Take on the World - Escrito por Dafini Dresch
Conto escrito pela DafiniDresch para a leitora AnnaCarolinaNeves
A autora Dafini Dresch já lançou diversos livros aqui no Amor em desafio e tem muitos outros em seu perfil, sigam-na! <3
Capítulo 1
O que Carolina mais gostava quando começava o dia era os raios do sol atingindo a água causando milhares de arco íris, os peixes pareciam que bailavam entre os seus raios. Sua concha vibrava informando que o dia estava para começar. Caminhou até o seu armário, abriu e vestiu seu uniforme de guarda real. Carolina era uma sereia, servia para a família real desde que seu pulso brilhou e uma linda concha tatuada no mesmo surgiu.
Sentia saudades de quando era apenas uma sereia livre. Podendo brincar com os animais do oceano, conversar com quem quisesse sem ter o problema da Lei Aura, que proibia seres de espécies diferentes se relacionar, tanto amigavelmente como também amar, casar e relação sexual. Enquanto olhava seu reflexo no espelho arrumando seu cabelo num coque perfeito para poder vestir seu elmo, uma lágrima escorreu de seu olho. Havia deixado seu melhor amigo para trás, um tubarino chamado Paul Wesley. Cresceu brincando com ele, sempre rindo dos guardas e da forma como eles eram sérios, usando roupas pesadas, tendo que sempre ficar na mesma posição e proteger a família real de todos os perigos que poderiam vir.
Agora Carolina era um desses guardas, protegendo , sendo fiel, agindo friamente sem nunca poder rir, caso algum membro da família real corresse perigo deveria o proteger até mesmo com sua própria vida. O treinamento que passou foi rigoroso, lhe arrancando o sorriso dos lábios, tornando seus músculos mais firmes, seus reflexos mais rápidos. A mudança foi grande, Carolina apenas percebeu que havia mudado quando o príncipe Sean correu para fora do palácio virando tritão e sem pensar o seguiu, parando na sua frente o impedindo de ir mais longe.
Sua fidelidade era com o rei e a rainha, as ordens haviam sido simples, nenhum membro da família real poderia sair do palácio sem uma escolta de cinco guardas, caso acontecesse deveria ser trazido de volta a contra gosto. Foi o que Carolina fez , pegou o príncipe pela cauda e o arrastou para dentro do palácio. Quando o corpo dele fez a transformação voltando a ter pernas , como o dela , o pegou pelo braço e o levou direto para o rei.
Depois daquele dia, havia conseguido um posto invejável por todos, como também um que ninguém conseguia durar muito tempo. Guarda pessoal do príncipe Sean, um tritão de cabelo preto liso, pele morena e muita rebeldia que nenhum guarda conseguia controlar , nem mesmo o rei.
Até confrontar Carolina, ela não deixava por menos, o rei havia lhe dado uma ordem e ponto. O príncipe sempre tentava, dava argumentos, descobria formas para fugir ou tentar quebrar uma regra, ela não se intimidava mesmo ele brigando, gritando e a ameaçando, nada a fazia parar de o trazer de volta para o palácio e o obrigar a fazer o que precisava fazer.
Todos da guarda real tinham respeito por ela, além de nunca quebrar as regras era uma das melhores em luta, ninguém havia conseguido a derrotar quando faziam torneios amistosos entre os guardas reais para treinamento como também para ver entre eles qual era o melhor.
Sua mente voltando para o seu quarto, seu cabelo repleto de cachos estava no lugar, sem um fio rebelde. Pegou seu arpão e saiu de casa. A água não entrava dentro das residências , palácio ou comércio. Uma bolha mágica as protegia deixando apenas seres do mar as ultrapassar. Quando Carolina a atravessou, seu corpo sofreu a transformação, suas pernas se uniram virando uma calda rubi com nuances brancas, guelras na lateral de seu pescoço, escamas cobrindo todo seu corpo, seus dentes ficando afiados, seus olhos castanhos ficando pretos e sem vida, e suas unhas crescendo virando garras. Aquela era a forma do povo sereiano, cada um possuía uma cor diferente de cauda, mas quando caudas da mesma cor surgiam eram almas gêmeas e ali surgiria um casamento com união perfeita dos poderes adquiridos pelos pais.
Carolina não tinha esperanças que encontraria uma cauda gêmea, pois seu coração havia sido dilacerado ao virar guarda real e desistir da amizade de Paul Wesley.
Sua família cantou por três noites seguidas nas pedras fora da água quando Carolina foi escolhida para ser guarda real, pois além de proteger era tratada como alguém nobre, uma forma de ser parte integrante da família real sem possuir o sangue. Entretanto Carolina chorou durante esses três dias, pois no instante que sua tatuagem surgiu no seu pulso Paul não poderia mais tocar, nem falar com ela, a Lei Aura estava ativada. Desde o dia de sua clamação nunca mais pode ouvir a voz de seu melhor amigo, como também nunca mais sorriu e deixou alguém saber como era de verdade.
