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⁵⁴|Nossa família

Desculpem a demora, mas eu ainda não estava pronta para dizer adeus 😭💔

    Como todas as manhãs, Eros acorda primeiro, me dá um beijo na testa, usa o banheiro e desce para preparar o café ou, se for muito cedo, ir para a academia. Sério, esse homem acorda às 5h da manhã apenas para ficar lá, levantando peso e suando. Não é a minha praia, mas eu gosto dos resultados que dão a ele, com certeza.

     Depois de fazer minhas higienes pessoais, desço para tomar café, encontrando Freya já devorando suas panquecas. Eros pôs a mesa para o café hoje de novo. Nós geralmente comemos no balcão, mas nas últimas semanas, ele tem feito questão de colocar a mesa, digna de filmes.

     Eu nunca reclamei e não vou. Ele gosta de fazer isso e eu gosto de vê-lo feliz. Além disso, confesso que gosto de sentar à mesa e olhar para nós três enquanto comemos, maravilhada como somos uma linda família.

     Freya fala bastante durante o café da manhã, como sempre. Ela está muito animada com a escolinha de futebol e já fez amiguinhas – nenhuma delas parecem ser como aquelas do balé. A mãe da Ruth, inclusive, me perguntou se Freya não podia passar uma tarde na casa dela, com Ruth e outras meninas da escolinha. Em outra época eu não deixaria, muito paranóica com tudo o que poderia dar errado, mas apesar de ainda me sentir protetora, eu sei que ela precisa ter amigas. Toda criança deve ter e eu vou ter que aprender a lidar com a minha superproteção porque quero vê-la feliz.

— Já decidiu quais brinquedos você irá levar pra casa da Ruth? — pergunto a Freya, comendo minha omelete que Eros fez.

— Sim, eu coloquei na minha mochila. — Ela faz uma pausa para por um pedaço de melão na boca e depois de mastigar e engolir, pergunta: — Mamãe, você lembra quando você me deu um livro com desenhos?

     Franzo as sobrancelhas, tentando lembrar.

— Era de super-heróis e tinha falas dentro de balões. Você disse que o nome não era livro, mas eu não lembro como era.

— Ah, gibis. O que é que tem? — Comprei para incentivá-la na leitura quando ela aprendeu a ler. Mesmo já sabendo, Freya não tinha mostrado muito interesse em gibis ou livros com ilustrações, apesar dos meus esforços.

— Você sabe onde tá?

— Não. Você não sabe?

     Ela balança a cabeça, franzindo as sobrancelhas e fazendo biquinho.

— Eu procurei, eu juro, mas não tava em lugar nenhum.

— Podemos comprar outro. O que você acha?

— Sério?! — Seus olhos ficam maiores do que já são quando ela me olha esperançosa.

— Claro. A gente compra mais de um, se você quiser.

— Legal.

     Olho para Eros para vê-lo sorrindo também. Freya está manifestando interesse na leitura e isso é ótimo. Talvez ela esteja apenas curiosa como qualquer criança da sua identidade, mas nós não vamos privá-la de experimentar isso e descobrir se gosta.

     Enquanto comemos, eu a observo. Tenho feito muito isso ultimamente e às vezes me pego buscando semelhanças entre ela e Eros, além daquela marca de nascença. Mas não há. Não fisicamente, pelo menos. Eu notei algumas coisas ultimamente, como por exemplo: o fato dos dois tentarem esconder o rosto quando ficam envergonhados. Lembro de já ter notado isso uma vez, no jantar que Eros fez para mim, mas foi apenas um pensamento. Também tem o fato de nem Freya nem Eros gostarem de abacaxi. Eros disse uma vez que achava engraçado Freya não gostar, porque ele também não gostava. Mal sabíamos que não era apenas uma coincidência.

     Quando vi aquela marca de nascença nas costas de Eros, eu pensei ter visto errado. Foi rápido e ele logo me puxou. Mas aquilo ficou na minha cabeça. Foi como peças de um quebra-cabeça se juntando. Eu fiz o teste com um fio de cabelo de Eros e um de Freya. Eu não queria fazer isso pelas costas de Eros, mas havia a possibilidade de eu estar louca, de tudo ser apenas uma coincidência.

     Mas não foi e eu estou feliz por isso. Eu estou feliz, mesmo que o destino tenha tirado seis anos dos dois. Nós temos a vida toda pela frente e vamos recuperar o tempo perdido.

