³¹|Só quatro vezes
Fazia um tempo que eu não me preocupava com qualquer pessoa além da minha família.
Fazia um tempo que meu coração não parava de repente por puro terror.
E Genevieve conseguiu fazer isso acontecer duas noites seguidas. Primeiro quando achei que ela estava em perigo no baile (e ela estava), depois ontem, quando ela caiu e pensei que algo pior do que uma concussão e um braço deslocado poderia ter acontecido.
Quando nos beijamos no corredor… Acho que estou começando a perder um pouco a cabeça, principalmente porque passei a manhã inteira sem conseguir parar de pensar numa certa mulher de cabelos laranjas avermelhados e olhos azuis misteriosos.
— Eu preciso de você — Genevieve sussurrou, seus dedos gananciosos fazendo uma trilha por debaixo do meu moletom.
Foi simplesmente uma tortura passar o dia todo sem tocá-la, fingir que eu não queria essa boca teimosa na minha novamente.
É muito louco como fazia apenas vinte e quatro horas que eu a provei e eu já estava morrendo de saudade. Eu acho que isso fica óbvio pela forma como eu a beijei, ouvindo os sons baixinhos que ela estava se controlando para não fazer…
Deixo meu tablet e minha caneta na mesa, ficando de pé e pegando minha carteira na gaveta após desligar meu tablet. Também pego meu celular antes de sair.
Fora do escritório, encontro ela. Eu não estava evitando-a nem nada do tipo, mas ela esteve com os estagiários a manhã toda, o que eu agradeci ao mesmo tempo que lamentei. Tenho começado a perceber o quanto eu gosto da sua companhia, por mais irritante que ela seja às vezes.
— Vai sair? Não tem nada na sua agenda. — Kate franze as sobrancelhas, rapidamente clicando em algo no computador. Aposto que está verificando minha agenda.
— Vou almoçar. — Olho para Genevieve, apenas para checar como ela está. Eu sugeri que ela ficasse mais um dia de repouso, mas é óbvio que ela não me deu ouvidos, e agora está aqui, vestindo um vestido azul florido de alça fina, seu comprimento indo até um pouco abaixo dos joelhos, muito parecido com o que ela usou no aniversário de Freya.
— Sozinho? — Kate questiona, e eu volto minha atenção para ela, não reparando que passei os últimos segundos encarando Genevieve.
— Você está vendo alguém comigo aqui?
— Além do anjinho do mal sentado em seu ombro? — Kate pisca docemente, já acostumada com o meu mau humor.
— Quando eu voltar, — digo por cima do ombro quando vou em direção ao elevador — espero que estejam trabalhando. Vocês não são pagas para ficarem fofocando.
— Então eu estive trabalhando errado esse tempo todo — Kate contra-ataca. Eu não preciso olhar por mais tempo para ver Genevieve tentando não rir. E eu não faço isso porque se eu ver aquele sorriso em seus lábios, posso arrastá-la para o escritório e repetir o que fizemos ontem.
Eu não me despeço das duas ao entrar no elevador.
💎
Eu entendo porque Kate ficou surpresa quando falei que sairia para almoçar: eu nunca faço isso. Eu trabalharia até às 18h sem interrupções se Kate não estivesse sempre levando algo para eu comer.
Mas hoje eu não pude ficar naquele escritório sem sair para tomar um ar. Não pude olhar para minha mesa sem lembrar que beijei Genevieve bem ali; ou para a janela de vidro, onde eu a pressionei, chupei e fodi, antes de deitá-la no tapete e fazer tudo de novo.
Ela simplesmente está em tudo o que eu olho. E como eu disse ontem, está me deixando louco pra caralho. Não lembro de me sentir assim por uma mulher desde… Meu Deus, nunca. Como isso é possível? Nem mesmo com a America. Como eu posso nunca ter sentido como se cada fibra do meu ser estivesse implorando por ela, mas sinto-me assim por Genevieve, com quem transei apenas uma vez?
— O senhor já sabe o que vai pedir? — Um garçom aparece ao meu lado, olhando de mim para o menu que eu estou encarando há alguns minutos, mas sem realmente ver nada.
— Um Pad Thai, por favor — cito um prato principal porque não quero ter que fazer o coitado esperar mais.
