⁴³|Tempestade
Eu sempre fui responsável. Precisei ser porque estava sempre preocupado com meus irmãos, limpando a bagunça deles e coisas do tipo. Já estou acostumado com isso.
O que não estou acostumado é ser a voz da razão quando se trata de nosso pai.
— O médico disse que você precisa ficar aqui por mais umas semanas — digo ao velho. Tenho certeza que mamãe já disse algo parecido, mas agora ela está de braços cruzados e olhando furiosamente para o marido.
— Eu estou ótimo. Posso sair dessa maldita cama e ir cuidar da nossa empresa — resmunga.
— Não, você não vai.
— Acho que você está confundindo os papéis aqui. Eu sou o pai e eu dou ordens.
— Você só está respirando agora por minha causa, então nós vamos rever isso. — Arqueio a sobrancelha para ele. — Khalil, Anthony e eu vamos cuidar disso enquanto você vai ficar aqui e tentar não se matar sendo um velho idiota teimoso.
Meu pai semicerra os olhos.
— Olha como você fala comigo, garoto.
Reviro os olho, não ligando para o seu sermão.
— Vamos, eu já terminei aqui — não digo isso para meu pai ou minha mãe, mas para Genevieve, que me trouxe aqui, empurrando a cadeira de rodas que agora estou sentado.
Eu disse que não precisava, mas ninguém me ouviu.
Minha mãe me dá um beijo na bochecha quando eu passo, me fazendo lembrar da época da escola quando ela fazia isso na entrada do colégio e eu ficava envergonhado, como qualquer garoto de doze anos.
Saímos do quarto e encontramos a enfermeira que irá nos acompanhar até a saída do hospital, onde Khalil e Kate estão nos esperando. Espero que eles não se matem até lá.
Eu também falei que não precisava que os três me levassem até em casa, mas fui novamente ignorado.
Quando entramos no elevador, meus olhos voltam para Genevieve pelo espelho, que está atrás de mim. Ela está usando um vestido amarelo hoje. De novo. Ela tem usado muito essa cor na última semana, o que significa que ela tem estado triste.
Estabelecemos uma rotina não dita onde ela passava as noite comigo, geralmente lendo enquanto eu assistia algum programa chato na TV. Raramente conversávamos, e acho que a culpa é minha. Eu queria, mas me vi confortável com o silêncio e a sua presença. Qualquer outra pessoa provavelmente teria ido embora, principalmente porque quando eu não estava em silêncio, estava resmungando, mas Genevieve ficou lá, como se fosse tudo normal para ela.
E ainda trouxe Freya. Fiquei feliz todas as vezes que a garota veio. Todas as vezes que ela ia embora, dizia aquela pequena frase que fez meu coração ficar daquele jeito "quentinho" da primeira vez. Ter Freya dizendo que me ama só me fez reforçar ainda mais o que eu vinha pensando: eu não posso desistir delas. Eu não posso desistir de Genevieve nem se eu quisesse, e não posso, nem quero, partir o coração daquela garotinha, que me escolheu para ser o seu pai. Eu deveria ficar apavorado com a palavra de três letras, mas eu me sinto como pai de Freya desde o dia em que fiquei nervoso em como minha família reagiria quando a conhecesse.
Então não, eu não estou deixando essas duas irem embora da minha vida. A menos que elas queiram, e a última semana mostrou que não.
— Como é sentir a luz do sol depois de uma semana em uma cama de hospital? — Genevieve pergunta quando saímos do hospital.
— Encantador — murmuro, semicerrando os olhos por causa de toda essa luz.
— Tudo bem, raio de sol, vamos lá. — Ela para a cadeira de rodas perto do meu carro estacionado na calçada e vem me ajudar.
— Eu posso entrar no carro sozinho — resmungo, mesmo quando sinto um desconforto no local onde estão os pontos.
— Eu não disse que você não pode. — Genevieve encolhe os ombros, fingindo inocência.
Khalil desce do carro para ajudar também e eu já estou prestes a perder a paciência quando uma voz me faz parar.
— Eros?
Com o braço de Genevieve ao meu redor, viro-me parcialmente para a dona da voz. Uma mulher de cabelos pretos e olhos verdes me encara de volta. Ela deve ter a idade de Carlota, talvez mais nova.
— Sim? — Confuso, me pergunto se posso conhecê-la.
A mulher se aproxima um pouco mais, sorrindo.
