¹³|Você ainda sabe implorar
Eu amava fazer balé quando era criança. Mamãe me acompanhava a todas as aulas e ia a todas as minhas apresentações. Diferente de papai, é claro. Mas eu não importava, até gostava que ele não estivesse presente, assim mamãe não precisava se tornar aquela pessoa acanhada e com medo de fazer algo errado.
Eu ainda fazia balé quando fui para a Inglaterra e consegui achar um lugar onde davam aulas, mas parei quando fiquei grávida e não pude retomar depois.
Foi por isso que coloquei Freya no balé. Era perto de casa e de graça — uma professora com bom coração que dá aula para garotas que têm pais que não tem condições de pagarem aulas particulares. Mas agora acho que cometi um erro. Freya comentou sobre as coisas que as colegas estavam falando e não tocou mais no assunto. Tenho a sensação de que é apenas porque ela acha que irá me decepcionar se sair. E eu não quero que ela se sinta assim.
— Suas colegas continuam fazendo bullying com você? — pergunto a Freya enquanto termino a sua trança. Ela está obcecada por tranças agora e eu preciso procurar modelos diferentes na internet todo dia. Viva o YouTube.
— O que é isso?
— Quando as pessoas dizem coisas que deixam você triste e fazem brincadeiras que a deixam desconfortável.
— Eu não gosto quando elas não são legais só porque eu gosto do Homem-Aranha. Me deixa triste. — Sentada na cama enquanto tranço seu cabelo, Freya encolhe os ombros, sua voz frágil.
— Eu sei, querida. — Me agacho em sua frente após terminar a trança e faço-a olhar para mim. — Você não deve dar ouvidos a elas, entendeu? — Ela anue. — Com que frequência isso vem acontecendo?
Freya dá de ombros, sua atenção agora nos seus sapatos que obviamente são do Homem-Aranha.
— Freya Josephine Prescott.
Minha filha suspira, sabendo que quando a chamo assim, é quando estou brava ou falando muito, muito sério.
— Algumas vezes — diz, mas ainda está hesitante.
— De zero a dez.
Ela para pra pensar.
— Sete e meio.
Fecho os olhos e conto até dez. Por que as crianças são más? Quer dizer, sério, estão zoando ela porque ela gosta do Homem-Aranha? A gente está no século vinte e um, porra! E ela é uma criança.
— Mãe?
— Espere um segundo, estou calculando quantos anos de prisão eu posso pegar.
— Por que você iria para a prisão?
Abro os olhos e forço um sorriso para ela.
— Por proteger você.
— Não quero que você vá para a cadeia. — Freya me abraça apertado e eu dou risada ao abraçá-la de volta.
— Então temos duas opções: colocar você em outro estúdio de balé ou tirar você do balé por completo.
Freya se afasta, mas fica brincando com as mechas dos meus cabelos com aquele olhar pensativo no rosto. É fofo.
— Você vai ficar chateada se eu sair do balé?
— Já disse que não. Você não precisa fazer o que não quer só para me agradar, querida. A mim ou a qualquer outra pessoa.
— Eu não quero ir para a escola.
Semicerro os olhos, reprimindo um sorriso.
— Ok. Existem brechas, mocinha, e ir para a escola é uma delas.
Freya faz uma cara triste, mas seu rosto rapidamente se ilumina e ela começa a saltitar.
— Posso jogar futebol?
Hesito. Ignoro o fato que eu não sabia que ela gostava tanto assim de futebol, mas penso nas consequências de ceder a isso. É um esporte violento, mesmo para crianças, ela pode se machucar, quebrar um braço ou uma perna caso caia de mal jeito ou tantas outras coisas…
Mas ela está tão feliz com a ideia. Sim, é verdade. Os olhinhos dela estão literalmente brilhando. Eu não posso negar isso.
— Pode.
Seu gritinho de felicidade me faz sorrir quando ela me abraça outra vez.
— Valeu, mamãe. Vou contar ao Eros!
— Espere, eu vou… — olho por cima do ombro para vê-la saindo correndo pela porta — descer com você. Não corra pela casa!
É óbvio que ela não me ouviu ou se importou, mas deixo para chamar sua atenção novamente mais tarde.
Fico surpresa quando no corredor, sinto cheiro de panquecas. Eros obviamente andou cozinhando. Não sei exatamente porque isso me surpreende, ele nunca disse que não sabia cozinhar. Além disso, mora sozinho e a governanta vem apenas duas vezes na semana — quando estamos trabalhando, por isso nunca a encontrei — então é de se esperar que ele saiba cozinhar, se não precisa de alguém aqui todos os dias lhe preparando café e janta.
— Olha, mãe, Eros fez panquecas sorridentes pra mim! — Freya está animada, sentada em cima do balcão. Ela não chegou lá sozinha.
Arqueio a sobrancelha para Eros. Não falo com ele desde ontem a noite. Estávamos conversando, então ficamos em silêncio e quando chamei por ele algum tempo depois, não obtive resposta. Devia estar tão cansado que dormiu com o celular na orelha.
— Ela queria ver como se faz. — Eros encolhe os ombros, mas não parece se sentir realmente culpado.
