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⁹|Parece que você tem algo com os deuses

     Pisco algumas vezes, encarando Eros enquanto suas mãos aquecem minhas bochechas  conforme ele segura meu rosto.

— O quê? — pergunto, finalmente.

    Talvez eu ainda esteja confusa depois de acordar de manhã com um estrondo, então correr para ver o que era, meu coração acelerado e meu único pensamento foi proteger minha filha… Apenas para encontrar a sala parcialmente destruída, um pedaço do teto no chão e água vazando no buraco no meio da sala.

    A primeira coisa que fiz foi tirar Freya do apartamento. Ela ficou aguardando do lado de fora enquanto eu ia buscar o síndico, que ligou para os bombeiros. Eu tenho uma chave do apartamento de Kevin, então Freya ficou lá até Eros me ligar, preocupado, eu diria. Eu fiquei hesitante em pedir sua ajuda, mas não queria Freya ali enquanto eu resolvia o que seria das nossas vidas de agora em diante, então peguei seu uniforme e falei para ela se arrumar para a escola.

    Espero que a deixem entrar, considerando o atraso notável.

    Agora estou mais preocupada se perdi ou não a sanidade, porque de forma alguma Eros, o meu chefe, estaria me oferecendo abrigo.

— Presumo que não tenha para onde ir. — Ele arqueia a sobrancelha, não precisando ser um gênio para saber disso.

— Bem… não, mas darei um jeito. Ficarei com Kevin por alguns dias…

— E depois? — insiste. Engulo em seco, porque não tem um depois. Não ainda que não parei para pensar nisso com cuidado.

— Vou arranjar outro apartamento. Deve haver outros vagos aqui no bairro. — Não conto a ele que esse prédio foi o relativamente em melhor estado que achei.

    Eros balança a cabeça, negando.

— Não. Está decidido, vocês virão comigo.

    Lentamente, seguro seus pulsos e afasto suas mãos de meu rosto.

— Achei que tivéssemos conversado sobre vida pessoal ontem. Não preciso da sua ajuda. Não nisso, mas agradeço. — Eu não tive ninguém durante a minha gravidez, cuidei — e continuo cuidando — da minha filha sozinha, não preciso dele.

    Eros parece entender isso porque suspira, passando a mão pelo rosto.

— Prefere que eu alugue um apartamento para você, então? Um decente, eu prometo. Ou posso aumentar seu salário agora mesmo e prometo não me intrometer mais.

— Você sabe que eu não aceitaria nenhuma das duas coisas — digo, tensa. — Eu disse: não preciso da sua ajuda.

— Eu admiro você — seu tom é baixo, suas palavras me surpreendendo. — Sei que me contou uma história resumida sobre tudo o que passou, sei que não foi fácil. Mas você ainda mantém a cabeça erguida e consegue colocar comida na mesa para sua filha e lhe dar uma boa educação ao mesmo tempo. Sim, Genevieve, você é foda pra caralho e passou por um monte de merda, mas aceitar a minha ajuda não vai anular nada disso.

    Fico calada, talvez sem fala com o fato de ele estar sendo tão sincero e que suas palavras carreguem… admiração.

    Eros olha para trás de mim, para Freya com certeza nos observando.

— Deixe seu orgulho de lado… por ela.

    E é isso que me faz ceder. Como tudo que fiz desde que soube que havia um serzinho dentro de mim: escolher o melhor para ela. E o melhor não vai ser dormir no chão do apartamento de Kevin ou procurar um apartamento nesse bairro que não tem a menor segurança.

— Será por pouco tempo — digo finalmente, minha voz rouca. — Só… só até eu achar um lugar… bom.

— Quando o projeto de estágio acabar, irei contratar você como um funcionária interina, então receberá um salário condizente com a sua profissão. Eu faria isso agora, mas duvido que você fosse aceitar.

— Não, não aceitaria. — Meu ego já está bastante ferido. — E você não precisa me contratar apenas…

— Não foi algo que eu decidi agora.

    Fico tentada a perguntar a ele quando, mas Freya já está atrasada.

— Obrigada… de novo. Não sei como compensar isso. — Porque por mais que não nos demos tão bem, o que ele está fazendo por mim… por Freya…

— Pare de me agradecer e já está bom. Além disso, estava devendo a você por ser minha noiva falsa. — É claro que ele diria algo assim. — Vou levar Freya para a escola e vou mandar Harold para buscar suas coisas e levar para minha casa. Depois volto para buscar você e nós vamos para a empresa.

— Parece que a generosidade acabou — murmuro, ganhando um sorrisinho de Eros.

— Pare de falar e se apresse. Estarei aqui em meia hora.

    Anuo e é a única confirmação que ela precisa para dar a volta e entrar no carro.

    Dou tchau para Freya, que acena de volta enquanto o carro se afasta.

❦︎

    Como prometido, Harold chegou para buscar as malas antes que Eros voltasse. Eu não havia reparado como temos tão poucas coisas ao colocar nossas roupas em quatro malas — duas que peguei do apartamento de Kevin — e três caixas com os brinquedos de Freya e uma com minhas coisas restantes.

    Eu ainda estou sem saber o que fazer com os móveis — as camas, meu guarda-roupa, os armários, geladeira e etc… — quando Eros volta para me buscar.

— Tenho um porão bastante espaçoso, podemos colocar lá — diz simplesmente.

— Não precisa. — Afinal, ele já está fazendo muito por mim.

    Eros ignora isso, ligando para uma equipe de mudanças de móveis.

    Ao desligar, diz:

— Eles vão levar tudo. Mais alguma coisa ou podemos ir?

    Hesito, olhando ao redor, para a bagunça que virou a minha sala. Por mais que esse não seja o melhor lugar do mundo, ainda foi aqui que vivi com Freya durante os últimos anos e uma parte minúscula de mim acha que sentirá saudades.

— Vamos — digo a Eros e saímos do apartamento.

    Tranco o lugar e dou a chave ao síndico, pedindo que abra novamente quando virem pegar as coisas.

    Dentro do carro com Eros, batuco meus dedos em minhas coxas enquanto observo os prédios passarem por nós.

    Talvez aceitar ir morar com Eros não seja uma boa ideia. Quer dizer, ele é o meu chefe. Tirando o fato que todos acham que estamos noivos e completamente apaixonados um pelo outro, será estranho. Eu estava muito desesperada e tocada por suas palavras para pensar totalmente no assunto. Como será se eu acordar de madrugada para beber água e pegá-lo com alguma mulher na sala? É a casa dele, não terei o direito de reclamar. E a cada dia que passar, as coisas só ficarão mais desconfortáveis entre nós.

— Talvez… — começo, virando-me para ele.

— Nem comece. — Arqueio a sobrancelha. Com o braço tatuado apoiado na janela, ele segura o volante com apenas uma mão e não olha para mim ao continuar. — Sei o que vai dizer. Não vou deixar você mudar de ideia.

— Você não manda em mim.

— Não, mas sou mais inteligente que você, ao que parece.

    Mostro meu dedo do meio a ele.

— Muito maduro — Eros murmura.

    Minhas bochechas ficam quentes, porque sim, foi um gesto infantil, e eu cruzo os braços, voltando a observar a paisagem.

    Passamos o resto da viagem assim.

❦︎

    Quando saímos do elevador, as sobrancelhas de Kate se erguem.

— Uau. Isso que é gostar de uma funcionária a ponto de buscá-la em casa — diz, lixando as unhas pintadas de vermelho sangue.

— Acredite, ele só quer ter alguém para torturar. — Faço uma careta. Kate ri, mas sua expressão está séria quando encara Eros.

— Ainda são dez horas. Devo remarcar as reuniões dessa manhã, senhor? — Kate sempre tratou Eros com formalidade no trabalho, mesmo eles sendo amigos, mas há algo diferente em sua voz agora.

    Olho de um para outro, notando a tensão em Eros e o seu maxilar cerrado.

