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³²|Confuso. Novo. Diferente


     — Mamãe, você e o Eros vão casar?

    A mão que eu estava movendo enquanto passo o rímel, congela imediatamente diante da pergunta de Freya.

    Ela está sentada ao meu lado no chão, na frente do espelho, mexendo nas coisas da minha necessaire enquanto eu tento passar alguma maquiagem com apenas uma mão.

— De onde você tirou isso? — pergunto calmamente, voltando a passar o rímel em meus cílios.

    Ao invés de responder, Freya fica de pé e corre até sua mochila que está na cadeira da penteadeira. Ela tira uma revista de lá.

     Freya volta a sentar ao meu lado e abre a revista, procurando alguma coisa. Quando acha, me entrega.

— Onde você achou isso? — pergunto antes mesmo de perceber para o que estou olhando. Quando percebo, fico surpresa e confusa ao encarar uma foto minha e de Eros, juntos.

— A Camille me deu. É da mãe dela. Ela disse que a mãe dela disse que aí tá escrito que você e o Eros vão casar.

    Embaixo da foto, tem uma matéria:

“Que Eros Blackburn e Genevieve Prescott vão casar, todos já estão cansados de saber, mas o que tem deixado todos em Chicago realmente curiosos é quando irá acontecer esse tão esperado casamento!”

— Você pode guardar um segredo para a mamãe?

     Freya anue, os olhinhos azuis brilhando com curiosidade.

— O Eros e eu não vamos casar — digo finalmente a Freya, deixando a revista de lado. —  As pessoas pensam que sim, mas é mentira. Só que elas não podem saber.

— Por que não?

    Um solto um suspiro. Eu não quero mais mentir para ela, por isso contei que Eros e eu não vamos casar, porém, não posso contar a história toda.

— A gente tá brincando de faz de conta, só que um faz de conta de adultos. Que na verdade é bem idiota, parando para pensar.

    Freya ri. Pelo menos alguém está se divertindo.

— Lembre-se que você não pode contar isso para ninguém, ok? É o nosso segredo. — Mostro meu polegar a ela.

— Tá bom! — Freya pressiona seu dedo no meu.

— Agora, que tal passar um pouco de gloss?

— Eu quero!

     É claro que esse é o meu modo de distraí-la do assunto, mas eu realmente passo um pouquinho de gloss nela, e depois nos meus próprios lábios.

    Hoje é quarta-feira, o que significa que é a noite do Jantar em Família na casa dos Blackburn. Eros perguntou se eu não queria ir com Freya, mas deixou claro que eu não sou obrigada a ir se não quiser. Ele pareceu tão inseguro ao fazer o convite, que eu aceitei.

    Não estou indo só por isso, também, mas porque eu amo sua família. E esse é um motivo para qual Freya e eu não deveríamos ir, mas aqui estamos nós, quase prontas.

— A gente tá linda, mamãe — Freya diz com um sorriso quando pressiono meu rosto ao lado do seu para compararmos no espelho.

— Estamos, sim. — Dou risada. Enquanto ela está usando uma legging rosa choque e uma blusa de mangas longas com estampa de coelhinhos, estou usando um dos meus vestidos de alças finas. Com o braço imobilizado, é mais prático para mim usar eles. O de hoje é branco com estampa de margaridas.

    Como também estou impossibilitada de fazer tranças (para a tristeza da minha filha) nossos cabelos estão soltos, ambos recém lavados e úmidos agora. O de Freya está enfeitado com uma tiara (uma nova porque ela perdeu aquela na escola) e o meu com duas presilhas de cada lado.

— Vou mostrar ao Eros o casaco que a vovó me deu. — E simples assim, ela pega o casaco de lã que coloquei em cima da cama para ela vestir mais tarde, e sai apressada (mas sem correr) do quarto. Ela está ansiosa para mostrar porque minha mãe bordou o Homem-Aranha atrás do casaco.

    Eu também já estou quase pronta, então depois de guardar tudo na minha necessaire, fico de pé e deixo-a na penteadeira.

    Fico em dúvida se calço tênis, como Freya, ou uma rasteira.

