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²²|Me deixe ir

    Sinto que estou tendo um déjà vi quando entro na boate. Como naquele dia, semanas atrás, Anthony me ligou e pediu que eu o encontrasse aqui. Eu não deveria ter aceitado, é dia de semana, mas Anthony tem andado estranho de novo. E quando digo estranho quero dizer pouco comunicativo e um pouco aéreo. Eu tenho noventa e oito por cento de certeza de que tem a ver com Lorelei. Como da última vez que estive aqui.

    Black Drink está cheia como qualquer outro dia da semana, mas consegui entrar sem enfrentar fila porque Anthony aparentemente conseguiu um cartão VIP. Eu certamente não teria vindo se não tivesse isso. Minha cota de filas já foi excedida.

    Encontro meu irmão mais novo na mesma cabine daquele dia. Está sozinho, com um drink enquanto digita no celular.

    Eu passo no bar antes de ir para lá, pedindo um energético. Tenho trabalho amanhã, não posso ficar de ressaca. Anthony também não, mas ele não vai me ouvir se eu disser isso.

     Depois de cinco minutos apenas para conseguir um maldito energético, eu vou para a cabine.

— E aí — digo, sentando-me ao seu lado.

— E aí — repete sem muita animação.

    É estranho vê-lo assim. Ele está sempre fazendo alguma piada e sendo engraçadinho. Estou começando a me perguntar se sua mudança de humor tem a ver apenas com Lorelei.

— Khalil também está vindo? — pergunto.

— Eu mandei uma mensagem. Ele não respondeu, então não sei. — Anthony suspira, bebendo seu drink.

— Você tem bebido muito ultimamente.

    Ele não bebe tanto assim desde a época da faculdade. Eu sei porque ele se formou aqui em Chicago, então eu o tirei de bares universitários mais vezes do que a quantidade de dedos que tenho na mão.

— Você está contando, é? — Anthony revira os olhos.

    Não digo mais nada por enquanto, meus olhos correndo pela pequena multidão de pessoas se divertindo. É engraçado que sempre que viemos aqui, é como telespectadores.

     Hoje é terça-feira, três dias depois da minha "proposta" a Genevieve. Ela ainda não me deu nenhuma resposta. E nem sei se dará.

    Eu passei bastante tempo pensando se deveria ou não propor isso a ela por causa de todas as complicações que envolvem. Mas imagino que o clima tenso e desconfortável não poderá ficar pior entre nós, então ou acabamos de vez com isso, ou iremos ficar nesse impasse. Talvez pior, penso ao lembrar do que aconteceu na cozinha. Podemos ficar inconsequentes e tendo essas pequenas recaídas que nunca levam direto ao que nós dois queremos. Se transarmos, colocaremos um ponto final nisso e seguiremos nossas vidas.

    Pelo menos é o que eu espero.

    Fico surpreso quando vejo Khalil  se aproximando. Ele corta a multidão sem nem mesmo precisar pedir licença, andando inabalável e deixando claro que pisará em quem estiver em seu caminho. Com um cigarro nos lábios e as mãos dentro dos bolsos da jaqueta, Khalil  não olha para ninguém, apesar das pessoas olharem para ele, tentando chamar sua atenção. Eu quase digo a elas para não perderem seu tempo. Meu irmão é bem seletivo quando se trata das suas companhias, apesar de até eu não saber exatamente o que aquelas que ele escolhe, têm de diferente daquelas que ele rejeita.

    O outro motivo para meu irmão não ter retribuído os olhares, eu imagino, é porque está acompanhado. Um homem um pouco mais baixo que Khalil  o segue até nós. Não sei qual a cor do seu cabelo e dos seus olhos por causa da pouca iluminação, mas pelo pouco que vejo, ele é bonito. Acho que nunca vi Khalil  sair com feios, de toda forma.

     Ele não diz nada quando passa por nós e toma um acento, mas seu amigo/ficante/namorado, sim.

— Oi, sou Denner. Prazer.

    Eu aceito sua mão como cumprimento, me apresentando também, assim como Anthony, então Denner vai sentar ao lado de Khalil.