— Não. — E vai para sua sala.

    Encaro Kate, minhas sobrancelhas erguidas em uma pergunta silenciosa. A mulher baixinha apenas balança a cabeça para que eu deixe para lá.

    É claro que estou quase roendo as unhas de curiosidade, mas não insisto. Deus sabe que eu também sou cheia de segredos.

     Isso, porém, não me impede de cutucar Eros.

— O que aconteceu entre você e Kate? — questiono assim que entro no escritório, fechando a porta atrás de mim.

— Achei que você tivesse mais trabalho a fazer do que se intrometer na vida dos meus funcionários. — Ele nem me olha nos olhos ao dizer isso. Controle-me para não lhe mostrar meu dedo do meio outra vez.

— Babaca.

    Resmungando, vou para minha mesa.

❦︎

    Os estagiários começam segunda-feira — finalmente terminei de organizar tudo que será preciso para fazer o programa funcionar. Eles ficarão em uma sala ao lado da nossa para que eu possa supervisioná-los enquanto também faço meu trabalho com Eros. Ele aprovou todos os custos e minhas ideias de trabalhos, além do tour.

    Isso melhorou um pouco meu dia, fazendo-me esquecer que agora terei que morar de favor na casa do meu chefe. A cada hora que marca o relógio com o passar do dia, um nó desconfortável vai se formando em meu estômago. Eros não deu indício de se sentir da mesma forma.

    No meio da tarde, porém, enquanto conversamos sobre o design da tiara de casamento de America, a porta do escritório é aberta e nós dois olhamos para o homem alto e de aparência semelhante a de Eros, se não fosse pelos olhos verdes e as roupas casuais.

     Khalil olha em volta, assentindo para a decoração.

— Por algum motivo, sempre achei que seria tudo preto? — diz como cumprimento.

    Kate surge logo atrás dele com um olhar furioso.

— Você. — Kate aponta para as costas de Kahlil. — Eu disse para que esperasse!

— Para que você dissesse a ele e estragasse a minha surpresinha? — Khalil continua, sentando em uma das cadeiras.

— Você acha que isso aqui é um parque de diversões? — Kate põe as mãos na cintura, parando ao lado de Khalil.

    Os olhos verdes do homem se viram para ela, olhando-a de cima abaixo e um sorriso muito parecido com o de Eros cruza seu rosto.

— Não, mas se você quiser subir e descer em cima de mim como um…

Khalil — a voz de Eros corta a sala, calando o irmão, que apenas dá de ombros, sua atenção desviando de Kate.

    Ela, no entanto, pega a garrafinha de água que eu tinha colocado em cima da mesa e despeja na cabeça de Khalil.

    Tapo a boca para não rir.

     Kate simplesmente sai do escritório, deixando um Khalil de expressão chocada no rosto, antes do mesmo começar a rir.

— Ela é tão temperamental. — Khalil usa a camisa para enxugar o rosto.

— O que você está fazendo aqui para início de conversa? — Eros se recosta na sua cadeira, muito controlado, eu diria.

— Nosso amado pai me chamou aqui. — Ele passa os dedos pelo cabelo molhado, chamando minha atenção para a tatuagem de cobra, a tinta cobrindo parcialmente seu antebraço direito junto com outras tatuagens.

— E por que diabos você está em minha sala?

— Não ouviu? Eu quis fazer uma surpresa. — Mais uma vez, dá de ombros. Mas quando seus olhos desviam para mim, enrijeço a coluna. — Cunhada, acho que não fomos formalmente apresentados.

— De fato — murmuro, desconfortável. Khalil ri, olhando de mim para Eros.

— Vocês são fofos juntos. Imagino que terão filhos lindos. — Suas sobrancelhas se erguem.

— Vá embora. Agora. E deixe Kate em paz.

    Espero que Khalil ignore as ordens de Eros, mas fica de pé um segundo depois, me lançando um sorriso de cobra que me deixa tão desconfortável quanto Tobias deixou.

