(Photograph) Capítulo 1 e 2 - Não estarás sozinha
(Photograph) Capítulo 1 e 2 - Não estarás sozinha
A vida continua
Escrito por Maitê Sombra
Desde cedo aprendi, que a vida é uma caixinha de surpresas e que adora nos pregar peças, e nos deixar em pedaços. Eu fui quebrada a primeira vez aos 10 anos. Meus heróis morreram em um acidente de avião, naquele fim de semana eu havia ficado na casa dos meus padrinhos e por isso, apenas por este motivo, me sinto sozinha no mundo.
Naquele mesmo ano muitas coisas mudaram para mim, como por exemplo: fui mandada para um colégio interno pelos meus padrinhos, não porque não gostavam de mim, longe disso, na verdade, eles sempre tentaram me dar a atenção que eu precisava, mas para mim era difícil não ter mais meus pais carinhosos e atenciosos e meus padrinhos não tinham tempo nem para o Heric, filho deles. Antes do meus pais morrerem, eu e Heric sempre fomos muito amigos, depois do acidente, tornamo-nos mais unidos e inseparáveis do que éramos, apesar das implicâncias, sorri ao pensar.
Até que algo desconhecido se apossou do meu coração e mudou toda a perspectiva do amor que sentia por ele.
Enquanto arrumo minha cama observo a fotografia no móvel ao lado, termino de alisar a manta e pego o porta retrato, eles estavam tão felizes nesta foto. Sorri triste, e penso em suas imagens para sempre eternizadas e congeladas neste momento feliz, comigo no meio, como se fosse o recheio completando um sanduiche. Dou-lhes o meu beijo de bom dia e vou terminar de me arrumar para mais um dia de aulas.
***
Olho-me no espelho verificando meu uniforme, ele é todo cinza e tem uns detalhes cor de vinho, a saia é no meio da coxa e uma blusa de botão de manga curta, toda cinza, prendi meus cabelos em um rabo de cavalo e coloquei um brilho labial.
Esse é o nosso ultimo ano no colégio. A faculdade é o próximo passo, e tanto eu, quanto Heric, estamos animados para os nossos cursos. Heric é um gênio da informática e quer se especializar em tudo deste mundo e quer um dia ser alguém tão foda quanto ao criador do Facebook. Palavras dele!
Já eu? Amo a dança, meu corpo se move com a batida, me sinto envolvida em um turbilhão de sentimentos inexplicáveis. Já disse o quanto sou intensa? Pois é, em muitos casos esse é o meu defeito, pois eu sinto tudo!
Saio do meu quarto e antes olho para a cama da minha amiga, ela vai levar uma grande bronca por deixar a cama dela desarrumada. Rolo meus olhos e volto para dentro. Depois quem aguenta o choro sou eu. Arrumo apenas o cobertor sem esticar o lençol debaixo.
— Bem, acho que isso disfarça bem! — Dou de ombros e saio indo para o refeitório tomar café. Pego uma bandeja e procuro aquele que tem preenchido minha mente, mesmo eu sabendo que não deveria, eu estou apaixonada por quem não devo.
Avisto-o, ele está com os amigos de sempre. Amélia está pendurada no pescoço dele como um cachecol, rolo os olhos, respiro fundo conformada.
Sigo em sua direção, seu sorriso se ilumina ao me ver chegar, ele bate no lugar ao lado dele. Heric é assim, sempre pensa em mim e eu sempre penso nele. Amélia a atual peguete dele me olha como se eu fosse um porco espinho e torce a boca, não me importo, não quero mesmo a amizade dela; é descartável como as outras, logo ele se cansa. Cumprimento todos na mesa, a maioria amigo apenas do Heric. Tem o Andrew, tenho uma historia inacabada com ele, que eu não pretendo recomeçar; dele não quero nem amizade. O Davison, o mais quieto e nerd da turma, com um sorriso fácil ele costuma ser aquele que nos dar conselhos. E agora a Amélia faz parte do grupo, pelo menos por enquanto.
Sinto um bolo na minha garganta ao olhá-lo com outras sem ao menos me notar, sou apenas como a irmãzinha que tem que proteger.
— Ana? — Chama Heric, tomo um susto.
— Oi? — Tomo um pouco do meu café. Ele sorri.
— Não escutou nada do que eu disse? — Nem sabia que ele estava falando comigo. Faço que não com a cabeça e ele ri— Perguntei se vai para a fogueira mais tarde?
— Acho que sim! Apenas depois da aula de dança! — Eu sou professora das crianças com a faixa etária de 11 anos.
— Bom, então, já que vai estar acompanhado da Amélia, eu busco a Ana! — Andrew se oferece e eu prefiro me jogar da ponte, Amélia me olha torto. Bufo.
— De jeito nenhum!
— Não, obrigada! — Eu e Heric falamos juntos.
Ele levanta as mãos e cruza os braços.
— Custa nada tentar, não é? — Ele sorri e pisca para mim. Franzo o nariz com nojo. N~ão que Andrew nçao seja bonito, ele é, mas...
— Não se preocupem, eu vou com a Vick! — Dou de ombros e a conversa toma outro rumo.