     Depois do café da manhã, vejo o que tem na minha agenda hoje que Kate mandou. Três reuniões, além do trabalho ocasional. Tobias pode ter ficado pouco tempo na empresa, mas ele fez uma bagunça em vários setores e ainda estamos tentando ajustar tudo.

     Também entramos com um processo contra o laboratório que levei Freya para o exame de DNA expedido pelo juiz, além de acrescentar mais uma acusação na lista de Tobias. Ele confessou para reduzir a pena. No depoimento ele diz que quando o exame saiu e deu negativo, meu pai falsificou o resultado. Não ele propriamente, mas as pessoas que ele contratou para que ele não tivesse que sujar as mãos. Tobias estava certo, meu pai queria me fazer sofrer e usar Freya foi sua melhor e dolorosa arma contra mim. Não vejo a hora de ele finalmente ser preso e passar o resto da sua vida na cadeia.

     Eros vai tomar banho enquanto eu arrumo a mochila de Freya e mando ela para o banho também. Apesar de termos acordado cedo, ainda estamos atrasados por causa do café da manhã estendido. Quando Freya sai do banho, eu a ajudo com a roupa – uma legging e uma camisa do Homem-Aranha com sapatos do mesmo super-herói. Não tenho tempo de arrumar seu cabelo, caso contrário irei me atrasar mais ainda, então deixo essa parte com Eros. Ele entra no quarto dela e eu saio, correndo para o banho.

       Quando termino, vou escolher minha roupa: um vestido azul marinho, rodado e na altura dos joelhos com alças finas, lembro das observações de Eros sobre as cores de roupa que uso.

     Minha maquiagem é leve, um pouco de rímel ali, um blush aqui, um tanto de gloss labial… Nada muito elaborado, como quando comecei na empresa. Eu cogitei a ideia de deixar minhas roupas coloridas de lado, já que agora também sou uma acionista, mas não gosto de usar terninho na maioria dos dias, como Lorelei. Eu uso algumas vezes, mas gosto dos meus vestidos e das cores chamativas e das estampas. Minhas roupas não tem decote ou são ousadas, então não vejo porque mudar o meu modo de me vestir.

      Eu consigo secar meu cabelo o suficiente para fazer uma trança lateral simples e depois corro para pegar minha bolsa e meu celular.

    Já tendo tudo o que preciso, vou ao quarto de Freya para ver se ela já está pronta, mas paro na porta, meu coração se aquecendo com a cena que encontro.

     Freya está em pé na frente de Eros enquanto ele termina de fazer uma trança no cabelo dela. Os olhos de Freya estão fixos na TV, que está ligada e passando Peppa Pig. Eu me recosto no batente, observando a cena. Não é a primeira vez que ele arruma ela, mas eu fico boba em todas elas. Quem diria que aquele homem rabugento e mal humorado se tornaria um pai perfeito?

    Freya me vê parada na porta e sorri.

— Você tá linda, mamãe.

    Sorrio de volta, meu coração derretendo.

— Obrigada, querida. Você também está linda.

     Suas bochechas ficam cor de rosa.

     Me aproximo dos dois, me ajoelhando na frente de Freya para amarrar seu cadarço que desamarrou. Quando ergo o rosto, Eros está me olhando, seus dedos ainda trabalhando na trança. Seus olhos são suaves, repletos de amor, enquanto ele sorri discretamente.

— O que foi? — pergunto, sorrindo também, apesar de estar confusa.

— Nada. Eu só estou feliz — confessa, sua sinceridade me deixando boba.

— Eu também! — Freya dá um pulinho animado. — Eu também tô feliz, papai. Você tá feliz, mamãe?

— Claro que eu estou. Qualquer pessoa estaria feliz perto de você, sabia? — Beijo sua bochecha. Freya ri, feliz, como ela disse. Fico contente com o fato de ela expressar seus sentimentos tão abertamente. Desconfio que essa seja mais uma das qualidades do seu pai que ela puxou.

— Pronto — Eros avisa. Ele terminou com a trança embutida que estava fazendo. Ele tem se saído muito bem com elas desde que começou a treinar há algumas semanas.

— Obrigada, papai. — Freya se vira e o abraça. — Eu te amo.

     Eros a abraça de volta, já acostumado com os "eu te amo" espontâneos dela.

— Também te amo, pequena.

    Eu poderia passar horas observando-os. É como se eles não tivessem sido separados pelo destino, mas sim passado os últimos anos convivendo um com o outro. Talvez o fato de Eros ser pai biológico de Freya explique porque os dois se deram tão bem desde que se conheceram. Talvez explique também como Freya se apegou à família de Eros – a família dela agora – tão rapidamente. Acho que, de alguma forma, seus corações sabiam.

