(Haunted) Capítulo 4 - Língua Perversa
Ponto de vista da Heather – Língua Perversa
Escrito por M. A. Muller
É engraçado como a vida gosta de nos pregar peças, algumas até engraçadas outras nem tanto.
Continuo parada sem saber como digerir o vídeo que acabo de assistir, procurando qualquer explicação lógica para absorver as palavras do Lincoln.
Porra.
"Eu me importo". "Vá com Hunter". "Me perdoe". Ele dizia com um semblante cansado e cheio de culpa. Sua aparência sempre foi algo que ele gostava de se gabar. Seus cabelos antes lisos e castanhos, hoje davam lugar a um corte rente endurecendo suas feições. Seus olhos azuis que possuíam um brilho invejável tinham se apagado e um machucado recente próximo aos lábios fartos sinalizavam que os problemas começaram a encontrá-lo.
"Será que ele está bem?", inconscientemente, me pergunto.
Mas como apagar anos de mágoa e ressentimento para confiar em alguém que aparentemente não dava a mínima para a minha existência? Alguém que puxava meus cabelos, colocava besouro em meus sapatos e me fazia passar por todos os tipos de humilhações possíveis sem que tenha feito nada para merecê-las.
- Eu sei que você não consegue entender agora, mas seu irmão se importa, Heather. Caso contrário ele não teria vindo até mim, praticamente implorando para que te protegesse. – Hunter fala tentando me dar algum tipo de conforto.
- Cala a boca! – saio do torpor com uma raiva que nunca senti na vida – Isso só pode ser mais um golpe, eu não vou acreditar em uma palavra do que aquele desgraçado diz, muito menos de você! – corro até a porta do quarto abrindo-a violentamente – VÁ EMBORA, PORRA!
As lágrimas que tanto segurei agora saltam livremente dos meus olhos.
Merda
Hunter se aproxima aos poucos com as mãos para cima em sinal de paz, até estar próximo o suficiente para tirar as minhas da porta e fechá-la suavemente. Todos os meus extintos gritam loucamente para correr o mais longe possível dele. Entretanto, faço exatamente o contrário quando o mesmo me puxa até que minha cabeça esteja encostada em seu peito e afaga meus cabelos, me dando conforto que eu aceito sem nenhuma reclamação.
- Linda, eu sei que seu irmão foi um babaca com você – abro a boca prestes a perguntar como ele sabe tanto quando seus dedos tocam meus lábios, me fazendo parar. – Não pergunta, só me escuta. Preciso que você confie em mim e venha comigo, logo outros vão te encontrar e suas chances sem mim são nulas, Heather.
Fico congelada quando sinto sua boca encostar em meu ouvido, fazendo com que sua voz rouca e seu hálito quente me causem arrepios constantes e incontroláveis.
- Você não faz ideia de quanto tempo venho observando você, de como fui ficando obcecado em te ver todos os dias depois que seu irmão saiu da minha casa deixando uma foto sua. De quantas vezes cheguei perto o suficiente para sentir seu cheiro e tocar sua pele. – Hunter termina olhando profundamente em meus olhos, fazendo meu corpo acordar para sensações que há tempos não me permitia sentir.
"Beija ele, caramba!", meu lado louco grita incansavelmente.
"Tá maluca? Você precisa casar com esse homem!", meu lado insano palpita.
Balanço a cabeça tentando clarear as ideias, até que por fim opto por dar ouvidos ao meu lado menos prejudicial no momento.
Lado louco 1 X lado insano 0
- Eu vou te beijar Hunter e se for bom como imagino que vai ser, conversaremos depois. Agora tudo o que quero é que você me faça esquecer. – sussurro perto o suficiente para sentir o cheiro de canela que sai levemente de sua boca entreaberta.
Reúno o resto de coragem que sobrou e me aproximo ainda mais do seu corpo. Ele é tão alto que preciso ficar na ponta dos pés para alinhar nossas bocas.
Sinto suas mãos se fecharem ao redor da minha cintura enquanto enlaço meus braços em seu pescoço, aproximando meu rosto o suficiente para nossos lábios finalmente se unirem.
Assim que nossas línguas se tocam e o beijo se aprofunda, toda calma se esvai. Hunter desce suas mãos até a parte interna dos meus joelhos e me impulsiona para cima, fazendo com que minhas pernas se enlacem em sua cintura.
Ele anda dois passos até chegar à cama e me deita nela ficando em cima de mim. Aproveito a posição e tiro sua camisa, revelando uma pele branca, com algumas cicatrizes nas quais deslizo meus dedos até chegar a sua barriga, sentindo todo corpo dele endurecer.