Como sempre logo me sinto desconfortável ali. Me retiro e vou em busca daquela que tem sido minha amiga por tanto tempo. Ando pelo pátio do colégio, onde todos estão conversando e interagindo e eu só sinto vontade de sair daqui. Pelo menos a fogueira será na praia, vamos sair um pouco e respirar um ar diferente. Como hoje é sexta e temos idade para nos cuidar sozinhos, com a permissão dos pais podemos sair e os alunos marcaram uma fogueira na praia que é praticamente ao lado do colégio.
— Amiga? — Ganho um abraço apertado por trás e sorrio, garota escandalosa.
— Ansiosa para sair desse hospício? — Bati palmas, ela me soltou e deu pulinhos concordando comigo.
— Muito, espero que seja hoje, a luz do luar que você vai se declara para o Heric! — Ela pula e eu tampo a boca grande dela.
— Ficou maluca? Já disse que não tem chance alguma de eu fazer isso!
— Você é a maior chata, se fosse eu...
— Não sou você! — Rolo os olhos.
— Pois é, sei disso e por isso é uma frustrada! — diz e sai andando, torço a boca e mordo o lábio. Pior é que não tenho nem como dizer o contrario.
Ela é uma rebelde sem causa e eu? Uma dançarina, cheia de manias, que gosta de tudo certinho. Tirando o jeito que perdi minha virgindade, eu nunca fiz nada de errado na vida.
Na verdade o pior erro da minha vida foi porque eu estava bêbada. Dá para acreditar? Eu nem sei como foi direito! É por este e outros motivos que odeio o Andrew. O Heric nem sonha que isso aconteceu e já não gosta de me ver com o amigo ou talvez o Andrew tenha se gabado para ele.
Lembrar disso me dá raiva, então apenas empurro para a parte negra da minha mente, um lugar onde só tem os meus piores pensamentos.
Noite de fogueira
Respiro fundo com um sorriso ao lembrar que faltam apenas três meses para acabar o ano letivo e pouco mais de um mês para o meu aniversario de dezoito anos. Enquanto me arrumo, penso na faculdade de dança e em todos os meus sonhos, que infelizmente, não tenho como dividir com os meus pais ou com mais ninguém da minha família. Meus avós maternos morreram antes mesmo de eu nascer. E os paternos? Não faço idéia, já que meu pai foi criado num orfanato, ele disse uma vez que os pais não o quiseram e por isso todo o amor que ele tinha, era meu e da minha mãe. Ele parecia tão triste naquele momento, que o abracei o mais forte que podia.
Termino de me arrumar para a fogueira, coloquei um vestido rodado, rosa bebê, e um chinelo enfeitado nos pés, nada que me prenda muito, pois com toda certeza irei tomar banho de mar e andar descalça, quero sentir a areia nos pés.
Delineie meus olhos, marcando-o com o lápis preto para dar destaque ao cinza das Iris. Deixei meus longos cabelos ondulados e escuros soltos.
Logo que terminei ouvi um bater suave na porta e fui atender. Andrew estava ali, com um buquê de flores e um sorriso de quem aprontou. Cruzei os braços e fechei a cara.
— O que quer? — Não sou idiota e sei que veio me buscar, mesmo quando disse para não vir. E uma das coisas que mais detesto é ser ignorada.
— Disse que iria com a Vick, mas, reparei que ela já está na praia, então pensei, puxa a Ana deve estar se sentindo solitária e...
Fechei a porta na cara dele e tranquei, idiota, metido a besta, insuportável.
— Qual é Ana? Sério? Estou aqui tentando ser gentil e você faz isso? Não vou desistir, fique sabendo! — Ouço o farfalhar do buquê sendo lançado ao chão e ele ir embora batendo o pé.
— Ogro! — sussurro comigo mesma, espero mais um pouco e saio do meu quarto indo em direção ao portão e depois ando tranquilamente até a praia, Assim que chego, avisto a fogueira.
Tiro meu chinelo e o carrego no caminho até a fogueira vejo o monte de chinelos assim que chego, com um sorriso, coloco o meu ali. Avisto o Heric e como sempre, vou em sua direção, ele me ver e bate um lugar ao seu lado.
Sento-me ali e ganho um abraço lateral e não me surpreendo ao ver que Amélia está recebendo a mesma atenção, quase reviro os olhos. Eu Heric e Vick tiramos fotos sorrindo.
A cada hora que passa os jovens ao meu redor ficam mais bêbados e mais falantes, enquanto eu tento me manter sóbria, porque eu já tive minha cota de erros por beber demais, obrigada.
Vick como sempre a louca da situação, inventou de dançarmos em volta da fogueira, o que acarretou muita gente, rindo e se divertindo e quanto a isso eu não tenho nada contra, então, a essa altura meu corpo já está molhado de suor e meu rosto doendo de tanta risada que já dei.
— Vamos para água? — Chamo a Vick e ela ri maliciosa.
— Danadinha, veio de biquíni, não é? — Ri alto com sua voz embolada.
