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¹⁹|Batata, cenoura e berinjela

    — Mamãe. — Freya cutuca minha bochecha. — Mãe, acorda. — Não contente, ela começa a me sacudir. — Mamãããe.

    Suspiro, abrindo os olhos e encontrando-a sentada quase em cima de mim.

— Shiu, ainda não acordei.

— Mas…

    Puxo-a para um abraço, começando a lhe fazer cócegas. Freya dá gritinhos e ri, tentando se afastar. Eu não poderia viver sem a risada dela. Apenas ouvi-la e saber que ela está bem e segura, acalma meu coração.

     Eu paro de fazer cócegas nela, ficando com dó, e apenas a abraço, beijando seus cabelos que parecem ter passado por um furacão.

— O que você quer? — pergunto.

— Eu estou com fome. Posso descer para tomar café?

— Que horas são?

    Eu não sei onde está meu celular. Freya olha para o relógio na parede e seu rosto fica vermelho.

— Eu não sei como ler as horas ainda — diz.

— Tudo bem. Eu não sabia até ter oito anos. Depois eu ensino a você, ok? — Ela anue animada. Olho para o relógio outra vez. — Por enquanto… são oito horas e doze minutos. Você já escovou os dentes?

— Sim. Olha. — Freya me mostra seus dentes, muito orgulhosa.

— Uau. Muito bem. Agora vá pegar a escova e vamos dar um jeito nesse cabelo.

    Freya faz isso com muita rapidez, então sento-me na cama e começo a desembaraçar seu cabelo.

    Estou aliviada que ela não perguntou porque vim dormir com ela depois que falei que dormiria com Eros. Também estou grata que ninguém tenha citado o noivado na frente dela. Eu expliquei que passaríamos o final de semana com a família de Eros, mas não consegui achar uma forma de contar a ela que Eros e eu somos noivos de mentira e ela não poderia contar a ninguém. Muito menos deixar ela acreditar numa mentira. Já vai ser ruim quando formos embora, então ter que explicar que eu nunca vou me casar com Eros? Não mesmo.

    Eros. Deus, minhas bochechas ficam quentes só de pensar nele. De lembrar o que fizemos na noite passada. Onde eu estava com a cabeça? Confesso que bebi um pouco, mas não estava bêbada, eu nunca me colocaria nesse estado na presença de Freya. O que significa que não tenho desculpas para o meu comportamento.

    "Deixa eu adivinhar… é o que os amigos fazem?" A voz de Eros ecoa na minha cabeça. Talvez eu tenha uma justificativa, mas nós sabemos que eu não… me toquei na frente dele apenas porque queria distraí-lo. E aquilo sobre sermos amigos? As pessoas pedem para seus amigos se masturbarem na sua frente? Provável que sim, mas essa não é a minha definição de amizade. Eros e eu não somos amigos. Ele é o meu chefe.

    Eu vi o pau do meu chefe.

    Eu toquei no pau dele.

    Ele gozou nos meus peitos.

    Ele me viu nua.

— Ai! — Freya grita de repente, massageando seu couro cabeludo.

— Desculpe! — Rapidamente largo a escova antes que eu arranque todos os seus fios de cabelo sem querer.

     Faço uma trança simples no cabelo de Freya e mando-a ir tomar café. Quando ela sai correndo do quarto, me jogo na cama e cubro meu rosto.

— Eu quero morrer — digo em voz alta, a vergonha já me matando.

— Bem-vinda ao clube — Kate diz da outra cama. Eu estava em dúvida se ela estava acordada. Provavelmente Freya e eu a acordamos.

    Minha amiga sai da cama que eu estava e vem se deitar comigo. Ela literalmente põe a cabeça no meu peito e passa a perna por cima da minha, me abraçando.

— Ressaca? — pergunto, alisando seu cabelo. Kate anue.

— Você tem peitos macios.

    Dou risada ao mesmo tempo que meu rosto vira um pimentão.

— Você e o nosso chefe têm uma obsessão por eles.

    Kate não diz nada por um momento, então ela está apoiada em seu cotovelo e olhando para mim, seu rosto com uma marca de travesseiro.

— O que você quer dizer com isso? Vocês…?

— Não. Mas aconteceu… outras coisas.

— Quê? Que coisas? Eu quero detalhes!

    Cubro meu rosto novamente, porque não acredito que vou dizer isso em voz alta.

— Eu vi o pau dele, Kate. Ele é o meu chefe, e eu vi o pau dele! Eu vou me demitir. Eu não posso olhar na cara dele nunca mais. E nem é por causa da pau dele, mas porque ele me viu nua! Tipo, totalmente pelada. E teve outras… coisas. Oh, meu Deus, eu quero morrer.

    Kate tira minhas mãos do meu rosto.

— Detalhes — diz simplesmente.

    Eu solto um longo suspiro e conto a ela o que aconteceu. Eu faço isso com os olhos fechados porque estou com muita vergonha e também porque é estranho falar disso com Kate. Ela é a melhor amiga de Eros. Mas nesse momento ela só parece uma tarada.

— E aí você só saiu e deixou ele lá? — pergunta com a maior naturalidade como se não tivesse feito eu mostrar qual o tamanho do pau do seu melhor amigo.

