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³⁶|A mais rara e preciosa de todas

Obrigada pelas mensagens e por não desistirem de mim ou me deixarem desistir ❤️

    Eu tive uma ideia maluca. Tipo, bem louca mesmo. E muito ousada.

    Eros contou a Kate e a mim sobre os cofres da empresa. Ele acha que foi Tobias. Eu não duvido, apesar de questionar suas motivações.

    E agora eu tive essa ideia. Não falei com Eros sobre ela, mas ele não hesitou quando eu disse que queria uma reunião com seu pai e seus irmãos.

    Faz apenas poucas horas que assinei o contrato, tornando-me oficialmente Designer de Joias. No primeiro momento eu achei que Eros só estava fazendo isso por causa do que está acontecendo entre nós, mas… Ele estava certo. Eu sou mesmo boa no que eu faço. Muito boa. Eu conquistei essa promoção, lutei por isso todos os dias em que estive trabalhando aqui e agora finalmente tenho a chance de fazer por completo aquilo que eu estudei para ser.

    E essa felicidade pessoal com a minha ideia maluca está me deixando um tanto ansiosa. Ok. Muito ansiosa.

— Você consegue, Genevieve — sussurro e finalmente abro a porta do escritório de Enrico.

    Eros já está lá. Ele me dá um sorriso de encorajamento, eu acho, mas o efeito é outro. Só me deixa mais nervosa ao lembrar que ele estava sorrindo para mim horas antes, quando disse que confiava em mim também. Eu nunca me senti tão mal e tão incrível ao mesmo tempo. Quase contei tudo a ele ali mesmo, mas… eu fui egoísta. Tenho sido egoísta nas últimas semanas porque não quero estragar isso.

     Adentro mais o escritório, subitamente me sentindo pequena com os quatro homens Blackburn olhando para mim. Eu sei que não é proposital — tirando Khalil, ele com certeza está adorando ver o meu nervosismo — mas eles são intimidadores sem precisarem abrir a boca.

    Mas não vou parecer um ratinho assustado perto deles, por isso mantenho meus ombros retos e meu queixo erguido.

— Genevieve, sente-se — Enrico oferece.

    Eu faço isso, cruzando minhas penas e entrelaçando minhas mãos em meu colo.

— Eros nos contou que você teve uma ideia.

— Isso mesmo.

— Certo. Estamos ansiosos para ouvir.

     Ok. Apenas respire.

— Eu tenho ações na Bijoux Prescott — começo. — Assim como Emma. Foi um presente do nosso avô antes de morrer. Mas éramos menores de idade na época, então Adrien se tornou nosso representante legal. Eu não dei muito valor para isso, nem mesmo quando vender essas ações teria mudado a minha vida no passado.

    Tento manter minha respiração estável mais do que nunca, porque é agora que vem a parte interessante.

— Eros me informou sobre os cofres da empresa. — Faço uma pausa. — E as minhas ações valem muito dinheiro.

— O suficiente para cobrir os nossos prejuízos — Enrico diz, acompanhando meu raciocínio. Eu anuo, não tirando meus olhos dele. Eu ouço algum dos irmãos xingar baixinho.

— E por que você faria isso? — Khalil questiona.

— Além de salvar suas bundas? — pergunto, lançando um olhar para ele. Acho que um pouco de surpresa brilha em seu olhar antes de ele se recompor.

— Sim. Além disso.

    Volto meus olhos para Enrico.

— Quero me tornar acionista.

    Um suspiro coletivo dos três, menos de Khalil, que dá risada.

— Você realmente sabe dar seu preço. Acho que estou começando a gostar de você.

    Eu não digo nada, mas arqueio a sobrancelha para ele. Pelo menos alguma coisa está dando certo aqui, por mais estranho que seja.

    Encaro Enrico novamente que está se recostando em sua cadeira, esfregando o queixo. Ele ainda não disse nada. Meu nervosismo faz eu querer me coçar e retirar minha proposta, mas me mantenho firme. Eu disse que era uma ideia louca. Ousada, no mínimo. Acabei de ser contratada como Designer de Joias, qualquer pessoas estaria satisfeita apenas com isso.  E eu estava, mas então tive essa ideia e percebi que além de salvar eles da falência, eu poderia ganhar algo com isso. Jogue a primeira pedra quem nunca foi ganancioso pelo menos uma vez na vida.

— Você sabe… nós somos uma empresa de capital fechado — Enrico finalmente diz alguma coisa. Eu sei, sim. Diferente das empresas de capital aberto, a Blackburn Empire tem poucos acionistas, no caso deles, apenas membros da família. Cinco ao todo, contando com Carlota.

— Eu sei. Assim como a Bijoux Prescott. E é por isso que minhas ações valem tanto dinheiro. E eu já tenho um possível comprador.

     Outro suspiro. Acho que Enrico está chocado com a minha proposta e ousadia.

    Arrisco olhar para Eros, o olhar que evitei após sentar nessa cadeira. Eu estava com medo do que poderia ver em seu olhar, mas não estava preparada para ver a admiração e o orgulho ali. A leve inclinação em seus lábios diz que ele está tentando não sorrir. Preciso controlar meu próprio sorriso também.

— Tudo bem — Enrico diz de repente, se inclinando para frente e apoiando as mãos entrelaçadas na mesa. — Eu não estava esperando por isso, preciso admitir. Também é uma boa proposta. Ousada, porém muito boa.

— Mas…? — pergunto, pois dá pra sentir que tem um "mas".

— Mas, preciso conversar com meus filhos e minha esposa sobre isso. Não é uma decisão só minha.

— Compreendo.

— Ótimo. Nos dê uma hora.

     Eu anuo, ficando de pé. Imaginei que eles não decidiriam isso tão rápido. Não é uma decisão fácil.

     Então deixo o escritório e os quatro para que decidam.

💎

      Exatamente uma hora depois, estou voltando para o escritório após Katrina ligar para Kate e Kate me avisar. Passei a última hora tentando me distrair com o trabalho, mas não fui muito produtivo, minha ansiedade não deixava eu me concentrar. Pelo menos agora essa espera acabou.

    De volta ao escritório de Enrico, eu entro e tomo meu lugar de antes. O olhar deles não me diz nada, mas continuo mantendo meu controle sobre meu nervosismo.