O garçom anota, e sai depois que também peço uma água.
Enquanto espero, pego meu caderninho dentro do meu paletó. Não sei porque eu o peguei, para início de conversa, mas eu o abro no desenho que eu parei. Não tendo muito para fazer no hospital, me vi novamente desenhando a mulher que tem tomado conta dos meus pensamentos ultimamente.
O desenho não faz jus a sua real beleza e ao seu encanto, mas eu não preciso ver além dos traços preto e branco do papel para saber que seus olhos estavam com um brilho nesse momento e que seus lábios estavam pintados de vermelho enquanto ela sorria de um modo misterioso. Não, definitivamente também não preciso de um desenho em 3D para me lembrar dela, ou de uma foto, porque todos os momentos com ela estão gravados em minha memória. Desenhá-la é apenas um modo de eternizar isso.
— Você não deixa de trabalhar nem quando está almoçando?
Ergo o rosto para ver Anthony sentar na cadeira à minha frente, abrindo o paletó, totalmente à vontade.
— Diga a Kate que eu não preciso de uma babá. — Fecho meu caderno e guardo de volta no meu próprio paletó, com o lápis dentro.
— Não sei do que está falando.
Mentiroso. Nós dois sabemos que Kate o mandou porque está preocupada. Eu quebrei minha rotina, saindo sozinho para almoçar e ela é enxerida, então mandou Anthony, que também é outro fofoqueiro.
— Você já pediu? Eu nem sabia que você gosta de comida tailandesa. — Meu irmão pega o menu e começa a examiná-lo.
Dou de ombros. Kate e Genevieve pedem muita comida daqui, e também é perto da empresa.
— Então… como vão as coisas? — Anthony pergunta casualmente. Casualmente demais.
— Muito bem, obrigado.
— Hum… Então a vida de casados que ainda não são casados está indo bem?
— Melhor impossível.
— Perfeito, então. Odiaria que você tivesse vindo aqui nesse restaurante incrível apenas para ficar deprimido.
— Jamais.
Reviro os olhos. Não estou afim de explicar o conflito em minha mente para meu irmão, principalmente porque ele não sabe sobre toda essa confusão e já tem gente demais sabendo.
Mas resolvo perguntar uma coisa:
— Quantas vezes você já se apaixonou?
Anthony ergue os olhos do cardápio e pisca algumas vezes como se não soubesse se estou falando sério ou não.
— Você sabe quantas vezes e por quem — responde por fim.
Uma. Lorelei.
Certo.
— Por que a pergunta?
Descansando minhas costas no encosto da cadeira, penso em como responder isso quando nem eu mesmo sei porque perguntei. Ele deve estar achando que quero me intrometer na sua vida como, bom, sempre, mas não foi por isso.
— É só que… — começo, expirando — eu amei a America. Quer dizer, acho que amei e agora…
— E agora você está apaixonado pela Genevieve.
Olho para meu irmão, esperando que ele não perceba o choque, surpresa, confusão e pânico em meu olhar.
Você está apaixonado pela Genevieve.
Minha primeira reação é negar — em minha mente, é claro, porque meus lábios estão complementamente selados no momento —, mas então eu paro.
Eu estou apaixonado pela Genevieve?
Eu fico hipnotizado sempre que a vejo sorrir, Não posso negar também como me sinto bêbado ao beijá-la e quero sempre mais, quero sempre fazer algo que a faça sorrir, gosto de vê-la sorrir por minha causa, mesmo que seja assustador a forma como meu coração acelera. E fazia muito tempo que isso não acontecia, que eu não acordava todos os dias e meu primeiro pensamento não fosse um nome, não um sentimento, mas uma pessoa; um rosto. Seu rosto.
— Eu vou ao banheiro — murmuro, já ficando de pé.
Acho que Anthony fala alguma coisa, mas já estou andando e espero que ele não venha atrás de mim.
Dentro do banheiro, afrouxo minha gravata e apoio minhas mãos no mármore da pia.
Talvez seja o sexo. Antes dela, eu não transava com ninguém por meses, talvez eu esteja apenas… Não sei, talvez eu esteja sendo emocionado com tudo isso?
Mas não deveria ser o contrário? Foi por isso que fiz a proposta, para que pudéssemos transar uma vez e acabar com aquela tensão sexual entre nós.