— Eros disse que vai me ensinar a fazer, amanhã. Você me acorda mais cedo, mamãe? Assim eu não me atraso pra escola.
Semicerro os olhos. Freya odeia acordar cedo.
— Ok — murmuro.
Ela está se apegando a ele. Eu já havia começado a notar isso, mas agora está realmente me preocupando. Freya com certeza sentirá falta de Eros quando formos embora. Coisas como essas fazem eu me arrepender de aceitar a ajuda de Eros e vir morar aqui. Nós nem sequer somos amigos, certo? Nosso noivado é de fachada e ele só está sendo legal porque sente que me deve por isso.
Eu não quero que Freya se saia machucada nessa situação, por isso tenho que acabar com isso logo.
— Eu andei pensando — começo após Freya subir para escovar os dentes. Nós tomamos um café da manhã tranquilo e Eros provou que é mesmo bom na cozinha. — Já que você garantiu que eu não tenha que me preocupar com a escola de Freya pelos próximos dois anos. — Lanço a ele um olhar, apesar de estar relutantemente grata. — Sem esse gasto, eu posso alugar um apartamento.
Eros para por um segundo com a louça, mas rapidamente se recupera.
— Achei que o combinado fosse que você esperaria até a sua promoção. — Para qualquer pessoa, seu tom de voz pareceria inexpressivo, mas eu o conheço. Ainda assim, não consigo identificar o que é.
— Isso foi antes de você se mostrar tão generoso — eu deveria estar agradecendo-o ao invés de alfinetando-o, mas ainda estou brava que ele fez pelas minhas costas.
— Você não precisa se apressar. Mesmo sem ter que pagar a escola de Freya, você ainda não conseguiria pagar um apartamento decente. — Odeio que ele esteja certo.
— Vou conseguir um melhor do que o antigo. — Cruzo os braços e o observo pegar um pano de prato e enxugar as mãos antes de virar para mim. Endireito a postura quando ele parece se elevar ainda mais sobre mim, como se isso fosse uma batalha e eu, sua oponente.
— Por quê? — questiona cruzando os braços também. — Para quê a pressa? É o quarto, há algum problema? — Então ele engole em seco. — Eu fiz algo que a deixou desconfortável?
Quase fico boquiaberta. Ele acha que fez alguma coisa, que me desrespeitou de alguma forma? Ele obviamente não fez e eu não esperava que se importasse tanto a ponto de deduzir coisas assim.
— Não. Claro que não — asseguro a ele, vendo-o relaxar minimamente.
— Então o que é? Diga-me qual o problema e eu resolverei isso.
— Esse é o problema. Não quero que você resolva nada para mim. Não quero que você se sinta obrigado a ser legal com a Freya ou que…
— Espere, você acha que eu me sinto obrigado a ser legal com a sua filha? — Sua carranca se aprofunda e ele me olha com reprovação. — Acha que estou fingindo? — Não digo nada. Eros balança a cabeça, suspirando. — Eu gosto da Freya, Genevieve. Nunca fingi nada.
— Por quê? — Faz apenas pouco mais de duas semanas que ele a conhece e ele tem sido legal desde então. Legal demais, para ser verdade.
— Não sei. Eu me apeguei a ela. — O fato de ele admitir isso tão facilmente me pega desprevenida, mas não vacilo.
— Aí está outro problema, ela também está se apegando a você e sentirá muito quando formos embora. Será muito pior se ficarmos por mais tempo.
Ele sabe que estou certo e está óbvio que o irrita. Sua mandíbula está tensa como quando está desenhando um novo projeto e não gosta do resultado.
— Você parece já ter tomado sua decisão — diz, a voz inexpressiva.
— Sim.
Eros anue, pega seu paletó na cadeira e sai.
❦︎
Ele não falou comigo o dia todo, além de ordens. Odeio admitir, mas sinto falta dos comentários sarcásticos e as provocações. Odeio ainda mais me sentir culpada sem motivo algum.
O que ele esperava, que morássemos com ele a vida toda? Desde o início, tínhamos combinado que seria apenas um tempo. E por que eu estou me justificando? Por que me sinto mal que Freya e eu iremos embora e Eros voltará sozinho todos os dias para a solidão da sua casa? Ele já fazia isso antes, certo? Além disso, ele tem os cachorros, que estão lá justamente para não deixá-lo sozinho.
— Graças a Deus achei você. — Anthony aparece do nada na sala de descanso dos funcionários, me assustando. — O que você está fazendo aqui?
Mostro a ele a minha barrinha de cereal, que na verdade está bem visível na minha mão. É a minha hora de almoço e eu não estava afim de comer no escritório, com Eros e o seu silêncio.
— Larga isso aí, estão esperando você para gravar a campanha — ele diz.
— Gravar o quê? — Rapidamente, endireito-me.
— A coleção de inverno, lembra? Você e o amargurado do meu irmão são o casal propaganda...?
Solto um gemido de sofrimento. Eu tinha esquecido dessa estupidez. Apesar de estar presente no dia da reunião, minha mente estava em outro lugar e eu concordei cegamente com Anthony. Agora vejo o terrível erro que cometi.
Jogo o resto do meu almoço no lixo e acompanho o irmão mais novo de Eros até o elevador.
— O que eu vou ter que fazer?
