Capítulo 42
Eu não devia tê-lo deixado...
Quando recebi a resposta da recepcionista, não me surpreendi, porque eles eram amigos e com certeza o mesmo ainda estaria trabalhando aqui. Pedi para subir, mas informaram que Victor não se encontrava, então o jeito foi voltar para casa e pensar em uma forma de reencontra-lo. Precisávamos conversar e resolver as coisas que ficaram pendentes entre nós.
Eu lhe devia uma explicação...
Quando cheguei em casa no final da tarde, Maria me esperava na sala, a mesma parecia preocupada porque não sabia qual seria a reação de Leonardo quando soubesse que tinha uma irmã mais velha. Mais para minha surpresa, o mesmo me recebeu muito bem e passamos horas conversando e marcamos de nos encontrarmos para nos conhecer melhor e entrar em detalhes sobre nossas vidas pessoais.
— Ele é igual ao papai! — Afirmei, a voz embargada, triste por ele nunca ter conhecido o filho perfeito que tanto sonhou e mamãe nunca pode lhe dar. — É esforçado, trabalha e estuda Engenharia.
— Oh querida! Seu pai ficaria tão feliz, confesso ter imaginado mil coisas. Conversaram? — Perguntou, se livrando das luvas e sentando comigo no sofá da sala.
— Sim, ele é tão educado, nem parece ser filho do Lionel, papai sempre foi tão grosso e rígido. Avisei que quero conhecer a mãe dele.
— Querida, não acha cedo? Ela pode não querer contato e... — Peguei suas mãos, interrompendo-a.
— Não, ela é diferente, iremos marcar um encontro simples, apenas para conversar e podermos conviver... eu não quero ficar sozinha. — Falei, tentando inutilmente segurar o choro.
— Oh meu amor! Nunca esteve sozinha, prometi a sua mãe que cuidaria de você, só me arrependo de tê-la deixado sozinha depois disso.
Balancei a cabeça pondo as mãos nas suas, Maria sempre se sentiu culpada pela morte de mamãe, pois achava que se tivesse entendido os sinais jamais teria saído do quarto. Mas aquele era um dia especial, meu casamento. Estávamos todos nos preparando para o grande momento. Mas as coisas não saíram como planejado, lembro de ter andado até o quarto e chamado por ela, pois me acompanharia até o local do evento. Lembro-me de ter batido diversas vezes e nada. Maria veio ao meu encontro e conseguiu abrir a porta com as chaves reservas que ficavam no escritório de papai. Estava tão nervosa que mal conseguia respirar, nada me preparou para a cena que se desenrolou na minha frente, meu mundo desabou assim que bati os olhos no chão. Era como se mil facadas adentrassem meu corpo, mamãe estava caída em cima do carpete de ceda ao lado de dois frascos de remédios, os mesmos que tomava para depressão. Aquilo me deixou tão atordoada, que a primeira coisa que fiz foi ligar para papai, o mesmo não acreditou porque diversas vezes ela tentou se matar e meu pai duvidava dessa capacidade dela. E antes de alertar a todos, ele veio rapidamente para casa, apenas para conferir se era mesmo verdade. Assim que constatou o obvio, nem se abalou, para ele era como se fosse um alivio, pois nunca suportou a ideia de se casar com ela, para ele tudo não passava de negócios. Depois daquele episódio, não tive mais cabeça para pensar em nada, andei vagamente pelo corredor em busca do meu quarto e por um momento esqueci que Victor estaria me esperando naquele altar. Eu não tinha condições de comparecer, mas ao invés de resolver as coisas, arrumei as malas, escrevi uma carta e fui embora sem deixar rastros. Fazia um tempo que eu repensava a minha relação com Victor, sentia que não estava sendo honesta com ele, apesar de tudo o que ele e Diego estavam fazendo para que fossemos felizes sem a intromissão do meu pai. Minha mãe era a única coisa que me segurava naquela casa e quando ela partiu naquele mesmo dia, resolvi pensar que era um sinal para desistir de tudo, mas naquele momento eu estava sendo egoísta porque deixaria o amor da minha vida para trás. Pensei em voltar, explicar tudo, mas resolvi não aparecer ou seria pior para nós dois.
— Querida, porque demorou para voltar para casa? — Quis saber, me analisando.
— Eu decidi tentar procurar o Victor, ele ainda trabalha na mesma empresa.
— Luana, esqueça esse rapaz, ele não te perdoaria. Ainda me lembro quando me pediu para entregar a carta em suas mãos. Ele ficou furioso e quase a rasgou, mas o amigo pegou a carta e disse que ele leria quando estivesse mais calmo. — Afirmou, lembrando de tudo o que aconteceu naquele fatídico dia.
— Ele estava com raiva, mais depois de tantos anos, deve estar mais conformado, apesar de que havia detetives atrás de mim, mas despistei. — Confessei, lembrando do mesmo rapaz que batia na porta do pequeno apartamento onde eu vivia em Nova York.
— Como fez isso? Lembro que ele veio aqui diversas vezes a sua procura, então desistiu querida.
— Eu conheci um rapaz na Europa, muito meigo e gentil, nos tornamos amigos e quando me contou que precisava alugar o quarto, eu me ofereci para ficar, era para ser temporário, até o Victor parar de me procurar, mas a coisa ficou séria e acabamos nos envolvendo. — Contei, lembrando-me de Pedro. Um amigo querido que depois se tornou algo mais, não poderia dar-lhe esperanças e o mesmo entendeu, tanto que nossa despedida foi breve e prometi que mandaria notícias assim que possível.
— Se envolveu? Menina, você é louca? De novo essa história.
— Calma, não foi nada sério, garanto.
— Da última vez que você conheceu um rapaz fora do país, acabou grávida e ainda por cima o homem era um mafioso.
Essa é uma pequena parte da minha história que eu preferi esconder de Victor. Mas também foi um dos principais motivos por eu ter o abandonado naquele altar.
❤️❤️❤️
Beijos e até o próximo capítulo...
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