— Obrigado por esperar — Enrico diz. Apenas aceno. — Você disse que já tem um possível comprador?

    Anuo.

— Sim. Um dos próprios acionistas da Bijoux Prescott. Ele não se dá muito bem com meu pai e irá adorar ter mais poder dentro da empresa. — Conversei com Orlon Salazar hoje pela manhã. Não falei diretamente sobre vender minhas ações, mas perguntei sutilmente se ele estaria interessado. Tendo uma enorme rivalidade com meu pai, ele se mostrou muito interessado. — A transição seria rápida e sem muito alarde.

    Enrico anue, então suspira. Eu me endireito um pouco mais em sua cadeira.

— Nós aceitamos a sua proposta.

     Engulo o grito que sobe pela minha garganta, assentindo e ficando de pé quando ele se levanta também, estendendo sua mão para mim. Eu pego, apertando tão firme quanto ele.

— Bem-vinda a Blackburn Empire.

💎

     Estou surtando internamente quando entro no meu escritório. Ainda não me acostumei com essas duas últimas palavras, então juntando isso com o fato de eu estar tendo um pequeno surto, digamos que eu precise de uma dose de algo muito forte.

     Eu vou me tornar acionista da Blackburn Empire.

     Eu estou finalmente exercendo minha profissão como Designer de Joias, e não estagiária.

     Eu tenho um escritório.

     Uma batida na porta me assusta e eu percebo que estava sussurrando sozinha num escritório vazio. Isso me tira uma risada, mas tento me controlar.

— Está aberta — falo.

     Um segundo depois, Eros entra na sala, fechando a porta atrás de si. Quando seus olhos encontram os meus, ele sorri para mim, caminhando na minha direção.

— Vim ver a futura acionista — ele diz, passando os braços por minha cintura. Eu aproveito para esconder meu rosto em seu peito.

— Não acredito que eu fiz isso — murmuro contra seu paletó.

— Você fez. — Eros beija minha têmpora. — E foi foda pra caralho.

— Não está chateado porque não te contei? — Afasto-me para olhar seu rosto.

— Claro que não. Eu teria adorado saber antes porque assim eu não ficaria com cara de bobo, mas não.

      Eu quero perguntar mais a ele, mas isso seria apenas para o meu bem próprio. Apesar de estar orgulhosa de mim mesma, ainda existe uma minúscula parte minha que diz que fui longe demais, que eu deveria me contentar apenas com a minha promoção, que eu não mereço nada disso. E essa minúscula parte soa muito como o meu pai.

     Como se estivesse lendo meus pensamentos, Eros diz:

— Você sabe que isso só vai aumentar a rivalidade entre nossas famílias, certo? Seu pai…

— Não estou nem aí para o que Adrien pensa. Aquelas ações são minhas por direito. Eu não as reivindiquei quando ele me colocou na rua porque tinha medo, mas eu não posso mais ter medo dele, principalmente depois que ele tirou Freya de mim.

     Eros anue, entendendo.

     Com um suspiro, volto a sorrir.

— Eu não deveria estar feliz em começar uma nova guerra entre as nossas famílias — confesso.

     Eros também sorri, me beijando.

— Não, mas é muito bom acabar com o seu pai.

— Na verdade… — minha voz cai para um murmúrio indecente e eu desço minhas mãos até a sua bunda. Eros arregala levemente os olhos, mas seu sorriso se torna malicioso. — Há muitas coisas melhores que isso.

— É mesmo? Conte-me mais.

     Rindo, eu tomo seus lábios.

💎

     No dia seguinte, tomo um pouco de chá no café perto da Blackburn Empire enquanto vagueio pela minha conta da Amazon Shopping na seção de livros. Faz um tempo que não compro livros novos. Eu estava em uma missão de ler os que eu já tinha comprado há não sei quanto tempo, mas que estavam no plástico ainda. Porém, além de ter uns romances que quero muito ler – li a sinopse de cinco livros que nunca vi na vida nos últimos minutos e decidi que preciso lê-los – tenho um cupom de desconto.

    Ponho todos os cinco livros no meu carrinho, mas antes que eu tenha a chance de realizar a compra, um homem ocupa o lugar à minha frente.

— Pequena Prescott — Orlon Salazar me cumprimenta com um sorriso.

— Orlon. — Retribuo o sorriso.

— Estou atrasado? Tive que deixar minhas netas com a minha filha e acabei perdendo o horário.

     Dispenso sua desculpa com um gesto de mão despreocupado, balançando meu celular.

— Você acabou de me impedir de gastar cem dólares. — Acho que foi um sinal para eu não comprar aqueles livros.

     Orlon ri. Eu sempre gostei dele. Ele estava sempre presente nas festas da empresa e sua filha e eu estudamos no mesmo colégio, apesar de não termos sido próximas. Ele sempre foi gentil e foi o único além de minha mãe que não achava bobeira o meu interesse em trabalhar na Bijoux Prescott. Por causa da ajuda de Orlon, foi que meu pai me deixou ir para a faculdade. Orlon disse a ele que seria bom ter alguém da família trabalhando diretamente nas criações das joias.

— Chá? — pergunto.

— Café.

— Claro. — Reviro os olhos com uma risada, mas peço ao garçom um café para ele.

     Nós conversamos sobre as netas dele até o seu café ser servido. Diferente de meu pai, Orlon é um homem que realmente ama as netas. Ele me mostrou fotos delas, todo orgulhoso. Eu não pude impedir a pontada de inveja que senti. Mas foi passageiro, pois rapidamente lembrei de Enrico e como ele trata Freya como se fosse sua neta.

— Então, vamos aos negócios? — Orlon começa. Eu não tenho nada contra isso porque foi por esse motivo que viemos aqui.

💎

     — Vai doer? — Freya pergunta de novo, dois dias depois, talvez pela décima ou quadragésima vez.

     Estamos no laboratório  para fazer o exame de DNA. Depois de consultar uma advogada, ficou claro que eu não tinha escolha a não ser trazer Freya. Negar isso poderia trazer mais problemas para nós, o que beneficiaria Tobias.

     Ele não apareceu ainda, porém. O exame está marcado para às 10h00. Olho em meu relógio. São 09h46. Com certeza, se ele não aparecer, eu usarei isso ao meu benefício.

