Capítulo 36
Eu não sou mais um lobo solitário...
Quando notei que Aline tinha adormecido, decidi pegar o meu notebook e analisar as coisas que Ruan havia me passado por e-mail. As investigações ainda estavam correndo, mas o que ele tinha descoberto até o momento foi que a avó do meu filho era basicamente uma criminosa e eu faria o possível para encontrá-la, pois havia feito muito mal a Aline e merecia pagar por cada sofrimento que a causou no passado. Deixando-a negligenciada e a mercê daquele namorado que até o momento também estava desaparecido. Não queria ter contado aquelas coisas a ela, mas sabia que se por acaso soubesse, ficaria com raiva por eu ter lhe escondido. Ela teve uma crise nervosa e fiz de tudo para que relaxasse e pensasse no nosso filho. O beijo que lhe dei significou muitas coisas, principalmente que não estava mais sozinha. Agora éramos uma família, mesmo que de um jeito meio torto.
Tudo o que eu pude ver naqueles e-mails era que o pai de Aline vendeu todos os negócios que tinha aqui e se mudou para o Rio de janeiro com Adriana Valadares, a suposta amiga da mãe de Aline, que o salvou de ser envenenado. As pesquisas informaram que eles viveram juntos por muitos anos, tiveram uma filha e depois se separaram. Ruan descobriu também que a irmã de Aline sofreu com a separação dos pais e se afundou em bebidas e começou a usar drogas, sendo assim, internada em uma clínica de reabilitação, onde passou uns meses e voltou para casa alegando que estava apta a viver em sociedade. Mas a menina era instável, se envolvia em escândalos e foi nesse meio que conheceu um empresário famoso chamado Josh Walker, com quem casou e teve um filho que hoje vive sob a tutela do pai, pois atualmente o casal era separado e Cristina Rocha, estava internada em uma clínica, posta pelo atual marido, Felipe Albuquerque. Eram muitas coisas sobre eles, tanto que parei de ler os documentos e encostei a minha cabeça no encosto da cadeira, pensando em tudo o que ouvi de Aline e o que Ruan descobriu. Estava tão inerte que não vi quando a mesma atravessou o escritório e começou a massagear os meus ombros, ela tinha o costume de fazer isso quando queria me agradar e eu acabava cedendo só por estar gravida e aquilo as vezes se tornava algo a mais do que eu estava disposta a aceitar. Naquele momento só pensava em ir até a polícia e vê o andamento da queixa que seu pai fez na época em que tudo aconteceu, mas primeiro eu conversaria com Aline, pois afinal de contas a mãe era dela.
— Você descobriu mais coisas? — Perguntou, vendo os documentos abertos na tela do notebook.
— Sim, Ruan me passou os relatórios por e-mail, mas não quero que se estresse com isso.
— Eu sei que não posso sofrer emoções, mas eu quero saber de tudo, afinal é sobre meus pais! — Exclamou, se afastando de mim e sentando-se em uma das poltronas que eu mantinha ao lado esquerdo da mesa.
— Eu entendo, mas por agora vamos deixar a investigação seguir, ainda não sabemos o andamento da queixa.
— Acha mesmo que ela ainda pode ser presa? — Indagou, a preocupação nítida em sua voz. Na certa não desejava isso para sua mãe.
Quem desejaria?
— Não sei, preciso saber mais sobre isso, mas para isso, iremos precisar de um advogado! — Exclamei, sendo sincero. — Conheço alguém que pode nos orientar.
— Certo, e ele vai nos dizer tudo? — Quis saber, pois estava mesmo interessada em ir a fundo nessa história.
— Sim, Otávio Maldonado é um dos melhores advogados que conheço, vai saber nos orientar para que sua mãe não seja presa de imediato.
— Esse nome não me é estranho, acho que já ouvi falar dele. — Disse, pensativa, tentando buscar na memória algo que já tenha visto ou escutado.
— Claro que sim, ele é o pai do Diego! — Afirmei, levantando-me. Queria beber alguma coisa e esquecer um pouco aquela história.
— Ah não, vamos arranjar outro advogado, não quero a família dele se metendo nos meus assuntos! — Foi taxativa, fazendo-me encara-la.
— Aline, achei que tivesse superado o Diego. — Soltei, um pouco sem pensar, pois, suas expressões mudaram e eu me arrependi por ter falado aquilo.
Estávamos morando sob o mesmo teto desde quando quase perdeu o nosso filho. A luta para que aceitasse a minha ajuda foi muito grande, então só o fato de estarmos aqui vivendo juntos, era uma forma de demonstrar que esqueceu o passado e havia me escolhido para ser seu porto seguro. Então aquela frase era realmente desnecessária!
— Ainda acha que gosto dele? — Indagou, cruzando os braços, chateada.
— Desculpa, falei sem pensar.
— Você sabe o que sinto por você, sabe o quanto te provoco para que me enxergue como a pessoa que vai te fazer feliz e é isso que recebo? — Sua voz saiu um pouco chorosa e eu me senti péssimo, não queria brigar com ela e nem queria que sofresse, mas as vezes eu ficava confuso com os sentimentos e misturava as coisas.
— Aline, sabemos que tudo aconteceu muito rápido. Passamos uma noite juntos e você ficou gravida. Então é normal que eu fique confuso e pense essas coisas.
— Tudo bem, agora eu só quero saber a verdade sobre a minha família, o resto a gente resolve depois. — Finalizou, levantando-se da poltrona e saindo do escritório, me deixando completamente sem jeito.
As horas passaram e ajeitei minhas coisas na sala, pois desde que Aline passou a morar aqui, a instalei em meu quarto e preferi dormir na sala, pois não tinha o habito de dividir a cama e também não queria lhe dar esperanças de um relacionamento. Então me ajeitei aqui no sofá e fiquei olhando para teto, pois amanhã tudo se resolveria e eu com certeza faria qualquer coisa para que Aline me perdoasse e ficássemos numa boa novamente.
Despertei quando ouvi barulhos na cozinha, imaginei que Aline tinha se levantado cedo e ido preparar o café da manhã. Quando me levantei observei a mesa posta e me animei para comer, pois ontem depois da nossa pequena discussão, deixei as horas passarem e fui dormir, sem nem ao menos lhe procurar no quarto. Preferi lhe dar espaço e deixar que a mesma esfriasse a cabeça para que hoje pudesse nos entender.
— Bom dia! — Cumprimentei, assim que cheguei no corredor e a mesma levantou os olhos para mim. As expressões estavam neutras e não dava para saber ao certo como seu humor estava hoje.
— Bom dia, fiz aquele pão na chapa que você gosta! — Exclamou, mostrando-me a bandeja assim que voltei do banheiro.
— Não precisava, eu que deveria estar na cozinha fazendo todo tipo de guloseima, apenas para que me perdoe pelo que falei ontem.
— Vamos esquecer, deixar para lá. O nosso menino acordou chutando muito hoje! — Exclamou, alegre. Rapidamente depositei minhas mãos em sua barriga e senti o leve chute.
— Eu sou o cara mais feliz desse mundo por ter vocês em minha vida, porque mesmo que não tenhamos assumido nada, se tornou uma pessoa muito importante para mim. — Confessei, sendo totalmente sincero, pois nada me fazia mais feliz do que tê-los ali diariamente vivendo comigo sob o mesmo teto.
❤️❤️❤️
Beijos e até o próximo capítulo...
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