     Eu me inclino e dou um selinho em Eros e depois um beijo nos cabelos de Freya.

— Eu amo vocês — sussurro.

     Eu não sei o que seria de mim sem eles.

💎

     Eu não deveria aproveitar o meu horário de almoço já que cheguei às 10h00 na empresa, mas resolvo abusar da minha posição mesmo assim e deixo meu escritório. Como imaginei, Kate não está na sua mesa, então pego o elevador para a presidência.

      Quando chego lá, eu a encontro na recepção, onde antes quem ficava era Katrina. Mas desde que a mulher foi demitida e está enfrentando a acusação de espionagem industrial, Enrico está sem secretária. Já deveriam ter contratado outra, mas não é ele quem está entrevistando os candidatos.

— … entendido. Passarei o recado. Tenha um bom dia. — Kate desliga o telefone e digita tão rápido no tablet que mal dá pra ver seus dedos tocando na tela.

— Sabia que até as melhores secretárias têm que comer? — Me apoio no balcão de mármore e arqueio a sobrancelha. — E como você tem a melhor amiga de todas, eu fiz uma reserva naquele restaurante tailandês que você gosta.

— Meu Deus, eu te amo. — Ela se apressa em levantar, tirando seu blazer e relevando a blusa social branca com botões que combina com a sua saia preta, da cor do blazer, acima dos joelhos.

— Nada com os candidatos? — pergunto enquanto espero ela arrumar sua bolsa.

— Não. O Sr Estou Com Um Pau Enfiado Na Bunda não gostou de nenhum. — Ela obviamente não está falando de Enrico, mas sim do seu filho mais velho que tem passado mais tempo na empresa e está até começando a ficar na sala do pai, como um verdadeiro chefe.

    Kate tem precisado se dividir entre o nosso andar e a presidência. Não preciso dizer que isso tem sido horrível para ela, mas como Khalil continua espantando todos que entrevista, não temos outra opção no momento. Eros tem estado muito neutro nessa situação, mas se ele souber que Kate está pulando os horários de almoço, não vai ser nada bom para o seu irmão.

    Kate já está pronta, tendo tirado a caneta que estava prendendo o seu coque, quando o telefone toca. Ela olha para ele furioso antes de respirar fundo e atender.

— Eu estou saindo para o meu horário de almoço — avisa. Sem dúvidas é Khalil.

     Kate revira os olhos para o que ele fala do outro lado da linha e eu reprimo uma risada. Mas quando ela começa a fazer caretas, eu não consigo me segurar e começo a rir.

— Hum… Sim… Claro que estou anotando. — Na verdade ela não está e diz "Chato", apenas movendo os lábios, seguido de outro revirar de olhos.

     Minha barriga dói de tanto rir, minha mão tapando minha boca para que ele não ouça, mas percebo que isso é inútil quando ouvimos alguém pigarrear.

      Kate e eu olhamos para a porta e para Khalil encostada nela, com o telefone na orelha.

   Nos endireitamos na mesma hora.

— A não ser que você tenha habilidades especiais, Srta Yamamoto, eu não estou vendo-a anotar nada — Khalil diz, seu olhar impassível.

— Eu já estava indo fazer isso — Kate murmura e tenho a sensação que ela se esforça muito para não revirar os olhos de novo.

     Khalil lança um olhar para nós duas e depois volta para dentro do escritório, fechando a porta atrás dele.

    Kate bufa, desligando o telefone.

— Babaca.

— Não queria falar nada, sabe, mas eu já estive no seu lugar. — Dou um sorrisinho. — Todo esse ódio…

— A vida não é igual a esses livros de romance que você gosta — Kate me interrompe. — Pelo menos não a minha.

     Meu sorriso se desfaz lentamente e eu franzo as sobrancelhas. Seu tom foi tão áspero.

     Kate deve notar isso também porque fecha os olhos brevemente, suspirando, e ao abri-los, me diz:

— Eu acho que realmente preciso de uma pausa.

— Claro. Vamos.

    Ela termina de digitar no tablet e pega a bolsa novamente. Dessa vez conseguimos ir sem nenhuma interrupção e eu deixo o episódio para trás, por enquanto.

💎

     Depois do trabalho, Eros vai buscar Freya e eu vou ao apartamento. Eu pensei em deixar para vir quando estivesse com Freya, mas não sei como estão as coisas aqui hoje.

