(Freeze you out) Capítulo 1
(Freeze you out) Capítulo 1
Escrito por Taty Brasil
Hoje faz um ano que estou morando aqui... 365 dias de paz e sossego.
Esse lugar não foi escolhido ao acaso, tudo foi pensado e planejado para que eu pudesse ficar em segurança e ainda conseguisse me sentir em casa, mesmo estando tão longe.
Apesar da aparente tranquilidade, vivo com medo. Saí da minha terra natal há quase um ano e meio. Troquei a cor dos meus cabelos, e durante os primeiros meses passei por diversos países tentando encobrir o meu rastro.
Fugi de um marido louco e agressivo, que nos últimos anos do nosso casamento me batia quase todos os dias. Eu apanhei, fui humilhada, fui maltratada e magoei pessoas que queriam o meu bem. Estava cega e ainda acreditava no seu amor, no arrependimento e nas promessas que ele me fazia. E o pior, ele me fez acreditar realmente que eu seria burra se não o perdoasse.
Acho que todas as mulheres que são agredidas têm a esperança de que seus maridos possam um dia mudar, porém depois de um ano percebi que ele nunca mudaria, e que a tendência seria somente piorar. Aguentei firme durante esse tempo, porque eu sabia que o único jeito de conseguir sair inteira dessa relação era fugindo e eu não queria ficar longe dos meus pais que estavam doentes.
No final consegui juntar uma boa quantia, e com a morte deles, finalmente criei coragem e segui o meu caminho.
Escolhi como destino, a cidade de Muscatine, localizada no estado americano de Iowa. Por ser pequena, com pouco mais de vinte mil habitantes, a achei perfeita para uma fugitiva como eu morar.
Moro em um bairro calmo, onde as casas são todas iguaizinhas, exceto por uma que fica no final da rua número quatro. Ela é enorme e tem um jardim lindo em sua volta, a típica casa dos sonhos de toda garota romântica e apaixonada por livros e filmes como eu fui um dia.
Hoje sou apenas uma casca. Uma mulher triste e sozinha, que luta diariamente para conseguir enfim ter uma vida digna e feliz. É apenas isso que espero. Ser feliz.
Como precisava sobreviver e pagar as minhas contas, arrumei um trabalho de caixa em um supermercado, até que bem legal, e mesmo me mantendo reclusa não dá tempo de me sentir sozinha.
Porém, o que gosto mesmo e me mantém distraída é a equitação. Durante parte da minha infância e adolescência inteira, tive sonhos malucos e repetitivos com cavalos e apesar de amá-los, nunca tive contato real. Essa sempre foi uma incógnita na minha vida e eu nunca entendi o porquê dessa obsessão do meu subconsciente pelos cavalos.
Eu sonhava com cavalos, muitos cavalos. Em um desses sonhos, eles corriam a minha volta e um deles, que era totalmente preto e com uma crina comprida, se aproximava e parava na minha frente. Ele me encarava, balançava sua cabeça e relinchava, e só quando ele fazia isso é que eu percebia que em cima dele tinha um homem.
Ele era lindo, tinha um cabelo comprido até a altura dos ombros, e sempre quando ele sorria e estendia a mão para mim, quando eu ia alcançá-lo... Nada. Não acontecia nada, pois eu sempre acordava nessa parte do sonho chorando como se tivesse perdido algo. Esse e outros sonhos estranhos se repetiram até o final da minha adolescência quando conheci o meu ex- marido.
Por mais incrível que possa parecer, o conheci quando eu tinha 17 anos e ele montado em um cavalo branco me atropelou na fazenda vizinha a dos meus tios, onde eu passava férias.
Agora você pode imaginar como eu, uma menina ainda tão inexperiente, vendo um cara lindo, moreno, dos olhos negros iguais aos do cavalo dos meus sonhos e ainda por cima montado em um cavalo, iria pensar? Claro que pensaria que tinha encontrado o príncipe dos seus sonhos. Ledo engano.
No início ele sempre foi sorridente, galanteador, educado e muito carinhoso. Mera ilusão. Depois que nos casamos com o tempo os rompantes de ignorância e falta de educação foram começando a aparecer e percebi tarde demais o miserável que ele era. Um homem covarde, egoísta, amargo e exigente ao extremo, e que acabou se tornando um verdadeiro carrasco na minha vida.
Bem, voltando à parte onde eu estava contando sobre a linda casa no final da rua quatro, há seis meses houve um burburinho entre os vizinhos que ela havia sido vendida. Realmente, depois de alguns dias começou uma movimentação de trabalhadores reformando a propriedade. Mas foi só isso, depois desse tempo nunca mais vi nenhum morador ou movimento em seu interior. O máximo de movimentação que eu via, eram as luzes no interior da casa que sempre ficavam acesas durante a noite, e cada dia em um cômodo diferente.
Com o tempo comecei a sentir uma sensação estranha como se estivesse sendo observada, e ao longo dos meses descobri que não era apenas uma sensação, havia mesmo uma sombra atrás de uma cortina que sempre me observava quando eu passava com minha bicicleta para ir trabalhar.