- Pare ou não respondo por mim – Hunter praticamente rosna entre nossos beijos.
Sinto suas mãos apertarem ainda mais minha bunda, lembrando-me imediatamente do meu estado seminu, aperto minhas pernas entorno de sua cintura e decido aproveitar a pouca falta de roupa para balançar meu quadril de encontro ao dele.
- Porra – ouço Hunter falar e logo depois sinto com urgência as suas mãos arrancarem minha blusa.
- Tira – peço apontando para sua calça, observando ele se levantar o suficiente para remover os sapatos e desabotoar seu jeans.
Tento controlar as batidas insanas que meu coração dá e amenizar a respiração, mas vê-lo sem roupas me deixa ainda mais louca. Hunter se aproxima novamente da cama e suavemente retira minha calcinha, com tanto carinho e cuidado que me fazem imaginar como seria esse momento se não estivéssemos na situação em que estamos.
- Preciso de você – sussurro em seu ouvido, sem aguentar a ansiedade que me consome.
- Eu te quero tanto que tenho medo de ser bruto contigo – ele diz e fico momentaneamente envergonhada.
- Não sou virgem, Hunter – digo logo a fim de fazer com que ele dê tudo que preciso, sem reservas – Só faz algum tempo desde que estive com alguém. – termino encarando seus olhos como se nada mais naquele momento fosse importante.
Hunter balança a cabeça e volta para cima de mim, quando o ouço abrir o pacote do preservativo, voltando a beijar meu pescoço lentamente até encontrar um dos meus seios. Arqueio o corpo quase que inconsciente, sendo o suficiente para que nossas partes íntimas finalmente se encostem.
Foco em esquecer tudo que me atormenta por hora, tendo como meta proporcionar que meu corpo aplaque o desejo que faz minha pele queimar a cada investida do membro de Hunter em mim.
Aos poucos vou me perdendo por completo nas sensações e deixo aquele que me caçou incansavelmente tenha o que quiser. Desde que eu proteja meu coração, pouco me importa se nesse processo perderei meu corpo, minha mente ou minha alma.
♥♥♥
Ponto de vista do Hunter – Assombrado
5:45
É a décima vez que encaro o relógio na mesa de cabeceira, ao lado da cama. Talvez esteja esperando o momento que o despertador vá tocar, me fazendo acordar e perceber que uma das melhores noites que já tive na vida foi apenas um sonho.
Fecho os olhos, recordando todos os acontecimentos das últimas horas. De cada beijo que dei no corpo dela, de cada toque das suas mãos em minha pele e de todos os gemidos de prazer que pude escutar da sua voz doce e rouca.
Viro devagar, tentando não me mexer muito, com medo de acordá-la.Tudo o que preciso agora é apenas observá-la dormir, fazendo com que a sensação de paz se prolongue por mais tempo.
Quando entrei no quarto, não imaginava que a noite terminaria comigo e Heather transando feito loucos, como se possuir a alma de cada um fosse a salvação que precisávamos para os nossos pecados. Esperava gritos e talvez até mesmo tivesse que dopá-la para levar ela comigo até um local seguro, mas no fim, aquela noite tinha superado todas as expectativas e se tornado a melhor após um tempo.
- Ei, acordou faz muito tempo? – ouço Heather perguntar, com a voz ainda embargada pelo sono.
Puxo seu corpo quente de encontro ao meu, aproveito que ela está de costas para mim e coloco meu rosto em seu pescoço, sentindo o cheiro suave de laranja.
- Que perfume é esse? A blusa que encontrei na sua casa tinha esse mesmo cheiro. – Pergunto sem conseguir tirar minhas mãos dela.
Sinto Heather se mexer tentando sair da cama e a solto.
- Hunter, ontem quando te vi vasculhando minhas coisas, eu acreditei que fosse morrer. – ela para de falar e me encara alguns segundos – Depois teve toda aquela história com meu irmão e tudo que precisava era de algo que me distraísse ou então iria surtar.
"Não estou gostando do rumo dessa conversa", meu lado neurótico gritava.
- Você foi incrível, mas olha só, para mim, não passou de sexo. – Heather termina, me encarando e esperando alguma reação. Como não esboço nenhuma, ela continua: – Eu sei que Lincoln pediu ajuda, que existem pessoas querendo arrancar meus dedos e servirem em sopas, mas nós sequer nos conhecemos, quer dizer, eu pelo menos não te conheço. Aceito sua ajuda, porque sinceramente, não tenho vontade nenhuma de morrer, mas se isso significa algo a mais para você, eu não sei se podemos ir em frente.