    Escolho a última e pego minha bolsa e a mochila menor de Freya.

     Quando chego no pé das escadas, ouço sua voz:

— Você tem que sorrir!

— Eu estou sorrindo — Eros argumenta, a voz doce como sempre quando ele está falando com ela.

— Isso não é um sorriso. Você tem que sorrir assim, ó.

   Eu finalmente começo a descer as escadas e vejo Freya mostrando a Eros como ele deve sorrir.

— Faz direito agora, tá? — Freya praticamente manda.

— Ok.

    Só então percebo que ela está segurando um celular que não tenho dúvidas que seja de Eros. E eles estão tirando uma foto. E ah, meu Deus, Eros está sorrindo de verdade, igualzinho naquele dia, no aniversário de Freya, quando pedi que ele sorrisse. É um sorriso cheio de dentes, que ilumina seu rosto e o torna mais jovem. Há uma covinha em sua bochecha direita, e eu rapidamente me derreto com a visão, como naquele dia.

    Ele e Freya estão sentados no sofá, lado a lado, e minha filha também está sorrindo para o celular, fazendo várias poses enquanto tira várias fotos. Estou surpresa que Eros ainda esteja sorrindo. Em algum momento, ele até faz uma careta.

    Eu queria ficar aqui para sempre, mas após um tempo, Freya finalmente me nota.

— Mamãe, vem tirar foto com a gente!

     Eu desço o resto dos degraus, meu olhos em Eros o tempo todo. Algo muda em sua expressão, mas não sei dizer exatamente o quê. Talvez a forma como seus olhos escurecem enquanto me observam.

    Rapidamente lembro da noite de ontem. Muito vinho e muita risada da minha parte, claro, mas da forma como Eros estava me observando o tempo todo. Eu estava bêbada, mas não o suficiente para não perceber seus olhares. E sinceramente, achei que a noite terminaria de outro jeito, certamente não com ele sussurrando aquelas coisas para mim e me dando um beijo rápido demais para o meu gosto antes de me colocar na cama. Inicialmente, quando lembrei dessas coisas pela manhã, minha primeira reação foi ficar envergonhada, ainda mais com o que eu admiti, mas depois… Depois fiquei repassando tudo, a forma como ele foi carinhoso comigo e como cuidou de mim. Ninguém cuidou de mim assim antes e me sinto meio boba.

    Quando chego até eles, me inclino sobre Eros para poder sair na foto, apoiando minha mão em seu ombro e meu queixo em sua cabeça, sorrindo para o celular.

    Depois que Freya tira a foto, eu me afasto porque ficar tão perto de Eros, sentindo seu cheiro, seus músculos contra a palma da minha mão… É demais. Principalmente quando ele não parece querer fazer nada sobre isso

    E também porque aquela palavrinha de três sílabas é de novo sussurrada na minha mente, fazendo meu coração doer quando nos parecemos com isso em momentos como esse. Como se fosse normal estarmos tirando foto antes de irmos jantar na casa dos pais de Eros, meus "sogros" para todos fora dessa casa.

     Coisas que as famílias fazem.

— Vamos? Estamos atrasados — digo.

    Freya devolve o celular para Eros e ambos ficam de pé, prontos para ir. Anthony foi diretamente da empresa, então somos apenas nós três.

— Não vai levar sua boneca? — pergunto a Freya, ajudando-a a pôr o casaco.

— Eu esqueci. — Ela bate na própria testa. — Posso ir pegar?

— Vá, mas sem correr.

   Ela apressa os passos, parecendo estar realmente se controlando para não virar um carro de fórmula 1.

— Você está bonita — Eros diz de repente quando Freya termina de subir as escadas.

    Meus olhos voltam para ele e perco o fôlego por vê-lo vestindo roupas mundanas novamente, por assim dizer. Eu amo ele de terno, mas adoro quando ele se veste assim: bermuda jeans, camisa de algodão azul escuro e tênis. É sexy de um jeito diferente.

— Obrigada. Gostei da sua camisa. — Não acredito que estou corando por causa disso.

— Obrigado. — Ele encara meus lábios, que eu não percebi que estava mordendo.

