Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

²⁷|Bonecos de palito


    Ela está usando vermelho quando a encontro na cozinha no dia seguinte. A camisa de botões não está totalmente abotoada e vejo um lampejo do seu sutiã preto quando ela se inclina para pegar o pote de açúcar, com a mesma mão que usou para masturbar meu pau ontem.

    Porra, eu sei que ainda são 7h da manhã, mas eu passei a noite toda pensando no que fizemos naquele banheiro. Nem em todas as minhas fantasias ter meu pau em sua boca foi tão prazeroso. E o jeito que ela me olhou…

    Preciso parar de pensar nisso antes que cause reações… em um lugar muito abaixo.

— Bom dia — digo.

      Genevieve ergue os olhos, parecendo um pouco surpresa.

— Bom dia.

    Procuro evidências de constrangimento ou vergonha em seu tom, mas a mulher parece normal ao voltar sua atenção para o suco de laranja que está fazendo.

   Ontem, depois que saímos daquele banheiro, avisamos aos outros que estávamos indo embora. O caminho no carro tinha tudo para parecer estranho, porém, por mais que tenhamos ficado em silêncio durante o trajeto até a casa dos meus pais, não havia aquela tensão ou estranheza das últimas vezes que fizemos algo parecido com o que tinha acabado de acontecer. Genevieve ficou olhando para a janela, mas seus ombros estavam relaxados e um pouco antes de chegarmos para buscar sua filha, ela virou para mim e perguntou se podíamos passar no McDonald's.

    Tirando a parte que discutimos por um minuto sobre quem pagaria a conta, essa tranquilidade permaneceu. Não sei se devo me preocupar.

— Onde está Freya? — pergunto, pegando uma caneca no armário. Melhor começar por assunto seguro.

— Ela esqueceu algo no quarto, já deve estar descendo.

    Anuo distraidamente. A última vez que vi a garota foi nos braços da mãe, ontem, dormindo. Ela ainda estava acordada quando a buscamos, e falou sobre os biscoitos com formatos de bonecos que ela e meus pais fizeram. Cinco minutos depois ela estava estranhamente silenciosa, e quando olhei pelo espelho, ela estava dormindo, a boca aberta enquanto suas mãos seguravam a boneca da Barbie e o boneco do Homem-Aranha. Foi fofo.

— Dormiu bem? — pergunto a Genevieve ao me encostar na ilha ao seu lado após colocar café para mim em uma xícara. Vou beber um pouco antes de fazer as panquecas de Freya.

— Apaguei completamente assim que deitei. E você? — Ela olha de relance para mim antes de voltar para a jarra de suco.

— Também. — Meus olhos descem para a sua bunda e a calça preta, justa, que a cobre. Queria estar tendo outro tipo de café da manhã agora.

— Que bom, então.

    Olho para Genevieve novamente, para o sorrisinho em seus lábios. Não tenho vergonha de ter sido pego no flagra, principalmente porque além de não ter sido repreendido, seu sorriso me diz que ela gostou.

     Eu contenho meu próprio sorriso ao me afastar. O que quer que tenha feito ela mudar de ideia sobre agir de forma estranha após um momento… íntimo entre nós, eu agradeço silenciosamente.

    E é no mesmo silêncio agradável que começo a fazer as panquecas.

    Até eu ouvir barulho de passos rápidos.

— Freya, vou colocá-la de castigo se continuar correndo pela casa — Genevieve diz antes mesmo da filha aparecer na cozinha.

— Não sou eu que tô correndo, são os cachorros! — Freya grita. Eu rio um pouco. Ela acabou de se entregar porque pela sua voz dá para saber que ela correndo.

— Não sabia que os cachorros usam sapatos do Homem-Aranha — sua mãe argumenta.

    Freya chega a cozinha andando normalmente, mas se encosta no banco da ilha — que ela não alcança — com uma cara sofrida.

— Ai, cansei — resmunga, segurando um papel em sua mão.

    Genevieve suspira, balançando a cabeça, mas vai até a filha para ajudá-la a sentar.

— Bom dia, Spider.

    A garota olha para mim e sorri. Sempre que uma criança sorri para você, é como se você tivesse ganhado na loteria.

— Bom dia, Eros! — Não sei se já me ocorreu como acho fofo quando essa pequena criatura fala o meu nome.

