Capítulo 28
O medo é capaz de mudar o nosso destino...
Os bips insistentes fizeram-me despertar, lembrando-me de tudo o que tinha acontecido. Me recordava de ter discutido com a minha mãe e pegado uma chuva forte. Victor me resgatou e fez todo o possível para que eu não perdesse o nosso filho.
Pensar naquilo me fez alisar a minha barriga, queria ter notícias e saber se realmente estava tudo bem. Tentei me mexer, mas um catete intravenoso beliscou o meu braço esquerdo. A vontade de chorar veio quando lembrei do sangue escorrendo entre as minhas pernas e imaginei ter sido o fim. Jamais me perdoaria se algo grave tivesse acontecido ao meu bebê.
Estava completamente imersa em meus pensamentos quando notei um movimento do lado direito do quarto, onde havia uma porta e imaginei ser um banheiro. Victor saiu daquele cômodo com uma toalha nas mãos e roupas trocadas, pois lembro-me de tê-lo visto de terno antes de me apagarem por completo. Com certeza havia trocado, pois as outras se encharcaram por causa da chuva.
O mesmo tomou um leve susto quando me viu acordada e se aproximou do leito onde eu estava deitada. O silêncio era confortável, mas o som do monitor era incômodo para os meus ouvidos, tanto que tentei mexer no catete e ele me impediu. Tocando minha mão e mantendo a frequência do soro no lugar, senti seu toque suave em meus cabelos e respirei fundo porque meu coração estava batendo forte enquanto minhas mãos suavam de nervosismo, nunca o tive tão perto depois daquela noite. Eu agradeci mentalmente por ele ter esperado que eu despertasse para conversarmos sobre tudo o que aconteceu, ainda estava confusa por causa dos remédios e esperava que Victor não mentisse para mim.
— Você está bem? — Perguntou, alisando meus dedos. Um toque bem sútil que me causou arrepios.
— Só vou ficar bem quando tiver notícias do meu bebê. — Ele franziu o cenho, parecia não ter gostado da forma como pedi por notícias. Seus olhos ficaram sérios de repente e suas expressões se tornaram indecifráveis.
— Nosso filho! — Corrigiu, a voz rouca e um tanto possessiva. Como eu jamais ouvi antes. Assenti levemente, apertando seus dedos, retribuindo seu carinho.
Eu não queria que ele se afastasse e num gesto impensado, coloquei sua mão em minha barriga ainda plana. Mesmo que fosse imperceptível e a certeza fosse mínima, havia sinais de que um bebê crescia ali dentro. Eu poderia não está convicta disso, mas meu coração de mãe alertava de que estava tudo bem, por isso que eu me mantive tranquila e me senti mais confortável para pergunta-lo.
— Ele está bem, não é?
— Sim, mas você precisa de cuidados. Está com ausência de vitaminas no organismo e não pode passar estresse. O que aconteceu para que eu te encontrasse naquele estado? — Quis saber, afinal, era o pai do meu filho e não negaria minha irresponsabilidade. Mas esse era um assunto delicado que eu ainda não estava pronta para falar, por isso ignorei sua pergunta e me concentrei em sentir um pouco meu bebê, feliz por ele ainda está em meu ventre.
Nós nunca havíamos comentado nada sobre nossas famílias, aliás, nem éramos para estarmos nessa situação. Era para ter sido apenas uma noite e nos descuidamos. Queria pensar dessa forma, mas a noite foi tão mágica que não consegui esquece-lo. Cogitei em não lhe procurar e arranjar outro pai para o meu filho, mas não seria certo e nem justo com ele. Por isso que segui os conselhos de Sarah e o procurei, mas falei apenas da gravidez e deixei o fato de nos conhecermos melhor um pouco de lado, tendo em vista de que Victor não queria ser muito próximo e eu estava respeitando seu espaço, pelo menos por enquanto.
O fato era que não nos conhecíamos direito e tudo o que sabíamos um do outro era um pouco irrelevante para formamos uma família. Victor se afastou de repente, como se fosse um aviso para que eu parasse de sonhar e não levasse meus pensamentos adiante. Mas era inevitável, eu queria ter o prazer de conhecer sua família, saber seus gostos e certos hobbie's. Uma pena que não dependia só de mim, Victor teria que colaborar para isso acontecer e se dependesse dele, jamais seríamos uma família.