— É sempre cheio assim em dia de semana? — Denner pergunta. Imagino que queira preencher o silêncio entre nós quatro.

     Anthony me salva da interação, porém. Ele e Denner mantêm uma conversa — da qual além de eu não estar participando, não sei qual o assunto é porque também não estou prestando atenção — por um tempo. É fácil de dizer qual de nós três é o melhor em comunicação, sem muito esforço.

    Olho para Khalil apenas uma vez, mas seus olhos estão na pista de dança. Eu tenho certeza que ele está ciente da conversa, mas também não sente a mínima vontade de participar.

— Vou buscar bebidas. Querem alguma coisa? — Denner fica de pé, esperando nossas respostas.

   Nós três recusamos.

    Alguns segundos depois que ele sai, Anthony pergunta ao nosso irmão:

— Ele sabe que não é sério? Eu não quero ter que terminar com seus ficantes por você de novo.

    Khalil chuta o pé de Anthony em resposta, fazendo o mais novo rir.

— Eu ainda lembro daquela garota… Joe, eu acho. Ela descobriu meu endereço e foi lá atrás de você. Tipo, você partiu o coração dela, mas fui eu que tive que enxugar as lágrimas! Isso é muito ruim, cara.

— O nome dela era Zoe. — Khalil  acende o cigarro que estava em seus lábios esse tempo todo. Ele semicerra os olhos para Anthony. — Qual o drama da vez?

"Sempre ao seu lado". É um ótimo filme, acho que até faria você ter alguma expressão além dessa de "quero matar todo mundo".

    Khalil  chuta Anthony novamente.

— Ei! Você que perguntou. — Anthony faz cara feia, limpando a calça.

    Khalil  olha para mim pela primeira vez na noite.

— Lorelei?

— Aparentemente — respondo.

— Nada de novo, então.

— Vocês não precisam falar da minha vida como se eu não estivesse aqui, idiotas. E a Lorelei não tem nada a ver com isso. — Anthony está claramente irritado com a nossa suposição, sua diversão de minutos antes se transformando em aborrecimento. — Você deve estar feliz com isso, Eros.

— Por quê?

— Você estava certo sobre ela, no final das contas. — Então ele se levanta e sai.

💎

    Eu sempre durmo cedo por um motivo: poder estar concentrado no trabalho no dia seguinte e dar o meu melhor. Mas como fui dormir às três da manhã depois de passar horas naquela boate e ainda levar Anthony para casa, meus olhos estão ardendo e sinto que logo terei uma dor de cabeça daquelas. É um milagre eu não ter acordado com enxaqueca, mas suponho que Deus quis me poupar disso.

    Eu não fui o único que chegou de madrugada em casa. Segunda-feira Genevieve saiu com Freya depois do jantar. Ela disse que tinha que ajudar uma amiga e Freya ficaria com Kavin. Eu obviamente me ofereci para ficar com a garota, mas Genevieve disse que Kevin não via Freya fazia um tempo, então as duas saíram. Eu já estava acordado quando Genevieve chegou às 05h, mas ela não demorou muito antes de sair de novo. Não acho que Freya estava com ela. Assim que saiu pela segunda vez, meu celular apitou com uma mensagem sua:

Vejo você na empresa. Levarei Freya para escola hoje.


    Então eu tomei café da manhã sozinho pela primeira vez em semanas. Eu sempre fiz isso, assim como sempre jantei sozinho também e nunca senti falta de nada. Mas ao ter começado a fazer as panquecas sorridentes de Freya, por ter esquecido que ela e sua mãe não estavam lá, percebi como me apeguei a essas duas. Acho que finalmente estou começando a entender a preocupação de Genevieve com sua filha passando tempo demais lá em casa apenas para ter que ir embora.

     O porém é que eu ainda não estou pronto para deixá-las ir.

— O que é isso no seu pescoço? — Faço uma careta para Kate. Eu a chamei pelo interfone.

— Um chupão. Você saberia se não fosse um homem das cavernas.

— Você saiu com um desentupidor de pia ou algo assim?

    Kate me ignora, sentando-se em uma das cadeiras.

— Quando isso aconteceu? — insisto. — Você não tinha essa coisa no seu pescoço ontem.