     Quem abre a porta para mim, após eu bater, é James.

— Tia, Viv! — O garoto me abraça e eu retribuo, sorrindo. Tenho visto ele e Mary com mais frequência desde que mamãe e Emma se mudaram para cá. — Mary, a tia Viv tá aqui! — meu sobrinho grita para a irmã.

     A menina muito parecida com a minha filha vem correndo de dentro de um dos quartos.

— Titia! — Ela me abraça tão apertado quanto seu irmão.

— Como vocês estão? — Entro no apartamento enquanto pergunto.

— Bem. — James responde.

— Por que a Freya não veio? Você prometeu que ela viria. — Mary faz uma carinha triste.

     Droga, eu prometi mesmo e como qualquer criança, meus sobrinhos não têm memória curta para promessas.

— Ela não pôde vir. Vocês me desculpam?

— Tá bom, mas ela vem da próxima vez, né?

— Vai, eu prometo.

    Eles ficam felizes com a minha nova promessa e vão brincar.

     Eu, por outro lado, adentro mais o apartamento até chegar na cozinha, onde encontro mamãe, como imaginei.

— Pensei ter ouvido sua voz — ela diz com um sorriso enquanto tira algo de dentro do forno. Tem um cheiro delicioso.

— Resolvi passar para dar um "oi". — Me aproximo mais, cheirando o que ela tirou do forno. Parece torta de frango. — Como estão as coisas?

— Bem. Parece que ainda sei cozinhar uma coisa ou outra, para a tristeza de Mary. Ela queria comer pizza todo dia.

     Quando mamãe ri, eu paro para observá-la. Ela realmente parece bem. Muito bem. Quando a merda explodiu e Tobias foi preso, mamãe, Emma e as crianças estavam aqui. Eu as obriguei a vir. Na verdade, obriguei apenas Emma, já que mamãe não pensou duas vezes. Eu não queria elas naquela casa quando Tobias confessasse a participação de meu pai.

    Minha mãe está reagindo bem a tudo. A mudança foi um grande baque, eu não tenho dúvida, mas ela aparenta estar mais feliz aqui do que quando estava naquela casa. Até suas roupas mudaram: vestidos coloridos ao invés das cores frias que ela usava. Ela também mudou o corte de cabelo, antes longo, mas agora curto, acima dos ombros com mechas onduladas. Parece mais jovial. Eu gosto disso.

     Minha irmã, no entanto, é um caso totalmente diferente. Mamãe disse que Emma fica no quarto o dia todo, deitada na cama e ocasionalmente chorando à noite, quando as crianças estão dormindo e não podem ouvi-la. Minha mãe diz que minha irmã só precisa de tempo para se acostumar com a nova vida.

— Por que Freya não veio com você? — minha mãe pergunta.

— Eros foi pegá-la na casa de uma amiguinha nova que ela fez na escolinha de futebol.

— Isso é ótimo. Ela deve estar feliz.

     Anuo. Eu poderia continuar falando sobre Freya, mas faço a pergunta de sempre mesmo sabendo a resposta.

— Onde está Emma?

     Mamãe suspira e me dá um olhar triste.

— No quarto.

    É tudo o que preciso para lhe dar as costas e seguir em direção ao meu antigo quarto. Ela e nossa mãe estão dividindo o cômodo que agora abriga duas camas de solteiro enquanto o outro ficou para James e Mary.

    Ao entrar, não fico surpresa ao encontrar a luz apagada. Eu acendo e Emma se encolhe na cama. Fecho a porta antes de caminhar até lá, sentando na beira.

— Apaga a luz — Emma resmunga.

— Sou eu.

    Ela se vira, abrindo os olhos. Seu rosto está sem maquiagem e seu cabelo ruivo está todo bagunçado e oleoso. Não se parece nada com a irmã elegante  e cheia de vida com quem eu cresci.

— O que você quer?

— Vim ver como vocês estão. Passou o dia na cama de novo?

— O que você tem a ver com isso?

     Reprimo um suspiro. Talvez eu esteja sendo idiota, aqui, tentando ajudar a mulher que basicamente sequestrou minha filha na escola a mando do nosso pai, além de ter relatado nossa vida a ele antes.

     Mas eu perdoei mamãe, então fico dizendo a mim mesma que não custa nada dar mais uma chance a Emma e tentar entender o seu lado.

    Porém, fica difícil quando Emma fica me tratando assim toda vez que venho aqui.