— Sorrir apaixonadamente para o meu irmão e fingir que ele é o grande amor da sua vida.
Bufo, rindo. Temos feito isso há duas semanas.
Então percebo que uma noiva realmente apaixonada não faria isso.
— Não vai ser fingimento — digo, encolhendo os ombros e fingindo timidez.
— Aham, tá. — Não sei o que isso significa, mas entro no elevador atrás dele.
— Eros está sabendo disso? Ele não parecia ciente.
— Eu o arrastei. Algumas ameaças de como ele vai infernizar minha vida e declarações de ódio, mas ele está lá. — Anthony está despreocupado ao ajeitar o terno e conferir a hora. — Na verdade, sinto até pena da equipe que está com ele agora. Eu os deixei há quinze minutos.
Estremeço, entendendo o que ele quis dizer.
Meu celular vibra no meu bolso e eu pego para checar.
Um número desconhecido me mandou mensagem. Começo a imaginar várias coisas, como por exemplo meu pai querendo me intimidar, mas então leio a mensagem e relaxo.
Oi! É o Bruno.
Sinto-me mal na mesma hora pois esqueci completamente dele depois do nosso encontro no terraço. Fiquei muito feliz em vê-lo, um dos poucos amigos que fiz. No final do último ano, a escola sempre dava um baile e era permitido levar um acompanhante masculino. Eu havia conhecido Bruno numa daquelas festas chiques que eu ainda frequentava na adolescência, e ficamos amigos, então eu o convidei. Ele foi muito legal em aceitar me acompanhar e me levar para casa depois. Quando fui para Oxford ainda nos falávamos, mas algumas circunstâncias me levaram a me afastar dele e depois fiquei com muita vergonha para reatar a amizade.
Por fim, respondo:
Ei. Como você está?
Mas guardo o celular quando chegamos em um dos andares vazios. Sempre me perguntei porque deixar um andar inteiro vazio, sem paredes separando os cômodos, apenas um enorme espaço. Poderia ser usado para festas da empresa ou recepções, mas é para isso que serve o salão no primeiro andar. Além disso, raramente damos festas aqui.
O espaço não está mais vazio agora, mas com as equipes do Marketing e da Publicidade. Câmeras e maquiadores também.
— Por que não fazer isso em um estúdio? — pergunto a Anthony enquanto caminhamos até o centro de tudo.
— Porque seria muito mais difícil arrastar seu noivo para um.
De fato, já avisei Eros e ele não parece nada feliz, sentado em uma cadeira com uma mulher mexendo no seu cabelo.
Tapo a boca para rir. Quando ele nos nota, diz:
— Anthony, venha aqui.
O mais novo me lança um olhar de sofrimento, mas vai até o irmão, enquanto mulher da equipe me guia até o banheiro feminino.
A mulher me deixa sozinha para que eu possa me vestir, mas percebo que isso foi um erro assim que ponho o vestido. Além do decote em V na frente, há um zíper atrás e eu definitivamente não consigo fechar sozinha…
Mãos que não são femininas estão fechando o vestido antes que eu tenha a chance de pedir ajuda. Nem mesmo ouvi a porta do banheiro abrir.
Quando o zíper chega no topo e o vestido é fechado, sinto seus lábios em meu pescoço quando ele deixa um beijo em minha pele.
Franzindo as sobrancelhas, afastando-me e viro-me para Eros.
— O que você está… — As palavras morrem na minha boca quando encaro Tobias.
Por hábito, dou um passo para trás, meu coração batendo forte, em pânico. Eu tento não me mostrar afetada quando seus olhos azuis frios percorrem meu corpo. Uma vez eu me senti bem por ser olhada assim por ele, senti-me desejada, mas agora preciso controlar o meu estômago para não vomitar.
— Nunca mais me toque — apesar de baixa, minha voz é firme.
— Você costumava implorar pelo contrário — a voz sedutora de Tobias não funciona mais comigo, mas ainda traz lembranças daquela época.
"Por favor, toque-me, Tobias — implorei a ele que estava me torturando. Ele sempre gostou de me fazer implorar."
Meu rosto queima de vergonha, enquanto o sorriso de Tobias se alarga. Ele sabe muito bem que lembrança despertou.
— Já contou ao seu noivinho quem foi o primeiro amor da sua vida? — Tobias começa a me rondar, as mãos dentro dos bolsos.
— Aquilo não era amor — vacilo, pois dizer isso em voz alta ainda dói. Não porque ainda sinto algo por ele, mas pelo o que eu achava que sentia. Como fui tola e ingênua.
— Eu te amo. Nunca amei ninguém antes, mas sei o que sinto por você, então, por favor, não me deixe. Eu faço qualquer coisa, mas não posso viver sem você. Você é tudo para mim, Tobias — ele diz, a voz fina e melancólica, repetindo minhas palavras.
— Pare — peço, tremendo.
— Mas eu tenho tantas lembranças. Talvez eu deva contar ao Eros. Ele certamente não sabe que você é só uma cobra pronta para dar o bote. — Seus olhos apontam para minha barriga e a mão que mantenho sobre ela. — Já está grávida? Com certeza você não vai esperar para trepar com ele só depois do casamento. Porque, se bem me lembro, você abriu as pernas para mim no nosso terceiro encontro. E me deu o golpe da barriga três meses depois. Não posso deixar que o mesmo aconteça ao meu querido primo.