Mas talvez não fosse só tensão sexual.
Tensão sexual não deveria me fazer ficar feliz ao vê-la satisfeita com a comida que eu faço, muito menos deveria fazer meus lábios quererem se esticar em um sorriso sempre que ela bate de frente comigo. Tensão sexual nunca fez meu coração parar por medo de perdê-la, como aconteceu naquela baile e quando ela caiu.
E eu também gosto… gosto dos momentos que somos apenas Genevieve, Freya e eu. Eu gosto de assistir Miraculous ou Frozen com elas, e de jantar também. Eu não gosto apenas daquela Genevieve atrevida, ou aquela que lê, e a que é doce. Eu gosto também da Genevieve que murmura uma canção enquanto prepara o lanche da filha, aquela que sorri e faz de tudo para manter o sorriso mesmo quando as coisas não estão bem, porque ela precisa fazer isso, precisa se manter forte pela Freya. E absolutamente amo e admiro essa parte sua mais do que tudo.
Talvez eu esteja apaixonado por Genevieve.
E eu não sei o que eu devo fazer.
💎
— Ei, esqueci de perguntar uma coisa — Anthony diz assim que entramos no elevador após voltarmos do restaurante.
Depois do meu pequeno surto no banheiro e a revelação que ainda estou tentando processar, tentei me recompor o melhor possível e voltei para a mesa, dizendo que estava tudo bem quando meu irmão me questionou.
Ainda não sei se minha resposta foi verdadeira ou não.
— Diga.
Anthony pigarreia, coçando a testa.
— Posso ficar uns dias na sua casa? Começando por hoje, na verdade. Eu sei que o que você e Genevieve menos querem nesse momento é um hóspede, mas estão dedetizando o prédio, e eu não quero ficar em um hotel ou com nossos pais e entre você e Khalil, sua casa é mais segura.
— Claro, mas vou precisar falar com Genevieve primeiro.
— Ok. Valeu.
Não seria a primeira vez que ele passa algum tempo lá em casa. Ou Kate. Ou até mesmo Khalil. Algum deles sempre acaba dormindo por lá uma noite ou mais. Eu nunca reclamei ou me importei porque são minha família, mas agora com Genevieve e Freya lá, preciso saber se ela está à vontade com isso.
Eu saio do elevador no meu andar, deixando meu irmão para trás.
Kate arqueia a sobrancelha quando passo por ela, mas como parece não ter nada relacionado a trabalho para me falar, eu vou direto para minha sala.
Encontro Genevieve sentada trás de sua mesa, perdida no trabalho que nem mesmo ergue os olhos quando entro.
Sua cabeça está ligeiramente inclinada para o lado e ela morde o lábio enquanto trabalha com caneta no tablet, ocasionalmente usando os dedos para aproximar ou mudar a posição do desenho.
Eu não tinha me permitido fazer essa pergunta a mim mesmo até agora, mas… Será que ela sentiria o mesmo? Ou sou só um lance casual para ela, conveniente? Eu me importo com isso? Quando as pessoas se apaixonam, esperam que a outra sinta o mesmo. E o que acontece se ela sentir?
Porra, você está surtando de novo. Se controla.
Ok. Tudo bem.
Escondo minhas mãos em meus bolsos e pigarreio, me aproximando da sua mesa.
Genevieve ergue os olhos, assustada.
— Não ouvi você entrar — diz. Ela me olha por mais alguns segundos, os quais fico em silêncio, observando suas sardas. Queria ter tido mais tempo para observá-las de perto. — Você está… bem?
Pigarreio novamente. Porra, por que de repente parece que eu esqueci minha habilidade de juntar letras para que formem palavras e então frases coerentes que eu possa falar ao invés de ficar olhando para Genevieve como um idiota?
— Anthony precisa passar alguns dias lá em casa. Tudo bem para você? — consigo perguntar sem gaguejar.
Genevieve pisca algumas vezes e depois franze as sobrancelhas.
— Hã… sim. — Ela faz uma pausa. — Mas… por que você está perguntando isso para mim? A casa é sua.