    Sem mais uma palavra, ele deixa o escritório.

    Eros suspira pesadamente, massageando as têmporas. Eu quase pergunto se ele está bem, se precisa de algo, mas… É Eros, ele não irá admitir isso para mim. Além disso, as coisas já estão ficando estranhas entre nós, não precisamos de mais isso na nossa relação, qualquer que seja ela.

    Mesmo que eu precise fazer um grande esforço para não estender a mão e apertar seu ombro.

❦︎

    Às 18h, começo a arrumar minhas coisas e franzo as sobrancelhas quando Eros faz o mesmo.

— Você também já vai? — pergunto. Ele sempre sai depois de mim. Pelo que Kate me conta, bem depois.

— Sim. Você está indo buscar Freya na escola, não está? Não é por isso que sempre sai feito um furacão daqui?

    Fecho a boca. Ele está certo. A escola já me faz um grande favor ao deixá-la ficar até depois do horário expedido para os pais ou responsáveis irem buscarem seus filhos.

— Você não precisa ir comigo.

— Você não sabe onde fica minha casa. E mesmo que eu lhe dê o endereço e as chaves, não há ninguém para recebê-las.

    Eros está certo — o que é irritante — mas… É estranho. Quer dizer, torna isso real. E também será uma mudança óbvia para as pessoas aqui. Na última semana, ignorei os olhares dos meus colegas de trabalho, a reprimenda neles por acharem que eu estou dormindo com meu chefe. Se começarmos a sair juntos, não sei o que pode acontecer com a minha credibilidade aqui na empresa.

    Porém, não digo nada disso a Eros. Porque realmente não tenho tempo, Freya está me esperando, e porque não quero causar intriga, principalmente agora.

    Então acompanho ele para fora, passando pela mesa de Kate. Me despeço dela como sempre faço, reparando que ela e Eros não se falam.

    Quando ele e eu já estamos dentro do elevador, digo:

— Você deveria pedir desculpas.

— Pelo quê?

— O que quer que tenha acontecido entre você e Kate.

    Ele não diz nada e não insisto no assunto.

     Pela próxima meia hora, não falamos enquanto Eros dirige até a escola de Freya. É quase impossível acreditar em como minha vida mudou de cabeça para baixo nas últimas horas. Sem contar na última semana. E ainda nem falamos daquele beijo. E agora morando na mesma casa…

    Faço um esforço para não me afundar no banco e esconder meu rosto entre as mãos. O que será que minha família deve estar achando disso? Eles com certeza viram as notícias e as fotos. Fiquei um pouco assustada no início, lendo as matérias e percebendo quantos detalhes esses jornalistas obtiveram. Tinha me esquecido como é ter a minha vida exposta assim.

    Minha adolescência inteira foi nos holofotes, então eu deveria estar acostumada, acho. Minha família é tipo as Kardashians de Chicago, assim como a família de Eros, graças as empresas. Entre eventos de caridade e festas em geral, sempre rolava alguma intriga para alimentar a mídia. A rixa entre a família de Eros e a minha eram — e é — a preferida deles.

     Apesar disso, Eros e eu mal interagimos ao longo dos anos. Eu circulava entre as pessoas por tempo o suficiente para marcar presença e não desapontar a mamãe, então me escondia em algum lugar pelo resto da noite. Pergunto-me o que teria acontecido se ele e eu tivéssemos tentado ser amigos naquela época. Kate já me disse uma vez que Eros não era quem ele é hoje, então talvez não tivesse implicado tanto comigo por eu ser filha de quem sou.

    Bem, nunca saberemos e eu deixo isso para lá quando saio do carro depois de Eros estacionar na frente da escola de Freya.

     O porteiro já me conhece, então não preciso mostrar minha carteirinha de identificação e ele avisa que estou aqui pelo rádio. Dois minutos depois, os portões abrem, revelando Freya e sua professora.

— Mamãe! — Freya pula em cima de mim e eu a pego no colo com mochila e tudo.