— Estou preocupada com a sua saúde. Você não pode ficar assim pra sempre, Emma. James e Mary precisam de você.

— Não venha aqui e me diga o que fazer. Para você é fácil: está com a vida perfeita, o marido perfeito. Stuart me deixou, fui arrancada da minha vida e colocada aqui. — Ela acena com desdém para o ambiente a sua volta. — Não é fácil levantar todo dia e ficar sorrindo por aí.

— Eu sei que não está sendo fácil. Não estou julgando você, eu só quero ajudar. Aquele trabalho na Blackburn Empire ainda está de pé, se você quiser.

    Emma não diz nada. E não precisa, eu sei o que ela pensa: que não serve para trabalhar, que não sabe fazer isso. Já tivemos essa conversa semana passada.

    Dessa vez eu suspiro e fico de pé.

— Tudo bem. Vou deixar você em paz, mas pensa nisso, tá? O trabalho pode te dar um propósito, algo para focar enquanto você decide o que quer fazer daqui para frente. — Estava pronta para ir, mas acrescento: — Eu sempre vou estar aqui, independente de qualquer coisa.

     Eu vou embora, então, esperando de verdade que ela pense na minha proposta.

💎

     Ao chegar em casa, tiro meus saltos e deixo minha bolsa no sofá antes de seguir para a cozinha, de onde está vindo o som das suas risadas.

    Taylor Swift está tocando, o som não muito alto. Tenho certeza que isso é coisa de Freya. Eros ensinou ela a usar a Alexa.

— O que vocês estão aprontando? — pergunto ao entrar na cozinha.

— Mamãe! — Freya sorri para mim, de joelhos no banquinho da ilha, aparentemente fazendo algo comestível. — A gente tá fazendo biscoitos amanteigados. Quer fazer também?

— Claro. — Lhe dou um beijo na bochecha e depois vou até Eros, do outro lado da ilha. — Oi. — Lhe dou um selinho.

— Como foi lá? — Sua voz é baixa por causa de Freya.

— O de sempre. — Dou de ombros, forçando um sorriso. Eros sabe o que quero dizer, mas não comenta nada, apenas me dá um beijo, o que é suficiente para mim, melhorando meu humor.

    Vou lavar minhas mãos e depois me junto a eles para fazer os biscoitos. Eros conta que pediu sushi.

     Freya já está tomada banho e conta, muito animada, sobre como foi o seu dia na casa de Ruth. Felizmente correu tudo bem e ela está muito feliz por ter passado o dia com as novas amiguinhas, o que me tranquiliza e também me deixa igualmente feliz.

      Depois que terminamos com os biscoitos e Eros põe no forno, nós vamos tomar um banho rápido. Eu conto a ele como foi lá com a minha mãe e Emma e ele me consola dizendo que logo minha irmã vai mudar de ideia e aceitar minha ajuda.

     Depois que a comida chega, o jantar é tranquilo, com muita conversa e risadas. Eu amo o fato que mesmo que tenhamos um dia ruim, sempre sentiremos essa paz quando chegamos em casa. Eu sei que Eros sente o mesmo pois vejo em seu olhar e no sorriso bobo que ele tem no rosto, combinando com o meu.

— A gente pode  assistir 'A Princesa e o Sapo'? — Freya pergunta quando vamos para a sala após o jantar, seguindo nossa rotina.

— Eu nunca vi esse — seu pai diz.

— Você sempre fala isso!

     Eros encolhe os ombros da forma mais adorável.

— Eu não costumava assistir desenhos antes de vocês virem morar aqui, lembra?

— Coitado de você, papai. — Freya balança a cabeça. — Ainda bem que a gente tá aqui agora.

    Com isso, ela vira pra TV e começa a mexer no controle pra acessar o Disney+.

— Sim, ainda bem que vocês estão aqui — Eros murmura, mas acho que Freya não ouve.

    Eu, no entanto, ouço e me inclino para Eros, para o pai da minha filha, o homem por quem sou apaixonada e quem eu amo profundamente.

— Eu te amo — sussurro.

    Eros vira para mim e abre o sorriso mais lindo do planeta.

— Eu também te amo.

     Ele consegue me roubar um beijo antes da nossa filha avisar que o filme começou.

     Eu me acomodo um pouco mais, com Eros passando um braço por meus ombros e me puxando para perto enquanto faz o mesmo com Freya. Zeus está ao lado dela, mas os outros cachorros estão deitados no tapete, como se também quisessem assistir ao filme.