— O que você queria? Que a gente dormisse de conchinha? Eu entrei em pânico, ok? — Encaro o teto. Eu realmente fui beber água, mas nunca tive a intenção de voltar para o quarto de Eros. Ao invés disso, vim direto para cá e me obriguei a dormir.

— O que você vai fazer agora? — Kate se deita ao meu lado novamente e nós duas encaramos a pequena mancha no teto. Pelo menos é o que eu estou fazendo.

— Além de comprar uma passagem para o México e mudar o meu nome?

— Sim.

— Não sei. Isso nunca deveria ter acontecido. Vamos agir como se realmente não tivesse. Como sempre…

    Porque também nunca falamos sobre todos os outros momentos. Ontem foi, de fato, o mais longe que chegamos, mas também foi apenas mais uma coisa para adicionar a nossa lista de assuntos não falados entre nós.

    Kate suspira audivelmente e eu espero ela falar, mas ela permanece calada.

— Você parece ter uma opinião — sugiro. Imediatamente, Kate vira para mim e eu para ela.

— Já que você insiste… — Reviro os olhos para seu sorrisinho. — Eu acho que vocês dois estão fazendo tempestade em copo d'água. Vocês são dois adultos, podem lidar com essa situação como tal, ao invés de arrastar a merda para debaixo do tapete.

— Ele é o meu chefe, Kate. E eu estou morando de favor na casa dele. Se continuarmos com isso…

— Estabeleça limites. Ponha regras. É inegável que sentem atração um pelo outro, ignorar esse fato não vai facilitar as coisas. Você tem duas opções aqui. — Ela ergue um dedo. — Tirá-lo do seu sistema. — Ergue outro. — Ou saciar o seu desejo. Se você quer uma batata, coma essa batata e mate a sua fome. Fim de história.

— E se eu gostar demais da batata e só quiser comer isso?

— Então eu te apresento a cenoura e a berinjela. O que não vai faltar é verdura na sua horta.

    Balanço a cabeça, voltando a deitar de costas. Há falhas nessas duas opções. Eu tentei tirar Eros do meu sistema com Bruno e tudo o que consegui foi agir impulsivamente e magoar meu amigo no processo. Nem sei se ele ainda quer ser meu amigo depois de tudo.

    E a segunda opção… É muito arriscado. Além de ser o que nós dois temos evitado. Se cruzarmos essa linha em específico, não terá mesmo volta. Eu terei transado com o meu chefe. Isso é totalmente inapropriado e pode prejudicar nossa relação no trabalho. E se ele me demitir? Se achar que não podemos mais conviver profissionalmente?

— São apenas oito da manhã, não torre seu cérebro com isso — Kate fala, parecendo ler meus pensamentos.

    A porta do quarto é aberta e Lorelei adentra o cômodo. Ela parece estar tão na pior quanto nós, com uma carranca enquanto segura a cabeça.

— Bom dia — resmunga, deitando na cama que Kate estava.

— Bom dia. A noite foi boa? — Kate, é claro, pergunta.

— Eu estou com cara de quem teve uma noite boa?

— Então você não deu uns pegas no Anthony?

    Lorelei solta um suspiro.

— Não, Kathryn, eu não dei "uns pegas" no filho mais novo do meu superior.

    Kate faz uma careta.

— Jesus, não me chame assim nunca mais.

— Khalil  te chama assim. — Arqueio a sobrancelha, pois não a vi repreendê-lo.

— Khalil  é um pé na minha bunda. E um idiota. Se eu pedir para ele parar de me chamar assim, ele vai continuar só para me estressar. — Ela se volta para Lorelei. — Por que não rolou nada entre você e o Anthony? Vocês dormiram na mesma cama, né?

— Dormir na mesma cama não signicava sexo, Kate — Lorelei rebate.

    Kate não parece abalada que Lorelei quer tudo, menos ter essa conversa. Na verdade, ela parece bem acostumada com a outra mulher.

— Hm. Já que estamos falando disso…

Não estamos falando disso…

— Quando você vai dar uma chance ao Anthony?

— Por que tenho que dar uma chance a ele? Já passou pela cabeça de vocês que eu não gosto do Anthony?

     E por que o universo odeia as mulheres presentes neste quarto, a porta se abre nessa hora, revelando Anthony.

    Nós três olhamos para ele e qualquer esperança que eu tinha de ele não ter ouvido a última parte da conversa, morre quando vejo a mágoa na expressão de Anthony.

    Ninguém fala por um momento, mas Anthony pigarreia e adentra um pouco mais o quarto, colocando um celular na cômoda.

— Você esqueceu isso.

    Sem olhar para nenhuma de nós, ele sai, fechando a porta.

— Feliz? — Lorelei lança um olhar fulminante para Kate, então fica de pé, pega seu celular e se tranca no banheiro.

❦︎

    Pode me chamar de covarde, mas eu agradeci quando entrei no quarto e não encontrei Eros. A cama estava arrumada, mas nenhum sinal dele em canto algum do cômodo.

    Eu aproveitei para tomar banho e talvez tenha demorado mais tempo que o necessário, até tomar vergonha na cara e sair. O tempo está se fechando, o que significa nada de piscina, por isso visto um conjunto florido — uma regata e um short — e deixo meu cabelo solto para poder secar, já que lavei.