— Ei. Tudo bem? — Pego sua lancheira na mão da professora, lhe agradecendo antes de começar a caminhar de volta para o carro.

— Sim. Hoje a gente brincou de esconde-esconde e ninguém conseguiu me achar! — Freya parece feliz com isso, sorrindo e mostrando a falta dos seus dentes da frente. Ela é tão fofa.

— Uau! Vou fazer um troféu para você. — Dou um sorriso rápido a Eros, que saiu do carro para abrir a porta de trás para mim.

— Oi, Eros!

— Oi, Spider.

    Freya ri do apelido enquanto eu franzo as sobrancelhas ao colocá-la dentro do carro.

— Spider?

— Freya me contou sobre a obsessão dela pelo Homem-Aranha — Eros diz. Não posso vê-lo agora, mas tenho quase certeza que está sorrindo.

    Ele está certo, aliás. Freya ama o Homem-Aranha, é o seu super-herói favorito.

— Porque Eros está levando a gente para casa? — Freya pergunta quando estou quase terminando de colocar seu cinto. Eros já voltou para o banco do motorista.

    Hesito, lembrando que ela ainda não sabe que não estamos voltando para o apartamento — ou o que sobrou dele.

— Não estamos indo para casa, querida — digo com cuidado ao terminar com o cinto. — Não dá mais pra gente morar lá.

— E aonde a gente vai morar, mamãe? — sua voz é baixinha, carregada de preocupação. Meu peito aperta. Não quero ela se preocupando com isso e se eu ainda tinha alguma incerteza em aceitar a oferta de Eros, morreu agora.

— Com o Eros. O que você acha? Vai ser legal, não vai? — Afasto os fios de cabelo que se soltaram da sua trança enquanto observo sua expressão contemplativa.

— Não sei. Eu vou poder brincar lá?

    Ela é só uma criança. E ela só quer ter um lugar para brincar. Vou conviver comigo mesma se essa continuar sendo sua única preocupação.

— Sim — Eros responde por mim, virando para nós. — Lá é bem grande, você vai poder fazer o que quiser. Tem até uma piscina.

     Os olhos de Freya brilham e ela olha para mim.

— Vou poder brincar na piscina, mamãe?

    Olho para Eros.

— Olha só o que você fez — digo a ele, mas o encaro por tempos o suficiente para que ele entenda que o que quero dizer é obrigada.

    Eros parece compreender isso porque me dá um leve aceno.

    Volto-me para Freya.

— Falamos sobre isso mais tarde, ok?

— Ok!

    Lhe dou um beijo na testa e fecho a porta do carro, entrando no veículo logo depois.

    Eros dá partida e nós seguimos para a sua casa.

❦︎

    Eu não sei o que esperava, mas fico surpresa de qualquer jeito com a casa grandiosa de Eros. Eu deveria imaginar que ele moraria numa casa na área mais afastada da cidade, com árvores em volta da construção escura com janelas de vidro.

     Descemos do carro para que ele possa guardar o veículo na garagem.

    A casa da minha família é uma construção antiga, passada de geração para geração. Linda, com certeza, mas estou começando a achar que prefiro a de Eros. Isso porque nem entramos ainda.

    Do jardim, onde tem um pequeno lago cercado de plantas e moitas muito bem cuidadas e meticulosamente aparadas, pode-se ver uma casa de dois andares de design moderno, com grandes janelas que refletem quase como um espelho onde me encontro. De trás dela, são visíveis grandes árvores e acima delas o céu entardecendo.

— Uau. É aqui que vamos morar, mamãe? — Freya está boquiaberta, observando tudo enquanto segura minha mão.

— Por um tempo, sim.

— Maneiro.

     Eros volta e nós o seguimos até a porta da frente. É extremamente alta. Eros digita um código de segurança, percebo, porque a fechadura é digital. E assim que entramos, ele digita outro código no painel do lado de dentro. O alarme de segurança, concluo.

— Nossa! — É tudo o que ouço de Freya antes que ela solte minha mão e comece a caminhar pela sala.