    A cena não é muito diferente de todas as outras vezes que fizemos isso no passado, provando que sempre fomos uma família, desde o primeiro dia que nos sentamos nesse sofá para assistir Miraculous. Só não sabíamos disso ainda.

💎

     — Por que você ficou tão surpreso quando me viu naquele vestido verde? — pergunto a Eros na manhã seguinte.

     Estamos deitados na cama, enroscados um no outro enquanto a luz do sol entra aos poucos no quarto graças às janelas do chão ao teto.

      Acredito que Eros e eu estamos na "fase lua de mel" de todo casal, porque mal dormimos ultimamente, mais ocupados com… outras coisas.

— Você nunca tinha usado verde — ele responde, seus dedos acariciando meu quadril.

    Franzo as sobrancelhas.

— Claro que eu já tinha usado verde antes — apesar de me defender, não tenho certeza se estou certa.

— Não na minha presença e convivi com você nos últimos três anos. Pode ter certeza que eu notaria se você tivesse usado.

     Ele parece tão certo do que diz que me afasto, apoiando minha cabeça na minha mão para encará-lo.

— Então você o quê… gravou todas as cores que já usei? — meu tom é zombateiro, mas Eros anue.

— Quando eu estava no hospital, você usou amarelo durante toda aquela semana. E amarelo é para quando você está triste. Você usa vermelho como se estivesse pronta para uma batalha, e geralmente sobra pra mim. Azul é para dias tranquilos e eu achava meio irritante porque nada abala você quando está usando essa cor. Mas a sua preferida é roxo, na maioria das vezes você usa quando está feliz. E tem as cores neutras: preto, branco e cinza. Eu nunca soube o que significa essas três últimas, mas não é algo bom e sempre me deixou curioso para descobrir o motivo.

     Estou olhando chocada para ele. Há quanto tempo ele notou essas coisas? Eu realmente faço isso?

— Quando vi você usando verde, eu não soube o que significava, mas eu gostei. — Ele sorri, acariciando minha bochecha, mas ainda estou espantada.

— Por que você gravou essas coisas?

— Porque você me fascinou desde o dia que entrou no meu escritório e me pressionou contra aquela cadeira. Aliás, aquilo foi sexy pra caralho.

     Reviro os olhos, mas sei que estou corando.

     Quero dizer que ele está errado sobre o lance das cores, mas… Pensando bem, acho que ele pode estar certo. Eu nunca percebi que fazia isso. E o fato de ele perceber, faz as borboletas em meu estômago acordarem.

— Você vai me dizer para quê são as cores neutras? — Eros parece ansioso pela minha resposta.

    Faço uma cara de pensativa.

— Não — respondo por fim.

     Ele semicerra os olhos, malícia dançando em seu sorriso. Um segundo depois ele está em cima de mim, beijando meu pescoço, meu maxilar, minha boca.

— Você está tentando me persuadir, não é? — murmuro, meus olhos fechados enquanto aprecio a sensação dos seus lábios na minha pele.

— Hm?

     Seus beijos estão indo cada vez mais para o sul e eu suspiro de felicidade quando ele chega aonde eu o quero. Eu não vou dizer a ele o que significa as cores neutras, mas gosto muito da sua forma de persuasão.





    Depois de fazer amor quando o sol nasceu, Eros e eu caímos no sono de novo, mas acho que passou apenas uma hora quando ouvimos batidas na porta, e latidos.

— Mamãe, papai, vocês já acordaram? — Freya pergunta do outro lado da porta.

    Pego um travesseiro e escondo meu rosto embaixo dele. Sinto a cama se mover quando Eros levanta.

— Que horas são? — murmuro, puxando mais as cobertas. Eu estou de calcinha e de moletom, mas Eros gosta de deixar o quarto parecendo o Polo Norte.

— Oito.

     Solto um gemido de sofrimento.

— Ela está de férias, porque ela tem que acordar cedo? E ela odeia acordar cedo — resmungo. Semana passada Freya nos acordou às seis da manhã. Motivo? Ela acordou e queria que a gente acordasse também.

— Ela não quer desperdiçar as férias dormindo, aparentemente. — Posso ouvir a risada na sua voz e quase jogo o travesseiro nele.

    Eros abre a porta após se vestir e ouço o barulho de patas quando os cachorros entram. Parece que temos seis filhos ao invés de uma só.

— Bom dia, papai! — Ouço Freya dizer, muito animada às 07h da manhã de uma quarta-feira.

— Bom dia, pequena. Dormiu bem?