Cada palavra é um tapa na cara. Eu sabia que ele não prestava quando o peguei aos beijos com a minha colega de quarto — apenas uma das muitas coisas que ele fez e eu perdoei —, mas o que ele está fazendo agora é ainda mais cruel. Está me humilhando, mas para quê?
— Nada? — Tobias arqueia a sobrancelha diante do meu silêncio. — Tudo bem. A equipe não vai se importar se eu roubar Eros por uns minutinhos, né?
Ele já está indo embora, quando eu digo, odiando-me por isso:
— Não conte a ele. — Quando Tobias permanece de costas, acrescento: — Por favor.
Ao virar para mim novamente, seu sorriso afiado quase me faz encolher, mas permaneço firme mesmo quando ele se aproxima e segura meu queixo apesar da minha ordem para não me tocar.
— Olha só, você ainda sabe implorar. — Seu aperto está me machucando, mas eu resisto à vontade de mandá-lo se afastar. Ele tem prazer nessas coisas e eu não vou dar mais isso a ele. — Você é tão linda quando chora.
Eu não havia percebido que estava chorando até ele dizer. Ergo a mão para enxugar meu rosto, mas o comando de Tobias me faz travar.
— Não.
" "Não" disse quando fiz menção de puxar as cobertas. Parei, sabendo que ele ficava chateado quando eu o contrariava. "Eu estou com frio", falei. A janela do quarto estava aberta e era inverno, estava praticamente congelando. Tobias, sentado em sua escrivaninha enquanto trabalhava, não parecia se importar com o tempo ou com as minhas súplicas. Ele dizia que trabalhava melhor olhando para mim. Nua. Eu queria que ele terminasse logo, então deixei a coberta de lado e aguentei o vento gelado por mais meia hora antes que ele se juntasse a mim e tomasse meu corpo."
Desvio dos seus olhos, mas seu aperto me faz voltar atrás e eu o encaro novamente.
— Até onde você iria para que eu mantivesse seu segredo guardado? — Contemplação passa por seu rosto, mas sei que é fingimento.
Não me intimido, apesar de já ter decidido que Eros não pode saber disso. Não assim. Eu sei que ele não tem nada a ver com a minha vida, mas ele tem feito muito por mim e por Freya, e eu não quero retribuir sua ajuda deixando que seu primo despeje essa bamba em seu colo. Tobias pode falar muitas baboseiras, mas ele estava certo quando disse que Eros leva muito a sério confiança e lealdade e eu estaria quebrando as duas coisas ao esconder isso dele enquanto moro em sua casa e deixo que ele pague pela educação da minha filha. Não, eu posso fazer melhor e ele não merece isso.
— Você já parece ter algo em mente — desafio. Pelo leve semicerrar em seus olhos, acho que o surpreendi pela resposta "ousada".
E eu sei que não gostou quando faz seu próximo movimento: me beijar.
Ou tentar, eu dou um passo para trás.
Penso que ele vai me beijar mesmo assim, como já fez outras vezes no passado ao forçar sua língua na minha boca, mas Tobias ri, baixo e desagradável.
— Vou me lembrar disso da próxima vez. — Dando um passo para trás, completa: — E não vai ser só um beijo que eu vou querer.
Permaneço no mesmo lugar por alguns segundos, me certificando que ele não vai voltar, então entro em uma cabine e quase não levanto a tampa da privada a tempo antes de vomitar.
Está tudo bem, não chore. Está tudo bem.
Inspiro e expiro para controlar minha respiração.
Odeio a forma como ele faz eu me sentir, como mesmo depois de seis anos, ainda sinto que ele tem algum controle sobre mim. Odeio me sentir pequena e impotente na sua presença. E a forma como ele me olhou…
Vomito de novo.
Dando descarga, tento normalizar minha respiração novamente.
Meu relacionamento com Tobias não foi bom. Eu tive a ilusão de que sim durante os quatro meses que ficamos juntos, mas era só uma ilusão. Eu não o amei, mas amei a ideia de ter alguém. Depois de tantos anos sozinha, sendo usada apenas como um objeto por meu pai, para ser exibida e esperar quem desse o maior lance, gostei de ser realmente importante para alguém.
Ou era o que eu achava. Tobias também não me amava. Ele amava meu corpo, apesar de suas críticas sobre eu ter que emagrecer ou pintar meu cabelo. Ele amava me controlar e achar que era meu dono. Ele amava a minha submissão cega, a minha ingenuidade que mesmo depois de vinte anos convivendo com meus pais, não soube diferenciar o amor do abuso.
Eu achava que seria fácil fazer essa distinção. Eu via como papai tratava mamãe, era frio e rude com ela sempre, fora o que acontecia entre quatro paredes para mamãe aparecer com hematomas. Mas com Tobias não era assim. Ele era amável — fingia ser — e cada crítica era disfarçada de elogios com a frase "Eu só quero o seu melhor". Eu me convenci disso também, por isso fingia não ligar que ele olhasse meu celular ou sentisse ciúmes dos meus amigos da faculdade. Quando ele dizia para eu me afastar de alguém, eu dizia a mim mesma que ele estava certo, que ele me amava e queria o meu melhor.