     Ela me lança um olhar que diz que sou um idiota. — Pare de bancar o irmão mais velho pra cima de mim, eu sou bem grandinha.

— Você tem 1,60 de altura, Kate.

    Kate semicerra os olhos.

— Você está muito engraçadinho hoje. O que foi, hein? Genevieve tirou você da sua miséria?

— Eu fiz o quê? — Invocada das profundezas, Genevieve entra no escritório. Ela estava com os estagiários.

       Eu dou um olhar a Kate.

— Nos chamou aqui para falar das nossas vidas sexuais? — minha secretária pergunta.

— Quê?

— Kate está apenas sendo dramática — e antes que minha amiga continue insistindo no assunto, acrescento: — Vai ter um baile beneficente domingo.

    Kate abre o tablet que trouxe consigo para provavelmente anotar isso na minha agenda.

— Eu não tenho um vestido para um baile de caridade — Genevieve diz. Se ela acha que vai se safar dessa só por isso, está muito enganada.

— Vamos ver isso. E Kate. — Espero ela erguer os olhos para mim. — Preciso que você vá.

— Por quê? Quer dizer, eu adoraria…

— Khalil  precisa de uma acompanhante.

— Absolutamente não. — De repente, toda sua postura muda. Eu já esperava sua recusa, para ser sincero.

— Kate…

— Não. Nem tente. Ele me odeia. E é recíproco, aliás, o que significa que isso não vai dar certo.

— É só um baile, não seja dramática.

— Minha resposta é não, Eros.

    Isso deveria ser fim de papo, mas eu realmente preciso que ela vá. Meus pais não vão poder ir, então meus irmãos e eu vamos para "representar a família". Anthony concordou em levar Lorelei, apesar de todo o drama envolvendo os dois, e eu vou com Genevieve. Então só sobra Khalil. Nosso pai vai fazê-lo ir e ele precisa de um acompanhante.

— Eu sei que isso não faz parte do seu trabalho, então não posso mandar você fazer isso — começo — mas estou pedindo como seu amigo.

— Não faça chantagem emocional comigo!

— Por favor…?

    Kate suspira, cruzando os braços. Ela está com raiva de mim, eu sei, mas eu não pediria se não fosse importante. Agora mais do que nunca precisamos parecer unidos para a Bijoux Prescott, para Adrien em particular. E Kate é uma das poucas pessoas que confio.

— Você tá me devendo uma — Kate resmunga.

— Obrigado. Você é a melhor.

— Hm. Bem, se vamos a esse baile idiota, temos que estar a altura.

     A mulher sabe dar seu preço.

    Abro a gaveta e entrego a Kate um dos meus cartões de crédito.

— Comprem o que precisar. Você sabe a senha.

    Genevieve está olhando de Kate para mim como se estivesse acompanhando uma partida de futebol. É engraçado.

— Eros é péssimo em dar presentes — Kate explica para ela. — Então toda vez no meu aniversário ele me dá esse cartão para que eu compre o que eu quiser. Ou quando ele faz algo idiota e quer se desculpar.

    Kate me dá um olhar significativo ao dizer a última parte.

— Mais alguma coisa?

— Não.

— Ótimo. Genevieve, vamos fazer compras no sábado. — Sem mais, ela sai da sala.

    Solto um suspiro, recostando em minha cadeira. Não foi tão difícil. Achei que Kate fosse resistir mais. Espero que com "comprem o que precisar", ela não compre uma adaga para enfiar no coração de Khalil.

— Vocês são estranhos — Genevieve diz de repente.

    Dou risada. Ela está certa.

    Quando trago meus olhos de volta para ela, encontro-a já olhando para mim. Hoje ela está usando um macacão azul, o cabelo preso em um coque alto com algumas mechas desalinhadas. Porra, ela está linda. Ela sempre está linda. Como que eu nunca notei isso antes? Quer dizer, eu não sou cego, eu a achava bonita, sim, mas de uns tempos para cá, há dias que eu não encontro palavras para descrever a beleza dessa mulher.