— Sim! Eu sonhei com um parque de diversões e unicórnios. Você acha que tem unicórnios aqui? A mamãe disse que eles são raros, mas eu queria ver um. Você já viu um unicórnio, papai? Você gosta deles? Eles são bem fofinhos. No meu sonho, o unicórnio deixava eu montar nele! Aí a gente ia naquele brinquedo que fica girando e vai bem lá no alto. O unicórnio disse que eu era a melhor amiga dele! Eu tenho um melhor amigo unicórnio!

— Nossa. Parece ter sido um sonho bem legal. Mas eu nunca vi um unicórnio. — Eros traz Freya para cama com ele, rindo um pouco. Nenhum de nós dois está surpreso com o sonho mirabolante dela.

    Ela me cutuca, mas eu continuo imóvel. Também sinto algo nos meus dedos dos pés e me encolho na cama, para longe da língua de algum dos cachorros.

— Mamãe? Você tá dormindo? — pergunta.

— Sim.

— Você tá acordada! Quem dorme não fala! — Freya dá risada.

— Eu estou dormindo e falando.

— Não tá, não!

    Quando ela continua rindo e tentando puxar o travesseiro do meu rosto, acabo cedendo, deixando meu lado rabugento ao encarar o rostinho alegre de Freya.

— Bom dia, mamãe! — Minha filha se joga em cima de mim, me abraçando apertado.

     Eu beijo seus cabelos enquanto a abraço de volta.

— Bom dia, querida. Então você sonhou com unicórnios, hein?

     Freya ergue o rosto e começa a contar seu sonho de novo. Eu já havia ouvido quando ela contou a Eros, mas ouvimos atentamente enquanto ela conta de novo.

    Quando ela termina, sento-me na cama e pego suas mãos mãozinhas.

— Querida, queremos te contar uma coisa. — Olho para Eros, que anue.

    Nós conversamos se contaríamos agora a Freya que Eros é seu pai biológico ou esperaríamos ela crescer um pouco mais. Decidimos contar logo.

— A gente vai pra Disney? — Freya arregala os olhos.

— Quê? — Balanço a cabeça. — Não, nós não vamos pra Disney.

— Ah. — Ela faz uma carinha triste e Eros senta ao meu lado, nós dois de frente para ela.

— Você quer ir pra Disney? — seu pai pergunta.

    Lhe dou uma cotovelada.

— Ai — Eros resmunga ao mesmo tempo que Freya grita:

— Sim! Sim! Sim! A gente pode ir pra Disney, papai? Por favorzinho?! — Pronto, ela está toda animada com a ideia agora, juntando as mãos enquanto foca seus olhos suplicantes em seu pai. — Lá tem o Mickey Mouse e as princesas e um monte de brinquedos! A gente vai se divertir um montão e fazer várias coisas legais!

— Ok, ok… Calminha aí. — Ele está se divertindo quando a faz sentar de novo já que sua explosão de animação a colocou de pé. — Nós vamos pra Disney, mas agora vamos falar sobre outra coisa.

     Freya dá um gritinho e pula em cima de Eros, abraçando-o.

— Você é o melhor papai do mundo!

     Eu estou observando tudo, boquiaberta. Tudo aconteceu em quinze segundos, talvez vinte.

    Mas no fundo, eu não estou surpresa. Apesar do que conversamos sobre minha preocupação em relação a Freya ficar muito mimada, Eros tem, de fato, mimado a nossa filha. Ele faz tudo o que ela quer e dá tudo o que ela pede. Felizmente Freya não é muito exigente. Mas sempre que ela pede para Eros fazer cupcake's ou brincar com ela, ele não hesita.

     Como deu para ver agora, com a promessa de levá-la para a Disney. E eu sei que ele vai cumprir. Provavelmente, até o final do dia, ele já terá comprado as passagens, reservado um hotel e montado um itinerário. E eu não brigarei com ele por isso. Eu não seria capaz; não agora que sabemos o quanto lhes foi tirado.

     Pigarreio, chamando a atenção dos dois.

    Freya rapidamente volta a se sentar e dá uma risadinha quando seu pai pisca para ela.

— Certo. Freya, o que a mamãe e o papai vão falar é importante, então preste atenção, ok?

— Tá bom.

    Pego sua mão de novo e Eros pega a outra.

— Lembra quando a gente morava na Inglaterra? — pergunto.

— Não, só do avião.