   Eu quero tanto beijá-lo que dói controlar meus membros para que não se movam.

    Felizmente Freya volta e nós podemos ir.

💎

    Eu realmente gosto da família Blackburn. Eu não queria gostar porque não faço parte dela de verdade, e logo tudo isso acabará, mas minha família nunca foi animada ou unida. Nunca tive irmãos que fariam tudo por mim ou pais que não se importam em demonstrar para todos o amor que sentem um pelo outro. Eu me sinto acolhida por essa família e mesmo que a sensação seja boa, também sinto uma culpa gigantesca por estar enganando eles.

    Quando chegamos, Carlota conseguiu me dar um abraço apertado, mesmo com a minha tipóia. Também tive que mentir sobre ter escorregado da escada. Ainda não estou pronta para dizer a todos que sou dançarina de pole.

   Enrico também vem nos cumprimentar e juro por Deus que todo o seu se ilumina quando ele vê Freya. Tenho uma súbita vontade de chorar porque eu sei que meu próprio pai não ficaria feliz em ver a neta, principalmente porque ele a rejeitou antes mesmo de ela nascer. Mas aqui está o pai de Eros, dando amor e carinho a minha filha.

— Adivinha o que eu fiz para você — ele pergunta, levando-a para a cozinha.

— Bolo de chocolate?!

— Quase.

— Cupcake?

    Freya dá gritinhos quando Enrico anue.

— Seu pai é incrível — digo a Eros.

— Ele é, sim — Eros murmura com um suspiro. Eu sei que ele também está pensando o quão horrível é o que estamos fazendo, mentindo desse jeito.

— Ei, você chegou! — Kate grita da sala, onde está sentada no sofá. Ela ergue sua taça para mim. — Venha beber comigo.

    Eu faço meu caminho até a sala, deixando Eros para trás.

    Kate parece à vontade: sentada com os pés debaixo do corpo, vestindo uma legging preta e um moletom cinza que parece ser de caxemira, com um coque no alto da cabeça e óculos que eu não sabia que ela usava. É um visual despojado que eu nunca imaginaria para ela, mas percebo que Kate não está só a vontade, mas está em casa também.

— Sinto muito, mas sem vinho hoje — digo para ela ao sentar ao seu lado.

— Ah, não! Eu estava contando com você para ficar bêbada comigo antes de Khalil e Eros começarem com a competição de quem tem o pau maior.

    Bufo uma risada. Por isso adoro a Kate, ela é sempre tão descontraída e fala o que pensa.

— Falando nisso, onde estão eles? Anthony e Khalil.

— O primeiro está lá fora e o segundo deve chegar em algum momento. Você vai saber quando sentir o cheiro de cigarro.

    Balanço a cabeça, mas não digo nada.

    Eros também sumiu, assim como sua mãe, então estamos apenas Kate e eu na espaçosa sala.

    É um lugar bonito, a casa. Você olha para ela de fora e sabe que pessoas ricas moram aqui e imagina que será um lugar intocado e impessoal, apenas para causar boa impressão, mas a casa, pelo menos a sala, está cercada de memórias: fotos dos garotos em diferentes estágios da vida; fotos deles com Kate; fotos de Carlota e Enrico; até mesmo as almofadas parecem ter alguma história para contar. É um lugar acolhedor, do tipo que você quer encontrar quando se está perdido em uma floresta no inverno.

— Como estão as coisas entre você e o Eros? Alguma evolução depois de ontem? — Kate cochicha.

    Eu contei tudo a ela, obviamente. Eu tinha esquecido como é ter uma melhor amiga e me arrependo muito de não ter sido mais receptiva com Kate no início.

— Ele disse que eu estava bonita, antes de sairmos — sussurro de volta. Estou corando como uma adolescente, mas não sei explicar o que estou sentindo. Não é como se eu não soubesse que sou bonita, mas ter ele dizendo isso para mim traz essa sensação de ansiedade – e meu Deus, nem acredito que vou dizer isso, mas – borboletas no estômago também.