Não era amor, nunca foi.
Com os braços cruzados em cima da privada e a cabeça apoiada neles, não notei que havia mais alguém na cabine até as mãos estarem me tocando.
Afasto-me rapidamente, batendo as costas na parede.
Mas não é Tobias outra vez.
— Ei, tudo bem?
— Kate. — Suspiro ao vê-la ajoelhada e me olhando preocupada.
— Primeira e única. — Ela força um sorriso, mas não dura muito tempo. — O que aconteceu?
— Nós vimos Tobias saindo daqui — Lorelei, que eu não tinha percebido na porta ainda, diz.
— Eu estou bem. Ele provavelmente deve ter entrado no banheiro errado e saído quando me viu vomitando. — É um esforço para dar de ombros, mas faço mesmo assim.
Finjo não notar a troca de olhares entre elas.
Lorelei faz uma careta para a privada.
— Então por que você está passando mal? — questiona ao cruzar os braços enquanto Kate fica de pé e me ajuda em seguida.
— Comida estragada, provavelmente. — Ajeito meu vestido para não ter que olhar para elas duas.
— Vou dizer a Eros que você não está se sentindo bem — Kate oferece, mas balanço a cabeça.
— Eu estou bem. Só preciso escovar os dentes e retocar a maquiagem.
— Vamos te ajudar com isso então.
Grata, sorrio para Kate, mas Lorelei resmunga:
— Eu sou a Relações Públicas, não a maquiadora.
— Vai te doer se você for gentil pelo menos uma vez? — Kate pergunta. Lorelei faz uma cara de quem diz que definitivamente doerá, mas sai murmurando que vai atrás de uma escova de dentes.
Sozinha com Kate, saio da cabine e vou até o lavabo. Ponho um pouco de água em minhas mãos em concha e levo a boca. O tempo todo sentindo o olhar de Kate me observando. Sei que ela não acreditou muito em mim, mas também sei que não insistirá no assunto até que eu esteja pronta para falar.
Após enxaguar a boca apenas para tirar o gosto horrível do vômito, esperamos Lorelei.
❦︎
De dentes escovados e maquiagem feita, finalmente deixo o banheiro, percebendo com vergonha que todos estavam me esperando. Murmuro desculpas e vou me juntar a Eros, olhando disfarçadamente para ver se vejo Tobias.
Ele não está em lugar algum.
— O que aconteceu? Você demorou — Eros diz. Eu evito seu olhar, fingindo estar checando meu vestido outra vez.
— Emergência de garota. Sinto muito por fazê-lo esperar.
— Você está bem?
— Sim.
— E por que você não está olhando para mim?
Contendo um suspiro, forço uma expressão entediada ao erguer o rosto e encará-lo. Olhos castanhos-esverdeados me encaram de volta. Eu diria que ele está preocupado comigo se não o conhecesse. Eu aguento sua análise sobre meu rosto, o que parece durar uma eternidade.
Com a mandíbula tensa, diz:
— Você esteve chorando.
Tento não me espantar. A maquiagem que Lorelei fez ficou perfeita, então não há como ele saber disso, a não ser que me conheça mais do que eu achava.
— Como a maior parte da população feminina quando está de TPM — retruco, confortável em mentir. Fiquei muito boa nisso, não é mesmo?
Sei que a mentira colou quando Eros desvia dos meus olhos e coça a nuca, envergonhado.
— Certo… Desculpe, eu não quis parecer intrometido, só estava…
— Preocupado comigo? — Arqueio a sobrancelha e ponho um dedo em seu peito. — Estou começando a acreditar que há mesmo um coração batendo aí dentro.
— Engraçadinha.
Forço um sorriso, mas aliviada que ele acreditou.
Logo, a equipe nos manda trabalhar. Basicamente, só vamos fazer o de sempre: fingir estarmos apaixonados, mas dessa vez para as câmeras que estarão gravando. As jóias da coleção de outono estão dispostas em uma bancada de vidro e três já foram escolhidas para eu usar. Um colar, o qual Eros colocará em meu pescoço; brincos, que combinam com o colar; e um anel, que iremos fingir ser de noivado e Eros terá que me pedir em casamento pela segunda vez.
— Eu vou matar o meu irmão — ele diz quando explicam o que vamos fazer.
— Ok, vamos começar pelo colar — uma mulher com uma prancheta avisa a todos. — Eros, você irá pegar o colar e colocar nela, ok? Finja que está sussurrando algo em seu ouvido. Genevieve sorria.
— Por que você fica com a parte fácil? — Eros resmunga mais uma vez.
Reviro os olhos e me posiciono, atrás de nós está uma daquelas telas verdes.
A "cena" começa com Eros pegando o colar, como lhe foi instruído e passando por minha cabeça. Levanto um pouco meu cabelo e ponho para o lado e o colar é fechado atrás.
O polegar de Eros roça minha nuca, enviando calafrios por meu corpo quando ele se inclina e sussurra em meu ouvido, muito baixo para que os outros ouçam:
— Você não pode ir embora. Eu disse à minha família que estávamos morando juntos.