    Não me dou o trabalho de chamá-la de volta, observando a grande sala com sofás de couro branco com almofadas macias e de cor onix, debaixo dele um tapete fofo e acizentado. Uma TV enorme está pendurada no painel de madeira e no meio da sala, um pequeno centro de vidro com alguns objetos decorativos em cima. Em outra parede, uma estante com alguns retratos e livros que eu duvido muito que ele leia. Como em seu escritório, ao invés de uma janela normal, uma de vidro toma uma parede inteira, mostra com clareza o quintal e o resto do jardim, tendo uma linda vista do grande lago que há lá fora.

— É linda — digo a Eros.

    Do meu lado esquerdo há uma outra área de jantar com uma janela de vidro do chão ao teto e uma porta de correr que dá para o lado de fora. Daqui posso ver a piscina.

    Um corredor me diz que a cozinha deve ficar por ali e a escada com um corrimão de vidro para o andar de cima, indica o caminho para os outros cômodos.

— Mandei preparar dois quartos para vocês — Eros diz, parando ao meu lado e olhando em volta também, como se nunca tivesse visto o lugar. — Suas coisas estão em um deles.

— Obrigada, mas Freya e eu ficaremos no mesmo quarto. — Não quero abusar da sua hospitalidade, e também quero facilitar essa mudança para Freya. Será melhor se ela dormir comigo.

— Como quiser. Avise se mudar de ideia.

    Anuo, mas franzo as sobrancelhas.

— Freya? — Apenas alguns minutos aqui dentro e eu a perdi. — Freya!

    Eros ri baixinho ao meu lado. Ele abre a boca para dizer alguma coisa, mas ouvimos o grito de Freya.

    Eu estou prestes a atravessar a sala e ir atrás dela, meu coração disparado e me perguntando o que diabos aconteceu, quando ela surge correndo.

    E atrás dela, cachorros. No plural.

    Eros a pega antes que eu possa, pois estou em dúvida entre respirar aliviada ou rir.

— Você tem um canil aqui? — pergunto quando cinco cães de diferentes raças nos rodeiam e começam a latir.

— Eu ia avisar — Eros murmura, Freya abraçando seu pescoço enquanto olha para baixo. — Não precisa ter medo, eles não mordem.

— Eles me assustaram. Por que você tem tantos? — Freya observa quando me agacho e faço carinho em um golden retriever grande. Os outros ficam querendo atenção também.

— Eles me fazem companhia.

     Olho para Eros pelo canto do olho, apesar de só poder ver seus pés. Ele se sente solitário aqui?

    Mas ele diz a Freya:

— Quer conhecê-los?

    Minha filha hesita, mas anue.

    Eros se agacha com Freya, colocando-a no chão. Eu fico um pouco tensa que os cachorros avancem, mas eles se comportam e percebo que é por causa de Eros.

— Esse. — Ele aponta para o golden retriever que ainda estou fazendo carinho. — É o Apollo. Ele tem cinco anos.

— Mas ele é tão grande! — Os olhos de Freya estão arregalados e eu acho engraçado.

— Pois é. O tempo deles é diferente pra gente — Eros explica. — Quer fazer carinho nele como sua mãe?

    Freya me encara, esperando minha aprovação. Eu anuo.

— Tá bom!

    Ainda hesitante, ela estende a mão para Apollo e acaricia seu pelo. O cachorro a cheira, depois lambe seu rosto.

— Ai, eca! — Mas ela está rindo da situação e eu também. — Ele tá me deixando toda babada!

— Acho que ele gostou de você. — Eros ri, também acariciando Apollo. Por um momento, eu desvio minha atenção de Freya para o sorriso sincero no rosto de Eros. Seus olhos brilham e ele parece tão… real. — Apollo, senta.

    O cão obedece, a língua para fora.

    Eros indica o husky siberiano, os pelos uma mistura de preto e branco, os olhos azuis.

— Esse é o Zeus. Ele tem seis anos. Não gosta muito de visita.

