Capítulo 01 - Mudança - Anna Carolina
Eu estava arrumando as últimas caixas para de fato me mudar de Londres a Seul quando o meu telefone começa a tocar, vejo que se trata de uma ligação de vídeo da minha irmã.
- Oi Fifi – digo ao atender.
- Oi Anna, quando você vem? – pergunta a minha irmã, sempre direta.
- Chego aí na Coréia amanhã – digo ao mesmo tempo em que fecho a última caixa com a fita durex.
- Graças a Deus, o nosso coreano está sendo um completo idiota dês que chegamos aqui ontem – Fifi responde.
- É o Lucas, o que você esperava Fifi? – digo rindo.
- Quem sabe mais maturidade, ela já tem 23 anos pelo amor de Deus – Fifi diz indignada e eu caio na gargalhada.
- Só você mesmo Fifi, não podemos esquecer que o Lucas é o mais jovem da família, ele sempre será o bebê da mamãe – digo sorrindo.
Na família consideramos os mais velhos em ordem de adoção e não de nascimento, ou seja, primeiro sou eu com 25 anos, depois o Bruno com 27, a Fifi com 22 e por fim o Lucas com 23, foi um jeito maluco que encontramos de dizer quem chegou primeiro na casa é quem manda.
- Sim Lucas sempre será o bebê da mamãe, eles estão só o grude aqui, vem logo pelo amor de Deus – Fifi fala fazendo drama e eu sorrio.
- Ninguém sabe que eu vou chegar né? – pergunto novamente para ter certeza, eu amo a minha irmã, mais também sei que ela é péssima em guardar segredos.
- Já te disse que não, fica tranquila maninha, ninguém sabe que você vem – responde Fifi me deixando mais aliviada.
- Ok, estou confiando em você Fifi – digo.
- Pode confiar, mudando completamente de assunto o BTS vai fazer um show aqui em Seul na semana que vem, vamos? – Fifi pergunta.
- Vamos sim, nunca fomos em um show deles na Coréia vai ser uma experiência nova – digo sorrindo.
- É o show de retorno do Jin, meu Deus estou tão feliz que meu utt voltou – Fifi fala com a mão no coração e com um olhar sonhador.
- Ela já voltou do exército? – pergunto surpresa, parece que foi ontem que ele foi.
- Voltou mês passado, que espécie de Army é você que nem se deu conta que o nosso Jin voltou? – minha irmã pergunta revoltada.
- Fifi o último mês foi complicado para mim – digo.
- Por conta da mudança aqui para Coréia? – ela pergunta preocupada.
Minha irmã sabe no que vou trabalhar em Seul e isso tem deixado ela bem preocupada, ainda não tive coragem de contar a mamãe sobre a mudança ela surtaria ao saber que vou mediar um conflito para evitar uma guerra.
- Sim, mais também sei que não é desculpa ter esquecido da data de retorno do Jin, meu Deus me sinto uma Army horrível agora – digo triste.
- É só gritar muito que ama ele no show e está perdoada – minha irmã fala de forma simples.
- Vamos todos no show? – pergunto.
- Sim, sabe que os meninos amam o BTS também, até mesmo a Eloísa nossa princesa não vive sem os meninos – responde Fifi.
- Vamos pegar então mais perto do palco possível, para a Eloísa poder ver eles de pertinho que nem nós duas vimos no show de São Paulo, esse é o primeiro show da vida dela, tem que ser perfeito – falo.
- Falando na Eloísa, a nossa princesa pergunta todo dia de você – fala Fifi e meu coração se aperta, minha sobrinha é simplesmente a minha vida. Sou uma tia babona mesmo e me orgulho muito disso.
- Saudades da nossa princesa – digo – Fifi agora eu tenho que desligar preciso ir despachar essas caixas para a doação.
- Vai doar tudo que tem aí? – pergunta minha irmã espantada.
- Tudo não, mais a maioria das coisas sim – respondo.
- Você sempre faz isso, lembro quando terminamos o trabalho voluntário na África e você deu quase tudo que compramos antes de ir embora – fala minha irmã sorrindo.
Eu e meus irmãos fomos voluntários por um tempo em uma ONG que cuida de animais que foram torturados ou quase mortos por caçadores durante dois meses na África do Sul a uns três anos atrás, foi uma ideia do Bruno ele queria conhecer o país e ajudar os animais ao mesmo tempo, fora uma experiência extraordinária o que me faz sorrir pela lembrança.
- Tudo bem você precisa desligar, mais não esquece que seu voo sai de Londres as oito da noite de hoje aí – avisa minha irmã e faço uma careta, não sou uma pessoa propensa a ser impontual, todavia sou muito esquecida.