— Não me olhe assim — peço a ela. Eu disse para ela não demorar para dar sua resposta e mesmo que faça apenas três dias, é torturante não poder cobrir essa distância e beijá-la, ainda mais quando ela fica me olhando desse jeito, como se quisesse que eu fizesse exatamente isso.

    Aquela tensão de antes se transformou em antecipação. Me chame de convencido, mas eu sei que a resposta dela será "sim". Genevieve quer isso tanto quanto eu. Apesar disso, entendo sua reluta em aceitar. Não é tão simples, por mais que pareça. Trabalhamos juntos, estamos morando juntos. Mas mesmo assim, ainda acho que é a melhor opção para nós.

     Genevieve engole em seco, ficando de pé.

— Eu vou… ver os estagiários.

    Eu a observo sair e solto um longo suspiro.

💎

    Mais tarde, quando ela volta, está estranha. Ela  tenta disfarçar, mas está distante. Algo aconteceu durante o momento que ela esteve com os estagiários. Será que algum deles disse algo a ela? Ou talvez minhas palavras mais cedo a deixaram de mau humor?

— Tudo bem? — acabo perguntando. Digo a mim mesmo que é porque sou um bom chefe que se preocupa com a sua funcionária.

    Genevieve não responde. Na verdade, eu acho que ela não me ouviu. Está encarando algo em cima da sua mesa. Ela tinha entrado com um papel nas mãos.

     Fico de pé antes mesmo de perceber o que estou fazendo. Cubro os passos até sua mesa e paro na sua frente.

— Genevieve.

     Seu rosto se ergue, seus olhos um pouco arregalados.

— Desculpe. Você precisa de algo? — Rapidamente, ela puxa o papel que estava encarando para o próprio colo.

— Você está bem?

— Sim.

    Eu não acredito nela, mas não insisto. Duvido que ela vá me contar. Mas ainda assim, algo me faz hesitar. Eu sei que há coisas sobre ela que ainda não sei, mas se há algo que lhe preocupe acontecendo, eu gostaria que ela me contasse para que eu pudesse ajudar. Ela disse que somos amigos, certo? Tirando todas as coisas que amigos não fazem e que fizemos, acredito que realmente possamos fazer certo.

    Mas eu guardo meus pensamentos e apenas anuo, saindo do escritório.

    Eu fecho a porta e vou diretamente para a bancada, onde Kate está atrás, anotando algo.

— Aconteceu alguma coisa com a Genevieve? — pergunto a ela.

— Não que eu… Ah, um homem teve aqui há alguns minutos — Kate conta, suas palavras me deixando alerta. — Todo engravatado e pediu para ela assinar alguma coisa e lhe entregou um papel.

— Não sabe quem era o homem?

— Não, mas ele parecia com aqueles caras dos filmes que estragam intimações da polícia.

    Isso me passou pela cabeça. Genevieve cometeu algum crime e foi intimida?

    Eu quero voltar lá e perguntar novamente o que há de errado, mas não tenho o direito de exigir respostas dela. Tenho certeza que iniciaríamos mais uma discussão desnecessária. Tudo o que posso fazer no momento é esperar e ficar perto caso ela precise de mim.
    

💎

     Quando buscamos Freya na escola, a postura de Genevieve não mudou. Ela ainda está calada demais e muito tensa. Até mesmo Freya percebe. Geralmente quando Genevieve está pensando demais em algo ou está muito irritada comigo, ela esconde assim que vê a filha, põe um sorriso no rosto e age como se tudo estivesse bem. Dessa vez, porém, não há sorrisos nem perguntas de como foi o dia da garota.

     Então eu faço isso. Tento manter Freya distraída no caminho para casa, e em partes funciona, mas às vezes que olho pelo espelho, Freya está sempre olhando para a mãe como se esperasse que ela também participasse da conversa. O que não acontece.

    Quando chegamos em casa, Genevieve rapidamente vai para o quarto enquanto Freya e eu vamos colocar a ração dos cachorros. Depois disso, eu vou fazer o jantar e ela também me ajuda por um tempo até Genevieve gritar por ela do andar de cima.