A sensação de desconforto cresce em meu estômago. Esse sorriso parece tão familiar… e os olhos, a cor deles…
— Sou eu, sua mãe — a estranha diz, seu sorriso ficando maior.
Apesar de estar acamado nos últimos dias, não tive e não quis pensar sobre o que meu pai disse antes da cirurgia. Para falar a verdade, eu até esqueci disso, mas agora é meio difícil quando ela está bem diante dos meus olhos. Ela está diferente do que eu me lembro, mais velha, claro, mas não só isso. Seu cabelo era loiro, não preto. E ela parece menor. Não, eu cresci. Porque vinte e seis anos se passaram.
— Você não deve se lembrar de mim — a mulher que se diz minha mãe continua. O braço de Genevieve se aperta ao meu redor quando eu vacilo um pouco. — Você só tinha seis anos quan…
Ela não termina de falar. Seus olhos cor de esmeralda se arregalam de surpresa quando o ar é arrancado do seu corpo pela mão de Khalil em sua garganta.
Eu deveria fazer algo, mas fico parado, observando ela tossir e todo seu rosto ficar vermelho enquanto ela segura o pulso de Khalil, tentando impedi-lo. Mas ela não consegue, então ele aperta cada vez mais. Acho que ele chega a sussurrar alguma coisa para ela, mas não tenho certeza.
— Khalil! — Ouço Genevieve gritar meu irmão, mas é inútil. — Jesus Cristo. Ele vai matá-la.
Kate também saiu do carro e está tentando chamar a atenção do meu irmão, mas ele não dá atenção a ela.
Enquanto Olívia engasga, penso em todos os momentos que ela foi grosseira com meu irmão, sem nenhum motivo além de não gostar dele. Busco nas memórias borradas todas as vezes que ela desfazia dele, mas meu irmão nunca deixava de tentar agradá-la. Penso em como Khalil poderia me odiar hoje em dia porque ela preferia a mim, mas ele nunca odiou e nunca me abandonou, como ela fez conosco. Penso em meu pai e em tudo que ele teve que aguentar, e mesmo assim, nunca fez a caveira dela para nós.
Mas apesar de tudo isso serem motivos para deixar meu irmão estrangular Olívia até a morte, ela não merece ter mais um segundo da atenção dele, mesmo que ele queira matá-la agora.
— Khalil. — Afasto-me de Genevieve, usando o carro como apoio para chegar até meu irmão. Nesse ponto, Olívia já está roxa e os seguranças estão vindo até nós. — Irmão.
— Deixe-me matá-la — ele rosna, sua expressão mais furiosa do que eu já vi em toda a minha vida.
— Não. Você não merece ter a vida arruinada por causa dela. — Ponho a mão em seu braço e busco seu olhar. — Deixe-a ir. — Ele não faz, mas vejo o conflito que está tendo consigo mesmo. — Por favor. Eu preciso que você me leve para casa.
Depois de três segundos, ele finalmente a solta. Olívia tropeça, tossindo, mas volto minha atenção para Khalil. Ele está tremendo de raiva.
— Vamos. Entre no carro. — Tenho noção de dois seguranças acudindo Olívia e ela murmurando que está tudo bem. Muito nobre da parte dela.
Ponho Khalil para entrar no carro primeiro, mas antes que eu entre, a voz que passei odiar, volta a falar.
— Filho…
— Eu não sou seu filho. — Viro-me para Olívia, esperando que ela note em meu rosto todo o desprezo que sinto por ela. — Você morreu para mim há muito tempo. Não venha atrás de nós outra vez.
Com isso, entro no carro e bato a porta. Genevieve e Kate fazem o mesmo, e a primeira dá partida, deixando aquela mulher para trás.
💎
Três dias depois, ainda não consigo tirar o olhar no rosto de Khalil da minha mente. Como se Tobias dando um golpe na empresa, nosso novo parentesco e o estado de saúde do meu pai já não bastasse, agora tenho que me preocupar com como a volta de Olívia em nossas vidas irá nos afetar.
Quando chegamos em minha casa naquele dia, pedi a Khalil que passasse a noite aqui. Achei que ele recusaria, mas quando Kate e Genevieve foram embora mais tarde, ele ficou.