- Eu sei Fifi, não se preocupe já coloquei o alarme no celular – respondo.
-Acho bom mesmo, tenho que desligar agora, a namorada do Lucas está saindo do banho – minha irmã diz revirando os olhos.
- Não acredito que a bruxa foi viajar também – digo já brava, vou matar o meu irmão.
Eu e Fifi simplesmente não gostamos da Diana namorado do Lucas, garota chata, não sabe nem conversar e ainda por cima é a maior puta da cidade. Meu irmão merece coisa melhor e o fato dele ter levado para a nossa viagem em família era um claro sinal de guerra entre nós.
- Sim, estou só esperando você chegar para me ajudar a jogar ela da ponte do Rio Han – fala Fifi com um sorriso diabólico nos lábios.
- Tenho que desligar, tchau Fifi até amanhã – falo e logo após desligo a chamada de vídeo.
Assim que termino a chamada com a minha irmã corro contra o relógio para terminar tudo que preciso a tempo de viajar.
Levo as caixas que separei até o orfanato mais próximo e após pego as minhas próprias caixas e despacho via correios até o meu novo apartamento em Seul.
Após finalmente terminar corro em casa que agora só se encontra com as minhas malas e os móveis que já estavam ali quando me mudei, tomo um banho rápido e me visto com um conjunto de moletom, não dá para entrar no avião sem estar de moletom.
Quando finalmente termino escuto umas batidas na porta do apartamento e ao abrir a porta do mesmo encontro a dona do mesmo, ela veio fazer a vistoria de entrega das chaves, depois de olhar tudo ela vê que está tudo em ordem e finalmente entrego a chave do apartamento.
Pego as minhas malas e saio do prédio, dou sorte e encontro um táxi bem na frente do mesmo que me leva ao aeroporto, noto durante o trajeto o quanto Londres é linda ao pôr do sol.
Quando finalmente entro no aeroporto vou direto despachar as minhas malas, haja vista que fiz o check-in online hoje de manhã, ao terminar vou para a sala de espera, aproveito e envio uma mensagem para Fifi avisando que já estou prestes a embarcar.
Após um tempo vou até a minha área de embarque, sou uma das primeiras a embarcar junto a primeira classe, me sento na poltrona da janela e finalmente consigo descansar.
Ao decolarmos olho para baixo e vejo Londres toda iluminada, a lua já brilhava no céu escuro e sem estrelas da capital britânica, e ao ver essa imagem é inevitável sorrir, mesmo que tenha sido apenas 01 ano, o país me recebeu de braços abertos e mesmo tendo certeza que isso não é um adeus é inevitável derramar algumas lágrimas.
A viagem de avião fora tranquila mesmo tendo durado 11 horas, dormi muito pouco durante o trajeto, o que fez com que eu ficasse exausta quando o avião finalmente pousou em solo coreano, viagem longas mais fuso horário sempre acabam comigo.
Saio do avião e passo tranquilamente pela alfândega, pego minhas malas e aproveito que estou no aeroporto e já compro um chip de celular local, assim que termino saio do aeroporto e já entro em um táxi indo rumo ao hotel onde minha família está hospedada.
Mesmo tendo alugado um apartamento preferi ficar no hotel com a minha família durante esses dias que eles estiverem aqui, mesmo o apartamento que eu aluguei seja grande para os padrões normais da Coréia a minha família toda não cabe lá dentro de jeito nenhum.
É inevitável observar a beleza das ruas de Seul, a cidade é tão moderna e cheia de prédios altos, completamente diferente da minha cidade no Brasil que é pequena e o maior prédio dela tem 03 andares, também bem diferente da área que eu vivia em Londres que é mais antiga e com aquela arquitetura mais histórica.
Olho o meu celular é vejo que é quase uma hora da tarde, Londres e Seul tem uma diferença de 08 horas o que ocasiona no aumento do meu cansaço da viagem, era para eu estar dormindo ainda.
Quando vejo o hotel peço para o motorista parar ali mesmo, digo que prosseguirei o percurso a pé e o mesmo concorda, pago o mesmo e pego as minhas duas malas e vou caminhando pela calçada rumo ao hotel.
Paro ao ver um grupo de garotos de costas, eles são altos e estão observando algo na frente do hotel, sem olhar para eles peço com licença para conseguir passar e ao ouvir a minha voz eles se viram.
Paraliso ao perceber que se trata do BTS, sim eles estão de boné e mascará no rosto, todavia depois de todos esses anos sendo uma Army é impossível não os reconhecer. Os sete estão um do lado do outro, sendo que estou de frente para o Tae e o RM.