— O quê? — consigo dizer, enquanto encaro a câmera e tento não desfazer o meu sorriso.
— Se você for embora enquanto ainda estamos noivos, vai ser estranho. Você e Freya terão que continuar morando comigo até esse noivado acabar.
Olhando por cima do ombro, fuzilo-o com o olhar. Por que ele contou a família dele? E por que ele faz tanta questão que continuemos lá?
— Concentre-se, isso não é um olhar apaixonado — o filho da puta ronrona com um sorriso, dando a entender que está me dizendo alguma sacanagem.
Imito seu sorriso.
— Eu vou matá-lo.
Seus olhos observam minha boca antes de ele se inclinar para sussurrar em meu ouvido outra vez.
— Eu quero ver você tentar, amor. — O calor da sua respiração me faz morder o lábio, lembrando de dias atrás, quando caímos na cama e ele me apertou contra si. Aparentemente, essa é uma lembrança de mão única e uma que eu preciso esquecer rapidamente.
— Eeeeeeee, corta! — aquela mesma mulher diz de repente, assustando-me. Eu havia esquecido que tínhamos uma plateia. — Uau, ficou ótimo. Vocês têm bastante química. Vamos fazer de novo.
— Se ficou bom, porque temos que repetir? — Eros volta a resmungar.
É assim o resto da tarde.
❦︎
Quando finalmente chegamos na casa de Eros, estou completamente exausta. Apesar da tarde movimentada, a minha exaustão psicológica é culpa de Tobias. Não paro de pensar no que ele quis dizer com "Vou me lembrar disso da próxima vez". Então é isso? Ele irá ficar me chantageando? E até quando? Eu podia agora mesmo contar para Eros a verdade.
Mudaria algo entre nós se ele soubesse que Tobias é o pai de Freya?
Deus, só essas seis últimas palavras me dão vontade de vomitar.
— Mamãe, você tá bem? — Freya pergunta, preocupada. Eu odeio quando ela se preocupa comigo porque tem que ser ao contrário.
— Claro que sim. Teve muito dever de casa hoje? — Estou obviamente mudando de assunto, mas Freya se anima.
— Tem dever de matemática.
— Ah, não. — Faço cara de sofrimento. Eu odeio matemática e Freya sabe, por isso ri enquanto coloco-a sentada na ilha da cozinha.
— Eu vou fazer o jantar. — Eros entra no cômodo, já sem seu terno, com as mangas da camisa dobradas até os cotovelos.
— Eu posso cozinhar. — Enrijeço. Ele mostrou ser bom na cozinha, mas me sinto útil nessa casa quando cozinho.
— Você está cansada. É uma surpresa que esteja em pé.
Faço uma careta. Não sabia que ele estava tão ciente dos meus movimentos e do meu corpo.
— O que vocês querem para o jantar? — Ignorando meus protestos, Eros começa a tirar coisas da geladeira.
— Hambúrguer! — Freya bate palmas com a sua brilhante ideia enquanto sento no banco ao seu lado.
Eros arqueia a sobrancelha para mim, uma pergunta silenciosa no olhar. Dou de ombros. Hambúrguer não é saudável, mas uma vez na semana não vai fazer mal.
Freya e eu passamos os próximos minutos fazendo sua atividade de matemática, no mesmo passo que Eros prepara os hambúrgueres. Odeio o pensamento que surge, que é aconchegante isso, essa rotina. Talvez se as coisas tivessem acontecido de outra forma…
Não. Não posso seguir por esse pensamento, como seria se não fosse Tobias o pai de Freya, mas o homem preparando hambúrgueres agora. Eu nem mesmo sei se ele deseja ser pai. E isso não importa, as coisas são o que são e infelizmente não posso mudar.
Fazemos uma pausa no dever de casa, Freya e eu, trocando os números pelos hambúrgueres — que eu admito a contragosto, estão muito bons. Quando terminamos de comer, Eros entregou a Freya o pirulito que havia prometido a ela ontem e ela agradeceu com um abraço e um beijo na bochecha.
O pirulito é do tamanho de um prato e eu tive que ajudar Freya a segurar enquanto ela dava uma mordida.
Depois, eu não deixei Eros lavar a louça e nós tivemos uma breve discussão silenciosa barra encarada mortal. Mas ele finalmente cedeu e subiu para o segundo andar.
Quando terminei com a louça, voltei a me sentar ao lado de Freya — que já guardou o pirulito na geladeira — e corrigi as contas que ela tinha feito enquanto eu lavava a louça. Fiquei orgulhosa quando vi que estava tudo certo.
Terminado a atividade de matemática, passamos para a de história.
— Onde está sua tesoura? — pergunto a ela enquanto procuro em seu estojo. Iremos precisar da tesoura para fazer a atividade.
— Acho que eu perdi. — Minha filha dá de ombros enquanto eu suspiro. — Você pode comprar outra? Igualzinha aquela, por favor.
Lanço um olhar a ela, sabendo muito bem porque ela quer uma igual a antiga. Você acertou se disse que é porque era do Homem-Aranha.
— Vá pintando as imagens, vou ver se Eros tem alguma.
Ela anue e eu a deixo.