     Quando desço, meus passos são hesitantes. Faz quase uma hora que Freya desceu, o que significa que todos já deveriam ter tomado café e ir fazerem suas coisas, mas consigo ouvir as vozes de todos lá.

     Respiro fundo e ponho uma expressão tranquila no rosto quando entro na cozinha.

— Bom dia — digo a todos, mas sem olhar para alguém por muito tempo. Evito principalmente Eros.

    Depois que todos me cumprimentam de volta, sento ao lado de Freya porque ela é a pessoa mais segura no momento. Nem mesmo me sinto mal por usá-la como escudo.

    Eu sei que Eros está em algum lugar perto, provavelmente me encarando — ou minha cara pegando fogo tenha a ver só com a minha paranóia de vergonha — então eu não levanto os olhos da mesa por uns bons minutos, apenas ouvindo todos à minha volta e conversando com Freya.

    Apesar de tudo, estou feliz que todos tenham sido gentis com ela. Até mesmo o Khalil. Não fazemos parte dessa família, mas foi interessante ver de perto como eles funcionam. Eu já sabia que Anthony e Eros implicavam sempre um com o outro, mas é engraçado ver eles fazendo isso na frente dos pais e Enrico repreendendo-os por falarem palavrão. Ou como todos respeitam o silêncio de Khalil, mas sem parecer que o estão ignorando, apenas lhe deixando quieto em seu canto, porque sua presença já é o suficiente para eles.

     E tem a Kate. Eu ainda não tinha visto de perto a dinâmica dela com a família. E percebi que Kate é da família. Eros é o irmão mais velho para ela, protetor e mandão. Anthony é o irmão gentil e brincalhão, que junto com Kate, faz Eros perder facilmente a paciência. E Khalil… Ele age como se quisesse colocar Kate dentro de um potinho e trancá-la em um lugar que ninguém acharia.

— Por que você está rindo de mim? — Kate, sentada do outro lado da mesa, franze as sobrancelhas.

    Balanço a cabeça, tentando parar de rir.

— Nada. — Eu só estava imaginando você dentro de um potinho, batendo no vidro e gritando com Khalil, enquanto ele fuma um cigarro e te observa morrer sem ar.

    Kate não parece acreditar, mas prefere comer suas rosquinhas.

     Foco em colocar o café de Freya porque aparentemente, ela não quis comer até eu descer, apesar de ter dito que estava com fome. Sinto-me culpada por fazê-la esperar por quase uma hora. Meu Deus, eu sou uma péssima mãe.

— Você quer iogurte ou suco de laranja? — pergunto à minha filha.

    Freya fica pensativa e depois aponta para a jarra de suco. Eu imaginei que essa seria sua escolha, mas é sempre bom perguntar.

    Meus olhos me traem e eu encaro Eros. Ele já está olhando para mim, o que é desconcertante. Eu sei que não estou imaginando o seu olhar aquecido, como se estivesse lembrando de tudo o que aconteceu ontem a noite. Como eu estou. Sua boa é aquela em que eu gozei; debaixo da sua camisa azul, está o peitoral estruturado que eu queria ter lambido. E mais abaixo, o seu pau. Eu definitivamente nunca vou esquecer o seu pau. É muito estranho achar um pau bonito? Eros tem um pau bonito e eu queria ter tido a oportunidade de colocá-lo na minha boca…

— Mamãe — Freya sussurra, cutucando meu ombro.

— Oi. O que foi? — Desvio minha atenção de Eros.

    Freya olha para minha mão e eu também.

    Certo, o suco. Eu estou segurando a jarra igual uma idiota.

    Corando, ponho a bebida no copo. Será que ele pode ver a cor flamejante das minhas bochechas agora? Eu definitivamente não tenho vergonha na cara. Pensar no pau de Eros com a sua família à nossa volta? Com a minha filha do meu lado, pelo amor de Deus! Eu estou perdendo o juízo completamente. Sério, eu literalmente estou perdendo o controle dos meus pensamentos…

      Pisco para a sensação gelada em minha mão e depois arregalo os olhos para o suco transbordando no copo.

— Cacete! — digo, alto o suficiente para até Deus ouvir lá do céu. Eu falei palavrão em uma mesa do café da manhã, com a minha filha presente. — Porra, desculpem. — Fecho os olhos. Acabei de falar dois palavrões. — Merda, er…

    Merda também pode ser um palavrão, Genevieve.

— Freya, você não ouviu essas palavras da minha boca — digo, enquanto todos riem, inclusive a minha filha.

— Tá bom, mamãe.

    Sabendo que já bati minha meta de constrangimento para uma vida toda, peço desculpas a todos e principalmente a Enrico e a Carlota pela toalha. Felizmente é só suco, então estou decidida a lavar assim que todos terminarem de tomar café, mesmo que Carlota tenha dito que não foi nada.

     Eu não olho para o outro lado da mesa, apesar de sentir uma constante queimação do lado esquerdo do meu rosto.

❦︎

    Eros, Enrico, Khalil  e Anthony fizeram o almoço. Parece que todos os homens Blackburn sabem cozinhar, graças aos pais. Carlota contou que sempre gostou de fazê-lo e que foi assim que conheceu Enrico: ela trabalhava em um restaurante italiano e Enrico era muito amigo do chefe e às vezes ia lá para cozinhar. Um certo dia ele a chamou para sair e estão aqui hoje.