— Sabe, Khalil fica um porcento menos idiota por saber fazer uma comida decente — Kate comenta no terceiro dia após eu sair do hospital. Ela está sentada no sofá, as pernas jogadas em cima da mesa de centro enquanto almoça a comida preparada por Khalil. Eu fiquei surpreso por ele fazer um prato vegetariano para ela, já que ele diz odiá-la. — Se você contar a ele que eu disse isso, eu negarei até morrer.
— Anotado — respondo sem expressão, meus olhos fixos na TV. Kate colocou um seriado e estou sendo obrigado a assistir enquanto o céu cai lá fora.
Enquanto assisto sem realmente assistir, minha mente vagueia até quase uma semana atrás e o que Lorelei contou. Ao que parece, uma promissória surgiu misteriosamente, assinada por meu pai, dando a Tobias o direito de fazer o que lhe der na telha com a empresa. Assim que ouvi isso, tive a mesma reação que o meu pai, mas meus irmãos, Genevieve e Kate não me deixaram ir atrás de Tobias e acabar de vez com a raça dele.
Uma das mudanças sobre as quais Lorelei falou foi a perda do meu escritório. Tobias o esvaziou, além de agora estar usando a sala de meu pai como se fosse sua. Ele também está fazendo acordos e cancelou a produção da coleção de inverno.
O arrependimento de não tê-lo matado quando eu tive a chance me faz ver vermelho toda vez que lembro que ele está lá agora, agindo como se fosse dono de tudo.
Eu falei para meus irmãos, Genevieve e Kate não pisarem na empresa até eu estar recuperado o suficiente para ir com eles. Principalmente Genevieve. Eu não sei o que aquele desgraçado pode fazer, então não vou deixar Genevieve sozinho com ele nunca mais.
A campainha toca e Kate vai atender. Sinto um frio de ansiedade na barriga. Será que é Genevieve? Ela veio aqui nos últimos dias, mas não demorou muito, nem trouxe Freya. No fundo estive esperando que ela mudasse de ideia e voltasse a morar aqui ou que ficasse com muita dó do meu atual estado para fazer isso, mas não aconteceu.
Também não é ela na porta pois Kate volta sozinha, além de um papel nas mãos.
— O que é isso? — Estendo a mão para ela, que me entrega antes de sentar ao meu lado outra vez para espiar.
Rapidamente reconheço o papel preto e grosso, com letras elegantes. É um convite da Blackburn Empire. Nós usamos geralmente para distribuir convites para lançamentos.
Eu o abro e não levo muito tempo para ler, jogando a coisa no chão quando termino.
— Ele é muito cara de pau — digo, raiva transbordando em minha voz. — Mandar um convite para uma festa na empresa da minha família? — Dou risada, o som estranho, e fico de pé. — Eu vou acabar com a vida de merda daquele desgraçado.
Kate pega o convite de onde eu joguei, e lê em voz alta:
— "Você está sendo convidado (a) a comparecer ao evento de comemoração e mudanças da nova direção da Blackburn Empire. Sua presença é aguardada no dia 25/06, às 20h00, na sede da Blackburn Empire." — Kate termina, soltando um suspiro e olhando para mim. — Eu apoio seu plano de matá-lo.
— Obrigado — digo secamente.
Nossos advogados já estão tentando contornar essa bagunça, mas segundo a polícia o documento que Tobias apresentou é legítimo. Como Tobias demonstrou ter algumas das pessoas da polícia no seu bolso, não podemos confiar no analista que eles designaram para o trabalho de averiguação do documento. Teremos que arranjar algum jeito de provar que isso tudo é uma fraude.
Só não sabemos como ainda.
💎
Como você está? Não pude ir vê-lo hoje. Precisei ficar com Freya por causa da tempestade.
×
Eu estou bem. Como Freya está?, respondo uma hora depois que Genevieve mandou a mensagem.
Esses antibióticos estão mexendo com o meu sono e eu apaguei antes das 20h e não vi sua mensagem.
O céu está caindo lá fora, com raios e trovões. Eu espero a resposta de Genevieve, mas ela nunca chega, e eu começo a ficar angustiado. Não apenas pela sua demora em responder, mas porque minha mente projeta imagens de Freya chorando por conta do mal tempo. Eu presenciei em primeira mão como ela ficou quando teve aquela tempestade em Oak Park. Foi horrível vê-la daquele jeito, então saber que ela está passando por isso de novo deixa uma sensação ruim em meu peito.
Quando desço para a sala, Kate está encolhida no sofá, debaixo de uma coberta, os olhos fechados enquanto CSI passa na TV.