— Mas você e Freya estão morando lá agora, não quero que fiquem desconfortáveis. — Coço minha nuca. — Tipo, eu sei que vocês conhecem o Anthony, mas pode ser estranho.
Novamente, Genevieve olha para mim por um longo tempo sem dizer nada, até que sua expressão suaviza.
— Isso é… é muito fofo, Eros. Obrigada por perguntar. E novamente, por nós está tudo bem.
Anuo, não sabendo o que dizer mais e caminho para minha mesa.
Fofo. Ela me chamou de fofo.
Eu estou mesmo surtando.
💎
Anthony vai conosco para casa, mas em seu próprio carro. Eu digo para ele ir direto e que Genevieve e eu vamos passar para buscar Freya. Como ele tem o código da porta e do alarme, não vai ficar do lado de fora.
Quando Genevieve volta com Freya, percebo como gosto desses momentos também. Algo tão "bobo" como buscar a garota na escola se tornou tão parte da minha rotina que não me vejo não fazendo isso mais.
Acho que gostei de Freya desde o primeiro momento. Não porque ela é uma criança — eu não tinha jeito com elas até então — mas porque ela é a filha de Genevieve. Ela tem muito da sua mãe em si. Não apenas a cor de cabelo e a dos olhos, mas sua gentileza e a sua inteligência, com certeza. Genevieve, que não teve todo o amor que merecia quando era criança, dá o dobro a sua filha, e luta por ela todos dias. Muitas crianças não têm esse privilégio — mães que lutam e nunca desistem delas —, digo isso porque fui uma dessas crianças um dia.
Quando já estamos chegando em casa, Genevieve já contou a Freya que teremos um visitante.
— O tio Anthony é legal. Ele me deu docinhos escondido no meu aniversário — Freya diz isso com um sorriso, mas sua mãe lhe olha, incrédula.
— Quando eu disse para você não comer mais, senão ia passar mal?
Ela não responde de imediato e eu acho engraçado quando ela percebe que provavelmente contou algo que era pra ser segredo.
— Mas só foi um docinho. E beeeem pequeno — diz por fim.
Eu estaciono o carro na garagem enquanto Genevieve balança a cabeça.
Desligando o carro, nós descemos, e eu pego a sua bolsa e a mochila de Freya da sua mão.
Enquanto entramos e Genevieve conversa com Freya sobre ela não comer mais docinhos quando sua mãe diz que não é para comer, me vejo suspirando. Não um suspiro cansado, mas… aliviado. Eu sempre sinto isso quando chegamos em casa. É um… um tipo de paz. Eu não sei. Nunca senti isso. Parece que somos uma… família.
Você está muito melancólico hoje.
Sim, definitivamente.
— Oi, tio Anthony! — Freya corre para abraçar meu irmão quando o encontramos na cozinha.
— E aí, anã de jardim.
Freya está rindo do apelido quando Genevieve dá um tapa atrás da cabeça de Anthony. Ele olha confuso para nós dois.
— Não dê docinhos escondido a crianças — A mulher diz simplesmente.
— O que… Freya, era nosso segredo! — Anthony parece realmente chocado que Freya tenha contado.
— Desculpe! A mamãe tem superpoderes! Ela sempre descobre quando eu desobedeço.
Meu irmão arqueia sobrancelhas para Genevieve.
— Superpoderes, hein?
— Aham. E com meus superpoderes estou sentindo que você ficará com toda a louça do jantar.
Anthony olha para mim, incrédulo.
— Você vai deixar?
Encolho os ombros.
— É ela quem manda.
Ele resmunga mais alguma coisa, levando Freya a rir, mas minha atenção está em Genevieve, que me olha por um momento. Ela parece surpresa e até um pouco chocada.
O momento é interrompido pelos cachorros latindo sem parar. Eu deveria estar colocando o jantar deles e não encarando Genevieve como um idiota.
Com isso em mente, me dirijo para o lado de fora, e Freya me segue. Ela gosta de pôr as rações dos cachorros, mesmo quando eles ficam bem mais agitados nesses momentos. Quando Genevieve e Freya vieram morar aqui, achei que a garota teria medo dos cachorros ou que eles demorariam a se acostumar com ela. Mas eu não podia estar mais enganado, e fico feliz com isso; que os cachorros a tenha acolhido, e ela, a eles.