Um sentimento desesperador me abateu, eu estava morrendo de medo que, enfim, o Paulo tivesse me encontrado. Por ser a última rua, e justamente a via que ligava um bairro a outro, eu era obrigada a passar todos os dias por ali, e com o tempo acabei me acostumando, mas a insegurança e a curiosidade sempre ficavam me atormentando.
Depois de muitos anos, hoje sonhei novamente com o cavalo negro e o seu cavaleiro misterioso, porém diferente das outras vezes, ele conseguia me alcançar e juntos cavalgamos tranquilamente em uma planície linda e cheia de flores. Acordei assustada e tentando entender o porquê disso depois de tanto tempo. Seria algum tipo de aviso? E será que a sensação estranha relacionada à casa misteriosa teria alguma relação com esses sonhos? Essas foram perguntas que começaram a me corroer e então decidi que hoje eu iria tentar descobrir o que estaria acontecendo naquela casa.
Ao anoitecer, vesti uma roupa preta com um moletom de capuz, juntei toda a minha coragem e saí em direção ao meu alvo. Minha missão era tentar ver se existia algum movimento no interior da casa.
Com o capuz enfiado na minha cabeça, comecei a caminhar pelos cantos escuros da rua, era quase impossível qualquer pessoa que cruzasse o meu caminho me identificar. Parei debaixo de uma árvore, que ficava na calçada em frente a casa e fiquei esperando. Ali parecia não haver ninguém. O silêncio era sepulcral, mas novamente as luzes da sala estavam acesas, deixando a minha curiosidade ainda mais aflorada.
A chegada da madrugada trouxe com ela o forte vento frio que sempre faz nessa época do ano. Num gesto inútil em tentar me aquecer, comecei a soprar minhas mãos e esfregá-las uma na outra, o que de nada adiantou. Foi aí que percebi que já estava na hora de desistir da minha missão maluca e voltar para casa.
Numa atitude impensada, atravessei a rua para passar em frente a casa antes de ir embora. Como Deus é muito bondoso e hoje ele devia estar querendo me ajudar, assim que passei em frente ao portão da garagem a mesma começou a abrir e um carro todo preto, apareceu e ficou esperando o portão terminar de abrir para poder entrar. Tenho certeza que o motorista me viu, porque estávamos muito perto, só que não me importei, disfarcei e continuei olhando para tentar enxergar algo.
Pior que estava não poderia ficar, e o máximo que aconteceria era encontrar uma pessoa mal educada e nervosa por ter alguém a observando aquela hora da noite.
Ele deve ter percebido a minha tentativa em vê-lo, porque ele desceu da sua caminhonete Hilux preta, e putaquepariu, eu não estava preparada para o que eu iria ver.
O motorista era o cavaleiro lindo que durante muitos anos da minha vida povoou os meus sonhos, e apesar dos seus cabelos estarem curtos, eu poderia reconhecê-lo tranquilamente no meio de uma multidão, que dirá aqui, nos encarando.
Depois de alguns segundos o encarando, que para mim pareceram ser uma eternidade, percebi que ele sorria sedutoramente e maravilhosamente para mim, e enfim consegui sair do transe e dizer alguma coisa.
- O-i! - falei gaguejando. Porra gaguejar agora não Amanda.
- Oi! - falou se aproximando - O que uma bela mulher faz sozinha uma horas dessas na rua? - perguntou curioso.
Só aí percebi que as minhas pernas estavam moles e que eu estava prendendo a respiração de tanta ansiedade e nervosismo. Respirei fundo e tentei agir normalmente, mesmo sabendo que essa seria uma atitude quase impossível.
- Desculpa se atrapalhei o seu caminho, mas como essa cidade é tranquila, costumo caminhar à noite quando perco o sono, e acabei me assustando quando vi seu carro, nunca tinha visto ninguém aqui - falei tentando arrumar uma desculpa.
- Eu que te devo desculpas, por assustá-la. Acabei de chegar de viagem. Prazer! - Estendeu sua mão. - Chris Luts.
- Prazer! - falei pegando na sua mão - Amanda Oliveira - Minha nossa, o choque que passou pelas nossas mãos foi tão forte que acabei me assustando e a soltando rapidamente.
- Pelo visto a eletricidade entre nós está grande. - Provocou dando um sorriso sedutor.
- É - falei assustada - Desculpa Chris, mas tenho que ir, a gente se vê por aí. - Me despedi e saí correndo, literalmente.
Eu realmente não esperava que isso fosse acontecer, não depois de tanto tempo. E mais uma pergunta surgiu na minha cabeça: Será que a volta desses sonhos, teriam alguma coisa a ver com o aparecimento do cavaleiro dos meus sonhos?
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Recado da Autora:
Provavelmente se você usa o Wattpad só como um leitor não deve saber, mas é muito importante para nós escritores que você VOTE E COMENTE, pois só assim podemos saber se estão gostando do livro ou não. Além é claro que dá um ânimo danado em continuar escrevendo quando vemos que estamos tendo retorno.
Por isso meus amores, espero que gostem e deixem muitas estrelinhas para animar a autora kkkk... bjs
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