta. Agora está.

— Você está querendo dizer que tudo que eu fiz foi só para me preparar para aceitar que acabou?

Exatamente!

— E você já sabia disso?

Eu suspeitava.

— E não pensou em me avisar?

Ao contrário do terapeuta louco do Rafael, eu não ando por aí falando para as pessoas o que elas querem e o que têm que fazer. Eu espero que cheguem às conclusões por elas mesmas. E você chegou! Seja bem-vinda! Parabéns!

— Helô, o Rafael está colocando o coração na mesa. Terminou com a Vanessa ontem, por minha causa. Está com uma cara destruída. Desculpa se não consigo me sentir feliz no momento.

Ai, quem se importa com esse homem?

— Eu, Helô!

Você é uma pessoa melhor do que eu.

Não digo que concordo, mas sim, eu sou.

— Como posso falar para ele que acabou?

Você sempre pode ficar com ele e ser muito escrota até ele não aguentar mais e terminar por você.

— Não, não posso! Quem faria isso?

Eu! Fiz com a Débora. Acho que estraguei Freud para ela.

— Eu não sei nem como começar a te responder.

Olha, você sabe o que fazer.

— Sei?

Seja você mesma. Mostre que se importa com os sentimentos dele, mas deixe claro quais são os seus. Dê o seu ombro para ele chorar e não dê mais nada, se é que você me entende. — Reviro os olhos, mesmo sabendo que ela não consegue ver minha reação. — Esteja lá para ele, mas também pense em você. E de noite, me liga quando chegar em casa que eu vou te encontrar e fazer umas caipirinhas para a gente.

Helô está certa. Tenho que contar a verdade. Assim, não TODA a verdade. A parte da loucura do perfil fake eu vou levar para o túmulo, entretanto ele precisa saber como eu estou me sentindo. Levanto a cabeça e olho para cima para tentar ganhar coragem. Quase fico cega quando me deparo com a luz fosforescente do teto da praça de alimentação. Abaixo a cabeça e entro no restaurante.

Rafael continua na mesma posição em que eu o deixei. Quando me sento, ele se movimenta levemente na cadeira e me encara.

— É tarde demais, não é?

Com a barulheira ao nosso redor, quase não escuto suas palavras. Ele parece tão derrotado. Como dizer a verdade e fazer com que fique bem? Porque é isso que eu quero — que ele fique bem. Não merece sofrer por mim tanto quanto eu não merecia sofrer por ele.

Antes que eu possa responder, ele continua.

— Espero que ele seja bom para você. Muito melhor do que eu fui.

Rafael realmente acredita que eu estou com outra pessoa. Talvez seja melhor assim. Se ele achar que eu já estou em outra, deve ser mais fácil aceitar o fim do que simplesmente o fato de eu não querer mais. No entanto, não quero mentir.

— Você foi ótimo, Rafael. Tivemos bons momentos e eu realmente gostei de estar com você. O fim não foi lá essas coisas, — digo essa parte com um sorriso para tentar deixar o clima mais leve. — mas acho que foi o melhor para nós dois. E isso que estamos fazendo aqui, conversando sobre o que aconteceu, isso vai nos ajudar a atravessar a dor.

Rafael balança a cabeça, assentindo.

— Você sente falta?

— Todos os dias. — falo com sinceridade. — Mas, neste momento, eu vejo que não era para ser. No fim das contas, o seu terapeuta estava certo, nós não estávamos prontos.

— Você estava.

— Não, não estava. Te ver com a Vanessa foi difícil no começo, no entanto me fez enxergar isso. Uns meses atrás, ser sua namorada era o que eu mais queria. Mas a gente estava empacado. Não seria bom para nenhum de nós continuar naquela relação.

— Eu errei com ela também. Queria esquecer você e mergulhei em mais uma relação para qual não estava pronto. Ela entendeu e aceitou minhas desculpas ontem, mas eu ainda me sinto um crápula.

— Crápula? Meio forte, não?

— É como eu me sinto.

— Perdido, confuso, inseguro, teimoso e influenciável? Sim. Crápula? Não.

— Nossa, — ele responde, rindo pela primeira vez desde que nos vimos hoje. — os adjetivos rolaram com uma fluidez invejável. Pensou muito neles?

— É... — confesso, rindo também. — Talvez estivessem na ponta da língua.

O resto do almoço é uma viagem no tempo. Parece que os últimos meses, desde que começamos a sair, simplesmente não aconteceram. É como quando nos conhecemos; brincamos, debatemos e comemos nossos burritos em um clima leve e de paz. Eu perdi tanto tempo sentindo falta do Rafael Mais Ou Menos Namorado que tinha esquecido de como era bom ter o Rafael Amigo.

Pagamos a conta e vamos para a cafeteria no térreo, a mesma em que venho sempre com a Helô. Pedimos nossas bebidas para a viagem: ele, um cappuccino; eu, um latte com um pouco de canela por cima. Quando estamos nos encaminhando para a saída, percebo que o meu copo está sem a luvinha de papelão para evitar que eu me queime. Estou tolerando bem o calor agora, mas em breve, não vou conseguir mais. Peço para Rafael me esperar do lado de fora e volto na direção do balcão.

