Ao fim da noite, quando realmente percebi que Darcy não me ligaria, bateu um certo desespero. Será que peguei pesado demais? Não era culpa dele ser perseguido pelas garotas do campus, mas, no geral, Darcy não dava bola e isso que me incomodava. Hoje cedo foi diferente, parecia que ele estava gostando de toda aquela atenção. Argh, era difícil namorar um cara popular, eu achava que o ensino médio era difícil. Rá, balela. Era brincadeira de criança perto da faculdade.
Mais cedo eu havia saído com a Jane para comprar uma roupa social adequada para a entrevista de amanhã e agora estava largada na cama. Sem nada para fazer. Visto que minha irmã, obviamente, tinha saído com Charles. Eles estavam super bem, o relacionamento indo de vento e popa. Já o meu? Caminhava cada vez mais para o precipício. Por que Darcy não podia ser como Charles? Ele era popular também, mas nenhuma garota ficava no pé dele, não como do Darcy. Charles sabia que Jane ficava enciumada e isso o fazia tomar cuidado com relação às desvairadas da faculdade. O problema estava em mim? Ou Darcy que era um babaca em deixá-las tomar liberdade com ele? Eram tantas perguntas girando na minha cabeça, eu sabia que era ciumenta, porém o que eu podia fazer? Se eu não fosse tão insegura, simplesmente ignoraria àquelas garotas. Mas era impossível. Suspirei e liguei a TV, na espera de achar algo que me distraísse na Netflix. Foi quando meu celular tocou, peguei com rapidez e constatei que era a Gigi. Certo, era bom falar com ela, no entanto, eu esperava do fundo do meu coração que fosse Darcy. Frustrada, atendi a ligação e fui convidada a tomar um açaí na sorveteria perto da faculdade. Aceitei, já que se eu ficasse sozinha em casa, sem dúvidas eu surtaria comigo mesma. Meus pais estavam fora a trabalho e, apesar de Jane se oferecer para ficar comigo, eu não iria molhar os planos dela por causa da minha solidão. As meninas — Lídia, Kitty, Charlotte e Mary — estavam com um trabalho atrasado e não seriam uma companhia naquela noite. Ah, Carol, como podem imaginar, estava de rolo com um carinha do último ano. Eu que não iria estragar tudo pra ela. Era estranho, mas nos tornamos amigas de verdade, se eu dissesse que estava na bad, ela correria em casa. Portanto, fingi indiferença sobre o dia sem notícias de Darcy e cá estou. Até que minha cunhada — por enquanto, vai saber — me salvou do abandono.
Aproveitei a deixa e me arrumei, era bom me sentir bonita para variar. E a make simples que eu fiz salvou minha autoestima. Era aquilo, eu estava pronta para sair de casa. Peguei o celular, um pouco de dinheiro e tranquei a porta. O caminho até a sorveteria era razoavelmente longo, então esperei o ônibus e cheguei com certa rapidez.
Georgiana já me esperava, como sempre deslumbrante.
— Oi, Lizzie! — e se jogou em cima de mim.
A abracei, retribuindo o sorriso.
— Oi, Gi. Você está bem? — perguntei, fazia algum tempo que não nos víamos.
Correria, facu, ensino médio, essas coisas.
— Eu tô bem e você? — devolveu, pegando minha mão.
Não consegui evitar o bico que se formou em meus lábios e ela logo percebeu.
— Ah não, me conta o que tá rolando. — fomos indo para uma mesa mais afastada e eu tentava formular uma explicação que não fosse: Darcy não liga pra mim.
O que talvez soasse meio injusto.
— Muito trabalho na faculdade, miga — menti descaradamente —, só isso. — forcei um sorriso.
— Sabe que não precisa mentir pra mim, né? — retrucou, os olhos azuis fixos no meu rosto. Era difícil esconder algo dela. — Tem haver com Darcy? Vocês brigaram de novo?
— Ah, amiga, o que posso fazer se ele está sempre rodeado de meninas e eu nem posso falar nada? — despejei, injuriada.
— Aquele tonto ainda vai te perder, só por ser um tapado. — bufou, balançando a cabeça de um lado para o outro negativamente.
— Será que ele se importa? — lamentei, já sentindo os olhos marejarem.
Eu amava Darcy, passamos um tempo tão especial no fim do ensino médio. Por que ele agia assim comigo agora? A errada era eu? Não sabia dizer.