    Carlota continuou nesse restaurante, tornou-se chefe de cozinha, uma das mais conhecidas da cidade. Ela ainda trabalhava lá até um ano atrás, quando decidiu se demitir. Segundo ela, foi um ciclo que se fechou. Mas enquanto ela falava, o seu sorriso nostálgico me fez duvidar que era isso mesmo que ela queria. Não a estou chamando de mentirosa, mas é difícil de acreditar que uma mulher tão determinada como ela teria largado sua profissão dos sonhos quando ainda podia fazer muitas coisas.

     Mas talvez ela só estivesse cansada e eu estou aqui tentando me entreter com a vida dos outros porque a minha está um caos.

    Falando em caos…

— Está me evitando de novo — Eros diz quando nos esbarramos no corredor.

— Eu estou? — Encaro a gola da sua camisa para não ter que encarar seus olhos.

— Genevieve.

    Ele disse meu nome ontem como uma súplica e eu ainda posso sentir os resquícios do que isso fez comigo ao ouvi-lo dizer de novo.

— Precisamos falar sobre isso — Eros completa.

     Ergo o rosto, finalmente encarando-o. Sua mandíbula está tensa, seus ombros também.

— Não hoje. — Olho por cima do ombro, para Carlota, Kate, Lorelei e Freya na sala. Volto-me para Eros. — Não aqui.

     Ele olha para elas por alguns segundos antes de assentir.

— Vamos falar sobre isso quando voltarmos — É o seu ultimato.

❦︎

      O tempo apenas se fechou mais com o decorrer do dia, então almoçamos na sala de jantar. A comida que os Blackburn fizeram estava realmente boa. Tipo, divina. Meu pai certamente nunca pisou na cozinha da minha antiga casa, muito menos ficou na frente do fogão, então é muito admirável que além de Enrico e os filhos terem feito isso, a comida ficou realmente deliciosa.

     A sobremesa é nada mais, nada menos que o bolo de aniversário de Enrico.

— Você não achou que não ia ter bolo, não é? — Carlota pergunta ao marido.

— Você jamais me deixaria passar por isso sem um. — Aparentemente, ele não queria ser lembrado que é o seu aniversário, nem parabéns ou o bolo, mas não parece chateado ao dar um beijo na esposa. 

    Quando todos nós nos sentamos outra vez, Enrico continua de pé, segurando sua taça.

— Eu queria agradecer a vocês por estarem aqui hoje — começa, olhando para todos na mesa. — Eu não ligo muito para o meu aniversário, mas dessa vez fiz questão de passá-lo com vocês, minha família e a nova família. — Ele diz isso para Lorelei, Freya e eu. — Todos nós temos momentos preferidos e os meus são sempre os que passo na presença dos meus filhos e da minha esposa, então estou muito grato que estejamos todos aqui hoje. Foi muito importante para mim ter esse momento com vocês.

     Seus filhos vão abracá-lo e eu me vejo feliz que Enrico tenha conseguido seu maior presente de aniversário: que sua família estivesse aqui aqui.

❦︎

    Logo após o almoço, o céu começou a desmoronar. Eros disse algo sobre ser apenas chuva de primavera, mas o vento forte está sacudindo as árvores e a porta dos fundos bateu tão forte que é um milagre as dobradiças terem resistido. Isso tudo leva a conclusão de que não voltaremos para casa hoje. Estava planejado para que saíssemos no final da tarde, mas com esse tempo, todos acharam mais seguro ficar aqui.

     Então agora estamos sentados na sala, com a lareira acesa, jogando conversa fora. Eu tento não mostrar minha inquietação e distraio Freya com jogos. Também escolhi não beber mais, diferente de Kate. A mulher faz todos os tipos de drink possível para todos, me fazendo questionar se ela já trabalhou em algum bar ou algo assim, porque essa é uma habilidade interessante.

     Lorelei e Anthony não estão se falando. Eu não os vi interagir desde aquele momento no quarto. Talvez ninguém fosse reparar caso Anthony não estivesse bebendo. Muito. Ele provou todos os drinks que Kate fez. No início eu achei que ele estava só brincando e zoando ela, mas estou começando a achar que ele quer ficar bêbado de verdade. Eu não conheço Anthony o suficiente, mas tenho certeza que esse não é um comportamento constante. Principalmente porque Eros não parece nada feliz enquanto observa o irmão.

      Eu fico esperando ele intervir, mas ele não faz nada. Não sei se isso é bom ou ruim.

     Paro de tomar conta da vida dos outros quando meu celular cai das mãos de Freya. Ela está deitada com a cabeça em meu colo e eu dei meu celular para ela jogar um pouco depois que fiquei sem ideias para jogos de adivinhação.

     Pego meu celular e depois levanto a cabeça de Freya para eu poder levantar. Assim que pego ela no colo, a mesma diz, com a voz sonolenta:

— Eros pode me colocar pra dormir hoje?

     Eu travo no lugar por um segundo porque ela nunca pediu isso antes e porque não sei o que dizer.

     Felizmente, Eros está perto o suficiente para ouvir e fica de pé.

— Agora é oficial: ela gosta mais de mim do que de você — murmura para mim.

    Reviro os olhos.

— Idiota.

