Ponto de vista do Hunter

A garota era boa.

Nenhum cadastro em redes sociais, o que é um milagre para uma menina de vinte e dois anos.Nenhum emprego fixo, nenhum amigo íntimo ou de longo prazo, muito menos qualquer relacionamento amoroso que fosse capaz de ligá-la a alguém.

Familiares então, nem se fala.Tudo que tinha era um irmão inútil que a colocou na merda que se encontra agora. Vasculho o apartamento pequeno, procurando qualquer detalhe que possa me levar à pequena fugitiva.

Objetos espalhados ao redor denunciavam a pressa em que ela deixou o lugar, levando apenas o essencial.

"Prática", ele pensou.

Entro na cozinha e de imediato me deparo com dois potes contendo leite e ração, chamando minha atenção. Vou à busca de evidências que confirmem a suspeita de animal que ela possui, quando encontro um pacote de ração para gatos.

Interessante.

Talvez a sua praticidade tenha ido pelo ralo no momento em que decidiu levar o bichano na sua pequena aventura. A curiosidade de saber mais sobre me ela, me faz atravessar o pequeno corredor que contém duas portas, uma para o banheiro e outra para o quarto, onde entro e vejo a maioria dos objetos pessoais engavetados.

Aproximo-me do armário que está aberto e encontro uma camisa preta enorme e desgastada banda Jack Rock, que obviamente já teve dias melhores. Retiro-a com cuidado, sentindo o cheiro leve de laranja impregnado que ela tem, indicando que foi usada recentemente.

Observo o lugar por mais uns minutos, notando o quão simples ele é. Paredes de cores neutras, contrastavam intensamente com os poucos objetos que estavam espalhados pelo local. A pequena poltrona próxima a janela tinha os seus pés de madeira corroídos e arranhados, provavelmente causados pelo gato.

Por fim recolho o que acho necessário, saindo pela escada de incêndio da mesma forma que entrei, tendo uma única meta se formando em minha cabeça:

Caçar Heather Miller!

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Ponto de vista de Heather - Olhos em mim

Ferrada.

Esse é meu atual nome e sobrenome.

No momento que descobri o que Lincoln tinha aprontado, sabia que a merda bateria no ventilador e automaticamente respingaria em mim. Ele, não só havia roubado grana de pessoas extremamente perigosas, como decidiu me por como sua fiadora sem qualquer aviso prévio, agora a minha cabeça está a prêmio.

Fluffy se aconchega em meu colo, aéreo aos fatos que mudaram nossas vidas nas ultimas quarenta e oito horas, transmitindo uma paz que me faz ter inveja. Deslizo meus dedos entre seus pelos pretinhos, aproveitando a sensação de maciez que eles proporcionam. Desde pequena, aprendi das piores maneiras a não acreditar nas pessoas, muito menos criar laços profundos com elas. Com exceção de Fluffy, estou indo bem.

Meus pais morreram em um acidente de carro quando tinha nove anos,e isso marcou minha vida para sempre, uma vez queeles eram o centro de toda felicidade que existia em mim.Não havia um momento de tristeza em nossa casa, eu era amada, protegida e querida. Com a morte deles e o fato de não ter parentes vivos que pudessem ficar comigo, acabei sendo enviada para um abrigo e logo depois encaminhada a um lar temporário.

A casa onde fiquei inicialmente era formada por pessoas gentis, que tentavam de todas as formas me integrar à família, o que com o tempo ficou cansativo demais, já que eu sempre evitei qualquer tipo de contato, falando apenas o necessário e quando necessário,até que aos poucos foram desistindo.

Não fazia idéia da sorte que tinha de viver com os Clark, até conhecer os Jacksons.

Com treze anos, meu presente de aniversário foi ser encaminhada pra viver com eles, já que os Clark estavam de mudança e não teriam condições de me levar. Aparentemente, para o "sistema" os Jacksons eram uma família boa e capaz de cuidar de uma adolescente órfã em formação.

Nunca fui muito de acreditar em contos de fadas, principalmente depois de me deparar com a realidade das crianças que assim como eu, não tinham mais nenhum familiar em quem se apoiar.

Não havia fada madrinha ou príncipe encantado para me salvar. Não foi uma surpresa tão chocante ver o quão destruidor o sistema poderia ser.

E assim, meu carma na terra começou.

Meus pais adotivos viviam embriagados, tendo como único momento de sobriedade, o dia em que iam retirar meu benefício e logo em seguida praticamente o gastavam todo com mais bebidas e farras. Os dois tinham um filho, dois anos mais velho que eu, chamado LincolnFodidoJackson, onde seu passatempo preferido era me ferrar.

Assim que fiz dezoito anos, peguei todo dinheiro que consegui juntar fazendo trabalhos como babá ou passando algum tempo como garçonete e fui embora sem olhar para trás ou deixar rastros. O que obviamente não foi muito eficaz, uma vez que estou dormindo em um motel de estrada barato, em algum local no meio do nada com lugar nenhum, já que meu "irmão" decidiu acabar de vez com a minha vida.

Pego o Ipod, meu único aparelho eletrônico que considero ter algum valor,selecionando minha música preferida da Jack Rock, uma vez que só a voz do John vai ser capaz de me acalmar.

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Recadinho da autora:

Olá, Stalkers do meu ♥

Tudo bem com vocês?

Espero que estejam curtindo tanto quanto eu a história Heather e do nosso perseguidor favorito, o Hunter.

Para quem ainda não sabe, a história terá capítulos prolongados, estando disponível apenas no meu perfil @iAmMuller. Então se vocês quiserem continuar acompanhando essa dupla, me sigam lá e adicionem Haunted na sua biblioteca e lista de leitura.

E não se esqueçam de votar e comentar todos os capítulos meu povo, a opinião de vocês é muito importante, principalmente para a continuação da história.

M. A. Müller

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