(One and Only) Capítulo 3 - Três anos depois
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Três anos depois
Escrito por Maitê Sombra
Depois que deixei a casa do Felipe, nunca mais o vi, ele foi embora, não quis fazer faculdade na cidade, coisa que eu sabia que iria acontecer momentos depois que brigamos, Lipe sempre foi uma ótima pessoa, mas se alguém o magoasse ele guardava essa mágoa com afinco e eu fiz isso... Na época eu era adolescente imatura e sem nenhum filtro, hoje em dia penso naquele dia como um daqueles que são lamentáveis.
Hoje em dia, há algumas coisas que eu mudaria, como por exemplo, ter esperado mais para explodir, o problema é que quando somos adolescentes imaturos e sem filtro, não pensamos bem nas consequências que nossos atos impensados nos trarão, hoje até penso que Felipe tinha razão, talvez eu não me importasse tanto assim com a dor dos outros, mas eu me importava com a dele, e o que mais me magoa, foi seu afastamento e isso pareceu tão fácil para ele, como se eu não fosse nada além de um grande peso que lhe foi tirado .
Estou na faculdade fazendo alguns trabalhos, ao contrário do Felipe, permaneci em minha cidade, porque além de não ter as condições que ele tem para estudar em outro estado, eu não gosto de ficar longe dos meus pais. Eles me tiveram com uma idade avançada, e são idosos, não quero perder nenhum tempo longe deles, porque eu sei que a vida é uma caixinha de surpresas e quero aproveitar todo o amor que eles tem para me dar. Apesar de eu parecer fria, eu gosto de amar e ser amada, no fundo, bem lá no fundo, sou um amorzinho.
Meu celular apita com o som de mensagem e tiro meus olhos dos livros para ver a mensagem que chegou. É da Bia, minha amiga desde que entrei na faculdade.
"Stefany? Onde você está? Ficou sabendo do Wendel?"
Franzo a testa, Wendel é um amigo de infância meu e do Felipe, Bia o conheceu numa festa que fomos e ficou com ele e tinha o facebook, nem sabia que ainda tinham contato.
"Não, o que tem ele?"
"Ai amiga, sinto muito ser eu a te dar a notícia, abri o Facebook e tem um monte de homenagem para ele, acho que morreu"
Coloco a mão na boca, minha nossa! Ele tinha minha idade, não respondi a Bia e fui direto procurar essa informação em minha rede social.
Muitas mensagens de pêsames para a família, uma garota perguntou a causa da morte e algum parente dele respondeu que foi um acidente de moto, ele morreu na hora.
Uma lágrima escorreu por minha face e a limpei. Voltei a logar no chat do whatsapp.
"Minha nossa, que tragédia" Digitei e mandei.
"É sim! Vai ao enterro?"
"Acho que sim, ele foi um bom amigo de infância, vou para casa, nos falamos depois. Obrigada por me avisar."
"De nada, amiga. Se precisar de mim, já sabe"
"Sim, eu sei, obrigada."
"Quer que eu vá com você?"
"Seria ótimo!"
"Ok, então, até amanhã"
"Até"
E lá vamos nós...
***
Enterros nunca são fáceis, a despedida, apesar de necessária não tira aquele peso de perda, há três anos eu achei que fui compreensiva, mas agora entendo bem mais o vazio que a perda deixa, a mãe do Wendel estava desolada, o pai dele tentando se manter firme segurando a esposa evitando que ela caísse sobre o caixão que agora será o lugar do seu filho. Mesmo tendo visto tudo isso no enterro da Ana, sinto que isso é diferente, ela se suicidou, eu não consigo entender isso ainda, não entra em minha cabeça o sofrimento que ela causou as pessoas que dizia amar, o Felipe me chamou de egoísta, mas de uma certa maneira, não foi exatamente isso que ela foi?
Droga, eu não quero mais pensar nisso. Eu sei que a causa de eu não compreender é porque não estava no lugar dela, minha mãe vive me dizendo isso, ela tem razão.
