(Perfect) Capítulo 1
Atenção: repeti o trecho que tinha na sinopse, mas depois dos três asteriscos (***) tem uma parte nova! :*
(Perfect) Capítulo 1
Escrito por Yka Nick
Tudo o que eu precisava para hoje.
Depois de ter aguentado o primeiro ano, aqueles alunos que acabaram de sair daquela regra sem pé e nem cabeça, onde este país – que não está nem um pouco preocupado com a ignorância de seu povo, querendo elevar sua posição o Ranking de educação mundial – criou de que somente repete o ano se tiver um número elevado de faltas. Sei que isso depende de lugar para lugar, a escola que estava, eles poderiam repetir de ano caso ele venha a ter reprovação acima de 04 matérias, o que não muda muita coisa, já que nem todos os professores conseguem dar suas aulas.
O que não acontecia comigo, já que eu deixei de lado aquele "modo professor certinho" a partir do momento em que os alunos começaram a achar que mandavam nas escolas e salas de aula. Nas minhas aulas as coisas eram diferentes.
Eu falava de igual com eles. Se a turma fosse daquelas que só queriam "zoação", eu chegava e simplesmente sentava na cadeira, colocava as pernas em cima da mesa e lia um livro qualquer, e só daria atenção a eles quando eles me dessem atenção. Alguns demoravam dias para isso, e quando isso acontecia, vinham querer tirar satisfação do motivo de eu não ter dado aula até então.
Dava certo? As vezes.
Agora, caso o aluno quisesse dar uma de "malandro", querendo mostrar que "podia", a coisa mudava de figura. Com os anos e o meu passado, aprendi a colocar os alunos em seu lugar sem precisar usar de força física. E quando eram os últimos anos do fundamental, eu utilizada até de palavrões.
Não faça cara de espanto ou de incredulidade por "um professor falar palavrão para com o aluno." Eles escutam coisas piores nas músicas de hoje, logo, não estou fazendo nada de mais. Seria algo fora do comum se eles não utilizassem da mesma maneira para amedrontar seus professores.
Ah, que saudades da época em que alunos e pais tinham respeito com seus mestres...
Enfim. Minha tática vinha dando certo. Tão certo que quem me conhecia, torcia para ter aulas comigo novamente.
Não estou querendo me achar e nem nada disso, por que primeiramente não estou perdido para precisar me achar e segundo, esta é uma opinião e escolha deles. Eles já foram até a coordenação e a direção para tentar ter aulas minhas. Não por me amarem, mas por não se sentirem ou serem tratados como crianças imaturas e irresponsáveis, mesmo que isso seja a realidade deles, não seria por isso que você os trataria assim.
Com um pouco de respeito e jeito, você consegue fazer com que eles te ajudem quando você é quem está os ajudando a aprender.
Voltando ao caso "tudo o que precisava hoje".
Depois de aguentar uma turma de adolescentes com mentalidades e maneiras infantis ao extremo, onde precisei usar aquela paciência que nunca tive, descubro que terei que ir para uma das turmas do último ano do ensino médio, o tão conhecido "terceirão".
Se tem uma coisa que não gosto, é dar aula para estas turmas. Onde os alunos acham que sabem mais que você, teimam que sabem mais que você, até mesmo mais do que a pessoa que criou ou deu voz a matéria que você está tentando ensinar, só dão atenção a partir da metade do ano, já que no final dele tem o ENEM e afins...
E o principal: O pré apocalipse que a sala vira na minha matéria.
De tantas outras que eu poderia ter escolhido, tantos caminhos que poderia ter seguido, eu escolhi aquela que é o terror da maioria... Matemática e Física.
Sim, tenho duas graduações, com algumas pós e outras especializações, onde me dá o direito de dar aula para graduados, mas a minha mente tão rápida para a área de exatas, não parece ter acompanhado no momento em que escolhi as turmas que ensinaria...
Mas, como não posso ficar aqui, sentado na poltrona confortável que tive o prazer de me dar, com meu copo de uísque na mão (me dei esse direito depois da turma que saí), tentando fazer com que a dorzinha de cabeça que começou a aparecer depois desta informação que foi me passada, onde resolveram me presentear com a cereja do bolo: darei aula para uma turma desconhecida por mim, perto do início das férias de inverno. Sim, a turma que darei as aulas já estavam sendo ministradas por uma professora que entrou de licença maternidade.
Bendita (ou maldita) hora em que resolvi ter um tempo para mim. Antes eu tivesse encaixado alguma turma ou outra especialização no tempo vago, não estaria me martirizando agora.
Mas como meu mantra é "não se arrepender do fez, e procurar não ter motivos para arrependimentos futuros do que deixou de fazer", vamos parar por aqui e resolver este problema. E seja o que Deus (ou destino, ou carma ou o que for que você acredite) quiser.
