A Broken Heart
Espalmo minhas mãos sobre a mesa. O celular está vibrando em algum canto do escritório.
"Não posso acreditar que ele fez isso", é o que penso.
Afrouxo a gravata e tomo um fôlego profundo, tentando segurar as lágrimas. Minha garganta está fechada e o meu coração, partido.
— Ministro? — Cláudio, meu assistente, me chama da porta. A voz dele é preocupada.
— Sim? — O instigo, sem me virar.
— O presidente está na linha, ele disse...
— Eu não quero falar com ele! — Grito, numa explosão de raiva.
O escritório fica em silêncio e sei que Cláudio está assustado. Eu não costumo me exceder.
— Desculpe, Cláudio. Eu não quis... Eu não quis...
— Eu entendo, senhor. Quer que eu diga que você não está? — Ele pergunta, solícito.
É tentador. Não quero falar com ninguém, muito menos com ele.
— Não. — Nego e meus ombros caem. — Eu vou falar com ele.
Não há razões para evitar o inevitável.
Espero que Cláudio transfira a ligação, o telefone colado na orelha.
— Moro? — Ele me chama com a habitual língua presa. Meus olhos lacrimejam.
— Como você pode? — Acuso-o. — Você tinha prometido!
— Moro, você precisa entender... Era... Era necessário! Por favor, não fique com raiva de mim! — Jair se defende. Eu posso imaginar sua expressão do outro lado: sobrancelhas erguidas, mãos erguidas. As mãos que já fizeram tantas pistolas...
— Não ficar com raiva? Não ficar com raiva?! Eu estou FURIOSO! — Grito a palavra. — Você me garantiu que não mexeria na PF! Que EU é quem lidaria com a diretoria.
— Você não entendeu, Moro. Se eu posso escolher os ministros, porque não posso escolher a diretoria da PF? Eu já tinha dito que mudaria isso. Você estava lá! Não se faça de sonso.
— Nós tínhamos concordado que você não mudaria até que se apresentasse alguma falta! O Valeixo estava trabalhando muito bem!
— Agora o Valeixo é quem importa? — Há mágoa nas suas palavras presas. — Eu não preciso pedir autorização pra ninguém no executivo! Eu sou o presidente!
— Quer saber? Você está certo e eu cansei de viver assim. Eu estou saindo. — Tomo a decisão no momento.
— Saindo? Saindo de onde, Moro?
— Estou saindo do Ministério, Jair. Adeus.
— Moro eu... — Encerro a chamada e não permito que ele diga mais nada.
A decisão fora precipitada, mas eu nunca me senti tão certo de algo.
Chamo Cláudio. Temos que arrumar nossas coisas.
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