— Os olhos dele são da mesma cor que o da gente, mamãe!

— São, sim.

    Eu fico observando enquanto Eros continua as apresentações. O chow chow de cor marrom se chama Loki e tem três anos. O pastor alemão é o Nyx, seu pelo cor de chocolate misturado com preto, tem cinco anos e segundo Eros, é o vigilante da casa. A corgi, e única fêmea, se chama Aphrodite, com dois anos.

— Parece que você tem algo com os deuses — murmuro para Eros quando ficamos de pé. Freya está brincando com os cachorros agora, conhecendo-os melhor e ficando menos hesitante a cada segundo.

— Tenho que honrar o meu nome. — Dá de ombros, colocando as mãos dentro dos bolsos. Ele indica a escada com o queixo. — Subindo e virando o corredor à esquerda ficam os quartos. Os dois primeiros foram os quais mandei preparar, suas coisas estão no segundo, mas pode escolher entre os dois qual desejar. O corredor à direita fica o escritório, a biblioteca e uma sala de jogos.

    Quase pergunto a ele se essa sala é utilizada por mais alguém além dele e dos cachorros, se ele trás pessoas aqui. Mas Eros continua falando:

— Os cachorros dormem do lado de fora. O código de segurança é 806708 e o do alarme é…

— Espere — o interrompo para pegar uma caneta na minha bolsa. Peço para ele repetir, anotando os números na palma da minha mão e depois a senha do alarme. — Vou memorizar até amanhã.

— Acho que é só isso.

— Na verdade… — começo, olhando em volta. — Eu andei pensando e não posso ficar aqui… de graça. Eu posso lhe pagar um aluguel…

— Achei que já tivéssemos conversado sobre isso. — Eros arqueia a sobrancelha. Cruzo os braços.

— Você deveria saber que eu não ia simplesmente deixar você bancar o herói de conto de fadas.

— Não, você não me daria tal glória. — Eros suspira, passando a mão tatuada pelos cabelos escuros. — Ok, você… Você sabe cozinhar?

— Um pouco, sim. — Encolho os ombros. Além de adquirir o hábito de leitura, passei muito tempo aprendendo novas receitas quando estava grávida. E depois. Então sei me virar um pouco.

— Perfeito, você cozinha então. Feliz?

    Olho para ele, boquiaberta.

— Não! Isso é só o mínimo que posso fazer. Deixe-me pagar…

— Jesus. Você está me dando dor de cabeça.

    Calo a boca. Não era minha intenção irritá-lo — talvez pela primeira vez — mas também não posso aceitar o que ele está fazendo de braços cruzados.

— Suba, arrume suas coisas e amanhã conversamos sobre isso — Eros decreta, não me dando escolha.

— Tudo bem — relutante, anuo. — Posso fazer algo para o jantar, pelo menos.

— Você deve estar cansada…

— Não, estou bem. Ótima, na verdade.

     Eros apenas balança a cabeça, desistindo e aponta para aquele corredor.

— É a cozinha. Tem outro corredor com um quarto, despensa e armário de limpeza. Há uma porta que dá para os fundos e você irá encontrar a lavanderia. Uma empregada vem aqui três vezes na semana para limpar e lavar tudo.

— Entendido.

    Ele não me dá mais que um breve aceno antes de subir as escadas, indo para o próprio quarto, presumo.

    Respirando fundo, amarro meu cabelo no alto da cabeça e vou para a cozinha. É melhor fazer logo o jantar, assim quando já tivermos comido, posso subir e arrumar nossas coisas, além de colocar Freya para dormir.

    Mãos à obra então.

❦︎

    Adapto-me rapidamente a cozinha chique de Eros e consigo achar os ingredientes para fazer um macarrão ao molho branco com brócolis e bacon, além de panquecas de beterraba com ricota e espinafre. Precisei gritar Eros para perguntar se ele comia massa, e felizmente sua resposta foi "sim".