— Sabia que vou entrar na escolinha de futebol no verão? — Freya diz em algum momento.
— Mesmo? Que legal, Spider. Você está animada?
— Muito! Eu acho que vai ser melhor que o balé — enquanto fala, ela senta no chão, perto dos cachorros. — Eu gostava do balé, mas era meio chato. E tinha umas meninas que não eram legais. E se tiver meninas assim na escolinha também?
Quando ela olha para mim, percebo que realmente quer uma resposta.
— Eu odeio dizer isso, mas sempre terá alguns idiotas querendo estragar as coisas — digo, sentando ao lado dela. — O melhor que você faz é ignorar. — Faço uma pausa. — E contar pra sua mãe, é claro. Ela sempre vai te defender.
— Eu sei. Eu amo a mamãe. — Ela olha para mim. — Você também ama a minha mamãe?
— O-o quê? — Arregalo meus olhos, sendo pego totalmente de surpresa.
— Eu perguntei se você também ama a mamãe — ela repete pacientemente e piscando de forma inocente.
— Hã… — Coço minha nuca. De onde veio essa pergunta?
Freya dá risada quando permaneço abrindo e fechando a boca.
— Você está vermelho — ela observa, ainda rindo.
Será que o universo está brincando comigo? Primeiro Anthony dizendo que estou apaixonado por Genevieve, então o meu surto no banheiro, e agora Freya querendo saber se amo a sua mãe.
Mas então, você ama?
— Eu vou fazer o jantar. — Fico de pé.
— Mas…
— Não demore para entrar, senão vai pegar um resfriado.
Praticamente corro para dentro, sem acreditar que eu fugi de Freya por causa de uma pergunta boba dessas.
Se é tão boba, porque você não respondeu?
Suspirando, começo a tirar as coisas da geladeira.
💎
Depois de um jantar onde eu rezei para Freya não tocar naquele assunto, eu fico com a louça e não Anthony. Preciso de mais tempo para pensar, algo que foi extremamente difícil com Genevieve rindo das histórias de Anthony.
Quando termino com a louça, ainda estou ouvindo sua risada que vem da sala. Ela e meu irmão estão lá, bebendo vinho. Freya já estava caindo de sono quando terminamos de jantar e Genevieve subiu por um momento para colocar a filha para dormir.
— Meu Deus, finalmente, eu já estava quase indo te ajudar com a louça — Anthony, sentado na poltrona, comenta quando me junto a eles na sala, com minha taça de vinho.
— É verdade que você namorou com duas garotas ao mesmo tempo no colégio? — Genevieve pergunta, os olhos brilhando. Não só de curiosidade maliciosa, mas por causa da taça em sua mão. Ela está um pouco alta.
— Elas eram gêmeas. Eu fiquei com uma achando que era a outra e vice versa. A culpa não foi minha — defendo-me, sentando ao seu lado no sofá.
— Eu nunca fiquei com gêmeos. — Genevieve faz uma carinha triste.
Isso leva Anthony a contar outra história, a qual eu não presto muita atenção, consciente demais da mulher ao meu lado. Ela está com um dos seus vestidos finos, e eu me perco por um momento observando sua clavícula e as pequenas sardas que salpicam sua pele. Ela cobriu alguns chupões com maquiagem e outros já começam a sumir, o que só me dá mais vontade de me inclinar sobre ela e deixar marcas novas.
Me remexo no sofá, levando minha taça aos lábios.
Eu não havia percebido que tinha colocado meu braço no encosto do sofá atrás dela, até que Genevieve se inclina para mim ao dar risada.
— Ai, meu Deus, eu não acredito que você fez isso! — fala, ainda sobre a história que Anthony está contando e que eu não estou prestando atenção.
As bochechas de Genevieve estão rosadas, assim como seus lábios, que também estão muito convidativos.
O telefone de Anthony toca, interrompendo ele no meio de uma história.
— É a mãe — ele diz.
— Aposto que ela tá ligando para saber se você tomou sua mamadeira — comento.
— Rá, rá. Muito engraçado, idiota. — Então ele fica de pé e vai atender na cozinha.
Genevieve solta um suspiro, bebendo mais do vinha. Na verdade, ela esvazia a taça.