— Ai, meu Deus, vocês são tão fofos! — Kate está surtando. Essa é a única palavra para descrever sua reação. — Tipo, tem toda essa tensão sexual maluca e excitante que leva vocês a transarem no escritório, mas aí tem esses momentos que vocês são como cachorrinhos fofinhos que a gente acha na rua e quer levar pra casa.

— Quanto você bebeu? — pergunto rindo.

— Eu nasci bêbada, querida.

    Eu estou começando a acreditar nisso.

   Quando minha risada cessa, eu respiro fundo, mordendo meu lábio enquanto brinco com um fio que está escapando da almofada.

— Eu estava acostumada com o Eros mandão e mal humorado, o rude e silencioso, mas não sei como agir com esse Eros gentil e… amável. — Balanço a cabeça, cobrindo meu rosto com a minha mão. — Ele tem sido tão fofo, sabe? Eu estou tão confusa, Kate.

— Querida. — Kate abaixa minha mão e sorri gentilmente para mim. — Eu passei por isso, mas foi ao contrário. Eu conheci o Eros sarcástico, às vezes rabugento, mas sempre gentil e com um sorriso fácil. Esse é quem ele é. Quem ele era antes dela.

— Da America — contesto diante do seu estremecimento.

    Kate anue.

— Aquela vaca. — Ela fecha os olhos por um momento, como se precisasse de um momento para acalmar o ódio que sente. — O ponto que quero chegar, é que ele vem sendo esse Eros mal humorado que você conheceu, há três anos. Sabe esse jantar? Porque os Blackburn se reúnem toda quarta? Porque depois do que America fez, Eros só saía de casa para ir para o trabalho ou resolver algum problema dos irmãos. Fora isso, sem festas, jantares em família ou qualquer outra coisa do tipo. Então, alguns meses após a separação, Carlota e Enrico declararam esse jantar toda quarta-feira. Não havia opção de ele não vir. No início, ele era igual Khalil, mal falava uma ou duas frases, mas pelo menos estava ali.

   Kate faz uma pausa, bebendo um pouco de vinho. Ela nem precisa dizer abertamente como isso deve ter sido difícil, eu posso ver em seus olhos. Foi na mesma época que comecei na Blackburn Empire, mas como Eros só fazia mandar, me irritar e me ignorar na outra parte do tempo, eu nunca me importei muito em saber o que estava por trás das suas atitudes. Sabia, é claro, sobre como haviam acabado as coisas entre ele e America, mas nunca imaginei que estivesse tão profundamente ferido.

   Por fim, ela suspira novamente, sorrindo ao me encarar.

— Mas aí, há pouco mais de um mês, eu o vi sorrindo para você. — Eu quero perguntar quando exatamente, mas Kate continua: — Eu fiquei tão feliz, Gen. Fiquei tão feliz porque ali estava um vislumbre do Eros que eu conheci. E nas últimas semanas, o que tem acontecido entres vocês… Eu vejo também, como ele está mudando, voltando a ser quem ele era. Eu sei que não deveria ser eu a te dizer essas coisas, mas você sabe como sou intrometida, só… Só não o afaste. Mesmo que você esteja confusa e até mesmo assustada, não o afaste.

   Eu não sei o que pensar de tudo isso, o que eu deveria fazer com toda essa informação, mas anuo.

    Kate sorri novamente e olha por cima do ombro na mesma hora que eu o vejo.

    Eros está entrando na sala com um copo na mão, algo laranja dentro.

    Kate me lança um olhar sugestivo antes de ficar pé.

— Boa noite pra você também, idiota. — Ela dá um tapinha no braço de Eros ao passar por ele.

    Eros tenta puxar o cabelo dela, mas Kate já está correndo.

    Ele vem se sentar ao meu lado, me entregando o copo que estava em sua mão.

— O que vocês estavam conversando? — questiona.

— Coisas de garotas, enxerido. O que é? — me refiro ao que tem no copo, mas já estou provando. É…

— Suco de laranja.

— Obrigada. Freya vai adorar isso.

   Ele anue.

— Eu sei, por isso fiz para ela.

    Olho para ele, parando antes de levar o copo aos lábios.

— Você fez? Tipo, agora?

    Ele anue, distraído consertando a alça do meu vestido.

— Minha mãe fez suco de abacaxi, mas Freya não gosta, o que é engraçado porque eu também não.

    Eu olho para Eros, me perguntando se ele tem noção do quanto é incrível.

    Eu quero beijar você agora.

— O quê? — Pela forma que ele congela e arregala levemente os olhos, tenho certeza que eu disse isso em voz alta.

— Você… — Me interrompo, pensando "que se foda" e colidindo meus lábios nos seus.

   Seu gemido de surpresa quase me faz derrubar o copo, e a forma como ele corresponde rapidamente o beijo, segurando meu rosto e abrindo os lábios para mim, quase me faz tirar minhas roupas e transar com ele aqui mesmo.

    Vocês estão na casa dos pais dele e sua filha está na cozinha, se controle!

    Com um suspiro de quem poderia passar a noite toda aqui, eu me afasto, puxando seu lábio entre meus dentes e deixando beijinhos em sua boca logo depois, exatamente como ele faz comigo.

    Eros geme novamente, abrindo os olhos. São pura tempestade de desejo.

— O que foi isso? — ele murmura, mas está longe de estar chateado, apenas surpreso e faminto.

    Sorrio um pouco, encolhendo os ombros. Tenho a vaga noção da campainha tocando.

— Eu só senti vontade de te beijar. — Examino seu rosto. Ele ainda está segurando meu rosto, seu polegar acariciando minha bochecha. — É estranho?

— Confuso. Novo. Diferente. Mas não, estranho, não. — Ele hesita. — Eu gosto disso.

— Eu também — confidencio baixinho.

    Mesmo eu não sabendo o que isso seja, ou como as coisas mudaram tão rápido.

    Eros tem um sorriso suave, que mal se parece com um sorriso, mas estou perto o suficiente para ver a leve inclinação em seus lábios. E mais que isso: a forma como seus olhos estão brilhando.

    Eu abro a boca para dizer que ele é lindo, sem me importar em ficar com vergonha para confessar isso, quando ouço uma voz familiar.

— Fico feliz de não estar atrasado. Odiaria chegar quando todos estivessem comendo.

    E ali, entrando na casa acolhedora e no que estava se tornando um dos meus lugares preferidos, está Tobias.

💎

    Todo meu bom humor, alegria e qualquer coisa boa que eu estava sentindo é sugada para fora de mim, assim como a cor que eu sei que está sumindo do meu rosto enquanto encaro sem tentar parecer muito horrorizada quando Tobias sorri para Carlota e lhe entrega uma garrafa de vinho.

— O que você está fazendo aqui? — Eros pergunta, a leveza da sua voz e o seu sorriso indo embora.

    Fico grata quando ele fica de pé, ficando ligeiramente na minha frente e permitindo assim que eu me recomponha sem que ninguém veja.

    Tudo bem, Tobias está aqui, essa não é a pior coisa do mundo, você pode agir normalmente sem que fique escrito na sua testa que Tobias, primo do cara que você acabou de beijar, é o pai da sua filha.

    Tendo essa conversa mental comigo mesma, bebo o suco e respiro fundo enquanto ouço a voz de Tobias:

— Titio me convidou.

   Carlota se aproxima de Eros e como estou bem perto, ouço quando ela fala baixinho:

— Nada de brigas, ok? Seu pai só quer uma noite tranquila com a família.

— Ele não é da família.

    Eu não consigo ver a expressão de Carlota, mas seu olhar faz Eros calar a boca e voltar a sentar ao meu lado.

— Vou abrir o vinho no jantar. Ótima escolha Tobias — Carlota diz. — Fique à vontade. Nós vamos jantar lá fora, mas ainda não está pronto.

    Tobias aceita o elogio e a explicação com um sorriso e observa Carlota sair da sala.

— Jenny, bom ver você de novo. — A víbora sorri, indo sentar na poltrona.

    Não perco a forma como seus olhos me analisam, dos meus cabelos secando naturalmente até a sandália em meus pés. Ele faz uma pausa na tipóia, mas seus olhos rapidamente observam o braço de Eros no encosto do sofá atrás das minhas costas, como ele se sentou muito perto de mim.