— Claro! — Vick começou a tirar o short e depois a blusa, ao contrario de mim, Ela não estava de biquíni. Dei de ombros sorrindo. — Isso quer dizer que eu estou incumbida de proteger sua honra, não é? — Aponto para ela que ri alto. O corpo de Vick é bonito, com sardas aparentes por todos os lados, cabelos ruivos e olhos verde água.
— Sempre! — Ela aponta para mim e tiro o vestido por cima da cabeça, revelando muito da minha pele clara e pernas bem definidas pela dança. Vick me puxa assim que coloco minha roupa no banco onde sentávamos antes da dança, corremos como loucas até o mar, chegando lá parei e empurrei a vick.
Ela mergulhou e levantou me apontando o dedo.
— Sua vaca! Você me paga! — Corro dela o mais rápido que consigo, alguns adolescentes já estavam dentro da água e riam das nossas brincadeiras de jogar água e afogar uma a outra.
Depois de um tempo, estávamos cansadas e ficamos ali boiando e rindo das marcas de unhas que deixamos uma na outra, minhas costas ardiam, mas eu estava feliz por respirar outros ares.
Sinto quando meu pé é puxado e alguém me afoga, volto a superfície com raiva.
— Caramba, Vick... — Não é ela. — O que quer? — Rosno contrariada.
— Um beijo! — Andrew tenta avançar. Desvio.
— Já teve muito mais de mim do que merece! — Tento me afastar. Ele pega meu braço e aperta.
— Estávamos saindo! Não sei que problema você no que fizemos. — Eu vejo problema em não Lembrar.
— Acha normal, eu não me lembrar de nada? — Estreito meus olhos para ele — ou minha regra ter atrasado no mês seguinte e você dizer, que se eu estivesse grávida que era para tirar a criança? — Empurro-o com raiva. E ele ri, como se tivesse gostando disso.
— Estava assustado! Mas sabe que eu jamais faria isso, eu gosto de você Ana! — Ele tenta me beijar e sinto o cheiro do álcool.
— Dá para soltar ela Andrew? — Vick se coloca entre nós.
— Não se mete ruiva! — Ele rosna para ela, que não se intimida.
— Ao contrario da Ana eu não tenho medo de dizer que a estuprou, então acho melhor você vazar daqui, mauricinho estúpido! — Arregalo os olhos e olho ao redor, minha nossa, ela esta muito bêbada, a voz dela está embolada e ela tenta avançar num homem duas vezes o tamanho dela.
— Vick, para com isso! — Puxo ela para mim, antes que diga mais besteira, o problema é que já é tarde.
Heric vem como um monstro para cima do Andrew e lhe acerta um soco no rosto, ouço o som do nariz saindo lugar e um: Uou, da galera atrás de mim.
— O que você fez? — A voz de Heric é puro ódio, os olhos azuis do meu irmão adotivo é puro fogo, começo a tremer.
Meu Deus! Isso nunca afetou meu psicológico, porque eu realmente não me lembro de nada, sei também que isso não significa que eu tenha consentido. Ai minha nossa não! Ele não pode ter feito isso.
— Por favor, Heric, para! — Seguro o braço dele. Ele me olha como se o mundo dele tivesse ruído. O solto.
— Eu não fiz isso, eu juro, ela quis! — Andrew me olha como quem suplica, ele limpa o sangue na água.
Reparo em volta e vejo todos me encarando, certamente esperando eu confirmar o que ele disse.
— Ela não... — Tampo a boca da Vick e a arrasto para fora da água. Quando saímos, segurei o rosto da minha amiga e disse bem baixinho:
— Por que esta tentando acabar com minha vida? — Minha voz sai rouca.
— Eu...eu...Ah droga, me desculpa, eu to muito bêbada, por favor me perdoa! — Solto o rosto dela, quase que caiu, mas conseguiu segurar o próprio peso. Vou até meu vestido e o coloco.
Saio em direção ao colégio e sou puxada, logo estou sendo abraçada, sinto seu perfume e abraço a cintura dele.
— Quando foi que isso aconteceu Ana? — Heric agora segura meu rosto e beija minha testa.
— Ano passado! — Engoli seco, os olhos do Heric brilham de raiva.
— Porque não me contou? Eu percebi que o odiava, mas eu não percebi que...
— Não, a culpa não é sua, e nem é do Andrew também. Nós estávamos ficando e eu percebi que não gostava dele para isso. Não é nada do que a Vick falou, ela esta bêbada! — Minha voz sai desesperada, por saber que eu não faço a mínima idéia do que aconteceu. Por saber que ele pode sim, ter forçado algo.
— Não acredito em você! Seus olhos não mentem como você! — Heric me olha decepcionado, uma lagrima me escapa.
— Desculpa, essa é a única verdade que eu sei! — Dou as costas e corro em direção ao colégio sem olhar para trás.
Chego tirando o vestido e indo para o banheiro, tomo um banho bem quente, a ponto da minha pele arder. Encosto a cabeça na parede e choro, de raiva e de desespero. O que Heric deve estar pensando de mim? Ele deve estar me odiando e, droga! Nem posso culpá-lo por se sentir traído, já que eu fiz e faço isso comigo mesma todos os dias.
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