   Freya tagarela sobre várias coisas enquanto espera pacientemente que eu termine o seu café da manhã. Eu tento acompanhar tudo o que ela diz, mas me perco algumas vezes. Genevieve, por outro lado, responde calmamente a tudo o que a filha diz, sem perder o ritmo do que está fazendo e ainda prestando atenção o suficiente para corrigi-la gentilmente quando a garota fala algo errado.

     Genevieve está fazendo perguntas de matemática — coisas básicas que coincidem com a série de Freya — quando ponho o prato com panquecas na frente da mais nova. Parece que ela está fazendo suas provas finais essa semana.

— Obrigada — Freya agradece.

     Eu me sento ao lado dela, de frente para Genevieve, que está mexendo no tablet. É da empresa, que usamos para fazer designs em formato 3D.

    A mulher não está usando trança nenhuma hoje, e sua filha está de rabo de cavalo.

— Ah! — Freya diz, batendo na própria testa. Ela pega o papel que deixou em cima da ilha, virado para baixo, e me entrega.

— Para mim? — pergunto, apesar de pegar.

     Freya anue ansiosamente.

    É um desenho. Primeiro noto as cores vibrantes do amarelo e do azul que pintam o sol e as nuvens, e mais abaixo, uma casinha daquelas que tem um triângulo como telhado. A casa é marrom e tem uns quadrados que presumo serem janelas. Ao lado da casa, há um boneco de palito. Um sorriso começa a se formar em meus lábios quando percebo que o boneco está usando terno. Ao lado deste, "segurando" minha mão, há um boneco bem menor com cabelo vermelho misturado com laranja. Acho que ela tentou achar o tom certo para os próprios cabelos e os da mãe, que está logo ao seu lado. Enquanto o boneco de Freya tem o que acho ser teias de aranhas no vestido, Genevieve está usando um lilás, com um laço no topo da cabeça, também "segurando" a mão da filha. Semicerro os olhos para as pequenas coisas entre nós até perceber que são os cachorros. O toque final são os corações rosas por toda a folha.

— Ficou lindo, Spider — digo a ela, segurando o desenho como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. — Obrigado. — Inclino-me para ela e beijo seus cabelos iguais aos da mãe.

— Você gostou mesmo? — Os olhos de Freya estão um pouco arregalados e suas bochechas, rosadas.

— Claro que sim. Eu vou até colocar em uma moldura.

— O que é isso?

— Sabe os porta-retratos? É tipo isso.

— Legal!

    Ela volta a comer. Eu, por outro lado, permaneço encarando o desenho. Tirando o meu trabalho, tenho certeza que ninguém nunca fez um desenho para mim antes. De alguma forma, esse simples papel parece conter algo especial. Freya me considera especial o suficiente para me incluir em seu desenho. 

    No livro que Genevieve me emprestou — ou eu roubei dela, tanto faz — há vários momentos em que a protagonista, Tara, diz que seu coração está "quentinho". Eu nunca entendi a expressão. Na verdade, achava bobo. Mas agora, olhando para esse desenho, acho que entendo.

    Quando ergo os olhos, o céu azul me encara de volta. Genevieve não diz nada, mas há algo em sua expressão. Algo que não consigo decifrar.

    💎

     Genevieve está silenciosa, sentada em seu assento. Eu sei que algo a está incomodando, mas não sei o quê. Será que ela não gostou que Freya me deu aquele desenho? Antes disso, ela estava normal.

    Eu tenho quase certeza que, se for isso, ela deve estar pensando novamente que Freya está se apegando a mim. Isso a preocupa… e a mim também, para ser sincero. Eu gosto muito da Freya, e fico feliz que ela se sinta à vontade lá em casa, mas também estou começando a temer sua reação quando ela e a mãe forem embora. Porque esse momento vai chegar, queira eu ou não.

    Eu nem deveria ser contra isso, para começar. Antes de eu envolvê-las nessa bagunça, elas já tinham uma vida, e eu já tinha a minha. Mesmo  que a presença delas tenha mudado algumas coisas. Para o melhor, é claro.

    Mas não sei se devo, ou como, dizer isso a Genevieve.

    Por isso não toco no assunto quando chegamos a empresa. Não nesse, pelo menos, a outras coisas que precisamos falar.

— Precisamos falar sobre ontem — digo assim que entramos no elevador.

     Genevieve me olha incrédula.