    Deixo Eros pegá-la e ela rapidamente o abraça, apoiando o rosto no ombro dele.

— Boa noite, querida — sussurro.

    Freya boceja algo e presumo ser "boa noite, mamãe", antes de virar o rosto e Eros levá-la. Ela parece ainda menor nos braços dele.

     Eu fico observando os dois subirem a escada e sumirem no corredor, antes de voltar a me sentar no sofá.

— Nunca pensei que Eros fosse tão bom com crianças — Carlota observa.

— Sério? — Franzo as sobrancelhas.

— Sim. Ele odeia quando as crianças ficam no pé dele no Natal.

— Ele é do tipo que faz as crianças chorarem, é o que Carlota está dizendo — Kate explica. — Esse Eros gentil e paternal que você conhece? É novidade pra gente.

    Dou uma risada fraca, olhando para as escadas de novo como se pudesse vê-los.

— Ele foi gentil com Freya desde o primeiro momento — conto a eles. — Nem o pai dela a trataria com tanto carinho. — Eu não sei porque raios digo isso.

— Quem é o pai dela? — Lorelei pergunta.

— Alguém que não merece ser chamado assim. — A frieza em minha voz poderia congelar a sala. Precisando respirar, forço um sorriso ao ficar de pé. — Eu vou beber água. Alguém quer alguma coisa?

     Todos negam. Ótimo, não queria trazer nada mesmo.

    Eu não queria ter sido grossa com Lorelei. Eu quem falei do pai de Freya, óbvio que alguém perguntaria e não me surpreende que tenha sido ela. Seu trabalho é lidar com notícias, afinal. Mas ainda assim não me arrependo de ter cortado o assunto tão rapidamente, mesmo que pareça um pouco suspeito e intrigante.

    Na cozinha, bebo um pouco de água e me encosto no balcão.

    Eu não posso continuar assim. Com Eros. E o que estou querendo dizer é que esse noivado falso tem que acabar. Eu achei que a situação não podia piorar, mas o apego de Freya com Eros ficou bem claro nesse final de semana. Eu sei que ela vai sofrer quando formos embora e eu não sei se vou saber lidar com a situação caso não intervenha logo.

    Ainda está chovendo muito, mas eu saio na varanda mesmo assim, fechando a porta para que não bata.

    E quase morro do coração ao encontrar Khalil.

— Porra! — exclamo, levando a mão ao coração. — Você me assustou.

    Khalil, apoiado no muro da varanda, assopra a fumaça do seu cigarro enquanto me encara com seus olhos frios.

— O que você está fazendo aqui fora? — Aproximo-me, abraçando meu próprio corpo. A chuva cai violentamente, mas graças a proteção da varanda, a água não nos alcança.

— O que você está fazendo aqui fora? — Arqueia a sobrancelha.

— Justo.

    O silêncio cai e eu olho em volta. Deve ter sido legal ter crescido aqui, com todo esse terreno para brincar. Quando eu era criança, não brincava muito ao ar livre. Meu pai sempre fazia questão que Emma e eu tivéssemos a melhor criação, então tínhamos aula o dia todo. Quando não estávamos na escola, estávamos tendo aulas particulares de alguma coisa nova que nosso pai inventou. Os únicos momentos que eu tinha para brincar era no meu próprio quarto.

    Apesar disso, não lamento ter passado todas aquelas horas no balé. Foi uma das poucas coisas boas na minha infância.

— Bonito anel — Khalil diz de repente.

    Encaro o anel de noivado que eu estava circulando em meu dedo até um segundo atrás.

— É, sim. — E é uma pena que a srta Blossom o rejeitou.

    Khalil não diz nada por um tempo, mas pelo canto do olho, vejo que está me encarando, o que me deixa desconfortável.

— Sabe, eu gosto de observar as pessoas — Khalil  comenta, apagando seu cigarro e virando-se para mim. Eu continuo olhando para frente. — Gosto de olhar quando ninguém está olhando. As pessoas sempre são elas mesmas quando acham que ninguém está vendo. — Ele se inclina para mais perto, o cheiro de cigarro ficando mais forte. — E o que eu descobri observando você, Genevieve, é que você é uma mentirosa.

— Como é? — Olho para ele, então, sentindo meu coração acelerar. Há algo em seu olhar que aciona todos os meus instintos.

— Você é eficiente, eu confesso — observa. — Meu irmão pode estar muito encantado com você para ver, mas eu não. Eu não sei o que você quer com a nossa família, mas vou descobrir. Minhas suspeitas apontam para o seu pai, entretanto.

— Eu não sou uma maldita espiã, se é isso que está insinuando. — Achei que já tínhamos passado dessa fase. Na verdade, pensei que apenas Eros achava que eu trabalhava para o meu pai.

— Talvez não, mas você esconde algo. E eu vou descobrir o que é. — Suas palavras me causam um arrepio e de repente me sinto exposta a ele, como se, de fato, ele fosse descobrir meus segredos apenas olhando para mim.

Talvez se você fizesse algo mais que se afogar nas drogas e no álcool e parasse de agir como um garotinho quebrado, sua vida fosse mais interessante e você não precisaria se preocupar com a minha.

    Eu lhe dou as costas, mas sinto sua mão no meu braço.

— Repita o que você disse — desafia, a raiva brilhando em seus olhos.

— Solte-a.