No andar de cima, hesito por um momento na porta de Eros, aquela lembrança mais uma vez retornando. Balanço a cabeça para afastá-la, como se fosse uma mosca e bato na porta.
Quando não tenho resposta, giro a maçaneta, descobrindo que está aberta e espio dentro do quarto.
— Eros?
Ouço o barulho da água caindo e percebo, enrubescendo, que ele está tomando banho.
Começo a fechar a porta, pensando que posso procurar no escritório — onde eu deveria ter começado para início de conversa — quando a água para de cair.
— Genevieve? — Eros chama do banheiro.
Merda. Se eu sair agora vai ser estranho.
Pigarreio, adentrando o quarto para que ele possa me ouvir melhor.
— Sou eu. Você, er… tem alguma tesoura?
— Você disse tesoura?
— Isso! É para Freya.
— Deve haver alguma em uma das gavetas na minha cômoda.
— Ok.
Aproximo-me da sua cômoda, torcendo para não abrir uma gaveta com cuecas e puxo a primeira. Não são cuecas, mas também não há sinal de tesouras à vista, apenas alguns cadernos.
Na gaveta ao lado também não acho e na terceira…
Travo na terceira, minha mão pairando acima da gaveta enquanto encaro o laço vermelho lá dentro. Eu havia esquecido daquele dia em que usei este mesmo laço e Eros tirou de meu cabelo e pôs no bolso. Não achei que ele fosse guardar e agora quero saber porquê.
Há outra coisa na gaveta, não é a tesoura que estou procurando, mas pego o caderno mesmo assim. Diferente dos outros na primeira gaveta, eu já havia visto esse antes. Eros costuma levá-lo para o trabalho, mas eu nunca vi o que desenhava nele. A capa é de couro e totalmente lisa. Sei que é uma baita invasão de privacidade, mas abro o caderno mesmo assim.
Demoro um tempo para perceber para o que estou olhando: a vista que temos do escritório. Não há cor além do preto do seu lápis, mas posso dizer com certeza que é o pôr do sol. Eu não sabia que ele desenhava qualquer coisa além de joias.
Os próximos desenhos também são paisagens, alguns reconheço como sendo do jardim da casa, mas outros não.
Eu paro, porém, em um desenho que não é uma paisagem. É uma pessoa.
Eu conheço os lábios cheios e os olhos que mesmo em um desenho preto e branco, parecem brilhar com diversão; conheço o cabelo ondulado e o queixo pontudo; as sobrancelhas bem feitas e o nariz arrebitado.
Conheço cada traço dessa pessoa… porque sou eu.
Eros me desenhou.
— Achou a tesoura?
Viro-me rapidamente, escondendo o caderno atrás das minhas costas e tentando parecer casual.
— Não… — A palavra morre lentamente na minha boca quando observo a visão à minha frente: Eros apenas com uma toalha enrolada na cintura. Eu nunca o tinha visto sem camisa antes, nem o resto das tatuagens, apenas a parte da mão e às vezes uma pequena parte se sobressai dos botões abertos da camisa.
Suas tatuagens pegam todo seu ombro direito, assim como metade de seu peito. É como se fossem duas versões diferentes dele: seu lado direito brutal com suas tatuagens, e seu lado esquerdo, completamente limpo.
— Não, eu não achei — reforço minha resposta, tentando tirar os olhos do seu abdômen sarado e ainda molhado ou das suas coxas mais grossas que as minhas. Tipo, sério? Ele passa quantas horas na academia?
Eros passa por mim, molhando todo o chão e eu lhe dou espaço, sentindo o cheiro do seu sabonete masculino. É estranhamente bom e… sexy. Oh, meu Deus, sério que eu disse que o cheiro do sabonete do meu chefe é sexy?
Olho por cima do ombro para vê-lo entrando no closet, então ponho o caderno de volta na gaveta, fechando devagar para não fazer barulho, esperando que ele não perceba a minha invasão.
Quando Eros volta com uma tesoura na mão, arqueio a sobrancelha.
— Parece que não estava na sua cômoda — murmuro, estendendo a mão para pegar.
— Parece que não. — Ele ergue a mão no último segundo, fazendo com que minha mão se feche no ar.
Olho brava para ele.
— Sério? Quantos anos você tem, dez? — Reviro os olhos, tentando pegar de novo a tesoura. Eros obviamente não se mostra abalado pela minha resposta ao desviar a tesoura de mim novamente, um sorriso sínico brotando em seus lábios.
— O que você estava olhando na minha gaveta? — questiona, dando um passo para frente. Eu recuo.
— Hã… procurando a tesoura? A velhice está começando a afetar sua memória? — debocho, dando outro passo para trás quando ele avança.
— Em primeiro lugar, eu sou apenas seis anos mais velho que você. E em segundo, você não estava procurando só a tesoura.
— E o que eu estava procurando, suas cuecas?
— Você achou alguma? Eu estou sem nenhuma no momento, sabe.
Tento não olhar para baixo ao ouvir isso e apenas estendo a mão aberta outra vez.
— Me dê essa tesoura antes que eu use ela para cortar o que está atrás dessa toalha — desafio — Por menor que seja.
