Os dias que se seguiram foram estranhos, eu não sabia explicar o que estava acontecendo. Porque, parte de mim sentia alívio por aquilo ter acabado, sabe? O homem que me atingiu e preocupou toda minha família, agora não podia mais me prejudicar. Por outro, querendo ou não, ele era um familiar de pessoas que eu amava muito. Darcy, Georgiana e agora Fitz, eles também pareciam confusos, portanto, após o velório, decidimos que o assunto seria esquecido.

— Quero deixar isso no passado, meu tio procurou. Se não tivesse feito tudo aquilo, não precisaria fugir e passar pela doença sozinho. — suspirou, acariciando meu rosto. — Não quero mais pensar nele, não há mais nada que eu possa fazer agora. 

Assenti lentamente, percebendo os sentimentos duelando dentro de si. Culpa e alívio, acho que estávamos todos nos sentindo dessa forma. Então logo tratei de embarcar na ideia de deixar toda aquela história no passado.

— E se fossemos ao cinema à noite? — perguntei, não estávamos no clima de divertimento nos últimos dias e eu sentia falta de aproveitar com ele sem preocupações ou crises de ciúmes.

Da minha parte, claro. Ainda estava tentando lidar com a situação, meus sentimentos por Darcy não poderiam extrapolar assim. Conversei com Jane, que era um pouquinho ciumenta também, porém, bem mais controlada. Porque, aliás, Charles nem dava motivos, e ela me aconselhou a confiar mais nos sentimentos de Darcy por mim. Era complicado, pois sempre que eu via como as garotas se jogavam para cima dele, eu esquecia minha resolução de não surtar.

Aquela noite seria uma tentativa de ficar com ele sem que nada interferisse (entende-se como garotas se derretendo pelo meu namorado) enfim. 

— Faz tempo que não temos um tempinho pra nós... — murmurou contra meu pescoço, me arrepiei. 

— Está combinado. — sussurrei, fechando os olhos. Enlacei seu pescoço e fitei seus olhos azuis. 

Eu ainda ficava meio fraca quando olhava para eles. 

— Eu te amo, Lizzie. — declarou do nada, beijando minha boca lenta e apaixonadamente.

Correspondi com um suspiro, era incrível como meu amor por Darcy só aumentava com o tempo. 

— Eu também te amo. — devolvi, sentindo seus braços me apertarem pela cintura. 

— Darcy? — ouvi Georgiana gritar do andar de baixo. — Tem uma garota aqui, ela disse que veio fazer um trabalho da faculdade. — dava para notar seu tom de voz levemente alterado.

Ela claramente tomava minhas dores. Afastei-me de Darcy, respirando fundo para agir conforme me programei segundos atrás.

Certo, ele podia fazer trabalho com garotos? Podia, mas eu não tinha o direito de exigir que Darcy se enfiasse numa bolha por minha causa. Ciúmes já foi motivo de muita discussão entre nós, não era momento de surtar. Não após a morte do tio dele, contudo, minha parte Lizzie Bennet enciumada estava querendo surtar loucamente.

— Melhor você ir. — falei, antes que meu esforço não fosse suficiente.

— Esqueci completamente do trabalho, o professor designou as duplas. Iríamos fazer na biblioteca hoje, mas acho que eu sinceramente não lembrei. — foi explicando, exasperado.

— Tudo bem, vou ficar com a Gi. Lá no quarto dela. — dei as costas e fui andando. 

— Você está brava? — quis saber.

— Não. — neguei rapidamente. — Até depois. — e fechei a porta.

Eu queria espiar a garota, qual é. Ainda estava na fase de adaptação, não dava para deixar de ser ciumenta num piscar de olhos. Fui indo em direção ao quarto da Gi, porque ficava na ponta da escada. Com sorte, eu conseguiria dar uma bisbilhotada, sem parecer uma neurótica. Que, cai entre nós, eu era. Mas, em minha defesa, eu estava tentando melhorar. Era para ser considerado, certo? Certo!

Eu esperava que sim, do contrário, seria eternamente a ciumenta da relação. Isso se Darcy continuasse comigo, apesar das minhas crises. 

Foco, Elizabeth. Foco! 

Ordenei a mim mesma, caminhando como se fosse uma modelo. Cheia de glamour e autoconfiança.

Rá rá.

Piada.

Eu era tão patética, que chegava a ser cômica.

"Só que o Darcy gosta de você mesmo assim." gritou meu subconsciente.

Revirei os olhos, pois seria muita doideira discutir comigo mesma. Bom, de vez em quando eu o fazia.

— Acho que meu irmão já desce. Preciso ir. — Georgiana explicou, com uma nota de descaso na voz.

Quase sorri.

Não devia, mas era inevitável. 

Olhei ao redor, Darcy ainda não havia apontado na porta. Então corri e espiei, só para querer morrer.

A bicha era linda!

Morena, alta, elegante. Parecia mais velha? Tudo que eu não era.

Droga.

Achei que me sentiria melhor com o tempo, que me convenceria dos sentimentos de Darcy por mim. Sobretudo, que teria mais autoestima e não me sentiria apenas um cocô perto dele. Entrei com tudo no quarto e me joguei na cama da Georgiana. Éramos melhores amigas, não havia cerimônia entre nós. Aquela era quase a minha própria casa e o quarto nem se fala. Tinha um monte de roupas por ali, já que vira e mexe eu dormia com a Gi.

Não demorou para que eu ouvisse seus passos rápidos e ansiosos ganharem as escadas. Senti-me mal de ficar ali enquanto Darcy estudava com a — perfeita e alta —, garota que eu não conhecia. Assim que Gi apontou no quarto, perguntei:

— Tá a fim de dar um rolê? — Charlotte e as meninas podiam ir também, pensei em mandar mensagem.

Eu, entretanto, estava insuportavelmente chata e não queria dar explicações para elas. Nesses momentos, somente Jane e Georgiana me entendiam. Não querendo soar injusta, Charlotte sempre foi uma amigona, não me entendam mal. Só que havia uma coisa chamada faculdade, dificultando nossa amizade.

— Tem certeza que quer sair? — retrucou, olhando para fora do quarto.

— Vai ser bom pra mim. — dei de ombros, buscando me convencer da minha decisão.

Deixar Darcy e a garota sozinhos. Era uma evolução.

— Bora então se entupir de sorvete. — Georgiana se agitou, ri de sua empolgação.

Ao descermos, no entanto, o som da risada de Darcy me fez repensar minha decisão. Deveria deixá-los sozinhos mesmo? Mas, se eu não confiava no meu namorado, por que estávamos juntos? Não deveria existir um nós nessa equação. Tendo isso em mente, forcei um sorriso, me despedindo. Antes de Darcy ter a oportunidade de me apresentar a garota linda e madura com quem ele sorria há alguns instantes. 

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Mil anos depois cá estou eu.
O capítulo não ficou muito grande, porque tô meio bloqueada nessa história. Tenho tudo na mente, mas não sai.

Não sei se alguém aqui assisti doramas, mas o enredo vai se basear na segunda temporada de Good Morning Call.

Também vou trabalhar a autoestima da Lizzie, porque ela claramente está necessitanda. Torçam por mim, se ainda estiverem aqui!

Beijos!