— Oi — digo, esperando que não fique óbvio o meu desconforto.

    Ao meu lado, Eros está mais tenso que uma pedra.

    Quando o silêncio fica extremamente insuportável, penso em chamar Eros para ir lá para fora, já que é lá que o jantar será servido, mas outra pessoa entra na sala.

    Uma pessoa muito pequena que está sorrindo para mim e para Eros.

     Eu fico imóvel enquanto Freya vem até nós, com um cupcake nas mãos, toda feliz. Ela não vê Tobias, mas ele a vê e meus instintos gritam para que eu pegue Freya e saia correndo.

— Mamãe, Eros, olha o que o vovô Enrico fez pra mim! — Freya para na nossa frente, estendendo o bolinho quase na nossa cara. Eu nem tenho tempo para sentir o aperto em meu peito ao ouvi-lo chamar o Enrico de "vovô". — A cobertura é vermelha e azul, as cores do Homem-Aranha! Tem um monte!

— Uau — digo, tentando parecer muito animada. Eu não quero que ela perceba minha mudança de humor. E ela está tão feliz. — Parece delicioso.

    Freya anue freneticamente.

— Mas eu não comi. É pra comer só depois do jantar.

    Forço um sorriso.

— Isso mesmo. Por que a gente não vai colocar de volta lá dentro e aí você pega depois do jantar? — sugiro, já ficando de pé.

— Tá bem.

    Eu sei que não deveria fazer isso, mas eu posso sentir os olhos de Tobias em nós, em cada movimento e palavra de Freya. E eu estou começando a tremer, então pego ela no colo mesmo que meu braço e meu ombro protestem de dor.

    Eu tenho que protegê-la. Eu tenho que protegê-la.

    Estou gritando mentalmente isso enquanto o alerta de pânico dispara em meu cérebro.

    Sei que Eros também se levantou, e dou apenas um passo antes de ouvir a voz de Tobias:

— Não vai me apresentar a sua filha?

    Freya olha na direção de Tobias, percebendo sua presença.

    É a primeira vez que ela vê o pai e se Tobias fosse um homem decente, esse com certeza seria um momento emocionante, mas ele não é, e eu só quero arrancar seus olhos para que ele pare de olhar para ela.

— Oi! — Freya acena para Tobias, inocente.

    Tobias sorri, com certeza apreciando a minha tortura.

— Olá. Você é muito bonita e muito parecida com a sua mãe — ele diz.

— Obrigada. — Freya me abraça, escondendo o rosto em meu pescoço. Ela sempre fica envergonhada quando a elogiam.

— Vamos lá ver os outros cupcake's, sim? — pergunto, já andando e deixando Tobias para trás.

— Quem era aquele? — Freya pergunta baixinho.

— O primo do Eros. Ele vai jantar com a gente, mas você não precisa falar com ele. — Você não pode falar com ele, é o que quero dizer, mas Eros está a um passo de nós. Eu sei que ele não gosta de Tobias, mas ele com certeza vai achar um pouco estranho se eu disser algo assim. Vai perguntar sobre o meu motivo, talvez questione de novo sobre aquela conversa que Tobias e eu estávamos tendo na sala de reuniões.

    Nós vamos para a cozinha, onde Enrico, Carlota, Kate e Anthony já estão.

— Tobias? Sério? — Eros é rápido em perguntar.

— Ele é da família, Eros — Enrico diz tranquilamente, tirando algo do forno enquanto sua esposa parece estar terminando de preparar uma salada.

— Ele é um babaca, é isso que ele é. — Após dizer isso, ele olha para Freya. — Não use essa palavra por aí.

   Freya dá uma risadinha.

    Vou me sentar com ela em uma cadeira ao redor da mesa de vidro, onde Kate já está.

— Qual o problema entre vocês, afinal? — Carlota pergunta. — Ainda é essa rixa de quando vocês eram adolescentes?