     Uma hora depois, estávamos jantando na sala de jantar e Eros me surpreendeu ao murmurar que a comida estava boa. Ele tinha tomado banho nesse tempo e apareceu usando um conjunto moletom e tentei não ficar boquiaberta com isso pois eu sempre o vi apenas de terno.

    Freya comeu tranquilamente, devorando as panquecas apenas porque eram roxas — só assim para fazer uma criança comer beterraba por livre e espontânea vontade. Ela também falou muito, não parecendo estranhar o ambiente ou que não voltaríamos para casa. Eu observei, mais uma vez surpresa, enquanto Eros se interessava pelo que Freya dizia, fazendo perguntas a ela e mantendo uma conversa sobre todo tipo de coisa que uma criança de quase seis anos pode falar.

    Quando todos terminam de comer — inclusive os cachorros, já que Eros colocou rações em suas tigelas perto da porta dos fundos — Eros e eu recolhemos a mesa enquanto Freya vai se sentar no sofá e me esperar para subirmos.

— Quando é o aniversário dela? — Eros pergunta de repente, colocando os pratos na máquina.

— 14 de maio. — Em um mês.

    Trabalhamos em silêncio depois disso, ele colocando e tirando os pratos do lava-louça, enquanto eu enxugo e guardo.

    Quando terminamos, digo a ele ao seguimos para sala:

— Obrigada de novo.

— Pare de me agradecer, está parecendo um disco arranhado.

— Idiota.

     Eros faz uma pequena mesura, o palhaço, mas vejo o indício de um sorriso em seus lábios.

— Boa noite — diz a mim e depois a Freya no sofá: — Boa noite, Spider.

    Mas Freya não responde, pois já está cochilando, abraçada a uma almofada.

— Boa noite — respondo a Eros, indo até o sofá. Eu poderia pegar Freya no colo e levá-la para o quarto como fiz tantas vezes, mas ela ainda está com o uniforme da escola e precisa tomar banho. — Freya, acorde. Você precisa tomar banho.

    Freya pisca lentamente, grogue de sono e sinto pena dela, mas ainda não a pego no colo, apenas lhe dou a mão.

    Cambaleante, ela se arrasta comigo até o quarto, Eros já tendo se recolhido para o seu, presumo ou está no escritório. Ainda não estou ciente da sua rotina.

    Ao chegar no segundo quarto, somos recebidas novamente pelo luxo: uma cama grande demais para uma pessoa, com colchas de cores claras, assim como as cortinas e o tapete. Há uma cômoda, uma estante, uma penteadeira e uma escrivaninha no cômodo e ainda sobra espaço. Há duas portas, uma em cada lado e de frente para a outra. Presumo ser o closet e o banheiro. As cortinas de cor marfim escondem a janela, que sem surpresa toma a parede inteira e é de vidro, nos dando a vista da piscina.

    Sou rápida ao mandar Freya para o banho. Achando nossas malas e caixas dentro do closet vazio, abro uma mala no chão e tiro seu pijama e sua escova de dente.

     Depois de dez minutos com Freya banhada, de pijama e com os dentes limpos e dormindo, eu começo a arrumar nossas coisas.

     Pelas próximas semanas, essa será a nossa casa.





    |                                                        |   

Oooooi, como vocês estão?

O que acharam desse capítulo?

Eros chamando a Freya de Spider----😍😭✨🤗

Mas alguém aí é fã do Homem-Aranha????

Vou confessar a vocês que eu sou apaixonada na cena do Eros pegando a Freya no colo e depois apresentando os cachorros a ela😍😍

Quem imaginaria que o Eros seria pai de cinco cães, gente????

Outra coisa que eu queria dizer, mas sempre esqueço: sobre a profissão da Gen e do Eros — Designer de Joias — tudo que eu sei é tirado do Google e algumas coisas eu simplesmente presumo, então se não for assim na vida real, relevem KKKKKKKKKKKK

Enfim, espero que tenham gostado!

Talvez as postagens atrase — estou sem escrever porque tô viajando — mas vou tentar dar um jeito!

Enfim, até♥

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2bjs, môres♥

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