***
Depois da breve reunião com a professora para saber onde ela havia parado nas matérias com esta turma, o qual não me surpreendeu em saber que ela ainda estava no básico quase na metade do ano, com os alunos começando a entrar em modo de "caça", aquele que eu expliquei, onde eles ficam enlouquecidos querendo aprender a matéria do ano em poucos meses por causa daquela prova que cai assuntos que aprenderam (ou deveriam) aprender em sala. E de ter ido para casa para descansar e claro, trazer a pasta com as matérias de primeiro semestre – sim, além de exatas, sou chato a esse ponto, de ter pastas com as matérias prontas, aliás, o básico das matérias que devem ser ensinadas em cada turma, em casa – chego na escola e me preparo para entrar na sala que mais parece a porta para o inferno.
Por que? Se você escutasse a barulheira que está lá dentro, o som alto nessas músicas do momento onde nenhuma palavra pode ser dita em uma conversa qualquer, você concordaria comigo.
Mas antes de dar o primeiro passo para entrar, o diretor colocou a mão em meu ombro me fazendo parar o que faria, e ele mesmo abre a porta, o que eu agradeço, pois neste momento o silêncio reinou no ambiente. O que eu aproveitei por um tempo antes de ser chamado pelo salvador da pátria e de minha sanidade mental.
Respirei fundo, segurei minha jaqueta de couro nas costas com os dedos, entrei tirando os óculos escuros estilo aviador, colocando-o pendurado na camisa branca que estava usando e parei ao lado do diretor passando os olhos carteira por carteira, aluno por aluno, já memorizando seus lugares e trejeitos, já tendo uma imagem de quem estava ali para aprender, e quem não, minha atenção foi fixada em uma carteira específica, na parte de trás, do outro lado da sala.
Não me pergunto o porque, mas algo em seu jeito de se portar, seu olhar de curiosidade me chamou a atenção. Não consegui segurar o breve sorriso lateral que aquilo me trouxe. Mas quando o diretor segurou novamente meu ombro – o que consegui entender que ele gostava de tocar nas pessoas quando falava ou queria a atenção somente para ele, o que me irrita um pouco – voltei a expressão que estava no início e me despedi dele.
Sem antes dar tempo de qualquer coisa, coloquei minhas coisas em cima da mesa com um pouco de força a mais que o natural, conseguindo que a atenção e o silêncio continuasse, comecei a dar as cartas.
— Bom dia. Para aqueles que não tiveram o privilégio de me ter como professor, sou Apolo, o seu professor de Matemática e Física. Ou seja, ou você me amam ou me odeiam. Se querem meio termo, sugiro que chamem o professor de línguas ou português.
Falei encarando cada aluno, passando rapidamente pela "distração" e deixando claro que queria silêncio enquanto falasse. Algo que aprendi com o passado, que dava certo até hoje. Fechei a porta da sala para ter "privacidade" com eles, fui ajeitar minha jaqueta no encosto da cadeira e me encostei na mesa de frente para eles, cruzando os braços retornei ao meu "diálogo".
—Como estão quase dando "até logo" para esta sala e seus assentos, não farei com que cada um se apresente, por que detestava isso quando estava no lugar de vocês, e por já ter uma noção de cada somente ao observar seus modos de se portar, tanto na frente do diretor, professor, ou sem eles.
O silêncio começou a ser quebrado aos poucos, sabendo que teria que mostrar a que vim, fechei os olhos e respirei fundo três vezes. Minha sorte, e a deles também, é que na sala haviam ex alunos que sabiam o que poderia vir a acontecer se continuassem. O silêncio foi retornando aos poucos.
—Não sou de fazer isso, quem já foi meu aluno sabe, mas como fomos pegos desprevenidos, tanto vocês com a troca de professor, quanto eu, com a nova turma, darei uma amostra da minha "habilidade de exatas". - Olhei para as duas filas do meu lado direito e escolhi uma aluna que achava que estava em uma daquelas "baladas funk" pelas roupas e apontei para ela ligeiramente. – Você. Mesmo não prestando atenção as aulas, principalmente as minhas matérias, não tira notas menores que nove, e quando isso acontece, parece que está na TPM de tão irritada que fica, descontando em que ousar interferir em seu caminho. O que não é o caso do seu colega sentando atrás de você. Minhas matérias são o inferno na terra para ele.
Fui falando de alguns alunos aleatórios, com um total de dez alunos em uma turma de quase quarenta. E quando falei sobre o último aluno, que sentava na frente da "Distração", consegui ver ela me desafiando a falar dela, mas não faria aquilo ali, na frente de todos. E pelo pouco que consegui desvendar sobre ela nas poucas vezes que meus olhos pousaram nela, sabia que um único sinal seria entendido, e foi o que fiz. Com um simples sorriso torto e uma leve levantada de sobrancelhas, ela saberia que isso seria feito em outro momento, e sem plateia.
________
Siga YkaNick no Wattpad e conheça suas obras!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro