Capítulo 32 - Amor em Seul - Kim Taehyung
"Mas, não conseguimos salvar o bebê"
A frase rodava e rodava na minha mente, e a cada volta que ela dava a dor em meu peito triplicava.
Eu ia ser pai.
Me sento em uma das cadeiras da sala de espera do hospital e sinto meu rosto transbordar pelas lágrimas, bem como meus amigos me abraçarem, mesmo eles estando chorando tanto quanto eu.
- As pessoas que fizeram isso vão pagar caro – diz Jungkook com a voz embaraçada pelo choro.
- Elas estão presas na delegacia central – afirmou Bang, que estava em pé na minha frente.
- Foram quantas pessoas? – questionei.
- Foram três sasaengs – informou Bang.
- Temos que resolver isso imediatamente – diz Jin.
- Eu vou ficar aqui. Minha prioridade é a Anna agora, quando minha sogra chegar eu resolverei a situação na delegacia – respondo firme.
Todos os meus amigos me encaram surpresos pela minha frase e me surpreendo ao ver um sorriso nascer nos lábios de Namjoon e Yoongi.
- Acho que essa é decisão mais sensata – afirma Namjoon.
- Quando a família da nossa pequena vai chegar? – questionou Hoseok para Bang.
- Em poucas horas, eles já saíram do Catar e devem pousar no início da noite de hoje – responde Bang.
- Eu tenho que ficar aqui com a Anna, poderiam ir busca-los no aeroporto pra mim? – questiono os meninos.
- Não se preocupe com isso, eu vou busca-los – se dispõe Yoongi.
- Eu também posso ir – afirma Jin.
- Eu vou com mais um carro só por garantia – diz Jungkook.
- Obrigado gente – digo ao olhar para os meus amigos.
- Bom, então eu vou cuidar da situação dos shows cancelados e fazer um comunicado oficial para o army – fala Namjoon.
- Vou te ajudar com isso Namjoon, eu tenho uma ideia, mas preciso da autorização de todos vocês – diz Bang.
- Que ideia? – questiono.
- Quero mostrar ao army a sua história com a Anna, todos os momentos dela com você e com os meninos que temos gravados. Quero mostrar o quanto ela é importante pra vocês sete, principalmente para você Tae – responde Bang.
- E essa história inclui o agora? Por isso as câmaras? – pergunto.
- Sim, eu acho que só assim elas vão entender – fala Bang.
- Por mais que me doa admitir, acho que o Bang tem razão – diz Yoongi.
- Tudo bem Bang, faça o que achar melhor, eu estou confiando em você de novo. Não me decepcione – respondo.
- Eu não vou. Prometo – diz Bang.
- OK, já que o Namjoon vai com o Bang resolver as coisas da empresa. Eu vou ficar aqui com Taehyung – diz Jimin.
- Jimin, não precisa – falo.
- É claro que precisa, nós somos irmãos lembra. Vou ficar aqui com você – fala Jimin.
Graças a fala de Jimin acabei por sorrir. O primeiro sorriso em horas.
- Obrigado a todos vocês – respondo.
- Somos uma família – diz Jin.
Eu sentia algo diferente em mim, algo que ia além da dor e da preocupação, algo que eu sei que tinha atingido meus amigos também.
Me levanto da cadeira e vejo que o médico continuava ali em pé, como se estivesse esperando pela minha atitude, então sem hesitar fui até ele, parando bem em sua frente.
- Eu posso ver a minha mulher? – questiono.
- Sim, mas somente por alguns minutos, a UTI não é lugar para acompanhantes e ela ainda está frágil - afirmou ele.
- Obrigado.
Me despeço dos meus amigos e sigo o médico pelos corredores do hospital, não demora até estarmos na frente da UTI, então coloco a roupa hospitalar necessária para entrar ali e após finalmente entro na sala na qual a minha pequena está desacordada e ligada a vários aparelhos hospitalares.
As lágrimas desceram pelo meu rosto de forma silenciosa e eu apenas me sentei na cadeira ao lado da cama hospitalar, segurei sua mão com cuidado e em sequência observei o estado de seu corpo.