— Se importa, Lizzie — garantiu, pegando minha mão —, eu sei porque o conheço bem. Talvez vocês devessem conversar seriamente sobre esse assunto. Meu irmão precisa entender que não é bacana a forma como ele age às vezes. Eu te apoio, acho que deve colocá-lo na parede. Darcy precisa compreender seu lado nesse relacionamento.
— Obrigada, Gi. — agradeci, sem sentir emoção alguma, era tudo muito complicado de se pensar. — Agora vamos mudar de assunto, porque não quero falar nele agora.
Ela me deu um sorriso completo e aconchegante e fizemos nossos pedidos. A noite se passou assim, nós duas rindo e se empanturrando de açúcar. Em dado momento, quando decidimos ir embora, um garoto começou a me olhar diretamente. Fiquei um tanto acanhada, pois não estava acostumada com esse tipo de atenção. Mas apenas ignorei, nunca mais o veria mesmo, e ele podia estar me encarando por qualquer motivo. Não necessariamente atração. Fomos embora e Gigi pediu que eu fosse para a casa dela, dormir lá. Não achei boa ideia, considerando que Darcy e eu estávamos estranhos um com o outro. Mas, ela insistiu tanto — dizendo que independente de qualquer coisa éramos amigas, que eu não consegui negar — e assim fomos.
Meu estômago revirava em pensar que eu veria Darcy, nem parecia que namorávamos há tanto tempo. Eu sempre seria a bobinha apaixonada quando se tratava dele.
— Eu não trouxe nada na bolsa. — murmurei, na esperança de ela me liberar. Era uma covarde e não queria ver Darcy hoje. Não quando ele sequer me ligou o dia todo.
— Deixa de ser boba, desde quando você não pega minhas coisas quando dorme em casa? — afirmou em tom de indagação e eu ri.
Era verdade.
Como Gigi tinha dinheiro, ela pediu um Uber. O que foi bem mais confortável, dado o horário, fugiríamos da hora do Rush. Não demorou muito para chegarmos e meu coração saltitava no peito, eu iria falar com ele. Estava decidido, conversaríamos como adultos — ou quase adultos — e resolveríamos nossa situação.
Só que quando chegamos Darcy não estava, suspirei meio aliviada meio frustrada e encontrei Fitz comendo pipoca em frente à TV. O tio deles, sabe o que fez da minha vida um inferno? Ainda não foi encontrado e eu não fazia muita questão de que fosse. Era um problema esquecido e superado.
— Boa noite, Fitz! — exclamei indo cumprimentá-lo. Infelizmente o lance dele com a Charlotte não deu certo, porque Fitz tinha muita coisa para resolver no colégio e a diferença de idade e perspectivas acabou falando mais alto.
De qualquer forma éramos todos amigos.
Nesse instante a porta abriu, virei o rosto imediatamente para me deparar com Darcy. A aparência super cansada me chamou a atenção, ele me olhou de volta.
— Boa noite. — saudou, sua voz grave reverberou e eu quis abraçá-lo ali mesmo.
Mas não sabia em que pé estávamos.
— Boa noite, D. — Fitz o chamava assim de uns tempos pra cá.
— Oi, maninho. — Gi foi até ele, pegando gentilmente sua mochila. — Tá com fome? Eu vou pedir uma pizza pra gente.
— Eu tô sim, Gigi — falou, o tom monótono que proferiu me fez ficar em dúvida se ele estava chateado por eu estar ali ou apenas cansado. — Vou tomar um banho antes — e, olhando para mim, emendou —, Lizzie, pode subir no meu quarto daqui uns quinze minutos?
— Cla-claro. — droga, eu precisava gaguejar? Ele fez que sim e, acenando para o tio com a cabeça, subiu.
Depois disso o tempo e espaço pareceram congelar, aqueles benditos minutos não passavam. Assisti quando Georgiana e Fitz discutiam sobre os sabores de pizza, enquanto eu sentia uma agonia em pensar que Darcy terminaria comigo. Ali, do nada. Ele seria capaz de fazer algo assim? Eu esperava que não, porque se fizesse, ninguém seria capaz pegar os caquinhos do meu coração.
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Finalmente saiu o capítulo!
O que será que vai acontecer? Darcy fará essa loucura? O que tá pegando na cabecinha do nosso bebê? Teremos ponto de vista dele nessa fanfic e espero que gostem.
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