    Eu passo os próximos minutos tentando me concentrar em não queimar a comida quando na verdade quero saber que diabos está acontecendo. Eu deveria ter insistido mais lá na empresa, ter perguntado quem era aquele homem engravatado de quem Kate falou.

     Eu acabei de terminar o jantar quando ouço um barulho vindo lá de cima. Parece um choro de criança.

    Eu não espero mais que isso para ir até lá.

    Quando entro no quarto, preciso de um momento para assimilar tudo. Há roupas jogadas na cama e algumas coisas no chão, como se Genevieve estivesse com pressa demais. Ela está de costas para mim, colocando essas roupas dentro da mala aberta em cima da cama, enquanto Freya está chorando, abraçando seu urso de pelúcia.

     Sinto meu batimento cardíaco acelerar. Elas estão indo embora? De repente? Por quê? O que aconteceu?
   
— Genevieve? — Entro mais no quarto, indo até ela. — O que está acontecendo?

— Nós estamos indo embora — diz simplesmente, sem olhar para mim, muito concentrada em colocar suas roupas e as de Freya dentro da mala. — Foi muito gentil da sua parte deixar a gente ficar aqui todo esse tempo. Obrigada.

— Eu n-não quero ir! — Freya soluça.

— Você não tem que querer.

    Encaro Genevieve, franzindo as sobrancelhas. Ela nunca é rude com Freya. Mesmo quando dá alguma bronca na garota, ela ainda é gentil e atenciosa. Isso é sinal o suficiente de que há algo muito errado aqui.

— Ei. — Tento tocá-la, mas ela se afasta, mesmo quando continua guardando as roupas. Suas mãos estão tremendo.

     Antes que eu fale mais alguma coisa, Freya avança e começa a tirar as roupas de dentro da mala.

— Pare com isso — Genevieve manda, mas Freya não lhe dá ouvidos. — Freya!

— Não! Eu não vou!

— Eu mandei você parar, cacete!

    Até eu mesmo paro com o tom da sua voz e com a forma que ela fala.

    Freya também, porque ela dá um pulo para trás. Genevieve começa a recolher as roupas, sem notar o olhar assustado da filha. Eu nunca vi esse olhar em Freya antes. Mesmo na noite da tempestade. Naquela noite Genevieve havia sido o porto seguro de Freya, como em toda sua vida, mas agora a garotinha está olhando para a mãe com medo.

     Eu resolvo interver antes que isso cause mais danos.

— Pare — peço, entrando na frente de Genevieve e segurando seus braços para fazê-la parar.

— Eu já tomei a minha decisão, Eros. — Quando olha para mim, vejo seus olhos úmidos. Eu havia confundido tudo até agora. Não é raiva que vejo em seu olhar, mas desespero. — Saia.

— Não. Me diga o que está acontecendo.

— Você não entende! — explode. — Você nunca vai entender, então me deixe ir!

— O que eu não entendo?

    Mas ela se solta, empurrando-me para o lado.

— Freya, vá pegar o resto das suas roupas.

    Sua filha balança a cabeça, apertando seu urso de pelúcia com força enquanto chora.

— Vá. Agora.

— Por que v-você tá fazendo isso?

    Eu não acho que a resposta de Genevieve vá ser gentil, então pego ela pelo braço e a arrasto para dentro do closet. Ela resmunga e bate em mim, mas eu não solto nem mesmo quando estamos no espaço pequeno e eu estou bloqueando a saída.

— O que você pensa que está fazendo?! — questiona, arfando.

— Eu te pergunto a mesma coisa, porra. O que deu em você? — Estou com raiva. Estou com raiva porque ela está descontrolada e está sendo uma cuzona com a filha.

— Não é da sua conta! Por que você fica se intrometendo na minha vida? Eu estou indo embora. Daqui, do trabalho, da sua vida… Você não precisa fingir que se importar ou sei lá o quê.

     Eu pisco. Ela está se demitindo também? Mas que caralhos?

— Agora saia da minha frente porque…

— Você está assustando-a — digo baixinho, saindo da sua frente para que ela possa ver Freya olhando para nós da cama, ainda chorando. — Ela está ficando com medo.

    Porque eu conheço aquele olhar, eu sei como ela está se sentindo e se as duas forem embora daqui agora com Genevieve nesse estado, Freya nunca mais vai esquecer esse dia.

    Quando olho para Genevieve outra vez, eu vejo que ela finalmente está percebendo isso também, como seu comportamento está afetando sua filha.

— Eu vou levá-la lá para baixo. Tente se acalmar até lá, ok?

    Ela não anue, mas também não começa a gritar, então vejo isso como um bom sinal.

    Eu vou até Freya.

— Vamos lá, pequena — murmuro, pegando-a no colo. Freya me abraça apertado e me deixa carregá-la.

— Por que a mamãe tava gri-gritando comigo? Eu vou ficar de castigo? A gente vai em-embora? Eu não quero ir embora, Eros — Freya funga, a voz frágil.

— Sua mãe teve um dia ruim, só isso. Vai ficar tudo bem. Você não precisa se preocupar.

    Eu não sei se ela acredita em mim, mas não diz mais nada. Os cachorros vem correndo de lá de fora quando chegamos na sala e eu ponho Freya no sofá. Eu coloco Scooby-Doo para ela assistir, prometendo que a gente vai assistir Miraculous mais tarde.

    Ela fica quieta mesmo quando os cachorros se aglomeram perto dela. Sinto um aperto no peito. Eu não gosto de vê-la triste. Nenhuma criança deveria ficar triste. Hoje devia ser só mais um dia normal, com ela brincando lá fora com os cachorros enquanto o jantar não ficava pronto.

     Quando volto da cozinha com seu copo de canudo com suco de laranja dentro e batatas pringles num pratinho, ela não está mais chorando, apenas encarando a tv.

— Fica quietinha aqui, tá bom? Eu vou ficar com a sua mãe um pouco. Se você precisar de alguma coisa, você chama.

     Freya anue, mas sem o entusiasmo de sempre.

    Reprimo um suspiro e beijo seus cabelos antes de deixá-la, subindo de volta para o quarto que ela divide com a mãe.

     Ainda está a mesma bagunça, com roupas e objetos espalhados, mas Genevieve não está tentando colocar mais nada na mala. Ela não está à vista, para falar a verdade e eu só a acho quando entro no closet, exatamente onde a deixei.

    Genevieve está sentada no chão, abraçando os joelhos enquanto lágrimas deslizam por suas bochechas rosadas.

— Ela está bem? — pergunta baixinho quando sento ao seu lado.

— Ela é uma garotinha forte, vai ficar bem.

    Eu observo ela esconder o rosto entre as mãos, balançando a cabeça.

— O que eu estou fazendo? — sussurra.

    Se ela não sabe, eu muito menos, mas não digo nada ao passar meu braço por seus ombros e puxá-la para mim. Genevieve não protesta, como achei que poderia fazer. Pelo contrário, ela enterra o rosto em meu peito e seus ombros tremem quando seu choro fica mais intenso.

    Eu não sei explicar porque meu peito está apertado e eu quero fazê-la parar de chorar e pôr de volta aquele lindo sorriso em seu rosto, mas é exatamente o que quero fazer porque não gosto de vê-la chorando. Principalmente quando não sei o motivo e como resolver. Sei que é algo relacionado a Freya. Ela só surtaria assim se tivesse a ver com a filha, mas o que seria? O que aconteceu para fazê-la querer ir embora e dizer que ia se demitir?

    Eu sei que não é hora de fazer essas perguntas, então eu apenas a abraço apertado, deixando ela saber que estou aqui.

💎

    Eu perco a noção do tempo que ficamos aqui, mas Genevieve parou de chorar em algum momento, mas não se afastou. Eu não sei se ela está acordada, para falar a verdade, mas eu permaneci de olhos abertos, fazendo carinho em suas costas para acalmá-la.

    Percebi que não vou impedi-la de ir embora se ela ainda quiser. Eu só não podia permitir que ela saísse naquele estado, com ela desesperada e Freya em pânico.

    Falando na garotinha, ouço o barulho dos seus pezinhos no piso e viro o rosto para vê-la parada no arco do closet, segurando seu urso de pelúcia e com os cachorros atrás dela.