Não consigo me mexer no primeiro momento, olho para eles chocada é o sonho de toda Army conhece-los e estar perto deles, ao olhar vejo Tae me olhando profundamente como se me conhecesse de algum lugar, como se não acreditasse que eu estava ali na sua frente.
- Desculpe – fala RM e abre um espaço para que eu possa passar.
Ante a fala de RM eu finalmente saio do meu transe e olho para frente do hotel e então consigo ver o que eles observavam, o BTS estava olhando a minha família reunida conversando na frente do hotel, aparentemente esperando alguém.
Dou dois passos e olho para a cena na minha frente, minha família brincava e se provocava o que fazia com que todos rissem de tudo, sinto a presença dos meninos nas minhas costas, eles voltaram a observar a família fascinados assim como eu.
Quando Eloísa está correndo de Fifi que tenta pega-la a mesma se vira e finalmente me vê e é inevitável para mim sorrir e derramar uma lágrima ao ver minha sobrinha.
- TIA ANNA – grita a pequena em coreano e corre na minha direção.
Me abaixo e pego a mesmo no colo e assim como eu, ela começa a chorar.
- Não chora meu amor – falo beijando seus cabelos.
- Senti sua falta tia – responde a pequena.
- Eu também meu amor – digo a Eloísa.
Ao erguer meus olhos vejo meus irmãos vindo até minha direção com lágrimas nos olhos.
- Você está proibida de passar tanto tempo longe da sua família Anna, tem noção de como sentimos a sua falta irmãzinha – fala Lucas ao me abraçar mesmo eu ainda estando com a Elo no colo.
- Não acredito que está mesmo aqui – Fala Bruno ao entrar no abraço.
- Ei, e eu? – pergunta Fifi.
- Vem aqui também irmã – digo estendendo a mão e logo estamos nos quatro abraçados no meio da rua com a Elo no nosso meio.
- Porque não me contou que vinha? Eu te buscava no aeroporto – fala Bruno ao pegar uma das minhas malas, enquanto Lucas pega a outra.
- Quis fazer uma surpresa – digo quando começamos a andar até a frente do hotel e nesse momento que tenho a visão da minha mãe que parecia chocada e chorava ao me ver.
Entrego minha sobrinha para Fifi e abraço minha mãe.
- Perdão mãe, me desculpe por não estar lá – digo chorando.
Minha mãe afega os meus cabelos e minhas costas, como ela sempre faz para me consolar.
- Você está aqui agora minha filha e isso já é o bastante, muitas vezes não precisamos estar fisicamente com alguém para sabermos que eles se importam, na verdade é somente com a distância que sabemos quem são as pessoas permanentes e as passageiras em nossas vidas – fala minha mãe.
-MEU DEUS CUNHADA – viro ao ouvir o grito e vejo minha cunhada Larissa me olhando espantada, vou até ela e a abraço, nós sempre fomos grandes amigas.
- Senti sua falta maluca – falo rindo.
- Eu também doida do meu coração – ela fala gargalhando.
- Nós estávamos saindo para almoçar e passear vamos junto, a gente espera você fazer o check-in e guardar as malas – fala Bruno.
- Desculpa meu irmão mais estou morta da viagem de avião, preciso muito de um banho e dormir, tudo bem se eu encontrar vocês para jantar? – pergunto.
- Claro que não minha filha, vai descansar – fala minha mãe fazendo um carinho no meu rosto.
- Combinado então, nos encontraremos para o jantar – fala Fifi.
- Eu quero ficar com a tia Anna – fala Eloísa estendendo os braços para mim e pego novamente ela nos braços.
- Meu amor sua tia precisa dormir – fala Larissa.
- Tudo bem cunha, eu cuido dela – digo.
- Viu mamãe, deixa eu ficar? – pergunta Eloísa com aquela cara que ninguém resisti, lembro que ela aprendeu vendo o desenho do gato de botas.
- Tudo bem então, mas você tem que me prometer que vai deixar sua tia descansar – fala Larissa.
- Prometo de dedinho – fala minha sobrinha estendendo o dedinho para a mãe em sinal de acordo, sorrio diante disso, foi eu que ensinei ela a fazer promessa de dedinho.
- Prometido então – fala minha cunhada.
Então minha família começa a andar rumo a algum restaurante, me viro para entrar no hotel com Eloísa quando vejo que o BTS continua ali observando.
Inclino levemente a minha cabeça para eles que retribuem o gesto surpresos e logo entro para o hotel com minha sobrinha nos braços perdendo completamente a minha visão dos sete.
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