Eros arqueia a sobrancelha, os olhos brilhando com malícia ao se aproximar outra vez. Quando recuo novamente, a parede pressiona minhas costas e eu me amaldiçoou por cair nesse velho truque.
Mas além da parede atrás de mim, tem outra agora em minha frente. Mas é feita de músculos quentes e fortes, ainda molhados do banho.
Eu sei o que ele está tentando fazer, me encurralando e tentando me deixar envergonhada, mas faço o possível para não corar e mantenho o queixo erguido quando Eros fica tão perto de mim que estamos compartilhando a mesma respiração. Não tínhamos ficado tão perto um do outro assim desde o dia que ele chegou bêbado. Nem achei que eu chegaria a pensar que preferiria estar naquela situação, onde ele estava inconsciente, do que agora, que seus olhos estão escuros daquele jeito que me deixa arrepiada e seus lábios curvados em um pequeno sorriso puramente diabólico.
— Você tem certeza do que disse, amor? — Eros pergunta, os olhos fixos em meus lábios que eu não havia notado que eu estava mordendo. Soltando e passando a língua por eles, posso jurar que um som parecido com um gemido escapa de Eros.
— Sobre? — murmuro de volta, esperando que ele não note a euforia em minha voz, por mais que eu esteja tentando agir naturalmente.
— Você disse que queria a tesoura para cortar o que estava atrás dessa toalha. Por menor que fosse. Talvez agora você queira reavaliar suas… observações.
E simplesmente assim, eu volto a ficar consciente que ele está apenas de toalha. E do volume que a contorna.
Tenho certeza que arregalo um pouco os olhos, porque mesmo com a sua toalha e as minhas roupas, é impossível ignorar isso. Principalmente por causa do seu tamanho… que não é nada pequeno
Eros se inclina para sussurrar em meu ouvido e mesmo que eu não queira, fecho os olhos ao ouvir sua voz rouca.
— Sabe o que estou imaginando agora? — questiona.
— O quê? — Porra, não responda!
— Estou imaginando você tirando essa toalha enquanto morde o lábio. Estou imaginando sua mão ao redor do meu pau enquanto eu gemo o seu nome. E você gostaria disso, gosta do que faz comigo, de estar no controle. Você retardaria o meu prazer apenas para me torturar, mas nós dois sabemos que você também estaria se torturando porque estaria molhada para mim. Tão molhada que meu pau não vai ter dificuldade em deslizar por sua boceta enquanto eu te fodo nessa parede.
Engulo em seco, tentando afastar essa imagem da minha mente, de ser fodida por Eros nessa parede. Mas é um trabalho duro… Nao, não use essa palavra… E aqui está a imagem novamente, de seu pau ao redor dos meus dedos enquanto eu o encaro, vendo as linhas tensas de seu rosto, o fogo selvagem em seu olhar. E ele tem razão, eu o provocaria até o último segundo…
— Você está pensando nisso, não está?
Abro subitamente os olhos, calor subindo por meu pescoço e aquecendo minhas bochechas ao ser pega no flagra.
— Pare com isso — a ordem mal passa de um grunhido e percebo que ele está mais uma vez observando minha boca.
Leva tudo de mim para não arrancar essa maldita toalha e fazer tudo o que ele descreveu. Mas ao invés disso, inclino-me para ele.
— Você tem a imaginação de um diretor de pornô ruim. — Sem perder tempo, pego a tesoura em sua mão, empurrando levemente seu ombro.
Com os olhos semicerrados aquele maldito sorriso ainda nos lábios, Eros me surpreende ao me deixar passar. Uma parte pequena minha, muito pequena, minúscula, quase inexistente, fica decepcionada com isso, mas rapidamente abafo essa parte irracional de mim, pois tanto Eros quanto eu sabemos que nada pode acontecer aqui.
— Tenha uma boa noite. — Passo por ele, saio do seu quarto e fecho a porta antes que ele tenha a chance de responder.
Dou-me um minuto para me recompor ao apoiar meu corpo na porta, respirando fundo. Estou segurando a tesoura firmemente contra meu peito como se ela fosse minha salvação quando na verdade é o motivo de tudo isso ter acontecido.
Fazendo uma careta para a tesoura, afasto-me da porta, ignorando como cada fibra do meu corpo parece lutar com isso, querendo voltar lá para dentro, para o homem apenas de toalha…
Balanço minha cabeça, dando um tapa na minha testa.
Pare com isso imediatamente. Você nunca mais vai pensar no que aconteceu naquele quarto.
Com essa mentira que conto para mim mesma, finalmente me afasto do quarto de Eros.
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Ooooooi, como vcs estão?
Eu sei que demorei muuuuito pra postar esse capítulo, mas eu dei uma travada com o final e só terminei hj e msm assim não gostei muito.
Mas espero que vcs sim KKKKKK ♥️
Todas as cenas da Freya com o Eros sempre me deixam assim:😭😍✨🤗
Pensei que o ódio pelo Tobias não podia ficar maior mas ele se supera cada vez mais!
E essa cena final do Eros com a Gen? Quem aí quer logo um hot deles?👀🔥
Esse foi o maior capítulo até agora, com 6.688 palavras!
Enfim, até logo (quem sabe sexta ou sábado?👀)
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2bjs, môres♥
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