— Ele é um mal caráter, só isso — Eros responde. — Vocês deram teto e comida quando ele não tinha nada, mas não precisam ficar forçando essa aproximação. Ainda mais quando ninguém gosta dele. Todos podem ver o quanto ele é desprezível, menos vocês dois.

    Enrico suspira e vejo pela primeira vez como ele parece cansado. Não sei se é apenas sobre esse assunto ou outra coisa. Porém, ele rapidamente ajeita os ombros e pisca os olhos, e o homem cansado e no limite que eu acabei de ver, some, dando lugar novamente ao Enrico sempre de bom humor e com um sorriso no rosto que eu conheci.

— Prometo que não iremos mais convidá-lo para nada, ok? — Enrico ergue as mãos em rendição. — Agora relaxe.

    Sinto que Eros ainda quer discutir isso, mas quando ele olha para mim, balanço a cabeça, para que ele deixe esse assunto para lá. O melhor que podemos fazer é ignorar Tobias.

    Eros suspira, mas surpreendentemente deixa o assunto de lado.

💎

    Como Carlota havia dito, jantamos do lado de fora. A noite está quente, apesar do ocasional vento de Chicago, que alivia o calor.

     Khalil chega apenas quando já estamos nos servindo, e Kate me lança um olhar que diz "eu avisei". Ninguém parece surpreso com o seu atraso, e Khalil apenas olha para mim e para Freya, depois para Tobias e por fim, para Eros, antes de decidir sentar ao lado do primo.

    Freya fica entre Eros e eu, mas infelizmente isso a colocou de frente para Tobias. Eu queria poder erguer alguma parede entre os dois, mas como não posso fazer isso, não tiro meus olhos dele, temendo que ele faça ou fale algo. Ele pode, eu fico me lembrando, ele basicamente me tem na sua mão, mas por algum motivo, está mantendo esse segredo.

    Ele não fala muito, sendo mais um observador, o que é ainda pior. Ele não perde nenhuma interação de Eros com Freya, observando quando Eros corta a carne no prato de Freya em pedacinhos menores, como fez para mim. Algo que eu tenho certeza que Tobias nunca faria porque ele é igualzinho ao meu pai. No máximo, ele iria me humilhar, assim como fez quando tive uma torção no pé enquanto fazia aulas de balé. Ele ficou dizendo que a culpa era minha e que eu era muito desastrada e disse que se eu podia fazer balé, eu também podia subir as escadas do meu prédio sozinha.

    O pouco que comi pesa em meu estômago com essas lembranças. Mesmo aquele "encontro" na sala de reuniões com Tobias, não tinha me trazido essas lembranças.

— Lembra daquela vez que eles brigaram por causa daquela moto? — Ouço Carlota perguntar e mantenho meu foco na conversa para não mergulhar nas lembranças que envolvem Tobias.

— Ah, não, essa história de novo não — Anthony resmunga.

    Seus pais não ligam. Na verdade, Enrico está rindo, e me pergunto se o que vi mais cedo não foi coisa da minha cabeça.

— A moto estava lá o tempo inteiro, mas foi só eu dizer que iria vender, que os três resolveram que queriam — Enrico conta.

— Você pilotava uma moto? — Freya pergunta, impressionada.

— Eu sou velho agora, Freya, mas já fui jovem um dia — Enrico pisca um olho. Depois, aponta para a esposa. — E foi com aquela moto que eu conquistei essa aqui.

Essa aqui — Carlota repete com um olhar semicerrado — não pensava direito naquela época e deixou um estranho lhe dar uma carona para casa.

— Eu podia ser um assassino ou um ladrão.

   Carlota segura a mão de Enrico sobre a mesa, olhando para o marido com tanto amor e carinho que sinto meu coração transbordar.

— Um ladrão, sim, porque você roubou o meu coração logo depois — Carlota diz, se inclinando para dar um beijo em Enrico, que tem um sorriso bobo nos lábios, olhando-a com o mesmo amor e carinho, até mesmo adoração.

— Eca. — Anthony engasga com o vinho. — Eu tô passando mal com essa breguice toda.

    Kate e eu rimos, e até mesmo o próprio Anthony está sorrindo.