Como ela está dormindo, não vê o carro que estaciona lá fora e felizmente os cachorros também não fazem barulho quando eu saio de casa.
💎
Com as mãos dentro dos bolsos, espero no corredor após tocar a campainha. Eu acreditei quando Genevieve falou que o novo apartamento onde ela está morando agora era em um bairro bom. Fiquei mais tranquilo com isso, pois com certeza não ficaria em paz se soubesse que ela voltou para o bairro que morava antes. Não que eu esteja em paz com ela e Freya morando em qualquer outro lugar que não seja minha casa, de toda forma. O fato é que parece ser mesmo um bom lugar. Não tem porteiro, mas tem um portão automático. Tive sorte que uma mulher estava saindo quando eu cheguei, então aproveite a deixa.
O que automaticamente diz que esse prédio não é tão seguro assim e que qualquer um pode entrar. O que significa que já odeio o lugar e quero tirá-las daqui o quanto antes.
Eu guardo esses pensamentos para mim – por enquanto –, quando a porta é aberta e eu encaro uma Genevieve um pouco descabelada de volta.
— O que você- Como você chegou aqui? — Genevieve questiona, incrédula. — Você dirigiu? Você está todo molhado!
Olho para mim mesmo. Não estou todo molhado. Eu não tinha guarda-chuva quando desci do táxi e os poucos passos até a entrada do prédio me molharam um pouco.
— É só um pouco de água. — Dou de ombros.
— Um pouco de água? Você acabou de sair do hospital, não pode nem sonhar em pegar um resfriado!
— Eu estou bem. — Encolho os ombros. — Posso entrar?
Por um segundo, acho que ela vai dizer 'não' e me mandar embora, mas Genevieve dá um passo para o lado, me deixando passar.
Entro no apartamento, imediatamente tirando meus sapatos para não sujar a casa, lembrando das boas maneiras que minha mãe me deu.
— Vou pegar uma toalha para você — Genevieve diz, antes de sumir por uma porta que presumo ser o banheiro.
Enquanto isso, olho em volta do apartamento. Claramente faltam alguns móveis, mas não há paredes mofadas ou uma infiltração no teto. Eu consigo ver Genevieve e Freya morando aqui, assistindo Miraculous todas as noites e tomando café na cozinha. Imaginar isso me faz detestar ainda mais o lugar.
— Aqui. — Genevieve volta com uma toalha.
Eu tiro meu casaco, pois usei ele para me proteger da chuva. Passo a toalha por meu rosto e meu cabelo e quando termino, Genevieve está piscando para mim. Seu rosto fica todo vermelho quando ela percebe que a estou encarando.
— Eu vou… colocar isso na secadora — murmura apressadamente antes de sumir com o meu casaco.
Quando volta, ela está menos vermelho e de braços cruzados.
— Então… Você precisa de algo? — pergunta, as sobrancelhas franzidas.
— Lembrei que Freya não gosta de tempestades. Eu não podia ficar em casa sabendo como ela está, então eu… só vim. — Encolho os ombros outra vez.
Genevieve me encara, alguma coisa se passando em seu olhar. Eu não sei o que é, mas faz sua expressão suavizar.
— Você veio aqui, pós-operado, na chuva, apenas porque Freya fica aflita com tempestades? — Ela ergue um pouco as sobrancelhas. Por que ela está surpresa?
Antes que eu responda, ouvimos Freya chamar de onde acho que é o quarto:
— Mamãe?
— Já estou indo, querida — Genevieve grita para ela antes de voltar sua atenção para mim. — Venha. Ela está no meu quarto.
Eu sigo Genevieve até o outro cômodo. O quarto é maior do que aquele do antigo apartamento, mas os móveis são os mesmos: a cama de casal, o guarda-roupa e a pequena estante de livros de Genevieve.
Minha atenção, porém, não está mais nos móveis, mas na garotinha encolhida na cama enquanto abraça um urso de pelúcia. Mesmo com a janela no quarto coberta com uma cortina, a luz emitida pelo raio que atravessa o céu, ilumina o quarto, seguido do barulho de um trovão.
Meu coração aperta quando Freya se encolhe.
Eu me aproximo da cama, sentando na beirada.
— Ei — digo baixinho, passando a mão por seus cabelos.
Freya ergue o rosto, seus olhos úmidos.
— Eros? — Acho que meu coração se parte com a forma como sua voz soa quebrada.