    Freya não diz nada ao entrar no closet. Ela passa por cima das minhas pernas esticadas e se agacha na frente da mãe. Os cachorros tentam passar também, mas eu não deixo. Eu estava certo sobre Genevieve ter cochilado porque ela acorda com os choramingos dos cachorros e com Freya tentando se encaixar em seu colo. Ela é pequena, então consegue, abraçando a mãe.

     Genevieve se afasta um pouco, abraçando Freya de volta. Acho que ela volta a chorar de novo, mas não de um modo desesperado como antes. Ela parece aliviada ao sussurrar coisas para a filha.

— Eu sinto muito — é uma delas.

    Eu sei que esse momento é só delas, por isso digo a Genevieve que vou ver o jantar. Tecnicamente é verdade porque já deve estar frio. Eu chamo os cachorros para virem comigo, então deixo as duas.



     Eu resolvi guardar o jantar e pedir pizza. Toda criança quando está triste, se anima pelo menos um pouco quando sabe que o jantar será pizza. Khalil  e eu éramos assim. Sempre que nossos pais tinham alguma briga que dava para ouvir pela casa inteira, nosso pai aparecia depois para dizer que íamos comer fora, e sempre era pizza. Eu deixava minhas preocupações com meus pais de lado porque achava a pizza mais importante.

     Quando subi novamente para avisar a Genevieve sobre a mudança no cardápio, não entrei, mas ouvi risadas vindas do banheiro. Isso me fez sorrir pela primeira vez essa noite.

    Depois que avisei as duas, tomei um banho e desci a tempo de receber a pizza. As, na verdade, porque pedi duas.

    Genevieve e Freya estão descendo quando volto da cozinha com os pratos. Freya está no colo da mãe, e ambas parecem ter tomado banho também porque estão de pijama. Fico um pouco aliviado por não ver nenhuma mala com elas, mesmo que eu tenha certeza que Genevieve não iria embora de pijama.

— Meu Deus, isso é pizza havaiana? — Genevieve pergunta, um sorriso nos lábios. Eu me perco nisso por dois segundos.

— É, sim. — Sento-me no chão, perto da mesa de centro que hoje será a mesa de jantar.

— É o meu sabor de pizza preferido.

— Eu sei. Ouvi você comentar com Kate uma vez.

    Não olho para Genevieve, mas sei que ela está me encarando. Acho que ela não esperava que eu lembrasse disso ou que estivesse ouvindo quando uma vez Kate, ela e eu fomos juntos no mesmo carro para um evento da empresa e as duas não calavam a boca. Kate é obcecada por esses teste de revista, e uma das perguntas para saber que animal você era na vida passada, era o seu sabor preferido de pizza (eu sei, não faz sentido para mim também). Eu lembro de Genevieve dizer que o seu era havaiana.

    Isso foi há quase um ano atrás, mas ficou na minha cabeça.

    Genevieve senta ao meu lado e Freya senta em seu colo. Tenho a sensação que Genevieve não deixaria Freya ficar a um metro longe dela hoje.

— A gente vai assistir Miraculous? Você prometeu, lembra? — Freya vira para mim. Fico feliz em ver a animação de sempre em seu olhar.

— Lembro, sim, Spider. — Dou risada, mas ponho no desenho preferido dela.

     Quando passamos a comer pizza e a assistir, com Freya fazendo comentários e respondendo às minhas perguntas, eu quase me pergunto se o que aconteceu mais cedo não foi um delírio meu. Mas apesar de Freya não estar mais chorando, o olhar de Genevieve deixa claro que mais cedo foi real, sim. A preocupação vai além dos seus ombros, deixando-a tensa mesmo quando ela tenta relaxar por causa de Freya.

    Eu não sei o que dá em mim, mas entrelaço minha mão na sua sem pensar. Genevieve olha para nossas mãos unidas por um momento antes de erguer os olhos para mim. Tudo o que tem tentado esconder de Freya está bem claro para mim. Eu não sei qual exatamente o motivo da sua preocupação, apesar de ter certeza que envolve sua filha, mas não gosto de ver o azul do seu olhar assombrado com isso.