— Você quer falar sobre isso agora?

— Teremos que conversar sobre isso em algum momento.

— Sim, mas não precisa ser agora. Ou aqui.

    Olho para os números do andares, vendo que ainda faltam cinco para chegar no nosso. Então me aproximo de Genevieve, parando apenas quando estamos a um centímetro de tocar um no outro.

— Não é como das outras vezes — digo, minha voz baixa quando me inclino para um pouco mais perto. — Falaremos disso, nem que eu tenha que amarrá-la.

    Genevieve expira, um sorriso forçado se formando em seus lábios.

— Você é sempre tão encantador.

     Um sorriso também ameaça surgir em meus lábios, mas me contenho ao dizer:

— Acredite em mim, amor, eu serei tudo, menos encantador quando terminarmos.

    O elevador apita, impedindo que ela diga qualquer que seja a resposta esperta que ela tinha em mente.

    Eu me afasto para deixá-la passar pelas portas agora abertas do elevador, mas não a sigo quando ela sai.









   Quando o elevador para de novo, é o no último andar, onde fica o escritório do meu pai, e aonde tenho uma reunião com ele, segundo Kate me informou hoje de manhã.

    A primeira coisa — pessoa, na verdade — que vejo ao deixar a caixa de metal, é Khalil. Ele está de costas para mim, mas o reconheço porque além de ele ser meu irmão e termos crescido juntos, é a única pessoa na empresa que está usando jaqueta de couro preta e botas de motoqueiro.

    Eu não sei por que ele está aqui, mas quando me aproximo do balcão onde ele está se apoiando, inclinado para a mesa de Katrina que fica logo atrás, vejo um papel em suas mãos enquanto ele franze as sobrancelhas. A secretária de meu pai — uma mulher sem graça, se quiser minha opinião, com cabelos escuros e olhos atentos — está olhando para Khalil  e desviando os olhos de cinco em cinco segundos.

— O que veio fazer aqui tão cedo? — pergunto ao meu irmão. Eu não o vi mais depois que ele se separou de nós quando chegamos à boate ontem.

— Ver a sua cara é que não foi — responde sem sequer olhar na minha direção.

     Reviro os olhos, não sabendo por que me dei o trabalho de perguntar. Mas pelo menos ele não me ignorou. Suas respostas ácidas e seu humor sombrio são melhores do que o seu silêncio.

    Viro-me para Katrina, que agora está prestando atenção atentamente a nós dois.

— Bom dia. Meu pai já chegou? Ele marcou uma reunião.

— Bom dia, Sr Blackburn. O seu pai está à sua espera.

    Anuo, e não me despeço de Khalil ao seguir para a sala de nosso pai.

     Bato na porta, e entro no escritório já conhecido após ele permitir.

    Meu pai está sentado em sua cadeira, sua mão se movendo em cima de um papel enquanto ele escreve algo.

— Bom dia, pai.

— Bom dia, filho. Sente-se, já estou terminando aqui.

    Eu faço isso, meu humor hoje permitindo que eu não questione o motivo dessa reunião ainda.

    Isso me lembra das vezes que meu pai me chamava aqui para me dar um sermão após eu "aprontar" algo no colégio. Acho que ele pensava que seria mais intimidador fazê-lo aqui, do que em casa. E estava certo. Eu ficava nervoso sempre que ele me chamava em seu escritório. Não sei se era grande de mesa de carvalho ou o fato de meu pai estar sentado atrás dela, em sua cadeira de couro, mas fazia eu querer mijar nas minhas calças e prometer me comportar.

    Enquanto espero no silêncio do escritório, abro minhas mensagens. Kate me mandou os links de algumas matérias que saíram depois da noite de ontem, e eu dou uma rápida olhada nelas. A entrada de Khalil e Kate no evento não passou despercebida, ou que nós três estávamos acompanhados. Também não deixaram de fora a parte da tentativa de assalto. E provavelmente foi por causa desse último que ninguém deu atenção a minha "interação" com America.

    Não comentaram sobre o ocorrido envolvendo meu irmão e o Sr Febland.

    Meu pai suspira, aparentemente tendo terminado com os papéis. Ele larga a caneta, se recostando na sua poltrona.

— Decidi que vou vender a casa em Oak Park.

    Eu o encaro inexpressivamente sem piscar por cinco segundos, antes de expirar.