    Nós dois olhamos para Eros parado na porta.

— E o cavalheiro vem salvar sua donzela. Ela é toda sua. — Khalil me solta, erguendo as mãos em rendição, um sorriso de escárnio nos lábios.

    Dou passos para trás, batendo em algo sólido.

— Não precisa ficar com esse olhar assassino, nós só estávamos conversando. — Khalil  revira os olhos.

    Atrás de mim, ignorando o que o irmão disse, Eros me pergunta:

— Você está bem?

— Sim. Nós realmente só estávamos conversando. — Não quero que eles comecem uma briga por minha causa.

— Sobre o quê?

    Khalil  arqueia uma sobrancelha para mim.

— Ah, sua noiva parece ter uma opinião muito interessante sobre mim.

    Desvio o olhar, talvez apenas um pouquinho arrependida do que eu disse. Julgá-lo como fiz não foi legal. Mas ele também chamou você de mentirosa. Sim, mas ele não estava errado…

— Eu acho que deveríamos entrar — murmuro, desconfortável.

— Sim, sim, está muito frio aqui. Talvez Genevieve precise de um cobertor extra essa noite? — O sorriso de escárnio volta para os lábios de Khalil  enquanto ele me encara, deixando muito claro o que quis dizer.

    Eros passa por mim e empurra o peito do irmão, fazendo-o cambalear.

— Você perdeu a porra da cabeça? — Eros pergunta.

— Infelizmente, não tive a sorte da Maria Antonieta.

    Não posso ver a expressão de Eros, mas ele passa a mão no rosto, os ombros tensos.

— Entre. Vá dormir — diz, o cansaço perceptível em sua voz.

— Como você bem gosta de me lembrar, já sou grandinho. Você não manda em mim — Khalil  praticamente cospe as palavras antes de tentar dar as costas para Eros.

    Tentar, pois Eros segura seu braço.

— Eu quero muito socar a sua cara agora. Eu não vou porque sei como é difícil estar aqui…

— Você não sabe de porra nenhuma!

— … mas se você quer estragar o aniversário do nosso pai atacando os outros, eu não vou mais fechar os meus olhos para as suas babaquices. Você não quer minha ajuda? Ótimo, mas lide com a sua merda. Você entendeu?

    Khalil se solta ou porque Eros deixou ou porque ele fez algum esforço. O fato é que os irmãos se encaram pelo que parece ser uma eternidade, até Khalil falar primeiro.

— Vai se foder. — Ele passa por Eros, trombando no ombro do irmão, mas faz questão de não encostar em mim.

    Eu olho por cima do ombro para vê-lo entrar em casa, antes de me voltar para Eros. Ele ainda está de costas, ainda tenso.

    Às vezes eu esqueço que ele é mais novo que Khalil. Ele está sempre se preocupando e limpando a bagunça do seu irmão, que é fácil esquecer que ele também sofreu com a partida da mãe deles. Eu nunca tinha visto os dois interagirem dessa forma, mas ficou mais do que claro que não foi a primeira vez e que Eros é sempre o amortecedor.

    Deve ser um fardo pesado lutar por quem não quer ser salvo.

     Aproximo-me dele e não penso muito ao entrelaçar meus dedos nos seus.

    Eros aperta meus dedos de volta, soltando um longo suspiro.

— Desculpe por isso. Khalil… pode ser difícil às vezes — diz, ainda sem se virar.

— Tudo bem. Eu entendo. — Não estou mentindo. Eu também não queria ter dito o que disse para Khalil. — Vem, vamos lá para dentro.

    Eu puxo sua mão e felizmente Eros não hesita ao me deixar guiá-lo para dentro da casa e fechar a porta.

    Nós passamos pela sala e dou boa noite a todos, enquanto Eros murmura alguma coisa. Ninguém diz nada sobre ele estar carrancudo e nós seguimos para o quarto, ainda de mãos dadas.

    Eu havia tentado não pensar que teríamos que dormir na mesma cama outra vez, mas aqui estamos nós de novo.

    Quando chegamos no quarto, fecho a porta e caminho até a cama com Eros no meu encalço. Nós nos sentamos no colchão e ficamos em silêncio. Eros relaxa, mas só um pouco. Sua mão segura a minha firmemente, mas não chega a machucar ou me deixar desconfortável, só me faz segurá-lo com mais força também. Eu sei que temos muitas coisas para falar, mas apenas ficamos aqui, sentados, sem tentar ignorar a presença um do outro. Algo me diz que Eros não quer falar sobre seu irmão e eu não vou forçar a barra, mas vou ficar sentada aqui a noite toda se for o que ele precisa.

    Em algum momento, eu apoio a cabeça em seu ombro, fechando os olhos e dizendo a mim mesma que não vou dormir.

    Mas quando abro os olhos novamente, o quarto está escuro e eu estou deitada na cama, coberta pelo cobertor. Eros está deitado do seu lado da cama também, dormindo.

    E ainda assim, permanecemos de mãos dadas.

❦︎

    Um trovão me acorda no meio da noite. Pela janela fechada, vejo um raio atravessar a noite e a chuva que desmorona sobre a cidade. Eu ouço galhos batendo nas janelas e rangidos. Parece aqueles filmes de terror que Emma colocava pra gente assistir quando éramos crianças porque ela sabia que eu tinha medo.