Meus pés travam no chão. Um tremor percorre todo o meu corpo. Não sinto mais o calor do copo nas minhas mãos. Mal sinto as minhas mãos. Não sinto mais nada. E, ao mesmo tempo, sinto tudo.

Sinto medo.

Sinto alegria.

Sinto enjoo.

Sinto euforia.

Porque ali, no balcão no qual eu estava há menos de trinta segundos, um rosto familiar entrega seu cartão de crédito para o atendente no caixa.

Fernando Williams está comprando um café.

E eu não sei o que fazer.

***

Não. Espera. Não pode ser. Fernando Williams não existe. Então, só pode ser uma pessoa: Harry Stewart.

Isso é algum tipo de pegadinha? Será que Helô está por trás disso?

Harry é inglês. Pelo seu Instagram, eu tenho certeza de que mora na Inglaterra. Não mora? Puxo correndo o celular do bolso da minha calça e entro no perfil dele. Faz cinco meses que publicou seu último post, mas hoje, pela primeira vez desde que eu comecei a stalkear o seu perfil, tem um story.

Eu clico e quase caio para trás. É uma imagem do mar, com as ondas se movimentando lentamente, e um quadrado transparente com a localização: Praia de Copacabana.

Meus olhos não estão me pregando uma peça. É ele. Harry Stewart está aqui, no Brasil. No Rio. No shopping. Na minha frente.

Isso é loucura, mas não posso perder essa oportunidade. Preciso falar com ele. Ouvir a voz com a qual eu tenho sonhado quase todas as noites. Chegar perto o suficiente para sentir seu cheiro.

Uma mão no meu ombro me faz voltar à realidade. É Rafael.

Não sou de xingar muito, mas PUTA QUE PARIU!

Rafael conhece Harry como Fernando! Eles não podem se encontrar. Contudo eu tenho que conhecer esse homem, preciso falar com ele. E nem sei se fala português! Como explicaria para o Rafael um gringo que em teoria se chama Fernando e que não vai me reconhecer, mas com quem eu deveria estar namorando? Ele vai me achar louca. Vai arrumar uma cena e afugentar Harry antes mesmo de eu dizer oi.

Tenho que pensar rápido. Preciso de dois planos de ação: um para tirar o Rafael daqui e outro para me aproximar do Harry antes que ele saia dessa cafeteria.

— Pegou a luva? — pergunta Rafael.

— Ainda não. — É agora ou nunca. — Rafael, preciso te pedir um favor.

— O que você quiser.

— Preciso que você vá embora.

— Ahn... O quê?

Será que eu pareço tão confusa quanto ele? Porque é exatamente assim que me sinto.

— O Fernando está aqui.

Lá se foi o meu plano de não mentir para o Rafael. Contudo, momentos de desespero pedem atitudes desesperadas. E se tem uma palavra que me define nesse momento é "desesperada".

Rafael olha para a fila e consigo ver no seu rosto o momento em que reconhece "Fernando".

— Você acha que eu não vou saber me comportar se você nos apresentar?

— Claro que não! É só que... O Fernando sabe da nossa história. Eu não estava bem quando começamos a sair e acho que ele tem um pouco de ciúmes de você. Outro dia eu apresento vocês um ao outro, mas acho que, se ele nos vir aqui, pode ter a impressão errada. Me ajuda, por favor?

A boca de Rafael se fecha, travada de tal forma que deixa pequenas rugas no entorno. Ele não está nem um pouco feliz.

— Claro, Alice. Eu... Eu entendo. Outro dia a gente se conhece, então. Você quer isso? Que eu continue na sua vida?

— Sim, Rafael. Eu quero muito. Só preciso deixar vocês separados hoje para evitar uma situação desconfortável. Mas eu quero você na minha vida. — Sinto a necessidade de acrescentar mais uma informação para deixar claro em que pé estamos. — Como amigo.

Ele assente. Abaixa um pouco a cabeça para me dar um beijo na bochecha e sai.

Me viro para o balcão. Tenho pouco tempo; o barista parece já estar fazendo a bebida de Harry. Me dou um segundo para absorver esse homem por inteiro. Helô estava certa, os ombros realmente são ótimos. Ele usa uma camisa de manga curta branca e um jeans desbotado. Quando se movimenta, a camisa abraça alguns pontos do seu abdômen e me faz imaginar que tipo de corpo ela estará escondendo. Pela forma como a manga contorna o bíceps bem definido e grande, ele é todo malhado. Nas fotos do seu perfil, não consegui ver isso direito, entretanto na luz da cafeteria fica claro.

Deixo meu olhar descer e observo a forma como o jeans está caindo nos seus quadris. Não imaginaria que um inglês pudesse ter esses glúteos, mas ele preenche bem a calça.

Forço, para fora da minha cabeça, os devaneios sobre apertar aquela bunda e dou um passo.

Hora de tentar a sorte.

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