— Já estava na hora — digo. — Mas por que agora?

    Meu pai dá de ombros, seus dedos tamborilando em cima da mesa.

— Por que não? Vocês mal suportam estar lá quando vamos. Além disso, eu deveria ter feito isso há muito tempo, na verdade, mas… — Seu olhar muda para a vista da janela de vidro. — Uma parte minha ainda esperava que ela voltasse.

    Só existe uma ela que foi embora.

    Não deixo a surpresa transparecer em minhas feições, porém. Meu pai não fala de Olivia desde que deixei de fazer terapia na adolescência.

— Você queria que ela voltasse? — pergunto com cuidado.

— Não por mim. Eu esperava que ela se arrependesse por abandonar os filhos.

    Quero rir.

— E só depois de mais de vinte anos você percebeu que isso não aconteceria?

    Meu pai ignora minha resposta ácida.

— Você não tem nenhuma objeção contra eu vender a casa, então?

— Nenhuma. Falou com Khalil? — Quando meu pai anue, arqueio a sobrancelha. — Deixa eu adivinhar… Ele disse que por ele podia tacar fogo no lugar?

    Enrico solta uma risada.

— Algo assim.

    Ficamos em silêncio.

   Eu não menti, não me importo se ele vender, queimar ou derrubar aquela casa. Entendo que meu pai não quisesse vender porque achou que Olivia poderia voltar por mim e por Khalil, mas mesmo se ela voltasse, nenhum de nós se importaria com ela.

    Olhando para meu pai agora, me pego pensando como foi para ele também. Sua mulher o deixou, com dois filhos e um coração partido. Eu o admiro, porque, apesar de ele ter precisado dividir sua atenção com o trabalho, casa e a educação dos filhos, ele não falhou. E eu tenho certeza que meu irmão concorda comigo… apesar de tudo. Fora que, quando conheceu Carlota, assumiu o filho dela sem pensar duas vezes.

— O que deu errado? — pergunto de repente. Meu pai me encara com os olhos iguais aos meus. — No casamento de vocês. O que deu errado?

   Ele não fala nada por um momento, tanto tempo que eu cogito deixar para lá e sair, mas no fim, o homem suspira, o rosto envelhecido que mesmo depois de anos, ainda carrega os últimos resquícios da sua juventude.

— Nós éramos jovens. Ela ficou grávida dois meses depois que nós nos conhecemos. Nos casamos quando ela estava com seis. Às vezes eu costumava me perguntar se as coisas não teriam sido diferentes se tivéssemos sido mais cuidadosos, se não tivéssemos nos casado às pressas. — Ele faz uma pausa, os olhos perdidos em lembranças. — Principalmente porque depois… Depois que Khalil nasceu, Olivia teve depressão pós parto.

    Sento-me mais ereto diante das suas últimas palavras.

— Eu não sabia disso.

— Não havia porque contar, eu acho. O fato é que ela não suportava olhar para o próprio filho, nem ouvir ele chorar. Demorou pelo menos seis meses para que ela conseguisse segurá-lo por vontade própria. — Outra pausa. Eu tento imaginar como deve ter sido difícil para os dois. — Foi diferente com você, porém. Foi planejado. Não deveria fazer diferença, mas fez, e isso ficou nítido conforme vocês cresciam. Você era o príncipe dela.

    Encaro a mesa, lembranças dela me chamando disso vindo a minha mente. Eu me sinto culpado por ela me tratar diferente, por me amar mais. Khalil era seu filho tanto quanto eu, e eu odiava — ainda odeio — que ela tenha escolhido entre nós dois.

— Então as brigas começaram — meu pai continua, parecendo estar espiando o passado. — Às vezes brigávamos porque eu chegava tarde do trabalho ou porque esqueci de comprar algo no mercado. Eu sabia que ela estava me traindo. Eu sabia… e não fiz nada sobre isso. Pensei que ela se cansaria do caso que estava tendo, que escolheria nossa família. E quando ela foi embora… eu achei que ela voltaria, porque uma vez, ela sumiu por meses.

— Como assim?

— Você tinha três anos, então talvez não se lembre, mas acho que Khalil, sim. Ela só deixou um bilhete dizendo que ia visitar a irmã. E depois voltou meses depois como se tivesse ido fazer comprar no shopping. Eu sempre suspeitei que ela viajou com algum amante.