— Você não deveria estar bebendo — digo, pegando a garrafa em cima da mesa de centro e enchendo sua taça, apesar do que acabei de dizer.
— Por…?
— Caso não esteja lembrada, você está tomando remédios.
Ela murmura um "hum", mas não está nem aí para o que eu falei.
— Como está o seu braço?
— Como se tivesse sido deslocado.
Não sei por que, mas dou risada.
Genevieve congela, sua taça parando a poucos centímetros da sua boca enquanto me encara, parecendo impressionada. Eu encaro seus lábios entreabertos ao mesmo tempo que umedeço os meus. Eu aposto que essa noite ela tem gosto de vinho e cereja.
— Você deveria rir mais — Genevieve sussurra, finalmente tomando um gole do vinho. — Você fica mais bonito quando faz isso.
— É?
Meu Deus, estamos tão perto que eu só precisaria me inclinar um pouco mais para poder beijá-la, para poder provar o vinho diretamente dos seus lábios.
— É. — Genevieve chega mais perto, mas não o suficiente. — Mas é uma pena que você esteja sendo tão cavalheiro. Eu poderia pensar em várias maneiras de te recompensar. — Então para terminar de acabar comigo, ela mordisca meu lábio antes de se afastar.
E como o universo me odeia, é bem nesse momento que meu irmão resolve voltar.
Eu me mexo no sofá outra vez, pensando em doenças, coisas nojentas ou qualquer outro tipo de coisa que possa me distrair da minha semi-ereção. O que é muito difícil pois o motivo dela está sentada ao meu lado.
Eu mais observo do que eu participo da conversa, e me sinto melhor assim, porque posso observar Genevieve mais de perto — literalmente porque ela está sentada meio de lado, com suas costas parcialmente descansando em meu peito. Eu nunca pensei que usaria essa palavra na minha vida, mas é adorável a forma que Genevieve joga a cabeça para trás ao dar risada, ou como põe uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.
Quando sua taça está vazia de novo, eu tiro da sua mão, uma mensagem clara de que ela não vai mais beber.
— Tãããão chaaaatooo — ela resmunga, puxando as vogais das palavras.
— Vamos, hora de dormir. — Deixo minha taça de lado também e fico de pé, gentilmente puxando-a comigo.
— Eu vou dormir porque eu quero, não porque você está mandando. — Ela oscila um pouco ao falar isso, segurando meus braços para se equilibrar, mas eu já tinha passado meu braço em volta da sua cintura antes disso. — Ai, meu Deus, acho que eu bebi demais. — Genevieve ri contra meu peito e não consigo me impedir de dar um beijo na sua testa.
— Só agora você percebeu?
— Saiam logo daqui, vocês estão me deixando enjoado. — Anthony faz uma careta, mas vejo o brilho em seus olhos, o mesmo que vi nos olhos de nossa mãe e nosso pai. Ele está feliz por mim.
Eu engulo a culpa, apesar do aperto em meu peito.
— Boa noite e não acabe com meu estoque de vinho — digo ao meu irmão enquanto Genevieve ainda ri contra o meu peito.
— Eles são muito bons para ficarem guardados.
Lanço a Anthony um olhar quando começo a conduzir Genevieve até às escadas.
Ela para de rir por tempo o suficiente para gritar por cima do ombro:
— Tchau, Tony.
— Tchau e tenham cuidado. Você já deslocou um braço.
Genevieve volta a rir enquanto subimos as escadas. Eu estou em dúvida se devo pegá-la no colo e carregá-la, mas também estou com medo por causa do seu ombro.
— Ele acha que eu desloquei o braço enquanto a gente fazia sexo selvagem — ela sussurra para mim. — Meu Deus, será que todo mundo tá pensando isso? Ai, que vergonha.
Mas ela não para de rir. Até eu estou rindo um pouco também.
— Com todos os gritos que você deu no escritório, não é surpresa que pensem isso — sussurro de volta.
— Eu não gritei tão alto!
— Kate precisou usar fones de ouvido para conseguir trabalhar. Imagine como ficaram os estagiários. Coitados.
— Ai, não. Que horror! E eu olhei na cara deles hoje, enquanto eles estavam lá, lembrando dos meus gritos. — Ela parece totalmente horrorizada.