— Oi, Spider. Tudo bem?
Ela nega, fungando.
— Eu não g-gosto de t-tempestades. Elas são r-ruins.
— Eu sei. Mas vai passar logo. — Enxugo uma lágrima que molha sua bochecha gordinha.
— Você v-vai ficar até a-acabar?
Olho para Genevieve, pois mesmo eu não gostando de elas duas morando aqui, ainda é seu apartamento e já fui intruso demais vindo aqui sem avisar.
— Você pode ficar, se quiser — a mulher diz, ocupando o outro lado da cama.
— Então eu fico. — Sorrio um pouco para Freya.
💎
Como aquele dia, a tempestade não parou por um bom tempo, o barulho dos trovões ficando cada vez mais alto. Genevieve perguntou a Freya se ela não queria ouvir música nos fones de ouvido, mas Freya disse que sua cabeça estava doendo, o que levou Genevieve a lhe dar algumas gotas de paracetamol.
Agora, Freya está dormindo. "Cochilando" seria o termo correto, pois ela deve acordar com o barulho dos trovões como foi nas últimas horas. Genevieve está passando a mão pela testa da filha, a angústia estampada em seu rosto.
— Já pensou levá-la ao psicólogo? — pergunto em voz baixa.
Genevieve anue.
— Sim. Eu já deveria ter feito, mas achei que com o tempo, ela ia superar. — Genevieve balança a cabeça. — Foi burrice minha, mas antes de você chegar, eu estava pesquisando sobre isso. Achei alguns psicólogos infantis na região.
— Vai ser bom pra ela. Eu fiz terapia depois que Olivia foi embora. Me ajudou bastante. A situação com Freya não é a mesma coisa, claro, mas vai ajudá-la a superar.
Ajudou a mim e a Khalil, apesar de às vezes não parecer, principalmente meu irmão.
Voltamos a ficar em silêncio, ouvindo o barulho da chuva. Eu observo Freya, de repente buscando alguma semelhança com Tobias. Mas não vejo nenhuma. Tobias e Genevieve têm olhos azuis, mas até isso Freya puxou da sua mãe, tenho certeza.
— Ela pode ser minha sobrinha. — As palavras saem antes que eu as impeça. Mas é verdade. Tenho tentado ignorar esse fato, mas não posso mais fazer isso.
— Eu sei… Isso é estranho, eu acho.
— Mas acho que explica porque me apeguei tanto a ela, talvez.
— Pode ser.
De repente, um raio cruza o céu acompanhado de um trovão. Freya se encolhe para o meu lado, choramingando.
— Para. F-faz parar! — ela chora e eu passo um braço protetor ao seu redor, querendo protegê-la.
Genevieve chega mais perto, de forma que Freya fica aninhada entre nós.
— Tá tudo bem. Nós estamos aqui com você — ela diz à filha, lhe fazendo carinho. — Não precisa ter medo.
Genevieve continua murmurando coisas, e Freya vai se acalmando novamente. Genevieve passa a mão pelo rosto, claramente cansada. Tenho certeza que não é apenas de hoje. Ficar comigo no hospital quase todas as noite deve ter exigido muito dela e odeio saber que parte do seu cansaço é minha culpa.
— Tente dormir um pouco — digo a Genevieve.
— Eu estou — ela para para bocejar — bem.
Eu não insisto mais porque Genevieve sabe ser cabeça dura quando quer, mas eu a conheço. Então dez minutos depois não fico surpreso quando o cansaço finalmente a vence.
Meus pontos doem, mas mesmo assim me inclino até puxar um pouco mais o cobertor, até estar cobrindo as duas.
Eu passo as próximas horas vigiando as duas. Enquanto isso, o tempo lá fora finalmente se acalma, a tempestade se transformando em um leve chuvisco. Acho que de alguma forma Freya consegue sentir isso, porque ela para de tremer e choramingar.
Meu coração também se acalma com a visão das duas dormindo e imperturbadas. Apenas assim eu deixo o sono me levar.
💎
Esse capítulo é um pouco curtinho, mas aconteceram três coisas muito importantes: Olívia apareceu, Eros confessou que não vai desistir da Gen, e ele indo ver a Freya na chuva😭😭♥
Espero que tenham gostado❤️❤️
O último capítulo da maratona, q vou postar amanhã, é MUITO PERFEITINHO, já avisando 😭😭♥
Até, morês 💋💞
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2bjs, môres♥
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