²⁹|A insanidade nunca pareceu tão boa
Mesmo horas depois, eu ainda consigo sentir seu gosto em minha boca, seu cheiro em minhas roupas, apesar de tê-las trocado. Passo a reunião inteira sentindo como se eu estivesse sob o efeito de alguma droga, e novamente penso como fui tolo ao achar que uma vez bastaria. Que eu me saciaria em estar dentro dela apenas uma vez.
Eu não ouço uma palavra do que dizem na reunião, olhando para meu relógio de minuto em minuto. Depois que… terminamos, liguei para Kate para que ela trouxesse meu terno reserva e conseguisse uma blusa nova para Genevieve. Quando Kate não estava atendendo, abri a porta do escritório e a encontrei em sua mesa, com fones de ouvido. Ela simplesmente olhou para mim e perguntou:
— Já terminaram? — E quando não respondi, ela olhou para meu peito arranhado, e ergueu as sobrancelhas. — Foi bom assim, hein?
Depois, ela trouxe meu terno e uma blusa para Genevieve, que depois de adequadamente vestida, deixou o escritório murmurando desculpas. Eu não fiquei surpreso que ela tenha fugido de mim, já que sempre que acontece "algo" entre nós, sua primeira reação é essa. E para ser sincero… Eu também preciso de espaço.
Antes de Genevieve, fazia meses que eu não tocava em uma mulher. Eu poderia dizer que é por causa disso que eu ainda estou pensando nela, que quero estar dentro dela novamente, mas algo me diz que eu estaria mentindo. Sim, o que aconteceu entre nós naquela sala hoje foi… insano. Completamente insano. Mas a insanidade nunca pareceu tão boa.
Meu celular apita em meu bolso.
Desculpe, sei que ainda estou em horário de expediente, mas precisei sair. Vou buscar Freya na escola, e não vamos voltar até depois das 22h, então não nos espere para o jantar.
É claro. É claro que ela iria me ignorar. Fugir, literalmente.
— Porra — resmungo, guardando meu celular no bolso.
Se antes eu não estava prestando atenção nessa droga de reunião, agora eu nem sequer estou ouvindo o que estão dizendo.
Será que deveríamos ter ido com mais calma? Hoje de manhã ela não estava parecendo que queria fugir de mim, apesar de ontem. Me chame de convencido, mas dava para sentir que ela tinha tomado uma decisão sobre a "proposta" que eu fiz. Se eu não tivesse sido um completo idiota exigindo respostas dela sobre o que ela e Tobias estavam conversando naquela sala, as coisas não teriam acontecido como aconteceu.
Mas você não se arrepende nenhum pouco.
Não, não me arrependo. Talvez tenha algo de errado comigo, mas vê-la com raiva, brava comigo, foi como atear fogo em gasolina. Simples assim, entramos em combustão; simples assim, eu tive a melhor transa da minha vida.
Entretanto, parece ser um sentimento unilateral. Talvez Genevieve tenha odiado e por isso precisou sair mais cedo, porque não sabia como me encarar.
Você se lembra de todos os sons que ela fez. Você a conhece o suficiente para saber que ela não estava fingindo.
— O que você está fazendo comigo? — murmuro, mas não sei a resposta.
💎
Quando chego em casa depois de um resto de dia arrastado, parece que há um membro faltando em meu corpo. Apesar do barulho dos cachorros — que logo se calam quando ponho suas rações — a casa está silenciosa.
Se Freya e Genevieve estivessem aqui, a mais nova estaria me ajudando a alimentar os cães enquanto contava sobre o seu dia na escola, porque apesar de ela vir falando sobre isso no carro, há sempre mais coisas para contar, perguntas para fazer. E como sempre, eu não teria me incomodado. Depois, iríamos para a cozinha, onde Genevieve e eu teríamos uma pequena batalha de quem ficaria com o jantar. Com Freya tendo suas provas finais, eu venceria pois Genevieve estaria ocupada estudando com a filha. Então eu faria o jantar, enquanto ouvia as duas, como em qualquer outro dia normal.