Beijo sua têmpora e sussurro em seu ouvido:
— Eles podem saber o som que você faz quando goza, mas eu sei fazer gozar como ninguém.
Genevieve solta um gemido parando para olhar para mim.
— Você é tão convencido — sussurra, os olhos fixos nos meus lábios.
— Sou verdadeiro. — Me inclino mais para ela, pairando com a minha boca acima da sua. — Ou você nega que o que eu disse é verdade?
— Eu só tive uma amostra, não posso afirmar ou negar nada apenas com isso.
— Não. Eu fiz você gozar… — Ergo meus dedos, contando. — Quatro vezes.
— Só quatro vezes.
Arqueio a sobrancelha, deixando meus dedos descerem até sua bunda, enchendo minhas mãos com sua carne.
Genevieve arqueja, mordendo o lábio.
— Isso é um desafio? — ronrono.
Ela anue de forma ansiosa, e eu sei que está sentindo o quanto estou duro contra sua barriga, o quanto eu a quero.
Mas ainda não posso. Mesmo que nós dois tenhamos confessado nesse corredor ontem que uma vez não foi o suficiente, ela está com o braço imobilizado e eu já me sinto culpado por isso — porque talvez se eu não tivesse aparecido lá na Black Drink, talvez ela não tivesse se desequilibrado e caído — não posso arriscar que ela se machuque mais e novamente por minha causa.
Envolvo meus dedos em seu cabelo, acima da sua nuca, mas de uma forma gentil — mais gentil do que das outras vezes que fiz isso — e me inclino, dando um beijo casto em seus lábios. É suave e dura menos do que nós dois gostaríamos, mas será apenas isso hoje.
Genevieve geme baixinho quando me afasto, seus olhos ainda fechados.
— Vamos, vou colocar você na cama — murmuro, passando o polegar por seu lábio.
Genevieve suspira ao abrir os olhos, mas anue, deixando que eu a leve.
Eu não me preocupo que Anthony ache estranho Genevieve e eu não dormirmos no mesmo quarto. Ele nem vai saber disso. Seu quarto é antes dos nossos e mesmo assim, isso não é da sua conta.
Quando entramos no quarto, Genevieve deixa as sandálias em um canto e tentamos fazer o mínimo de barulho possível por causa de Freya, que já está dormindo.
Eu a ajudo a subir na cama e a cubro quando ela deita.
Pela luz do abajur, posso sentir seus olhos em mim enquanto eu ajeito a sua coberta.
Quando a encaro, seus olhos estão quase se fechando, mas ela parece lutar contra o sono, como se não quisesse perder nada.
— Durma bem, ratinha — sussurro, me inclinando e deixando um beijo em seus cabelos.
Genevieve ri baixinho.
— Fazia tempo que você não me chamava assim — sussurra.
— Sentiu saudades?
Ela nega.
— Prefiro quando você me chama de "amor".
Sorrio com isso. Eu vou guardar essa informação, com certeza.
— Certo, então. Durma bem, amor.
Seus lábios se esticam em um sorriso preguiçoso e ela se aconchega mais debaixo da coberta.
Eu estou pronto para ir, mas Genevieve segura minha mão de repente, e eu paro, voltando-me para ela.
Seus olhos estão definitivamente se fechando quando ela sussurra:
— Eu queria que as pessoas soubessem… o quanto você é bom.
Então sua mão cai da minha e ela adormece.
💎
Meu Deus, como eu amo esse capítulooooo!!!!
Gente, juro, esse final deles dois é tão------
E o Eros todo confuso e surtando???? Amo tanto meu bebê 😭😭😭❤️
Quero dizer uma última vez: sei que vcs querem logo mais cenas quentes e tals, mas calma que sai. Acho muito importante o fato do Eros querer esperar a Gen ficar boa do braço. Mostra o quanto ele se importa e se preocupa com ela.
Ja soltei a playlist do livro, tá nos destaques do meu perfil no ig e no mural de avisos daqui!
Por hoje é isso! Também fiz uma postagem no ig hoje. perfil: AUTORA.STELLA
Vão lá conferir quais são as metas pra esse ano🤗🤗🤗
Sexta-feira tem capítulo 💋
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Meu perfil: autora.stella
2bjs, môres♥
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