— Um pouquinho — respondo a pergunta de Freya. Ela está sentada em meu colo com a sua boneca. Como a maioria das crianças, minha filha não é muito fã de agulhas.

     Eu beijo seus cabelos, suspirando. Falei ao Eros que ia levar Freya a um médico. Apenas rotina. Nem mesmo tive coragem de encará-lo quando falei que ele podia ir para a empresa que Freya e eu íamos pegar um táxi. Ele lutou contra isso, mas eu venci essa.

     E falando em vencer, as transferências das minhas ações e do dinheiro já foram feitas. Eu tinha pedido apenas uma coisa a Enrico. Uma condição: que as minhas ações na Blackburn Empire estivessem no nome de Freya. Apenas uma precaução. Ele aceitou e irei assinar os papéis hoje.

     Quando o ponteiro do relógio marca 10h02, eu já estou pronta para dar o fora daqui e ligar para minha advogada, quando Tobias entra na recepção.

     Depois de uma semana, seu nariz está bom do soco que eu dei. Lamento internamente por isso, mas sinto vontade de lhe dar outro soco quando ele sorri para mim.

— Você fez a escolha certa, afinal — o desgraçado diz. Seus olhos desviam para Freya. — Olá, querida.

     Freya não responde, virando para mim.

— Por que ele tá aqui, mamãe? Eu não gosto dele. — Sua mãozinha está fechada em punho e ela franze as sobrancelhas.

— Tá tudo bem. — Pego sua sua mão, abrindo seus dedos e deixando um beijo na sua palma. — A mamãe tá aqui com você, ok? A gente já vai embora.

— Você promete?

    Mostro meu polegar a ela, e Freya pressiona o seu no meu.

— Eu prometo.

      Depois de alguns minutos desconfortáveis onde Tobias ficou nos encarando o tempo todo, somos chamados para uma sala. Ficar no mesmo cômodo que Tobias está me deixando com ânsia de vômito, mas ele pelo menos permanece de boca fechada.

     Freya fica nervosa na hora de tirar o sangue, mas eu a acalmo o máximo possível. É angustiante, principalmente quando ela começa a chorar, mas novamente, murmuro palavras de conforto para ela. Graças a Deus, termina tão rápido quanto começou, apesar de Freya continuar chorando um pouco.

     Tobias e eu somos informados que o resultado sairá em até vinte dias e que podemos vir aqui pegar ou olhar nos nossos e-mails.

— Não vai se despedir? — Ouço Tobias atrás de nós. Estou com Freya esperando o elevador, contando os segundos para sair daqui.

    Não respondo a pergunta de Tobias, entrando no elevador quando esse chega, mas o encaro quando as portas estão se fechando. Ele está sorrindo.

     Queria que esse exame desse negativo.

    
💎

    — Eu tive uma ideia que vai mudar a sua vida — Kate diz de repente, virando para mim.

     Olho para ela, desconfiada. Estamos na minha sala – ainda é estranho falar isso – e Kate está me ajudando a levantar o orçamento para decorar a coisa toda. Ainda terá que ser aprovado, mas até o final do mês, tudo estará pronto.

— O que é? — pergunto finalmente. Não estou muito animada depois de voltar do laboratório. Eu me mantive de bom humor até deixar Freya com Carlota. Minha filha não estava mais chorando, e talvez tenha ajudado o fato de eu ter lhe comprado um sorvete.

— Você já escolheu o seu assistente? Ou secretária…?

    Franzo as sobrancelhas.

— Não. Não sei se vou precisar de um.

— Eros tem uma. — Ela aponta para si mesma.

— Eros tem você. Qualquer outra pessoa já teria saído correndo porque ele é muito rabugento e mal humorado. — Apesar de eu estar conhecendo seu lado fofo e amoroso agora, ele ainda é um pesadelo profissional.

     Kate dá uma risadinha.

— Verdade. Mas você é uma das acionistas agora. É claro que você precisa de alguém.

    Eu não tinha pensado por esse lado. Mesmo que eu ainda vá assinar os papéis.

— Você tem alguém em mente? — falo enquanto adiciono mais algumas coisas no inventário que estou fazendo.
    
— Talvez… — Kate faz suspense. — Eu conheço alguém. Uma pessoa muito responsável e leal ao seu trabalho. Mas também divertida e um pouco maluca.

— Parece que você descreveu a si mesma — Dou risada. Mas quando Kate me dá um olhar que diz "dã, é isso mesmo que estou fazendo", eu paro. — Você está falando sério?

    Ela dá de ombros.

— Por que não?

— Por você já é secretária do Eros. Seria preciso muito sexo para ele me perdoar por roubar você.

— Ninguém vai roubar ninguém — ela está rindo quando diz isso. — Eu vou trabalhar para os dois. 

— Isso parece cansativo.

— Eu vou sobreviver. Você só precisa me ajudar a convencer Eros disso.

    Sorrio.

— Eu cuido disso. Obrigada, Kate.

     Minha amiga apenas sorri. Vai ser bom continuar trabalhando diretamente com ela. Além disso, irá me poupar de ter que entrevistar pessoas para o cargo de assistente. Kate já conhece minha rotina e meus hábitos também, além de ser minha amiga.

     Estou um pouco mais relaxada quando entro no escritório de Enrico, uma hora depois. São apenas Eros e seu pai hoje, e me concentro no primeiro por um segundo. Ele sorri para mim e é tudo que eu precisava para saber que nada mudou. Eu ainda estava esperando eles mudarem de ideia sobre o nosso acordo.

— Olá — digo, aproximando-me.

— Genevieve, querida, sente-se. — Enrico aponta para a cadeira ao lado da que Eros está sentado. Após tomar o assento, Enrico prossegue: — Como está a pequena Freya?

— Bem. Ela tem pedido pra gente fazer cupcake's  do "Homem-Aranha".

     Isso faz Enrico rir, como também me tira um sorriso. O que eu disse é verdade: Freya está sempre pedindo para fazermos cupcake's iguais ao que seu avô faz.

— Irei fazer da próxima vez que ela for lá em casa — o mais velho diz, animado com a ideia.

— Ela irá adorar isso.

