(Ódio) Capítulo 1
(Ódio) Capitulo 1
Escrito por Dafini Dresch
O pôr do sol havia começado juntamente com nosso festival do solstício de verão para agradecer todos os elementos da natureza pelo bom ano que tivemos. Adorava ele, era quando nos desapegamos de tudo que carregamos durante o ano, purificamos a alma e éramos recarregadas novamente pela luz da lua, nossa deusa soberana quando se junta com nosso deus do sol.
Minha mãe era uma sacerdotisa que estava sendo preparada para virar uma Alta sacerdotisa. Todos na nossa aldeia a adoravam e ela era perfeita para o posto.
A festa era feita a beira da praia para o pôr do sol nos iluminar completamente quando nos despirmos de tudo que carregamos durante o ano. Haviam arrumado uma mesa no chão com tudo que era mais gostoso. Havia um círculo de tochas em volta de onde ocorreria o festival que queimavam incensos deixando o local com um aroma delicioso.
Caminhei junto com minha mãe, usando apenas um vestido branco fino e uma coroa de flores que representavam o que eu desejava para o ano que viria. Apenas mulheres participavam do festival era a regra, os homens ficavam no vilarejo tendo um ritual também.
A alta sacerdotisa caminhou até o centro de um pentagrama que foi desenhado com velas na areia, todas as outras wiccas fizeram um círculo em volta dela unindo as mãos ressoando versos, que acenderam todas as velas, cada vela era resignada para uma. Foi acendendo conforme o verso ia sendo entoado.
Uma energia atingiu meu peito e uma bola de luz saiu de dentro do meu peito. Olhei para o lado e em todas acontecia a mesma coisa. As luzes se uniram à cima da cabeça da alta sacerdotisa. Ela ergueu calice ao céu no instante que a luz da lua o atingiu, a enorme bola de energia entrou dentro do cálice.
Ela saudou todos os elementos e pude sentir cada um passando pelo meu corpo, o fogo esquentando minha pele, a água umidificando minha pele, s vento aliviando o calor e a terra sob meus pés. Tudo estava interligado como nós estávamos.
O poder não ficava apenas em uma, era repartido por todas e a alta sacerdotisa que o abençoava e os redistribui novamente ficando com um pedaço de cada uma de nós para ter poder total de nos proteger.
Então todos os vestidos foram rasgados ao meio e ficamos nuas banhadas pela lua. Fechei os olhos respirei fundo era o momento que iriamos receber o espírito renovado pela deusa. Sabia o que ocorreria, a alta sacerdotisa iria cortar sua mão e deixar algumas gotas cairem dentro do cálice que estava com o vinho produzido por parreiras neste ano, não estava envelhecido, seu gosto era forte, mas necessário.
Escutei gritos vindo de todos os lados, abri os olhos e estavam sobre ataque. Estavamos desprotegidas, sem nossos poderes eles estavam ainda sobre o controle da alta sacerdotisa, nada poderíamos fazer. Congelei quando percebi quem estava nos atacando, eram os vampiros, rasgando os pescoços de minhas irmãs.
Perdi o fôlego quando vi um vampiro atacar minha mãe e lhe sugar a vida. Vi seu ultimo suspiro e falecer nos braços daquele monstro. Corri em direção da alta sacerdotisa, precisava protegê-la, ela não havia feito a liberação dos poderes.
Não sabia o que poderia acontecer caso eles não voltassem para suas donas. A cena que rolava em volta era terrível. Sangue por todos os lados, velas apagando e entendi o que significava as bruxas estavam morrendo, estavam ligadas aos nossos espíritos caso apagassem era porque não habitavam mais nossos corpos.
Scarlate a alta sacerdotisa segurava com cuidado o cálice em suas mãos o protegendo a todo custo com medo que algum vampiro a atacasse.
— Minha senhora precisamos fugir, estamos em desvantagem. — Disse entre lágrimas sentindo a dor de minhas irmãs, ainda estávamos ligadas, a corrente ainda não havia sido cortada. Tudo o que suas almas sentiam eu podia sentir, era algo agonizante, terrível, queria muito terminar com tudo aquilo.
— Não podemos, ainda estamos ligadas. Maitê, preciso que beba todo o calice. — Scarlate entregou o cálice feito de pedras rubi para mim. Era tão antigo quanto o nosso povo, havia sido forjado diretamente numa enorme pedra de rubi.
— Como? Não, isso não é certo. Eles precisam voltar para suas donas.
— Elas estão morrendo, precisa beber e guardar o poder dentro de si e fugir. Ainda possuo algo dentro de mim para proteger sua fuga, é a nossa única chance. Temos que nos proteger. — Scarlate segurou firme minhas mãos, as unindo no cálice. Senti uma explosão dentro de mim ao toca-lo. Não havia passado pela preparação para controlar aquele poder todo.— Beba minha criança, é a única maneira. Beba.
Olhei em seus olhos e vi o desenho da lua e o pentagrama. Respirei fundo e tomei todo o líquido de uma vez só. A vi sorrir para mim, beijar minha testa, fazer um carinho em minha face. Uma lufada de vento atingiu o meu corpo me jogando para longe em direção a mata que nos rodeava. O impacto no chão foi macio. Levantei para voltar para ajudar, mas uma barreira invisível me impedia. Bati com todas as minhas forças para sair de lá. Então uma luz rompeu de meu peito e desmaiei.