Nadou até o palácio, vendo de cima polvos, caranguejos, moreias, lesmas, caracóis, peixes de todos os tipos, cavalos marinhos, ouriços e sereias conversando tranquilamente. Golfinhos e baleias não se misturavam por serem mamíferos e sua forma de reprodução ser diferente e também porque faziam parte da família real.
Os únicos que não se misturavam eram os tubarões por serem caçadores desde que nascem. Seu instinto assassino era usado direto para proteger as fronteiras do reino. No entanto não eram forçados a servir, como muitos sereianos eram escolhidos por uma divindade chamada Água, apenas serviam. Seu recrutamento acontecia cedo, eram escolhidos no momento que nasciam e designados para o local que ficariam para proteger. Seus instintos que os comandava, mas conviviam entre os outros seres, mas nenhuma outra espécie conseguia conversar muito, pois havia o preconceito que não sabiam conversar, que apenas iriam atacar, arrancar pedaço ou matar.
Entretanto era bem diferente, tanto que Paul e Carolina foram amigos quando jovens. Apenas ficando longe um do outro quando Carolina foi recrutada com dezoito anos e Paul resolveu se alistar aos caçadores do sul, que ficava em águas geladas protegendo a muralha de corais que ficava na divisa entre o reino do Rei Poirot e do Rei Odinny.
No palácio Carolina ao chegar percebeu uma correria de serviçais para cima e para baixo, carregando roupas, limpando o chão, carrinhos de metal recheados de carne fresca. Possivelmente vindo das fazendas do norte em que peixe-vacas eram criados para isso. No entanto ali no reino do Rei Fellon todos os seres eram vegetarianos, era o único reino que seres viviam harmoniosamente por ter apenas espécies que não comiam carne. Como também era um dos poucos reinos que a Lei Aura funcionava perfeitamente que até espécies que não eram nobres a seguiam também.
Aquela correria toda deixou em alerta Carolina, Sean poderia usar aquilo para de alguma maneira fugir daquela confusão, de se rebelar de alguma maneira contra seu pai. Sem perder tempo ela apertou o passo em direção ao quarto do príncipe com medo que ele já poderia ter acordado. Deu três batidas de leve na porta segurando o elmo embaixo do braço com a ansiedade lhe corroendo por dentro. Então escutou um entre vindo de dentro do quarto e abriu a porta devagar. Acabou vendo uma cena que nunca havia visto nos seus três anos cuidando do príncipe. ele de pé já arrumado e tomando seu café da manhã.
— O que foi Carol? Parece que viu uma água viva fantasma garota.— Sean sentado numa cadeira feita de corais à frente de uma mesa também feita do mesmo. Enrolando uma alga com a mão e mordendo logo depois sem tirar seus olhos verde claros de Carolina.
— Quase isso meu príncipe. O que houve para estar já de pé antes mesmo de eu ter que o obrigar a sair da cama?— Carolina entrando no quarto e fechando a porta atrás de si.
— O Rei Poirot está para chegar ao reino. Meu pai quer tentar um acordo com aquele rei frio para que me case com sua filha. Fiquei sabendo que ela é uma das mais belas sereias que já se viu. Então preciso estar apresentável para ela e não deixa-la ficar sabendo que tenho uma guarda costas como babá.
Carolina escutou tudo e apenas arqueou uma sobrancelha sem demonstrar nenhuma emoção no rosto.
— Qual é garota? Eu já estou perto da idade de casar, não quero passar da idade, mesmo sendo um pouco rebelde e...— Sean olhou para Carolina e agora ela havia enrugado a testa.— Ah para com isso! Estou melhor esse ano, até agora o que fiz de errado para lhe fazer correr atrás de mim ou salvar a minha vida?
Carolina inclinou a cabeça um pouco para o lado e piscou de leve os olhos.
— Tem papel e caneta? A lista vai ser um pouco grande.
— Ah para. Eu estou melhor. Você me colocou na linha, eu sei que enquanto estiver como minha guarda pessoal vou estar seguro e não preciso temer nada.— Sean a olhando e abrindo um enorme sorriso.
De alguma forma aquilo atingiu Carolina. O príncipe estava certo numa coisa, ela nunca sairia do lado dele, não tinha para onde ir, nem mesmo encontraria sua alma gêmea para lhe fazer desistir do cargo de guarda e poder construir uma família. Era a única lei que quebrava qualquer outra, alma gêmea poderia largar o posto de guarda e mesmo assim continuar sendo da guarda depois que passasse a época do casamento e acasalamento.
[...]
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