   Era sobre isso que eu estava falando: essa família pode ser maluca e ter seus problemas, mas Khalil, Eros e Anthony têm sorte de terem pais que amam abertamente, que se importam o suficiente para obrigar a família a participar de um jantar toda quarta-feira apenas para mantê-los unidos. Nunca vou me esquecer de como eles me acolheram também, mesmo minha família sendo quem são. Eles nunca trataram Freya diferente, muito pelo contrário, têm feito de tudo para que ela fique à vontade. Enrico e Carlota são incríveis, assim como essa família.

    Depois do jantar, Eros e Kate ajudam a servir a sobremesa — torta de limão —, que estava uma delícia, aliás. E logo após isso, Carlota e Kate trouxeram Freya e eu para a sala de estar novamente, deixando que os homens tirassem a mesa. Eu não tinha reparado até agora a falta de funcionários. Deve haver alguém, é claro, para fazer a faxina e para cuidar do jardim, mas já ficou claro que quem faz a comida são os patriarcas da família ou seus filhos.

    Kate, Carlota e eu conversamos por um tempo. A segunda contando do jantar anual que irá acontecer aqui daqui a duas semanas. A Blackburn Empire vai completar setenta anos de fundada.

     Mais ou menos meia hora depois que viemos para a sala, Khalil, Eros, Anthony e Enrico vêm se juntar a nós. Tobias não está com eles.

    Eros senta ao meu lado, passando o braço pelo encosto do sofá, como ontem a noite e hoje mais cedo. Eu demorei bastante para admitir, mas gosto de tê-lo perto assim, mesmo eu sabendo que é tudo uma farsa.

    De repente, me vejo questionando se tudo até aqui não tem sido isso: uma farsa. Não foi eu mesma que disse a ele, na festa de noivado, que nada era real?

— Vou ao banheiro — murmuro, ficando de pé. Dou uma olhada em Freya antes, que está sentada no chão brincando com a sua boneca.

    No banheiro, eu me encosto na porta, soltando um suspiro. As coisas têm acontecido rápido demais e não estou conseguindo processar. Até dois dias atrás, eu estava fugindo de Eros porque precisava de um tempo depois da nossa Transa Louca e Selvagem no escritório, mas então antes de ontem eu estava confessando que quero ele outra vez, deixei que ele me beijasse — retribuí o beijo — e ainda perguntei se ele não faria sexo selvagem comigo de novo. E como cereja do bolo, eu o beijei do nada hoje.

— Genevieve, o que você está fazendo? — sussurro para o teto.

    Não só estou confusa, como estou assustada também. É como se depois da Transa Louca e Selvagem, tudo tivesse sido… ampliado, de alguma forma. Eu não posso mais negar o desejo que sinto por Eros, não posso mais negar que eu o quero e que penso nele o tempo inteiro. E como estou confusa não apenas com os meus sentimentos, mas com os de Eros também. Apesar de tudo o que Kate disse, acho que vou demorar para conciliar esse Eros fofo com o Eros rabugento.

     Depois desse pequeno surto, uso rapidamente o banheiro, lavo minha mão e saio, voltando para a sala.

    Eu não me sento ao lado de Eros porque paro assim que noto algo.

— Onde está Freya? — pergunto para ninguém em especial, já sentindo meu coração disparar.

    Eros franze as sobrancelhas, olhando para o local onde Freya estava quando deixei a sala e depois para mim.

— Achei que ela tinha ido atrás de você.

   Mas ela não foi e agora eu não a vejo em lugar algum.

   Nem Tobias.




💎

OLÁÁÁÁÁ ️♥️

Novamente, eu AMO esse capítulo pq a cena do Eros e da Freya tirando foto e dps ele a Gen na sala------- sério gente, eu amo esse homem!

Espero que tenham gostado ♥️

Andei fazendo as contas e acho que o livro vai ter pouco mais de 50 capítulos, o que significa já estamos em 60% do livro (de acordo com a minha cabeça

Enfim, é isso. Até 🦋 Terça-feira tem capítulo 💋 (e se preparem pq é aquele capítulo que eu postei o SPOILER no ig...👀

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