Acordei com os primeiros raios do sol banhando meu corpo, o calor reconfortante. Sob um chão de folhas estava deitada nua. As imagens da noite anterior me despertaram completamente me fazendo levantar do chão, ignorando a vertigem e um calor dentro de mim que não queria ir embora. Estiquei a mão com medo da barreira invisível, ela não estava mais por lá.
Caminhei às pressas em direção a praia. Galhos arranhavam minhas pernas e braços, mas não dei importância. No entanto quando cheguei a praia o ar foi sugado de meus pulmões quando me deparei com a cena à minha frente. A areia parecia ter sido pintada de vermelho, vários corpos pelo chão com pescoços destroçados. O estranho foi que encontrei poucos por ali. Estávamos em mais de cinquenta mulheres no festival e ali restaram algumas.
Adiante avistei um cabelo vermelho que era açoitado pelas ondas do mar. Corri o mais depressa que pude. Conhecia de quem pertencia aquele cabelo, era a única no vilarejo que possuía aquela tonalidade, era Scarlate. Cheguei perto e ela estava tão branca quanto a lua, a cor de seus cabelos estavam opacos, não brilhavam mais como antes. Segurei as lágrimas a vendo daquela maneira. Então vi seu peito subir e descer devagar.
— Minha menina me mate, por favor. Eles me transformaram em vampira quando o sol finalmente surgir a transformação vai ser completa.
Me ajoelhei ao seu lado.
— Mas somos bruxas, somos imunes ao veneno deles.
— Estamos sem nossos espíritos de magia, eles sabiam o momento certo de nos atacar, por sermos apenas meras humanas. Muitas de nós foram levadas para a fortaleza negra para o servirem como escravas. Me mate e nos vingue, não podem sair impune.
— Sim minha senhora, vou me vingar. Mas não posso mata-la.— disse ainda chorando.
— Você precisa, não posso viver como vampira. Precisa fazer isso, use o poder dentro de você e me afogue no mar, a deusa vai me carregar para perto dela quando nosso deus-sol se retirar.— Scarlate segurando meu pulso. Então vi seus caninos ficarem maiores e pontiagudos, e seus olhos verdes começarem a ficar vermelhos.
Respirei fundo. Me ergui do chão. Então o poder queimou minhas veias, uma lufada de vento me atingiu fazendo meus cabelos castanhos voarem, seus caracóis chicoteando minhas costas. Ergui as mãos para céu, fiz uma pequena prece para a deusa-lua. Sussurrei para o vento que atingiu o corpo de Scarlate a jogando no mar a afundando em suas profundezas e seu ar sendo roubado. Senti até o ponto que sua alma deixou o seu corpo, pois seu espírito de bruxa estava dentro de mim, o último que ainda me habitava. Agora não sentia mais nenhuma irmã, apenas o poder que restou deles, estava sozinha. Me abracei sentindo um frio por não ter mais nenhuma de minhas irmãs para me acalentar.
Vi o sol levantar lentamente, as cores do céu mudando devagar. Seu calor aquecendo a terra. Os animais na floresta começando sua rotina. Um calafrio percorreu meu corpo, as ultimas palavras de Scarlate reverberando na minha cabeça. Era isso apenas o meu propósito, nada mais havia para fazer. Vingança.
[...]
No povoado que estava morando já fazia uma semana fiquei sabendo que o príncipe Hugo faria uma seleção para encontrar sua noiva. Iria escolher entre treze moças uma para se casar e a transformar em vampira.
As moças que estavam na idade de se casar ficaram eufóricas, se casar com um príncipe, futuro rei, mesmo sendo vampiro era o que mais queriam. Muitas famílias ali do vilarejo se sustentavam com vendas no mercado, trocas de seus filhos para virarem escravos de sangue e ganharem dinheiro com aquilo. Odiava aquele tipo de coisa.
A ideia surgiu, era a forma perfeita de entrar na fortaleza e me vingar de todos lá de dentro. Meu ódio se irradiava a todo clã. Nenhum deles ficaria em pé, pereceriam e sofreriam como fizeram com minhas irmãs e salvaria as que estavam como escravas, libertando seus espíritos para se juntarem a deusa-lua.
No entanto havia um porém, se aparecesse na fortaleza com meus poderes seria descoberta tão rápido quanto uma piscada de olhos. Precisava escondê-lo e ao mesmo tempo carregá-lo comigo lá para dentro, não iria sozinha, levaria a força de minhas irmãs comigo.
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Sinopse
Beatriz cresceu sendo maltratada por sua família adotiva, sendo obrigada a trabalhar em uma peixaria para pagar suas contas e levada a viver uma vida criminosa. Em uma manhã turbulenta a vida de Beatriz sofre uma mudança ela descobre que é uma lobisomem e que faz parte de um mundo sobrenatural repleto de seres que o habitam.
Uma vez nesse mundo, Beatriz começa a perceber que os segredos que a envolvem são ainda maiores do que imagina e embarca em uma jornada que envolve muito mais do que descobrir sua verdadeira origem, mas descobrir seus verdadeiros sentimentos.
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