Os machucados de Anna eram muito aparentes, mesmo com a roupa hospitalar era possível ver o roxo em seus braços e pernas, seu abdômen estava com uma faixa hospitalar apertada ao redor, a mesma faixa que estava ao redor de sua cabeça.
-Me desculpa meu amor, eu deveria ter te protegido, eu deveria cuidar de você... Sou eu quem devia estar nessa cama de hospital – digo com um nó na garganta.
Como era esperado Anna não me respondia, ela permanecia ali imóvel, se não fosse pelos aparelhos monitorando seu batimento cardíaco nem sei o que faria.
- Isso vai passar meu amor e se você me perdoar... prometo tentar ser um namorado e marido melhor para você – digo.
Segurando sua mão com delicadeza a levo até meus lábios, sentindo sua pele suave.
- Eu te amo Anna – falo.
- Desculpe Senhor Kim, mas você deve ir, assim que a senhorita Anna for levada até o quarto o senhor poderá acompanha-la, mas aqui na UTI não é possível – afirma o Doutor.
- Tudo bem, eu entendo – afirmo.
Me levanto da cadeira e me inclino para selar a testa da minha pequena, antes de finalmente sair do centro de terapia intensivo e voltar para o saguão do hospital, onde se permanecerá Jimin.
- Os outros já foram – afirma Jimin.
- OK – respondo.
Ao me sentar na cadeira ao lado de Jimin na sala de espera foi como se o mundo todo parece, como se minha dor e a de meus amigos se tornassem eternas.
- Acha que ela vai perdoar por não conseguir protege-la? – questiono após um tempo em silêncio.
- Eu acho que a Anna não te culpa por isso, ela te ama e sabia os riscos de assumir esse amor, por mais doloroso que possa ser, por mais horrível que seja essa situação, eu acredito que a Anna não te culpa por ama-la – diz Jimin.
- Obrigado por dizer – falo sem conseguir encara-lo.
- Tae a Anna mudou a sua vida completamente, eu sei disso, os meninos também, e por mais que elas não entendam ainda o Army também viu isso. Quando eu era criança sempre ouvia que nunca deve se mudar por quem ama, mas vendo vocês dois eu sei o quanto isso é mentira – fala Jimin.
- Como assim? – questiono sem entender.
- Quando se ama de verdade alguém, essa pessoa te transforma em algo melhor de uma forma tão sutil que só nos damos conta depois. Não mudar por quem ama é se recusar a crescer e a evoluir, se a pessoa que te fez mudar não lhe merecer a culpa não é sua, não devemos tentar fugir da vida, devemos aprender com ela – conclui Jimin.
- Em que momento você se tornou assim tão sábio? – pergunto em um sorriso sutil.
- Não sei, eu tenho pensado muito ultimamente sobre isso, acho que é porque ao ver o sacrifício que você e Anna estão fazendo por nós, para que nós tenhamos a chance de viver um amor assim sem barreiras, eu senti vontade de ter alguém assim – confessa Jimin.
- Meu irmão. A mulher que um dia você vier amar, será uma jovem de sorte – falo ao bater no ombro de Jimin.
- Se ela me amar assim como a Anna te ama, acho que eu serei o sortudo da história – afirma ele.
Engatamos em uma conversa longa e profunda, Jimin estava tentando me distrair e neste momento eu só sabia agradecer por ele estar ali comigo.
Melhores amigos sempre vão estar ao seu lado, mesmo que a situação seja boa ou ruim.
- Taehyung, olha isso – diz Jimin me passando o celular.
Olho para tela confuso, vejo que o meu nome e o de Anna era tendência no Twitter e ao clicar ali vejo que as Armys estavam mandando forças para mim e a minha pequena, alguns pediam desculpas pelo ciúme e outras afirmavam que estavam horando por nós dois.
Em um dos comentários havia um link de um vídeo do VLive que havia sido postado a um pouco mais de uma hora, abro o mesmo curioso e me choco ao ler o título.
- Amor em Seul – diz Jimin ao ler o título em voz alta.
Nos entreolhamos e logo abrimos o vídeo, no começo vejo o show do Brasil, o vídeo focava na minha reação ao ver Anna pela primeira vez, não demorou até eu aparecer chorando por não conseguir conversar com ela.