Continuo calado, analisando cada opção que tenho agora.
Nunca tinha me envolvido emocionalmente com os meus "trabalhos", eu os analisava, reconhecia seus padrões e então os caçava. Desde o momento que pus meus olhos sobre ela, sabia que estava ferrado. Vigiava Heather, com a desculpa de estar a protegendo, mesmo sabendo que seu irmão ainda não tinha agido de forma que a fizesse estar em perigo.
Sentia que aquilo não iria terminar bem, mas estava tão obcecado em observá-la, que não me importava o que poderia acontecer, desde que a tivesse em segurança.
- Arrume suas coisas, pegue seu gato e me encontre em dez minutos no estacionamento. – Foi tudo que pude dizer, me controlando o máximo para não estourar.
Levantei procurando minhas roupas, me vesti e sai pela porta, tentando não derrubá-la enquanto a fechava.
Caralho!
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~*~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Ainda consigo lembrar a raiva que sentia, quando recordava o dia em que saímos do hotel. Fiquei alguns minutos esperando por ela no carro, pensando em como tinha chegado naquele ponto, de querer sequestrar alguém e fazer com que essa pessoa ficasse comigo a qualquer custo.
"Aposto que ela foge na primeira oportunidade que tiver", meu lado babaca zombava.
"Se você usar a cabeça certa, ela não vai ter como escapar", meu lado imbecil induzia.
Durante todo trajeto que percorri, minha mente trabalhava em planos diabólicos. Estava em uma luta interna entre deixar a garota a salvo e longe de mim ou força-la a minha presença e consequentemente ela estaria protegida também.
Lembro do modo em que ela acariciava o maldito gato preto, da forma como falava coisas sem sentido e de como sorria quando o infeliz miava.
Você queria ser esse gato, idiota.
A viagem foi uma tortura. Ela tentou conversar, desfazer o clima de merda que estávamos, mas pouco me importava. Nada do que ela fizesse ou dissesse iria mudar minha decisão.
Dirigi sem me importar em dormir, comer ou beber qualquer coisa, só queria acabar logo com aquilo. Depois das horas mais longas da minha vida, chegamos ao único lugar que confiaria o suficiente para deixa-la só.
E o prêmio de maior otário vai para...
Expliquei o básico para que ela pudesse se virar na casa, que inclusive ficava longe e escondida o suficiente, afastando qualquer curioso. Acionei o sistema de segurança, ligando todas as câmeras espalhadas na propriedade. Fui até a dispensa e verifiquei a quantidade de mantimentos, que eram suficientes para os próximos meses. Mostrei os quartos e disse que ela poderia escolher qualquer um que gostasse e a maldita foi exatamente para o que era meu.
Após ter certeza que ela e seu "Fluffy" ficariam bem, dei as costas e fui embora o mais rápido que consegui, caso contrário as coisas não estariam como estão agora.
Quase dois meses se passaram desde que deixei Heather na minha casa de fuga. Nunca existiu outro lugar que confiasse mais no mundo do que aquela propriedade. Sua localização era de extrema dificuldade de encontrar, uma vez que ela ficava no meio do mato praticamente. Possuía um sistema excelente de segurança e caso chegasse a ser invadida, ela teria um porão impenetrável para se esconder, até que conseguisse a alcançar.
Dois dias atrás, um dos números de telefone descartável que deixei com ela apareceu na tela do meu aparelho. Fiquei tão ansioso, que parecia uma garotinha quando vai ao baile da escola pela primeira vez. Atendi sem saber o que esperar e tudo que ela queria saberera quando iria levar mais mantimentos.
Idiota.
Desde então, venho protelando voltar naquele lugar e dar de cara com aquela demônia feiticeira, já que não existe outra explicação pro estado miserável que estou, por uma mulher que eu só perseguia.
"Persegue", meu subconsciente me corrige. Foda!
Dou mais um gole em minha cerveja, me recostando por completo na cadeira do meu escritório enquanto observo pela tela do computador, Heather deitada no tapete da sala, assistindo algum programa estúpido alisando os pelos do seu gato.
- Um brinde a você, a mulher que fodeu minha vida! – levanto a cerveja o suficiente para tocar a tela e tomo o que ainda resta, sabendo que amanhã a responsável pela minha desgraça estará a minha mercê.
♠♠♠
Siga iAmMuller no Wattpad.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro