(My immortal) Capítulo 3 - Plena!?
(My immortal) Capítulo 3 – Plena!?
A cadeira de balanço chiava levemente enquanto eu ia para frente e para trás. Meus olhos foram direto para a estante do que seria minha biblioteca. Eu pretendia fazer um mosaico de nichos hexagonais para guardar meus livros, como colmeias de abelha feitas de madeira e pintadas de branco. Os meses passaram e eu prendi as primeiras na parede, como havia combinado com Samuel. Antes que eu pudesse organizar os meus livros, no entanto, descobri que estava grávida.
Foi a surpresa perfeita.
Em meu ventre, vida crescia. Um pequeno amontoado de células que se multiplicaram e desenvolveram, formando perninhas, mãozinhas, olhos, nariz, cérebro, um coração pulsante e tudo mais que forma um ser vivo. O bebê chutou e eu coloquei a mão espalmada na barriga inchada. Fechei meus olhos, apenas sentindo as ondulações de sua movimentação. Direita... Esquerda.
– Nade enquanto pode, Emily – sussurrei para minha filha não-nascida – daqui a pouco você não terá mais espaço.
Desviei o olhar dos nichos que agora eram ocupados por bailarinas de pelúcia e continuei a dobrar as roupinhas delicadas, usando minha barriga de seis meses como apoio. O papel de parede branco e lilás, com um discreto padrão floral já estava devidamente colado. O berço branco de madeira também se encontrava em seu lugar, mas o colchão permanecia no plástico protetor. Faltava semanas para ser usado.
Levantei-me para guardar as camisetas na gaveta, os vestidinhos de quase todas as cores estavam nas ombreiras. Toquei no fino tecido rosa, sentido a sua textura macia. Ficava imaginando o rostinho de boneca dela e como ficaria linda naquela roupa com babadinhos. Estávamos quase prontos para a chegada da nossa pequena. Ver o quarto daquele jeito, quase pronto, fazia eu me sentir plena.
A vida poderia ser perfeita.
Continuei a guardar as roupas que havia lavado enquanto cantarolava uma antiga canção de ninar que minha mãe costumava cantar para mim: "se essa rua, se essa rua fosse minha. Eu mandava, eu mandava ladrilhar. Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes. Para o meu, para o meu amor passar..."
A bebê continuava a chutar, ela seria uma jogadora de futebol ou uma bailarina. Ai! O último chute foi tão forte, que precisei me apoiar na lateral do berço. Suor brotou em minha testa com a dor na parte baixa do meu ventre. Talvez ela fosse se tornar uma lutadora do UFC.
Outra pontada, inspirei profundo e expirei de novo. Vamos, Mika, controle a respiração.
Inspira, expira.
Inspira, expira.
Inspira, expira.
Tentei continuar a música. Sempre que ela estava agitada e eu cantava durante a noite, parecia se acalmar. "Nessa rua, nessa rua..."
Ai! Cai de joelhos no chão, senti uma umidade ensopar a minha calcinha e a dor era tão grande que eu não conseguia respirar direito. Droga! Perder líquido não era bom, fui me arrastando até o celular que permanecia na cadeira. Precisava ligar para Sam com urgência, disquei com as mãos trementes e ele atendeu no terceiro toque:
– Tô chegando, amor! Passei por uma farmácia e vi um anúncio de promoção de fraldas, tive que parar pra comprar porque...
– Eu... Dor... Muita dor, rápido... – Balbuciei.
– O quê? – junto com a surpresa dele, ouvi o barulho do motor acelerando – Estou indo! Continue comigo, não desligue.
– Perdi líquido... – disse e levantei minha saia para ver o estado da minha calcinha, só então percebi a cor vermelha – Oh, Deus! Não... Sangue...
– Sangue? P0rra, vou ligar para a ambulância e...
A dor voltou e minha visão escureceu. Parecia que eu estava em túnel e ao longe podia ouvir a voz de Samuel gritando por mim, pedindo que eu falasse alguma coisa. Não tinha forças para responder. Não sei quanto tempo se passou, mas senti um toque em meu rosto, alguém tentando me acordar.
– Amor, o socorro está chegando – Eu estava nos braços do meu amado, seu rosto banhado em lágrimas e as mãos sujas de sangue – Aguente firme, só mais um pouco...
Tivemos alguns momentos ruins, como a morte da avó dele ou a separação dos meus pais. Pensei que já tivesse visto todas as faces de Samuel, no entanto, estava enganada. Nunca vira o desespero genuíno no semblante do meu amado, não até aquele momento. Estava muito fraca para saber se era porque tinha muito sangue, se eu estava gelada ou pálida demais, mas tinha certeza que era grave. Fechei os olhos imaginando um mundo sem a criança que tanto desejei.
– Se tiver que escolher – minha voz não passava de um sussurro – Salve Emily...
– Não me faça escolher, meu amor – as mãos de Samuel tremiam enquanto ele alisava os meus cabelos. Os olhos avermelhados me encaravam com pesar: – Por favor, eu não posso perder você.
– Pro... Prometa – a dor lancinante me afligia cada vez mais forte, insuportável. Trinquei os dentes, impedindo-me de gritar. Logo em seguida ela sumiu, mas sabia que não tardaria a voltar: – Se for ela ou eu... Ela! Salve nossa Emily...
Continua...
___
Oh, Deus! O que vai acontecer?
Ah, dica para o sorteio: comente diariamente, assim você ganha cupons de numeração variada! <3
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro