(Flashlight) Capítulo 7 - Luz
7 - Luz
Luz, luz, luz
Você é minha lanterna
Luz, luz, luz
Você é minha lanterna
Luz, luz, luz
Você é minha lanterna...
Flashlight (Jessie J)
Henrique estava saindo de um plantão de quarenta e oito horas, tinha ficado preso dentro do centro cirúrgico pelas últimas dezesseis horas, operando uma criança de apenas dez anos com um tumor no cérebro. O procedimento tinha sido um sucesso absoluto e as chances de melhora eram realmente palpáveis. Estava satisfeito consigo mesmo, com a equipe e o trabalho que haviam realizado.
- Nossa, pensei que você não voltaria nunca.
O médico assustou-se ao ouvir a voz de Laura, que o aguardava dentro de seu consultório, sentada com as pernas cruzadas no sofá que Henrique costumava usar para cochilar muitas vezes.
- O faz aqui, Laura? - Ele perguntou surpreso.
- Desculpe-me, não foi legal ter invadido seu consultório desse jeito. - Ela levantou do sofá apressadamente.
- Não, espera! Laura, não é isso. - Henrique deu um passo para trás quando ela ameaçou sair da sala. - Não quis ser rude, só estou cansado.
- Posso voltar outra hora, foi um erro ter vindo te procurar no seu trabalho. Realmente não pensei, só que...
- O quê?
Henrique apoiou-se na porta mais para impedir que ela tentasse sair do que para descansar o peso do corpo. Ela mordeu o canto da boca e o encarou com uma expressão indecisa, mexendo nos cabelos, que pendiam em cachos modelados perfeitamente para todos os lados , repetidas vezes.
- É que eu consegui realizar o item número um. - Ela confessou baixinho. - Não me sentia à vontade para contar isso a mais ninguém.
- Que bom, Laura. - Henrique afastou-se da porta e aproximou-se de Laura. - Obrigado por me contar. É tão bom saber que você ainda confia em mim, aquele dia foi tão estranho. Não sei o que aconteceu para as coisas ficarem estranhas entre nós dois.
Laura estava sentindo tanta saudade do médico parado a sua frente. Ela sabia que ele estava envolvido com outra pessoa, mas acabou realizando o desejo de sua mãe mesmo que não quisesse, e sem certificar-se de que ele a amava de volta. Não podia negar que estava apaixonada por Henrique, teria de lidar com isso.
- O item número um era o meu pai. - Ela revelou.
- Como assim? - Henrique arqueou uma sobrancelha, curioso.
- Meu pai nos abandonou quando eu era um bebê. - Laura explicou, mas depois que perdoou seu pai, aquelas palavras não lhe causavam mais dor. - Minha mãe ficou arrasada por muito tempo, foi difícil para nós duas. Eu não conseguia perdoá-lo por isso, mas minha mãe colocou na lista.
- Você deixou para o final?
- Na verdade pensava em ignorar aquela tarefa, mas acabei descobrindo que não teria paz enquanto não o fizesse.
Henrique sorriu amplamente. Laura era surpreendente. Uma mulher forte, decidida, muito inteligente e de caráter.
- E o item número cinco? - Henrique precisava saber. - Conseguiu riscar da lista?
- Sim.
- Mesmo? - Ele replicou, ansioso. - Isso é inacreditável.
- É mesmo, porque de todas as coisas que poderiam acontecer por causa daquela lista, o pior aconteceu com o item cinco.
- Por quê?
- Ele não sente o mesmo por mim. - Laura disse baixinho. - Isso é péssimo, não é?
- Para nós dois, né? - Henrique riu com tristeza. - O mesmo acontece comigo.
Laura ficou atordoada por um instante, sem entender o que se passava com Henrique. Ele tinha dito naquela tarde em que estavam na loja que estava apaixonado por alguém, mas não tinha dito nada a sobre ser um amor platônico.
- Ela terminou com você?
- Acho que ela nem sabe dos meus sentimentos, Laura.
- Não estou entendendo mais nada. - Ela admitiu. - Você disse que tinha riscado o número cinco da lista antes mesmo dela existir, como pode dizer agora que ela não sabe nada sobre seus sentimentos?
- Porque ela é você. - Henrique replicou.
- Eu?
- Sim, você. - Ele parecia inseguro.
- Que maravilha! - Laura pulou nos braços de Henrique, que abraçou-a desajeitadamente, sem entender muita coisa. - É maravilhoso porque o meu item número cinco é você!
Ele estava preparando uma resposta quando Laura beijou seus lábios apaixonadamente. Henrique retribuiu com intensidade, sentindo-se aliviado por ter encontrado uma mulher que o amava também, há tempos ansiava pelo afeto de Laura, encantara-se com ela no momento em que a viu chegando com sua mãe ao hospital. A convivência com a paciente e sua filha só fez o sentimento crescer em seu peito, diariamente, mesmo sabendo que poderia nunca vir a ser correspondido.
- Estava falando de você naquele dia. - Ele explicou assim que o beijo terminou.
- Agora percebo que sim. - Laura ruborizou. - Fiquei tão sem graça, não soube como reagir.
- Você pode prometer uma coisa? - Henrique pediu puxando-a para perto de si.
- Vai ser uma lista?
- Podemos criar quantas listas você quiser, mas não é isso.
- Então o que é? - Laura estava curiosa.
- Não foge mais de mim. - O médico pediu. - Você tem me iluminado desde que entrou nesse consultório. Esses dias sem você tem sido muito escuros.
- Só se você continuar sendo a minha lanterna.
- Prometo e você? - Henrique segurou o rosto de Laura entre as duas mãos.
- Prometo toda luz do mundo. - A jovem ficou na ponta dos pés antes de beijar o item mais importante da lista feita por sua mãe.
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Cartas para Will Will havia feito promessas demais, muitas das quais não conseguiu cumprir. Ela precisava de respostas, então através de suas cartas voltou para cobrar.
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Sarah, obrigada por mais um conto maravilhoso! Aguardamos você de volta em breve.
<3
Aretha V. Guedes
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