Mas hoje não é um dia normal e depois de tomar banho e descer, o silêncio ensurdecedor começa a me matar. Eu não havia percebido o quanto essa casa é silenciosa sem essas duas. Não tem Freya para brincar com os cachorros enquanto eu lavo a louça. Não há aquele murmúrio baixo que Genevieve faz enquanto corrige as atividades da filha na sala de jantar.
Irritado, vou para a cozinha. Eu não queria fazer o jantar só para mim, mas talvez elas não cheguem tão tarde, apesar da mensagem de Genevieve. E se chegarem, podem estar com fome.
Então eu cozinho.
Às 20h, eu estou saindo de casa. Eu tentei trabalhar em uns designs, assistir um filme, e até mesmo Miraculous, mas pareceu errado assistir sem Freya, então deixei para lá. Eu fiquei uma hora na academia, esperando estar cansado o suficiente para cair de sono quando terminasse, mas não foi o que aconteceu, então depois de tomar outro banho, pus uma calça, uma camisa polo, tênis, e saio.
Até chegar a Black Drink, eu checo meu celular a cada parada em um semáforo. Nenhuma outra mensagem de Genevieve. Tudo bem. Pelo menos eu sei que ela vai voltar para casa. (Eu verifiquei o quarto, ok? As coisas delas ainda estavam lá.)
— Qual o seu nome? — um segurança tatuado pergunta após eu parar na sua frente, furando a fila.
— Eros Blackburn.
O homem checa no tablet que está segurando, e depois anue, deixando eu passar e entrar na boate familiar.
Eu não deveria vir para cá, pois eu estava com Genevieve aqui ontem, e eu não quero pensar nela, mas a Black Drink já é um lugar conhecido por mim, e eu não estava afim de encontrar um lugar novo. Além disso, Anthony parece ter muita influência no lugar.
Como da primeira vez que estive aqui, ocupo um banco no bar e peço uma dose de whisky com gelo.
Eu não pretendo ficar por muito tempo, só precisa espairecer, eu acho. Ficar aqui por tempo suficiente para quando voltar para casa, Genevieve e Freya já estejam lá e tudo volte ao normal.
Nada mais vai ser "normal" depois de hoje.
Porra.
Eu ainda não tinha pensado sobre isso. Antes, sim, claro, mas depois de hoje mais cedo, não. E se Genevieve começar de novo com essa história de ir embora? Se ela achar que não podemos mais… conviver juntos.
Droga, odeio concordar com a mulher, mas mais uma vez ela estava certa sobre seus motivos de demorar tanto para tomar uma decisão. Para ceder.
Quando uma música familiar começa a tocar, olho por cima do ombro, para o pequeno palco com três barras de ferro. Eu não prestei atenção se havia dançarinas lá ontem. Meus olhos estavam em outro lugar.
Mas agora eu encaro o palco quando três figuras surgem. Eu sei, apenas com um olhar, que a do meio é a mesma das outras vezes. Ela não é alta, mas também não é baixa. Está usando a mesma peruca preta, um top da mesma cor, e por baixo do short minúsculo, uma calça arrastão, que deixa visível sua pele clara. Seus movimentos são fluidos e sensuais conforme ela se move na barra de ferro. Eu me encontro mais uma vez hipnotizado, mas não sei explicar porque. Desde que tudo começou com Genevieve, essa mulher no palco do pole dance foi a única que me intrigou até agora.
Talvez seja porque ela se parece com Genevieve, percebo ao me afastar do bar e me mover pela multidão para poder ver mais de perto. O sorriso secreto em seus lábios conforme ela se move, é familiar.
A cada passo que fico mais próximo do palco, eu percebo que eu conheço esse sorriso, já me peguei olhando para ele várias vezes. Eu conheço esse corpo porque tive minhas mãos nele hoje.
E eu conheço esses olhos azuis quando eles se arregalam em surpresa e choque.
Um segundo antes de Genevieve cair.
💎
Finalmente confirmei as suspeitas de vocês????
Sempre tive em mente a Genevieve ser dançarina — nas duas versões do livro antes dessa —, e vou trazer mais disso futuramente!
Eu sei que o capítulo foi pequeno, mas tive que dividir ele, e o próximo vai ser narrado pela Genevieve, então ficou assim.
Espero que tenham gostado♥
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2bjs, môres♥
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