    Aperto sua mão, um gesto que espero dizer o que não posso falar: que ela pode contar comigo. Genevieve aperta minha mão de volta como se dissesse: eu sei.

    Nós voltamos a assistir antes que Freya e sua esperteza note algo.

💎

    No dia seguinte, tudo parece bem. Genevieve não fala sobre ontem, porém. Eu faço as panquecas de Freya, que me agradece com um enorme sorriso. Ela tem uma trança complicada no cabelo, que diz com muito entusiasmo que foi sua mãe que fez.

    A própria Genevieve está com o cabelo trançado, mas com um penteado mais simples que o da filha, apenas uma trança lateral com alguns fios escapando. Está linda, de toda forma. Eu não fico tão paranóico com ela estar usando uma calça jeans e uma blusa branca, porque depois de ontem, acho compreensível, apesar de eu ainda não saber o significado dessa cor para ela, apenas que usa em dias que não são bons.

— Para mim? — Suas sobrancelhas ruivas se erguem quando ela encara o prato com panquecas recheadas que fiz para ela.

— Você gosta de doce — digo apenas, ao invés de falar que achei que talvez um pouco de doce pudesse alegrar seu dia. Parece brega e cafona.

     Genevieve sorri, todo seu rosto se iluminando. É como um dia nublado indo embora e o sol finalmente iluminando tudo. Me deixa sem ar por um momento enquanto observo-a. Eu queria tanto vê-la sorrir que me esqueci de como isso é perigoso. Porque meu coração não deveria acelerar quando ela sorri ou eu ficar feliz por ela estar sorrindo por algo que fiz para ela.

— Obrigada — diz.

    Eu anuo, virando-me para a pia com a desculpa de lavar a louça.

    Fecho os olhos, balançando um pouco a cabeça.

    Que porra está acontecendo comigo?

💎

    Depois de um dia de trabalho tranquilo onde eu tentei ao máximo não encarar Genevieve, caso contrário eu não teria me concentrado em mais nada além dela, paro o carro na frente da escola de Freya e Genevieve desce para ir pegar a filha.

    Eu tomo esses minutos para respirar fundo, mas tudo o que sinto é seu perfume. Parece que não importa o que eu faça, sempre irei lembrar dela. Isso só me dá mais certeza que eu estava certo ao fazer aquela proposta. Ou melhor, solução. Precisamos fazer algo com essa tensão sexual reprimida, e logo. Eu estou começando a confundir meu desejo por ela com… outras coisas — que não fazem o mínimo sentido —, então precisamos transar logo para nos livrarmos disso.

    Demoro um pouco para perceber que já era para Genevieve ter voltado com Freya. Quando olho para a frente da escola, tenho a impressão de Genevieve estar discutindo com uma mulher. Ela é a responsável por chamar as crianças quando seus responsáveis chegam.

    Eu não vejo Freya com Genevieve.

    Já estou tirando o cinto de segurança e saindo do carro antes mesmo de registrar o pequeno sentimento de pânico que começa a brotar em meu peito.

— … certeza? Como você pode ter permitido isso? — Ouço Genevieve questionar a outra mulher. Eu posso estar errado, mas há um tom de desespero em sua voz.

— O que está acontecendo? Onde está Freya? — pergunto, parando ao lado de Genevieve e colocando a mão em suas costas.

    Quando a mulher ruiva olha para mim, eu travo no lugar com o pânico em seus olhos.

— Freya não está aqui. Alguém a levou.






💎

Ooooooooi. Oq foi esse capítulo???????

Meu coração partiu em mil pedacinhos com a Genevieve descontrolada 🙁

Provavelmente vcs ficaram com raiva dela, mas espero que entendam o lado da Genevieve antes julgar. Não é fácil ser mãe solteira, e falo isso como filha de uma.

Agora vamos falar do Eros todo preocupadinho com a Genevieve? Cada dia que passa eu me apaixono mais pelo Eros!

E esse final... Aiai, é cada coisa que acontece nesse livro...👀

Enfim, até sexta! Se eu não postar é pq tô cansada de assistir 4 jogos por dia 😂

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2bjs, môres♥

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