Bia estava ao meu lado e suspirou — Cara, isso é tão triste!
— É sim, Wendel era tão cheio de vida!
— Ele vai fazer falta! — Bia limpa uma lágrima e funga.
— Vai sim! — Olho para um ponto qualquer, até perceber que o caixão já estava descendo, as pessoas jogavam suas flores e punhados de terra sobre o caixão e se retiravam, adiei minha despedida o máximo que pude. Observei a todos partirem após jogar suas flores, um rapaz parou e olhou o caixão antes lançar sua flor, observou mais uma vez o caixão e levantou o olhar.
Ele me encarou com algo que parece reconhecimento, só então o reconheci, ele está mais forte, com uma barba rala, e seu semblante é de alguém muito mais velho e maduro para um rapaz de 21 anos. Ele não sorriu para mim, mas me cumprimentou: Oi Stef! — Meu coração retumbou em meu peito, só ele me chama assim.
— Oi Felipe! — Fui tão seca quanto, ele se virou e partiu, não fez questão de perder mais tempo comigo.
— O que foi isso? — Bia me olha confusa.
— Nada demais! — Digo sorrindo amarelo.
Aproximo-me da cova, agacho pegando terra nas mãos e jogo, em seguida lanço a rosa sobre meu amigo que nunca mais verei.
***
Uma semana se passou, não vi e muito menos tive notícias do cara que um dia foi meu amigo, parece que só veio para o enterro. Se eu fiquei chateada pelo modo como agiu? Não imagina!
Ora bolas quem tô tentando enganar? Gosto dele desde minha adolescência, é claro que estou na fossa, mas sou muito orgulhosa para dar o braço a torcer e ir falar com ele. Se pelo menos conseguisse admitir minha culpa e pedisse desculpas.
Talvez eu faça, caso nos encontremos algum dia. Ou não!
— Você está com aquela cara de novo! — Bia fala emburrada.
— Não sei do que está falando! — Continuo olhando para livro que estou lendo para o trabalho da faculdade.
—De que vai chorar feito um bebê chorão a qualquer momento. — Ela ri debochada.
— Já me viu fazer isso alguma vez, engraçadinha? — Dou língua.
— Não, mas quase fez com o "oi, Stef" semana passada, não sei por que não quer me contar!
— Não é importante!
— Parece ser importante! Quem é ele?
— Minha nossa você não desiste?
Ela diz que não com a cabeça.
Acabo cedendo e contando quem é ele e o que aconteceu.
— Você foi bem direta, mas muito insensível, você sabia que o tempo para alguém superar o luto é de 2 anos? Você contra atacou o coitado um mês depois. Consigo entender porque ficou com raiva por acusá-lo de desistir.
— Eu não... – baixo meus olhos por um momento .- Aaahhh tá legal, foi o que fiz, mas o que acha que eu deveria fazer?
— Se eu fosse você e amasse um pedaço de mau caminho daqueles? — Ela faz cara de pensativa — Eu com certeza lutaria por ele.
— Com que armas? Além do mais, ele nunca me amou, não me quer nem como amiga, que dirá como qualquer outra coisa.
— Eu te desafio! — Tombo a cabeça para o lado, o que ela pensa que está fazendo?
— Não entendo o que quer com isso!
— Você já viu a belezinha que se tornou! A foto da adolescente baixinha e magrela que vejo na sua casa, não se compara à baixinha mulherão que se tornou, mesmo parecendo uma minion. — Reviro os olhos e ela gargalha, recebendo um shiu da bibliotecária, ela nem se importa — Eu vi que ele se impressionou quando te reconheceu, eu sei que você tem uma chance, apenas prove para ele o quanto amadureceu, mostre o quanto se tornou uma mulher maravilhosa, por dentro e por fora.
— Minha nossa, Bia, nem eu acredito nisso! — Sorri sem graça.
— Porque você não se enxerga como eu! — A olhei como se ela fosse louca e sorri, mas bem que cogitei e adorei a idéia, será que eu consigo conquistar o Felipe?
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