     Depois dessa conversa, Enrico me entrega os papéis para que eu possa assinar. Eros já tinha me mandado por e-mail, para que eu revisasse, assim como o advogado que contratei especialmente para me ajudar nessa transição.

    Então eu assino os papéis, me tornando oficialmente acionista da Blackburn Empire.

   
💎

    Finalmente é sexta-feira e eu tenho um encontro. Com Eros.

    O resto da semana passou num sopro e ao mesmo tempo que eu estou feliz, também estou duplamente e triplamente ansiosa. O resultado saiu. Deu negativo para nós dois.

— Tem certeza que eu não devo colocar o batom vermelho? — pergunto a Freya de novo enquanto me encaro no espelho. O batom que estou usando agora é rosinha, mas talvez algo mais ousado seja melhor…?

— Esse tá bonito — minha filha diz, parada ao meu lado. Enquanto ela está na sua confortável fantasia do Homem-Aranha, estou vestindo o vestido que comprei especialmente para hoje. Ele é verde com alças finas, e uma fenda horizontal que vai da panturrilha até acima do joelho, uma bainha alta-baixa em cascata com babados e uma fita fina para amarrar na cintura. — Você tá nervosa, mamãe?

— Dá pra perceber?

— É que você trocou de sapato quatro vezes.

    Olho para os meus pés nos saltos de tiras que eu escolhi, começando a pensar se não devo trocar novamente.

— Não fica nervosa, você tá linda. Você é a mamãe mais linda do mundo. — Freya me abraça, sorrindo para mim pelo espelho. Ela é tão doce.

— Obrigada, meu amor. — Agacho-me e seguro suas mãos, olhando em seus olhos. — Eu amo você mais do que tudo no mundo. Não esquece disso, tá?

— Tá bom. — Ela me abraça de novo. — Eu amo você mais do que amo o Homem-Aranha!

     Dando risada, lhe dou um beijo na bochecha.

      Depois, volto a ficar de pé, respirando fundo. Eu estou bonita. Meu batom e meus saltos estão ótimos. Assim como meu cabelo que está solto em ondas suaves. Eu só estou nervosa. Faz meses que não vou a um encontro, muito menos um encontro com o cara que já transei duas vezes. Apesar do meu nervosismo, esse fato torna tudo mais incrível. Eros não precisava me levar a um encontro para me conquistar ou para conseguir me levar para a cama. E o fato de ele ter feito questão que tivéssemos esse encontro faz eu me sentir boba por causa das borboletas em meu estômago.

— Tudo bem. Vamos — digo a Freya. Ela corre para pegar sua mochila que arrumei com tudo o que ela irá precisar para passar a noite.

     Quando já temos tudo, deixamos o quarto.

— Se comporte essa noite, está bem? — digo a Freya enquanto ainda estamos no corredor.

     Ela anue.

— Se você sentir que quer ligar pra mamãe…

— Eu peço pra vovó Carlota ligar — ela completa, provavelmente porque repeti isso uma centenas de vezes. Quer dizer, não exatamente, eu nunca a incentivei a chamar Carlota e Enrico e "vovó" e "vovô", mas por algum motivo, também nunca disse para ela não chamá-los assim.

— Isso. Não é como das outras vezes, a mamãe e o Eros não vão buscar você hoje. Só amanhã. — Eu também já disse isso a ela, e como das outras vezes, observo sua reação para ver se ela tem algo contra isso, mesmo que ela tenha dito que entendeu e que "tudo bem".

— Eu sei, mamãe. Eu só queria poder levar os cachorros.

— Acho que Carlota e Enrico não dariam conta de vocês seis. — Dou risada.

     Freya para de repente, batendo a mão na testa.

— Eu esqueci a minha boneca.

— Você sempre esquece a sua boneca. Daqui a pouco ela quem vai esquecer de você. — Solto um suspiro, olhando a hora no meu celular. — Vá pegar. Vou descer pra avisar ao Eros que não fomos abduzidas.

— Ab… o quê? — Freya faz careta.

— Sequestradas por alienígenas.

     Seus olhos se arregalam.

— Ele acha que a gente foi sequestrada por alienígenas?!

— Se você não for pegar sua boneca agora, ele vai pensar que sim.

     Ela sai correndo para ir pegar a boneca.

    Eu ainda estou rindo um pouco quando desço as escadas, olhando atentamente para os degraus para não cair e reproduzir uma clássica cena onde a mocinha cai da escada enquanto desce em câmera lenta. Isso não é um filme e eu com certeza levaria a pior, e já atingi o meu limite de quedas — uma foi o suficiente para me traumatizar.

— Desculpe a demora, Freya esque… — Paro de falar quando finalmente desço o último degrau e ergo o rosto, encontrando Eros olhando para mim como se nunca tivessem me visto. — O quê?

     Ele pisca lentamente várias vezes e engole em seco antes de falar.

— Você está de verde.

    Olho para o meu próprio vestido, mesmo sabendo que ele está certo.

— É verde grama — explico com um pequeno sorriso. É a cor preferida dele.

     Mas Eros ainda está me encarando estranho e eu estou começando a ficar preocupada.

— Você… não gostou?

— Não. Não, quer dizer sim. — Ele balança a cabeça, suspirando com a própria confusão. — Você está linda. Você está perfeita.

— Mas…? — Parece ter um "mas", não parece?

— Não. Não tem "mas".

    Eros finalmente se aproxima, uma mão em minha cintura e com a outra ele segura minha bochecha. Seus olhos encaram atentamente cada traço do meu rosto, como se não conseguisse absorver tudo de uma vez. Sinto que estou corando quando ele encara minha boca.

— Você é a coisa mais linda na qual eu já pus os olhos, e eu trabalho com joias. Mas mesmo assim você é a mais rara e preciosa de todas.

     Minha nossa. Quem é esse homem mesmo? Primeiro ele me deixa confusa sobre eu estar bonita ou não e agora está me chamando de joia rara e preciosa? A coisa mais linda que ele pôs os olhos?

— Apenas me beije de uma vez — consigo sussurrar, sabendo que estou olhando para ele feito uma boba apaixonada.

     Eros tem um sorriso nos lábios ao cobrir minha boca com a sua. Ele beija tão bem. Eu percebi isso desde o nosso primeiro beijo, naquela pista de dança. Ainda me sinto tão bêbada e elétrica como naquele dia e em como todas as outras vezes que ele me beijou.

— Você também está lindo — sussurro, percebendo que passei meus braços ao redor do seu pescoço. Ele está de terno preto, mas sem gravata, e os primeiros botões da sua camisa estão abertos.  — E eu nunca disse isso a homem nenhum, então se sinta privilegiado.

— Espero ser o único homem para quem você dirá isso. — E aqui está aquele Eros possessivo do qual senti falta.

    Dou de ombros, lutando contra um sorriso.

— Vamos ver.

     Ele abre a boca, com certeza pronto para dizer algo totalmente possessivo e bem homem das cavernas, mas seus olhos desviam para algo atrás de mim.

— Acho que nós temos um problema — Eros murmura.

    Viro-me para ver Freya olhando para nós dois.

— Freya… — começo, mas não sei exatamente o que dizer. Invento outra mentira? Tento explicar o que Eros e eu temos sendo que nem eu mesma sei?

     Mas Freya termina de descer as escadas e corre para me abraçar.

— Eu sei que vocês estão namorando. Eu não sou boba, mamãe. Dã!

    Rio de nervoso.

— Eu sei. De boba você não tem nada. — Olho para Eros e depois para ela de novo. — E tudo bem pra você… que a mamãe namore com o Eros? — Eu sei que ela gosta dele, mas talvez seja estranho.

     Freya anue daquele jeito animado dela e vai abraçar o Eros também.

— Agora a gente vai ser uma família e o Eros vai ser o meu papai.

     Eu encaro Freya, sem reação. Eu deveria dizer para irmos com calma, que não é assim que funciona, mas então Eros a pega no colo, um sorriso enorme em seu rosto.

— Eu vou adorar ser seu papai, Spider. — Ele lhe dá um beijo na bochecha dela.

    Acho que tem um cisco no meu olho porque sinto meus olhos ficarem úmidos enquanto observo a cena; o que Eros falou. Pela primeira vez, eu não me assusto com aquela palavra de três sílabas. Não digo a mim mesma que isso é besteira, porque pela primeira vez eu vejo que podemos, sim, ser essa palavra de três sílabas. Que talvez já somos, mas eu não tive coragem de admitir até agora.

     Família, sussurro a palavra em minha mente, sem medo dessa vez, apenas um sorriso em meu rosto.

💎

    — Você quer que eu use isso? — pergunto, rindo um pouco da venda que Eros me entregou.

— Sim. Vamos, coloque — Eros insiste. Ainda estamos estacionados na frente da casa dos seus pais. Acabamos de deixar Freya com Carlota e Enrico, os três praticamente saltitando de alegria. Eu até brinquei com Carlota que qualquer dia desses eles irão roubar Freya de mim. A mãe de Eros apenas riu.

— Tudo bem. Mas me dê uma pista de onde estamos indo. — Ponho a venda, fazendo um laço atrás da minha cabeça.

— Não.

— O que aconteceu com toda aquela gentileza?

     Em resposta, sinto sua mão serpentear por minha coxa pela fenda do vestido. Eros acaricia minha pele com seu polegar, me causando arrepios.

    O carro começa a se mover, sinal de que estamos deixando a casa para trás. 

— Você não vai mesmo me dar uma dica? — pressiono, tentando relaxar no banco. Minha ansiedade faz eu querer roer minhas unhas.

— Não.

    Belisco a palma da sua mão, o que só o faz me apertar.

    Solto um suspiro. Não sou alguém impaciente, eu acho. Mas ficar em um carro com os olhos vendados está testando isso.

— Qual livro você está lendo agora?

     Viro meu rosto para ele, mesmo não podendo vê-lo. Eros está mesmo interessado no que estou lendo? Não que eu duvide dele, só… Não sei, acho que nenhum dos caras com que saí, me perguntou isso porque estava interessado de verdade. Lembro da vez que conversei sobre livros com Eros, ele ficou um pouco perdido no início, mas depois se soltou. Mesmo que naquele dia só estivéssemos atuando, sem que eu soubesse…

    Não posso pensar nisso porque senão lembro o quanto fiquei magoada quando descobri.

    Quando falei com ele sobre o livro que eu estava lendo semana passada, eu estava apenas querendo distrai-lo porque notei como ele estava tenso, mas não achei que ele estava mesmo me ouvindo.

— "Uma Farsa de Amor na Espanha " — respondo finalmente. — Eles precisam fingir que estão em um relacionamento.

     A risada grave de Eros me faz sorrir.

— Essa história me parece familiar… — diz ele.

— Mm-hum…

— Conte-me mais sobre esse livro.

     Pelo resto do trajeto, conto a ele sobre a história da Catalina e do Aaron. Eu comecei a ler essa semana. Parei de lutar com Eros sobre fazer o jantar. Eu adoro a sua comida, e também percebi como ele tem incluído comidas mais saudáveis ou alterando algumas receitas para incluir mais verduras por causa de Freya. Como nas últimas semanas eu não podia ajudá-lo muito com apenas uma mão, passei a ficar lendo na espreguiçadeira. Foi assim que li seis livros em duas semanas. Desde que tive Freya, eu não lia tanto em tão pouco tempo fazia anos.

    Eros me ouve atentamente e mesmo não podendo ver suas reações, as carícias que ele mantém em minha coxa me incentivam a continuar falando, além de alguns comentários que ele faz. Falar sobre livros sempre me deixa eufórica, e tirando o trabalho e a Freya, é a coisa que mais gosto de falar. Eros certamente não sabe o quanto significa para uma bookstan falar sobre seus livros favoritos. Se soubesse, ele não teria cometido o erro de me dar a liberdade de falar sobre isso.

     Não sei quanto tempo demora para chegarmos ao lugar misterioso, mas Eros está rindo levemente quando conto sobre a parte da cama quebrando com a Catalina e o Aaron nela.

— Cuidado — Eros murmura ao me ajudar a sair do carro.

    Ele pega minha bolsa e me assusto com o barulho da porta fechando.

— Desculpe — Eros pede.

— Estou achando isso divertido — confesso, dando uma risadinha.

    Eros não diz nada, mas posso jurar que ele está sorrindo.

— Vamos entrar em um elevador agora — ele conduz.

     Tento adivinhar para onde estamos indo, mas não faço mesmo ideia. Achei que iríamos a um restaurante legal e chique, o que parece ser a cara de Eros. Eu gostaria disso também — e qualquer outro lugar que ele escolhesse — por isso estou ansiosa, mas sei que irei gostar do que quer que ele tenha planejado.

    Subimos, então, sem nenhuma parada.

    Quando o elevador apita e as portas abrem, sinto o suave cheiro de flores. Isso me alegra mais, porque gosto de flores, então já estou sorrindo quando Eros me guia para fora do elevador.

    Após alguns passos, Eros desfaz o laço da minha venda e eu posso finalmente olhar a minha volta. 

    No primeiro momento, eu apenas pisco para as luzes, mas depois, arregalo os olhos, sem acreditar no que estou vendo.

    Vasos de plantas. E flores. Muitas flores.

    Estamos em uma estufa.

    Entrando no lugar, meus sentidos são tomados por diferentes aromas de flores e plantas. A estufa me lembra um pequeno jardim pessoal que minha mãe mantinha. As paredes transparentes — de vidro, percebo — dão visão para praticamente toda a cidade, assim como para o céu estrelado, o que casa perfeitamente com o resto do ambiente para criar uma atmosfera mágica. Voltando a atenção para o centro, vejo uma mesa redonda com velas na superfície e cadeiras de madeira refinadas. Há rosas, duas taças e uma garrafa de vinho, além de pratos e talheres chiques.

    Viro-me para Eros, completamente chocada e impressionada.

— Uau. Esse lugar é incrível!

    Eros tem um sorriso suave nos lábios, satisfação brilhando em seu olhar.

— Fico feliz que gostou.

— Gostar? Eu amei! Como você achou esse lugar? — Volto a olhar em volta, atordoada de felicidade. Me aproximo dos girassóis em alguns vasos, cheirando-os.

— O amigo de um amigo. — Sua voz se aproxima e viro-me para vê-lo atrás de mim.

— Eu adorei. — Passo os braços pelo seu pescoço e lhe dou um beijo. Eros sorri.

— Bom. Mas tenho outra coisa para você.

    Ergo as sobrancelhas.

— Ah, é?

     Ele anue, me dando um beijo rápido.

— Espere um minuto.

    Deixo que ele vá, vendo-o desaparecer na parte pouco iluminada da estufa.

    Enquanto isso, volto a observar, encantada, esse lugar mágico. Não posso definir de outra forma. Há tantas flores diferentes aqui, tantas cores que são iluminadas pelas luzes amareladas presas as barras de ferro que ligam os quadrados de vidro da estufa.

    Vou até os lírios, inspirando seu aroma. É uma das minhas flores preferidas. Atrás delas, graças a transparência do vidro, vejo a cidade brilhar. Não acredito que passei esse tempo todo sem saber da existência desse lugar. Há até uma pequena fonte aqui, com mais vasos de flores ao redor.

     Os passos de Eros me alerta sobre a sua volta e eu deixo as flores para virar para ele. Eros está segurando uma caixa não muito grande com um laço, mas que toma seu peito. Rapidamente desperta minha curiosidade novamente.

    Ele me entrega a caixa. É um pouco pesada, percebo.

— O que é? — pergunto, apesar de saber que ele não dirá.

— Abra.

     Semicerrando os olhos para ele, vou até a mesa, colocando a caixa na cadeira. Eu desfaço o laço, sentindo minhas mãos tremerem levemente. Eu coro com isso, porque Eros está me observando, deixando-me mais nervosa.

     Quando finalmente tiro a caixa e afasto o papel que estava protegendo o que tem dentro,  meu queixo cai.

    Eu esperava uma joia, talvez um vestido, apesar que nenhum dos dois seria tão pesado quanto o que estou olhando, ou precisaria de uma caixa desse tamanho.

    Mas não é uma joia ou um vestido… São livros.

    Pego o primeiro livro, lendo rapidamente o título. "O melhor de você". Pego o segundo: "Casamento Para Um". "Amor(es) verdadeiro(s)". "Eleanor e Grey". "Você é Insubstituível". Minhas bochechas ficam vermelhas quando vejo os próximos títulos: "Birthday Girl", "Estranho Irresistível", "Com Amor, Sinceramente Sua", "A Voz do Arqueiro, "Os números do Amor" e "No Ritmo perfeito."

— Eu com certeza vou transar com você a noite toda. — Ouço-me dizer, ainda inspecionando os livros.

     Eros rir atrás de mim, sua respiração fazendo cócegas em meu pescoço. Não percebi que ele se aproximou tanto de mim e agora está olhando por cima do meu ombro.

     Percebo três coisas ao mesmo tempo. Um: os livros não estão no plástico. Dois: postites estão despontando das páginas. Três: "No Ritmo Perfeito" foi autografado.

— Eu os marquei — Eros diz baixinho. — Percebi que você gosta de fazer isso com seus livros, então quando eu li esses…

Você leu? — Minha voz sai tão aguda que eu poderia ter quebrado os vidros da estufa.

— Sim, e…

— Você leu todos esses livros? — Viro-me para olhá-lo.

     Eros anue.

— Sim. — Como continuo olhando para ele boquiaberta, Eros coça a nuca. — Tudo bem?

— Não. Você não pode ser real.

     De novo, aquela risada sensual e divertida. Eros abraça minha cintura e me puxa para um beijo.

— Eu sou bem real e estou completamente louco por vê-la assim. — Ele se afasta para colocar uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. — Você é ainda mais linda quando está impressionada ou admirando algo. E eu adoro admirar você.

    Eu estou me derretendo em seus braços agora.

    Eu ainda tinha dúvidas sobre o que estava começando a sentir por Eros. As borboletas em meu estômago estão me chamando de idiota porque está óbvio para elas o que é esse sentimento que venho nutrindo há um tempo.

    Eu estou apaixonada por Eros. Eu sabia que isso poderia acontecer. Desde o nosso primeiro beijo, eu soube que estava arruinada, que não poderia correr disso. Mesmo se eu quisesse. E eu não quero. O que eu quero é me entregar a ele. Quero ser dele. Eu já fui de alguém antes, alguém que quase me destruiu, alguém que não quis o meu amor para cuidar e cultivar, mas para possuir e prender. Para deixar morrer.

    Mas eu sei, eu sinto isso, que com Eros não será assim. Eu sei que quando eu lhe der o meu amor, ele vai fazer florescer. Eu serei sua, mas ainda pertencerei a mim mesma.

— Obrigada — consigo dizer. Eu quero dizer mais, quero dizer que esse agradecimento não é apenas pelos livros, mas por ele ter despertado esse sentimento em mim de novo, por me fazer sentir que não preciso ter medo de sentir.

     Mas essas palavras ficam presas na minha garganta por conta da emoção.

— Colocar esse sorriso em seu rosto se tornou minha coisa preferida — Eros sussurra.

— Você é o motivo desse sorriso.

— Achei que fossem os livros.

— Ok. Cinco por cento do motivo é você.

— Cinco por cento? Muita coisa, realmente.

     Lhe bato com o livro que ainda estou segurando e depois lhe dou um beijo, gemendo baixinho. Ainda não jantamos e eu quero ir para casa para que possamos tirar nossas roupas e nos perdermos um no outro. Eu sei que Eros está tendo o mesmo pensamento quando suas mãos deslizam para minha bunda e ele me aperta contra ele, contra seu pau, já duro, me provocando.

— Vamos jantar antes que esfrie — Eros murmura, apesar do nosso óbvio desejo.

     Com relutância, nós nos afastamos e eu obrigo meus olhos a não descerem mais para baixo.

    Enquanto ele vai buscar o jantar, dou mais uma olhada na caixa, achando uma caixa menor com vários blocos coloridos de postites. Também tem uma variedade de marca textos de cores diferentes.

     Isso me lembra que não deixei ele terminar de falar sobre os postites dentro dos livros. Mas ao abrir o livro "A Voz do Arqueiro" em uma página aleatória com um postit, vejo que uma das citações que ele marcou com um marca texto foi:

   "Ainda não estava acostumada com os sorrisos dele e aquele em especial fez meu coração acelerar mais um pouco. Eram como um presente que ele distribuía de forma parcimoniosa. Eu o recolhi e guardei em algum lugar dentro de mim."

    No postit, com a inegável letra de Eros está escrito o seguinte conjunto de letras:

"Foi assim que me senti quando você sorriu para mim pela primeira vez. Eu guardei aquele sorriso na minha memória, como todos os outros que você me deu até então."

     Estou sorrindo feito uma idiota ao terminar de ler. Nunca achei que Eros escreveria coisas assim, que ele seria tão sincero. Como também nunca achei que ele me traria a esse lugar.

    Estou percebendo que gosto de ter Eros me surpreendendo.

    Antes de guardar tudo de volta na caixa, pego o livro que está autografado. Eu não pude ir na sensação de autógrafo porque foi em dia de trabalho.

— Como você conseguiu esse autógrafo? Você já comprou autografado? — Mas percebo que não é um autógrafo qualquer. Está literalmente escrito "Para Genevieve ".

— Eu estava na livraria no dia. — Eros emerge da parte mais escura da estufa, uma bandeja em cada mão.

— O que você estava fazendo numa livraria? — Guardo o livro na caixa e com cuidado, coloco-a no chão ao lado da minha cadeira. Não vejo a hora de ler todos esses livros e as anotações de Eros.

— Fui comprar um livro para você e já estava ocorrendo a sessão.

— Você foi comprar um livro para mim? — Novamente, me pergunto quem é esse homem.

— Sim. Faz algumas semanas. Eu não entreguei porque nós discutimos naquele dia.

— Nós sempre discutimos.

    Eros dá um meio sorriso, colocando as bandejas na mesa.

— Verdade. — Depois de uma pausa onde ele puxa a cadeira para eu me sentar, acrescenta: — Foi antes do aniversário de Freya.

     Lembro rapidamente do que ele está falando: quando vazaram as fotos e ele achou que foi Bruno. Lembro como Eros ficou chateado.

      Por isso não comento mais nada sobre o assunto.

    Depois de Eros trazer mais uma bandeja, ele ocupa a outra cadeira e tira tampa de cada bandeja. A primeira coisa que sinto é o cheiro delicioso de massa de espaguete, e quando olho, um enorme sorriso abre em meu rosto.

Tagliatelle al ragù — murmuro o nome do prato. Para o resto do mundo é conhecido como espaguete a bolonhesa. Para mim, é um dos meus pratos preferidos.

    Antes que eu fale sobre esse fato, Eros já tirou as tampas das outras duas bandejas. Pizza havaiana e caponata (é uma mistura agridoce de diferentes vegetais temperados com um molho de extrato de tomate, cebola, aipo, alcaparras e azeitonas.)

— Como? — pergunto a ele. O tagliatelle al ragù pode ter sido um chute, mas a caponata, não. — São meus pratos preferidos.

    Eros dá de ombros, muito satisfeito consigo mesmo.

    Enquanto ele pega meu prato para pôr o tagliatelle al Ragù, semicerro os olhos.

— Aqueles livros. Eu também queria muito lê-los, como você sabia? — Não lembro de ter falado sobre eles com Eros.

— Como geralmente ficamos sabendo das coisas que não deveríamos saber? — Eros arqueia a sobrancelha.

     É claro.

— Kate — contesto com um sorriso. Ele anue.

— Pedi para ela fazer umas pesquisas. Eu sabia que você gosta de comida italiana, mas queria ter certeza dos seus pratos preferidos além da pizza havaiana.

     Sua confissão me deixa boba. Ele planejou essa noite com tanto cuidado e carinho, querendo que tudo estivesse do meu agrado. Ninguém nunca fez isso por mim antes. Percebo, me sentindo bastante presunçosa no momento, como estou vivendo aquele momento romântico de todo livro de romance. O sentimento traz uma sensação confortável em meu estômago e deixa meu coração quente, além do sorriso bobo que não faço esforço para esconder.

— Obrigada. Eu adorei. — Eu sei que estou corando, mas também não ligo. Principalmente quando Eros sorri para mim.

    Ele põe vinho para nós e dou a primeira garfada na comida, soltando um gemido satisfeito.

— Isso está simplesmente divino — digo após engolir. — Foi você quem fez?

— Sim. Pedi a receita à minha mãe.

— Deus abençoe a Carlota por te ensinar a cozinhar.