Segundo as meninas, o sexo com ele era frio e sem intimidades. Ele não se preocupava com beijos e preliminares, apenas dava prazer as suas parceiras e finalizava a noite. Mas comigo tinha sido diferente, sentíamos que a noite tinha sido significativa para ambos, mas ele não enxergava isso. Estava cada vez mais difícil para ele admitir que comigo foi diferente, mas eu precisava ter paciência e respeitar seus limites. Não vou mentir, queria que ele enxergasse os sentimentos que estavam bem nítidos em nossos corações. Ia demorar para isso acontecer e eu não sei se nossa convivência daria certo.
Hellen tinha certa convicção de que algo tinha acontecido para que ele se tornasse esse homem frio que se fechou de vez para o amor, pois ela é louca por ele e nunca teve uma chance. Me sentia mal por cobiça-lo também e mesmo que ele não me de uma chance, eu estou feliz por pelo menos ter uma parte dele comigo. Mesmo que não fiquemos juntos, nosso filho estará sempre comigo, lembrando-me todos os dias daquela noite maravilhosa.
— Olá, vim saber como mamãe e bebê estão! — A médica que me atendeu entrou no quarto, me tirando dos meus pensamentos. — Se tudo correr bem, amanhã você terá alta, por enquanto está em observação.
Explicou, fazendo-me respirar frustrada. Havia perdido um turno de trabalho e aquilo me causava uma certa tristeza, pois estava juntando dinheiro para o enxoval. Victor sorriu para a médica quando a mesma terminou de me checar e se virou para ir embora, só passou aqui para atrapalhar o meu momento e atraí a atenção de Victor.
— Se quiser paquera-la fique à vontade! — Exclamei, de repente. Não sei como pronunciei essas palavras, mas aquilo fez Victor soltar uma gargalhada e sentar-se no leito ao meu lado.
— Não vou fazer isso, não me interesso por mulheres casadas. — Falou, bagunçando meus cabelos e alisando meu rosto.
— Se você sabe, é porque tentou convida-la para sair.
— Não, eu apenas observei. Porque estamos discutindo isso? — Perguntou, franzindo o cenho, parecendo divertido. — Você precisa descansar.
Quando ele se aproximou para beijar minha testa, segurei seu rosto com as duas mãos e juntei nossos lábios, tentando ser ágil para que não se afastasse. Queria sentir seus lábios que eram tão macios e habilidosos. Sua língua tocou a minha e aprofundei mais o beijo, segurando sua nuca com a minha mão direita, tentando não gemer, pois a excitação tomou conta do meu corpo e precisei apertar as coxas. Victor massageou o meu pescoço e tentou se afastar, parecia ter caído em si, mas não deixei.
Levantei-me devagar, tentando ficar sentada e ter mais apoio para não deixa-lo escapar. Ele não se opôs em se aproximar mais para que eu tivesse melhor acesso, se rendendo. Então apenas continuei e o abracei pelo pescoço, sentindo meu coração bater forte no peito. Parecia um sonho, daqueles que você não quer acordar nunca mais. Nos afastamos quando o ar foi necessário e antes que eu pudesse falar, ele se levantou e passou as mãos pelo cabelo. a confusão tomando conta do seu semblante.
— Aline, não vamos por esse caminho, por favor! — O nervosismo em sua voz me fez ter vontade de rir, mas não faria porque sabia que as emoções estavam conflitantes para ele.
— Foi só um beijo! Relaxa, não estou te pedindo em casamento.
— Estamos numa situação complicada, sei que seus hormônios estão confusos e podes ficar assim, mas eu não consigo te dar mais do que isso. Entende?
Apenas balancei a cabeça e voltei a me deitar, sabendo que ele não se renderia fácil novamente e tudo o que eu dissesse naquele momento, tornaria as coisas ainda mais difíceis. Deixei que o mesmo se afastasse e fechei os olhos, ciente de que, ele não ia se livrar de mim e por mais que fosse difícil, eu continuaria tentando porque eu sentia que a nossa história estava apenas começando.
❤❤❤
Beijos e até o próximo capítulo...
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