- É a minha história de amor com a Anna – falo.
O vídeo continuou com a câmera de segurança do hotel que Anna ficou quando chegou a Coréia, nos sete a observando com a família e no final ela se curvando.
Quase toda a nossa história estava ali, nosso primeiro encontro, primeiro beijo, a primeira vez que ela esteve comigo e com os meninos no dormitório, os vídeos que os meninos gravaram de mim falando dela.
Também tinha cenas dela brincando com os meninos, apoiando o Jin quando ele voltou do exército e ajudando a Rap Line com sua vingança.
O final me levou as lágrimas, era eu recebendo a notícia da morte do meu filho e desabando em seguida, eu já me encontrava em lágrimas antes disso, com essa cena eu chorei ainda mais e senti meu corpo sendo abraçado pelo Jimin.
- O mundo entende agora – disse Jimin.
Não tive tempo para pensar em mais nada, porque neste instante meu celular tocou, era Jungkook.
- Oi JK – digo ao atender.
- A família de Anna já está conosco, estamos indo ao hospital – diz ele.
- Tudo bem, estamos esperando – afirmo e desligo o celular em sequência.
- A família da minha pequena chegou – digo sem encarar Jimin que ainda me abraçava.
- Vai ficar tudo bem, a Anna é mais forte do que pensamos – fala ele.
Demorou cerca de uma hora até eu ver a Elo correndo pelo hospital, com toda a família de Anna atrás.
- TIO TAE – gritou Elo ao pular nos meus braços e chorar.
- Calma meu amor, a tia Anna vai ficar bem – digo tentando tranquiliza-la.
- Tae, como está a minha irmã? – questiona Bruno nervoso.
- Ela está estável, foi colocada em coma induzido pelos próximos dias – respondo.
- Como isso aconteceu? – perguntou Fifi.
- Ela foi atacada por sasaengs – explico sem coragem de encarar a minha cunhada.
- Foram presas? – questionou Lucas.
- Sim, estava só esperando vocês chegarem para ficar aqui com a Anna, vou resolver essa situação pessoalmente – afirmo.
- Eu vou com você – fala Bruno e eu apenas assinto em concordância.
- Eu quero ver a minha filha – diz Dona Maria em lágrimas.
- Vou chamar o médico – fala Jimin que logo some pelos corredores do hospital.
- Me desculpe Dona Maria, eu falhei em proteger a sua filha – digo com o nó na minha garganta.
Minha sogra então me puxou para um abraço carinhoso e reconfortante, ela acariciava minhas costas com suas mãos quentes.
- A culpa não foi sua Tae, você está aqui com ela agora e eu não poderia ter pedido a Deus genro melhor – diz Dona Maria me fazendo chorar ainda mais.
- Obrigado minha sogra – falo assim que me afasto.
Elo que permanecia agarrada ao meu corpo se afastou para me encarar e com suas mãozinhas pequenas ela limpou minhas lágrimas.
- Não chora tio Tae, a tia Anna te ama e eu também – fala a pequena.
Por mais dor que eu esteja sentindo a presença da família de Anna fez com que um pouco de paz recaísse sobre mim.
- Olha o Jimin está voltando com o Doutor – diz Lucas.
- Boa noite, como a senhorita Anna está na UTI somente uma pessoa pode entrar, quem gostaria de ir? – questionou o médico.
- Sou mãe dela – diz minha sogra.
- Tudo bem, me acompanhe – diz ele já indo em direção a Anna com minha sogra logo atrás.
- Tae você precisa ir tomar um banho e descansar – diz Yoongi.
- Ele tem razão – afirma Jin.
- Eu tenho que ir à delegacia primeiro – explico para eles dois.
- Então vai logo, eu e Yoongi vamos ficar aqui com a família da Anna – diz Jin.
- Ok, Jimin, Jungkook e Bruno, vamos? – questiono.
- Vamos – dizem eles.
Saímos do hospital e me deparo com vários reportes, ignoro todos e entro no carro de Jungkook.
Não demora até chegarmos na delegacia central, nesse momento sou dominado pela raiva, como um ser humano pode ser tão cruel assim com outro? Como uma pessoa que diz me amar pode me machucar? Machucar as pessoas que eu amo?