   E falando em medo…

    Freya.

   Soltando a mão de Eros, saio da cama no mesmo momento que uma batida soa na porta.

     Eu rapidamente corro para abrir, encontrando Kate com a Freya no colo. Minha amiga está passando a mão nas costas de Freya, o olhar apavorado.

— Ela acordou chorando. Eu tentei acalmar ela, mas ela ficou chamando você — Kate diz.

    Eu não perco tempo, pegando Freya, que está, de fato, chorando. E tremendo.

— Shhh, tá tudo bem — digo a Freya, passando a mão em sua cabeça. A Kate, falo: — Ela tem medo de tempestades e trovões. Eu vou ficar com ela. Obrigada por trazê-la.

    Kate anue, dando um beijo nos cabelos de Freya antes de ir.

    Quando fecho a porta, o barulho do trovão corta o ar. O grito de Freya me faz fechar os olhos, apertando-a de volta.

    Eu não deveria tê-la deixado sozinha. Freya tem medo de tempestades, fica apavorada com o som dos trovões. Ela estava inquieta mais cedo, mas não pensei que o tempo fosse piorar. Mesmo assim, penso com culpa, eu deveria ter ficado com ela. Pelo menos ela não acordaria me procurando pois eu já estaria lá.

— O que houve? — Ouço a voz de Eros e viro-me para vê-lo saindo da cama.

    Antes que eu responda, outro trovão e outro grito de Freya me interrompem.

— Eu quero ir embora — Freya choraminga, me abraçando tão forte que quase não consigo respirar. — Mamãe, vamos voltar pra casa, por favor.

— A gente vai. Eu prometo, ok? A tempestade vai passar logo. — Ponho a mão em seu ouvido como se isso fosse ajudar em alguma coisa. Eu só não gosto de vê-la assim. Nenhuma mãe gosta de ver seu filho sofrer.

    Lembro que Eros ainda está esperando uma resposta.

— Ela tem medo de tempestades — digo o que disse a Kate, balançando um pouco Freya em meu colo. — Eu sinto muito por acordar você. Tem outro quarto que…

— Eu vou fingir que nem ouvi isso — Eros faz uma careta. — Eu vou pegar água com açúcar para ela.

    Eu fico andando pelo quarto, balançando Freya como fazia quando ela era bebê e eu a colocava para dormir.

— Tá tudo bem. Já vai passar — murmuro isso tantas vezes que parece uma oração. Infelizmente, não faz os trovões pararem e quando Eros volta para o quarto, Freya ainda está chorando baixinho.

    Aceito o copo que Eros me entrega, sentando na cama. Eu faço Freya beber a água, meu coração se apertando quando vejo seu rosto vermelho de chorar. Eu queria poder colocá-la num potinho agora, longe dos sons dos trovões e dos relâmpagos.

— Obrigada — digo a Eros ao entregar o copo a ele.

— Há mais alguma coisa que eu possa fazer? — pergunta baixinho, passando a mão pelos cabelos de Freya, que voltou a me abraçar.

— Não. Talvez eu consiga fazê-la dormir, mas ela geralmente só se acalma quando a tempestade passa.

    Assim que termino de dizer isso, um relâmpago ilumina o quarto, acompanhado do barulho estrondoso do trovão.

    Eu me sinto tão impotente quando ela grita de novo que lágrimas de frustração piscam em meus olhos. Eu faria qualquer coisa para fazer essa porra de tempestade parar, mas não posso, então tenho que ouvir minha filha tremer e chorar enquanto não posso fazer nada.

— Minha cabeça está doendo — Freya chora.

    Eu posso resolver isso, pelo menos.

    Viro-me para Eros, que está encostado na parede, de braços cruzados já faz uma hora. Eu não sei porque ele não se senta, pois com certeza seria mais confortável.

— Você poderia pegar minha bolsa, por favor? — peço.

    Ele é rápido em fazer isso, o que eu agradeço quando ele volta do closet com a minha bolsa. Dentro dela, há uma bolsa menor com alguns remédios. Eu sempre carrego comigo quando estou com Freya.

— Quer que eu pegue mais água? — Eros pergunta quando peço o copo que está na mesinha. Ainda sobrou um pouco de água.

— Não precisa.

    Ponho algumas gotas de dipirona no copo e faço Freya beber. Ela nem mesmo liga para o gosto amargo.

— Eu estou com medo — ela sussurra, quebrando meu coração em pedacinhos.

— Não precisa ter medo. — Forço um sorriso, contendo minhas próprias lágrimas. — Eu estou aqui com você. Tá bom?

    Freya anue, voltando a me abraçar. Murmuro outro agradecimento a Eros quando ele guarda a bolsa e volto a andar pelo quarto, fazendo carinho nas costas de Freya e murmurando palavras reconfortantes.

— Você quer deitar um pouco? — pergunto. Ela funga enquanto anue novamente.

    Vou para a cama com ela, deitando nós duas. Ela ainda não me solta e eu já esperava por isso. Eros surge acima de nós, nos cobrindo e eu lhe dou um pequeno sorriso de agradecimento.

— Você não vai deitar também? — Freya se afastou o suficiente para perguntar a Eros.

— Claro, Spider. — Eros dá a volta na cama, deitando-se do seu lado.

    A cama é grande o suficiente para caber nós três, principalmente com Freya encolhida contra mim.

     Eros está deitado virado para nós, ou para mim, já que Freya está de costas para ele. Seu semblante é de preocupação. Eu não deveria me surpreender por ele estar preocupado com Freya, porque ele a trata com muito carinho, mas confesso que estou. Eu quero me desculpar por fazê-lo perder a noite, mas tenho certeza que só vou levar um sermão.

     Freya se mexe, chamando minha atenção. Está procurando por algo na cama, atrás dela.

— O que foi? O que você quer? — pergunto gentilmente.

    Ela não responde. E não precisa. Quando Eros dá sua mão a ela, Freya a segura contra o peito como se fosse um ursinho de pelúcia e volta a descansar a cabeça no travesseiro, fechando os olhos.

    Pisco uns segundos para a mão tatuada de Eros entre nós, antes de olhar para ele. Não dizemos nada. Não digo sobre minhas preocupações com Freya se apegando a ele. Não me importo com isso. Não, eu estou grata que ele está aqui e que minha filha o considere um porto seguro, porque ter nós dois com ela pode não parar os trovões e os relâmpagos, mas a acalma. E isso é o suficiente para mim agora.

    Eros chega um pouco mais perto por conta do seu braço estendido e fica com a gente, parecendo entender o que não estou dizendo.

    Quando os tremores de Freya param e ela não está mais chorando, solto um suspiro.

— Ela dormiu — murmuro, minhas palavras sendo engolidas pelo barulho da chuva, mas sei que Eros me ouviu. Mesmo assim, ele não se afasta.

— Sempre foi assim?

— Não era assim na Inglaterra — sussurro, passando os dedos pelo rosto de Freya, e enxugando as lágrimas. — Quando viemos para os Estados Unidos, tivemos um voo conturbado. Passamos por uma tempestade. Eu achei que fôssemos morrer naquele dia, sabe. Mas não aconteceu. Porém, desde então, Freya fica assim quando há tempestades.

    Eros anue, compreendendo.

    Eu costumo deixar que ela ouça música bem alto com fones de ouvido quando está assim, mas eu não imaginei que teria essa tempestade, então não trouxe.

     Eu fico contando sua respiração até meus olhos ficarem pesados demais e eu novamente dizer para mim mesma que só vou tirar um cochilo de cinco minutos.





      Eu não sei quanto tempo passa, mas tenho certeza que são mais que cinco minutos quando acordo assustada com o grito de Freya e som do trovão que parece estremecer a casa.

    Jesus Cristo.

— Shhh, tá tudo bem — Sussurro as palavras que viraram um mantra.

     Freya voltou a chorar. O choro mais descontrolado do que antes. Ela estremece toda vez que soluça e está tremendo tanto que sinto os tremores no meu próprio.

— Mamãe, f-faz parar. P-por favor.

     Eu não posso.

— Eu sinto muito — sussurro contra seus cabelos, abraçando-a mais apertado. Deus, como eu queria poder fazer alguma coisa agora além de lhe dar palavras vazias.

— Eu vou pegar mais água para ela — Eros diz, começando a se afastar, consequentemente tirando sua mão da de Freya.

— NÃO! — Minha filha grita, segurando a mão de Eros com mais força. Ele e eu sabemos que ela não tem força alguma para segurá-lo, mas Eros para mesmo assim.

— Ei, tá tudo bem — digo a ela. — Eros só vai pegar um pouco de água para você.

— Eu n-não quero!

— Ok. Eu entendi você.

     Encaro Eros, balançando a cabeça. Eu não tenho dúvidas que ela começaria a gritar se ele ou eu saíssemos agora, e tudo que menos quero é prolongar o sofrimento dela.

    Eros volta a se deitar, dessa vez mais perto porque Freya está o puxando para mais perto. Ela está com a cabeça um pouco a baixo de nós, então Eros e eu ficamos cara a cara.

    Eu não sei como, mas seu olhar consegue me passar um pouco de tranquilidade. Nunca pensei que diria isso, mas fico feliz que Eros esteja aqui conosco.

     Eros pergunta a Freya:

— Você quer ouvir uma história?

— Não.

    Eu dou risada sem querer. Ela é sempre tão direta.

— Bem, eu vou contar mesmo assim — Eros continua, nada abalado e começa a contar a história.

    Eu o observo um pouco maravilhada como ele ainda consegue me surpreender; como ele se importa o suficiente com Freya para contar uma história para ela enquanto minha filha enfrenta o seu maior medo.

     E o que isso faz com meu coração me faz questionar se também não estou enfrentando algo… Algo que pode acabar com meu coração em pedacinhos.

    



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Oi, gente! Obrigada pelos 7K. Isso aqui tá crescendo muito rápidoooooooo. Tô muito feliz! Amo vcs ♥♥

O capítulo foi longo, mas não foi intencional.

Estou tentando trazer mais do Khalil e da relação Anthony-Lorelei, como vcs viram nesse capítulo!

Esse final com a Freya com medo de tempestades foi algo que planejei há um tempo, então é bom finalmente trazer isso.

Eu fiquei com muita dó da Freya 😢
Mas amo como a Gen e o Eros cuidaram dela 🤗

Espero que tenham gostado!

Até ♥

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2bjs, môres♥

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