    Eros ri, me fazendo perder a conta de quantas vezes ouvi esse som essa noite. Nas últimas semanas. Quero ouvir para sempre.

     Depois de saborear mais um pouco a comida e tomar um pouco de vinho, penso no que eu disse. Ele nunca contou sobre gostar de cozinhar.

— Como aconteceu? De ela ensinar vocês a cozinharem, quero dizer — pergunto, interessada.

    Eros termina de mastigar, tomando um gole do vinho enquanto parece pensar na minha pergunta. Eu levo esse tempo para observá-lo. Ele está tão lindo esta noite. Não sei se sua camisa de botão é nova ou talvez esteja mais passada que o jornal. Ele tirou o blazer, colocando nas costas da cadeira, deixando visível seus braços musculosos na camisa branca. Seu lindo rosto está com a barba perfeitamente feita e alinhada, sua expressão relaxada, mas contemplativa. Seus olhos são uma mistura de verde com castanho, o que é novidade pois está de noite, e geralmente não é possível ver o verde dos seus olhos nesse horário.

— Foi a forma dela de se aproximar de nós — Eros responde a pergunta que fiz. Certo. Não posso ficar encarando-o desse jeito se ainda quisermos terminar esse jantar. — Khalil e eu não fomos tão receptivos quando ela e Anthony chegaram.

— Deve ter sido difícil — comento, tentando imaginar um Eros diferente daquele amoroso com a mãe que eu conheço. — Eram apenas vocês três, e do nada tinha mais duas pessoas nas suas vidas.

    Eros anue.

— Foi. Meu pai nos chamou na sala um dia e disse que havia conhecido uma mulher. Que estava apaixonado. Eu tinha doze anos e Khalil, dezesseis. Tínhamos idade o suficiente para entender e estávamos felizes também. Mesmo Khalil, com seu jeito… torto, estava feliz pelo nosso pai. Mas não significa que a mudança foi fácil. Nós ficamos na defensiva no início, principalmente porque ela era boa. Quando ela se mudou, estava sempre cuidando de nós, nos levando para a escola e indo aos jogos do Khalil com nosso pai.

     Apoio minha bochecha em meu punho fechado, ouvindo-o falar. Ele está perdido nas memórias e estou adorando ouvi-lo contar da sua infância. É uma parte dele que só conheço um pouco.

— Apesar disso, ainda não confiávamos nela. Achávamos que ela só estava sendo legal porque queria que gostássemos dela e do seu filho. Então a ignorávamos na maior parte do tempo. — Quando conta essa parte, Eros desvia os olhos para o próprio prato, franzindo as sobrancelhas. Parece envergonhado. — Não me orgulho disso, pois ela só queria cuidar de nós. E ela não desistiu, mesmo com nossos esforços.

    Eros relaxa a expressão, sorrindo um pouco agora.

— Até um dia, onde ela disse que a gente só ia comer se a ajudasse a cozinhar. Khalil e eu não fomos de imediato, óbvio, mas estávamos com muita fome, então acabamos cedendo. Quando chegamos na cozinha, minha mãe, meu pai e Anthony estavam cozinhando, rindo e pareciam felizes. Eu percebi que queria fazer parte daquilo. Passamos a cozinhar juntos todas as noites, mas demorou mais tempo para Khalil se adaptar. Ele ainda não confiava em Carlota e acredito que para ele ainda era difícil ter uma figura materna que o amava.

    Meu coração realmente dói com essa parte. As pessoas costumam julgar Khalil — eu mesma inclusa —, às vezes sem saber tudo o que ele passou. Sendo mais velho que Eros, ele conviveu por mais tempo com a mãe biológica, porém isso significa que foi mais tempo para ela desprezá-lo.

— Nossa relação com Anthony foi ao mesmo tempo mais fácil, mas também irritante — Eros continua, um tom de diversão em sua voz. — Ele era muitos anos mais novo que nós, tinha a idade de Freya. Então queria sempre atenção, que brincássemos com ele. Na maior parte das vezes era irritante, mas meu pai amava Anthony como um filho, e aos poucos fomos aprendendo a vê-lo como um irmão também.

     Eros volta seus olhos para mim, corando um pouco.

— Desculpe, falei mais do que o que você perguntou.

     Balanço a cabeça.

— Não se desculpe. Eu adorei saber mais sobre você. E acho que nunca ouvi você falar tanto assim antes.

     Ele coça a nuca, envergonhado.

     Após um momento onde ambos voltamos a comer, diz:

— Fale-me sobre o pole dance.

     Nas semanas que passaram, ele não tocou no assunto. Pensei por um momento de estupidez que ele não queria tocar no assunto porque não gostou de me ver dançando. Mas descartei isso. Eros não é… como ele. Não quero nem mesmo pensar no nome daquele infeliz para não estragar a noite.

     Mas para falar sobre o pole dance, preciso falar sobre o balé também.

     Então respiro fundo e começo a contar a ele como a minha primeira paixão me guiou para a segunda.

💎

OOOOIII. OBRIGADA PELOS 18K❤️

Vamos começar com meu agradecimento – novamente – as mensagens que algumas de vcs mandaram para mim no Instagram. Foi muito importante ler aquilo e me ajudou a sair do bloqueio ❤️

E para quem n tava sabendo, foi por esse motivo que fiquei sem postar: bloqueio criativo. Vcs sabem que quando eu sumo é por causa disso.

Sobre o capítulo... Oq acharam da proposta da Genevieve? Ela é grandona sem medo msm, né?🤧
E a surpresa que o Eros fez, gente... Eu casava na hora!🤭♥️

Espero que tenham gostado do capítulo ❤️

ps: o último livro citado "No Ritmo Perfeito" foi invenção da minha cabeça. Provavelmente deve haver livros com esse nome, mas não se trata de nenhum já existente. Fora isso, todos os outros livros citados são reais (e muito bons! li quase todos – menos três).

Agradecimento especial a Carli_AS que sempre me salva com as descrições de lugares. Love vc, best ❤️

Agora oq todo mundo quer ler...

SEXTA-FEIRA TEM CAPÍTULO! SE PREPAREM PARA AS DOSES DE PUTARIA E CENAS FOFAS💋

amo vcs ♥️

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2bjs, môres♥

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