Entro naquela delegacia com sangue nos olhos. Eu quero justiça.
O delegado e os policiais presentes logo me reconheceram e se curvaram em sinal de respeito.
- Senhor Kim – diz o Delegado.
- Quero falar com elas – afirmo de forma direta.
- Sim senhor Kim.
Começamos a seguir o delegado pelos corredores da delegacia, até paramos em frente a uma cela, onde as três sasaengs estavam sentadas.
Assim que me viram elas imediatamente ficaram de pé e correram para a grade, eu estava finalmente cara a cara com elas.
- Tete é você meu amor – diz a da esquerda.
- Kookie você também veio – fala a do meio.
- Mochi, está aqui por nós, finalmente vieram nos tirar dessa prisão imunda – diz a da direita.
- Tirar vocês daqui? Nunca – responde Jimin sério.
- Como assim Mochi? – questionou ela.
- Não me chame de Mochi. Não tens esse direito – fala Jimin.
- Como vocês três foram capazes? – pergunto com raiva e acho que finalmente entenderam o porque estávamos ali.
- Não podem estar defendendo aquela mulher – diz a da esquerda sem acreditar.
- Aquela mulher se chama Anna Carolina Menezes e é a minha mulher – digo com firmeza.
- Eu só posso estar louca, Tete ela é uma manipuladora, uma... – começa a falar a sasaeng do meio.
- Olha lá o que vai falar da minha irmã. A Anna não tem coragem de fazer mal a uma formiga, diferente de você – diz Bruno com raiva.
- Irmã? Impossível vocês são tão diferentes – fala a da esquerda com um certo nojo.
- Ela deve ser uma bastarda – completa a da direita.
- PARO – grito assustando a todos.
Dou um passo a mais de frente para a cela na qual as três estão, fico ainda mais perto delas com meu peito ardendo em raiva.
- A Anna é a minha mulher, é a pessoa mais incrível que eu conheci na minha vida e eu não vou permitir que vocês e nem ninguém mais a machuque, eu só vim olhar na cara de vocês três e dizer que é bom vocês arrumarem um excelente advogado, porque se depender de mim vocês vão passar o resto da vida na prisão. Assassinas – falo para elas que engolem em seco.
- Pelo que eu saiba ela está viva – diz a do meio.
- Sim, mas vocês mataram o meu filho e vão pagar por isso – respondo.
- Filho? – questionou a da esquerda.
Dou um passo para trás e me viro para meus amigos e meu cunhado.
- Vamos embora, não vale a pena – digo.
Saio dali sendo seguido pelos outros meninos, entramos na sala do delegado e dei o meu depoimento, contei para ele tudo sobre a minha relação com a Anna, para ajudar na denúncia que seria feita.
Os meninos me ajudaram e falaram tudo que sabiam, Bruno contou tudo sobre Anna também, como ela era quando criança e na juventude. Tudo para colaborar com a denúncia.
Eu sei que o fato de a Anna ser estrangeira tem um peso na lei, mas dessa vez eu vou dar tudo de mim para que a justiça seja feita.
Nas duas semanas que seguiram eu passei praticamente só no hospital com Anna e com Dona Maria, saindo poucas vezes para comer e dormir.
A comoção das armys permaneceu e apesar de doloroso o fandom havia entendido o que se passava comigo e com os meninos, elas respeitavam a nossa dor e rezavam pela recuperação da minha pequena.
A família de Anna permaneceu em Seul, assim como a minha família.
Quando o médico noticiou que iriam retirar Anna do coma induzido me senti um pouco mais forte, como se essa dor finalmente começasse a passar.
- Agora é só esperar ela acordar – diz o Doutor.
Me sentei ao lado direito da cama de Anna, enquanto minha sogra estava do esquerdo, todos os meninos e minha família também estavam no quarto a espera.
Quando aqueles olhos verdes apareceram depois dessas duas semanas, lágrimas inundaram o meu rosto.
- Tae? – questiona ela com a voz rouca.
- Você voltou pra mim meu amor.
Nem acredito que este é o penúltimo capítulo, já estou saudades já desses dois.
Não se esqueçam de votar e comentar bastante
Amo vocês
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