— Não tem problema. — Ela só tinha dois anos e meio, então é compreensível, apesar de doer que ela só lembre do evento traumático que hoje a atormenta quando tem tempestades. — Mas a mamãe e o papai se conheceram lá também. Antes de você nascer.

— Sério?!

— Sério. — Faço uma pausa, pigarreando. — Só que eu tinha um namorado. A gente foi pra uma festa um dia e brigamos. A mamãe ficou triste e acabou bebendo muita bebida alcoólica, mesmo sabendo que não era certo.

     Freya arregala os olhos e eu acharia engraçado se não estivesse nervosa.

— E eu também — Eros comenta.

— Você também tava triste?

— Mais ou menos.

— Nós nos encontramos naquela festa e acabamos passando um tempo juntos — emendo. — Mas depois eu fui embora e nem lembrava mais do que aconteceu na festa. Eu voltei com aquele meu namorado e quando descobri que você tava crescendo aqui dentro da minha barriga, contei a ele.

— E aí ele foi embora — Freya completa. Ela sabe dessa parte porque contei a ela quando ela não parava de perguntar sobre o pai. Ir pra escola e ver seus coleguinhas com pai e mãe atiçaram ainda mais sua mente curiosa.

— É. — Faço outra pausa e respiro fundo. Agora vem a parte difícil. — Mas ele não era o seu pai.

     Freya franze o cenho.

— Mas você disse que era.

— Eu sei. Eu achei que ele era, mas eu estava errada e só descobri recentemente.

    Ela ainda está confusa quando pergunta:

— O que isso quer dizer?

— Isso quer dizer — olho para Eros e depois para ela de novo —, que Eros é o seu pai de sangue. Seu pai biológico.

     Novamente, ela arregala os olhos e encara Eros.

— Você é meu papai de verdade verdadeira?

— Sou, sim, Spider. — O sorriso dele parte e reconstrói meu coração, enchendo-o de amor.

     Mas Freya franze as sobrancelhas novamente após alguns segundos.

— Mas você não sabia?

— Não. — O sorriso dele cai um pouco. — Lembra que sua mãe disse que nós dois bebemos naquela noite? Acontece que beber demais pode ter suas consequências e nenhum de nós lembrava o que tinha acontecido. Eu não lembrava de ver sua mãe naquela festa e ela não lembrava de passar um tempo comigo.

— Por isso eu passei todos esses anos acreditando que seu pai era aquele cara que namorou a mamãe — complemento. — Mas não é verdade. Nunca foi. Eu sei que pode parecer complicado agora, mas prometo que você vai entender quando for mais velha.

— Nós só não queríamos que você crescesse achando que seu pai biológico não queria você — Eros diz suavemente. — Se eu soubesse que sua mãe estava grávida, eu nunca teria ido embora. É importante que você entenda isso, ok?

     Freya fica pensativa por um momento, mas depois anue.

— Entendi. Você é o meu papai de coração e de sangue.

— Isso mesmo, meu amor. — Sorrio aliviada. Não queríamos confundir sua cabeça, mas como Eros disse, é muito importante que ela saiba a verdade.

— Legal.

     Nós a puxamos para um abraço e a enchemos de beijos enquanto sua risada flutua pelo quarto.

     Os cachorros, que até então estavam no chão, pulam em cima da cama, querendo participar, então logo somos uma confusão de risadas e latidos, com algumas lambidas e muitas patas.

     Freya começa a pular na cama e os cachorros ficam mais agitados, tentando imitá-la, mas nós só sabemos rir.

— Acho que precisamos de uma cama maior — digo, sem fôlego.

     Olho para Eros, encontrando-o sorrindo. Eu amo esse olhar em seu rosto e me inclino para ele… Apenas para Freya se jogar entre nós.

— Quando a gente vai pra Disney?

     Eros sorri para ela e ambos começam a fazer planos para a viagem.

     E eu só posso agradecer e sorrir também, feliz pelo destino ter nos juntado novamente.

     Nossa família.


💎

E esse foi o último capítulo antes do epilogo...

Eu achei muito importante fazer esse capítulo, pra que o epilogo não ficasse tão longo.

Oq vcs acharam da conversa da Gen e do Eros com a Freya? Eu reescrevi umas três vezes até finalmente achar um jeito não muito complicado para explicar tudo a Freya.

Amo esse capítulo pq mostra um pouco da dinâmica deles agora, ent espero que  tenha feito jus as expectativas de vcs♥

Mais tarde eu posto o epilogo pq é pequeno e não quero mais prolongar isso!

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2bjs, môres♥

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