— E mesmo assim, você continuou com ela por mais três anos. — Não é bem uma pergunta, só estou meio incrédulo.

— Eu a amava. — Simples assim.

    Balanço a cabeça. Eu sei que não posso julgá-lo, mas acho que tudo tem um limite. Não sei como meu pai conseguiu suportar isso, saber que sua esposa o estava traindo, e se fazer de cego… porque a amava. Não sei se eu seria tão… apaixonado a esse ponto, já que assim que descobri sobre America e Noah, eu cortei laços com ambos. Talvez se ela e eu tivéssemos um filho juntos, as coisas poderiam ter sido diferentes… ou não. Não sei o que eu seria capaz de suportar por um filho. Tudo, eu imagino. Se Freya fosse minha filha…

    Paro o pensamento antes de concluí-lo. Desde quando eu comecei a pensar em Freya como minha filha?

— Bom, essa conversa foi muito emocionante, mas eu tenho coisas para fazer. — Fico de pé subitamente, e meu pai pisca, voltando sua atenção para mim.

— Vocês irão jantar conosco quarta-feira, certo?

— Nós? — Franzo as sobrancelhas, quase dizendo que não sei sobre os planos dos meus irmãos para quarta-feira a noite.

— Sim, você, Genevieve e Freya.

— Ah. — Tento não bater na minha própria testa, ao invés disso, coço minha nuca. — Eu não sei. Talvez Genevieve tenha outro compromisso.

— Hm… — meu pai murmura. — Uma pena. A Freya é realmente encantadora. Deveria levá-la mais vezes lá em casa. Sua mãe e eu estávamos pensando em decorar um dos quartos de hóspedes para ela. Com a ajuda de Genevieve, é claro. Acho que isso faria Freya se sentir mais a vontade.

     A culpa me acerta como um soco, mas forço meu rosto a permanecer inexpressivo. Eu não deveria esperar menos porque essas pessoas me criaram, foram e são os melhores pais que alguém poderia ter, então é claro que eles se ofereceriam para montar um quarto para Freya. Por que não, não é? Para eles, irei me casar com Genevieve, seremos uma família feliz e eles serão avós babões que vão amar mimar a neta. E talvez em algum conto de fadas isso fosse perfeito.

    Mas isso não é um conto de fadas, e eu sou um mentiroso.

— Claro. Eu vou… vou falar com Genevieve. — Pigarreio, tentando não deixar a culpa transparecer. — É… muito gentil da parte de vocês. Obrigado.

— Isso ainda não é nada. Você precisa ouvir todas as ideias que a sua mãe teve. Eu tive que pedir para ela ir com calma, e ainda recebi um sermão. — Meu pai ri, me tirando um sorriso também, apesar da minha culpa.

— Eu conheço bem a mãe.

— Pois é. Ah, eu queria lhe perguntar algo. — Eu espero. — Você pretende assumir a paternidade de Freya?

     A pergunta me pega totalmente desprevenido. Toda essa conversa, na verdade.

— Eu… Nós ainda não falamos sobre isso.

   Meu pai anue.

— Entendo. Apenas saiba que se decidirem fazer isso, vocês têm todo o nosso apoio.

     Porra, eu realmente não mereço os pais que tenho.

— Obrigado… de novo. — Pigarreio novamente, verificando meu relógio. — Eu tenho que ir agora.

— Sim, vá. Tenha um bom dia, filho.

— O senhor também.

     Eu saio do seu escritório o mais rápido possível.

   Não encontro Khalil quando passo por Katrina e mal dou um aceno a mulher antes de entrar dentro do elevador.

    A descida para o meu andar é rápida, mas não o bastante para fazer a culpa se dissipar. Eu realmente deveria contar a verdade aos meus pais. Não há porque enganá-los, na verdade. Eu sei que eles ficariam desapontados comigo se eu tivesse contado antes, mas entenderiam meus motivos. Eu os teria poupado disso. Eles estão se apegando a Freya, sendo que só viram a garota duas vezes. A felicidade não dita de meu pai é esmagadora, e o quanto eu vou decepcioná-lo… a Carlota…

    Passo minha mão pelo rosto, e respiro fundo antes de sair do elevador.

    Kate, atrás da sua mesa, me avista assim que saio. Ela olha uma vez para mim e para de digitar no computador.

— Quem eu preciso matar? — questiona.

— A mim.

— Ah, isso é fácil.

    Dou um olhar sem emoção para ela ao parar na sua mesa. Suas canetas coloridas estão espalhadas em cima de uma revista de testes. Eu pego uma de cor laranja.

— A reunião com o papai foi tão ruim assim? — pergunta, jogando os pés calçados em saltos vermelhos em cima da mesa e entrelaçando as mãos no colo.

— Não exatamente. Só… — Faço um sinal aleatório com a mão. Eu nem mesmo sei porque estou falando com ela sobre isso. Kate é minha melhor amiga, sim, mas nós dois sabemos que me abrir não está entre as minhas melhores qualidades.

— Hm… Você só tem duas reuniões hoje. Devo cancelar?

    Giro a caneta entre meus dedos algumas vezes. Cancelar minhas reuniões e passar o resto do dia me sentindo ainda mais culpado, ou me enterrar no meu trabalho?

— Meu Deus, eu consigo ouvir seus pensamentos — Kate lamenta.

— Então sabe a resposta.

— Hm. — Ela abre a última gaveta da sua mesa e tira de lá uma garrafa de whisky e um copo. Ela põe uma dose e me entrega. — Vai precisar disso.

— Você sempre sabe como melhorar o meu dia — ironizo, mas viro o copo na boca. A bebida desce queimando.

— Eu sou a Super Kate por um motivo. — Com um sorriso convencido, ela pega o copo de volta e guarda junto com a garrafa.

    Faço uma careta.

— Você acabou de apelidar a você mesma?

— Alguém tinha que fazer, e como sempre, sobra para mim.

    Balanço a cabeça, colocando a canetinha de volta onde achei.

— Vou trabalhar porque alguém tem que fazer.

— Uau! Eros Blackburn está sendo engraçado, galera! Venham ver esse milagre!

— Eu ainda vou demitir você por conduta imprópria — digo, já me dirigindo para a minha sala.

— Faça isso, mas saiba que ninguém mais irá à sua casa às três da manhã porque você achou que perdeu o celular.

— Eu estava bêbado.

— Isso é ainda pior, seu idiota.

    Eu fecho a porta na sua cara, mas estou sorrindo um pouco.

    Super Kate, de fato.

💎

    Perto das 14h30, já estou impaciente. Genevieve e eu precisamos decidir alguns detalhes para a reunião, mas a mulher não está no escritório. Pedi para Kate checar se Genevieve  estava com os estagiários, onde ela geralmente está, mas não foi o caso.

    Depois de dez minutos aguardando impacientemente, deixo o escritório e vou eu mesmo atrás dela. Não deixo de notar que, das duas últimas vezes que ela "sumiu" assim, eu tive que buscá-la naquele apartamento. Pelo menos eu sei que ela veio para a empresa já que viemos juntos, e sei que ela não saiu porque sua bolsa estava em sua mesa.

    Eu vou na sala dos estagiários mesmo Kate tendo dito que Genevieve não estava lá.

     Eu já estou planejando ver as malditas câmeras de segurança quando passo pela sala de reuniões e vejo a porta entreaberta. Ninguém deveria estar usando essa sala agora, mas eu não irei me surpreender se encontrar Genevieve aqui. Ela já fez isso antes quando eu a irritava demais e ela queria ficar sozinha.

    Porém, quando entro na sala, ela não está sozinha. Ou trabalhando.

     Não, não há nada profissional na forma que Tobias está encarando Genevieve, tão perto dela que eu sei que devem estar compartilhando a mesma respiração. E eu não gosto nenhum pouco disso, ou como ele está sorrindo para ela.

    E eu perco a paciência de vez quando ele estende a mão para acariciar o rosto de Genevieve.

— Parece que está acontecendo uma reunião, a qual não fui convidado — digo, cruzando os braços na frente do corpo quando os dois me encaram.

    

💎

Olá, como vcs estão? Feliz Natal atrasado!

Esse capítulo pode ter sido um pouquinho chato, mas foi importante e eu amei escrever, principalmente a cena da Freya entregando o desenho. E eu amo as cenas da Kate e do Eros, pq me divirto muito ksksks

Enfim, espero que tenham gostado❤️

Tudo certo p capítulo de sexta💋
   

    Votem
Comentem
Compartilhem
E me sigam aqui e no Instagram
Meu perfil: autora.stella
2bjs, môres♥

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro