(Flashlight) Capítulo 5 - Lanterna
5 - Lanterna
Pois você é minha lanterna
Minha lanterna
Você é minha lanterna...
Flashlight (Jessie J)
- Qual é a missão agora? - Henrique tomava uma xícara de chocolate quente na loja de Laura, sentado confortavelmente à mesa. - Você não falou mais nada sobre a lista.
Laura secou as mãos em uma toalha e pendurou no avental antes de trazer para a mesa duas taças de fondue de morango que havia preparado em sua cascata de chocolate incrível. O movimento da loja havia crescido bastante no último mês, logo depois que ela começou a divulgar a nova aquisição.
- Na verdade já consegui riscar mais um item. - A jovem prendeu os cabelos no topo da cabeça e sorriu para Henrique. - A missão número quatro era conseguir ser grata pela vida boa que tive com ela.
- Isso foi profundo. - Henrique pousou a mão no antebraço de Laura que havia sentado de frente para ele. - Sua mãe era incrivelmente sábia.
- Ela ordenou: Seja grata, seja profundamente grata. Medite profundamente até alcançar o sentimento de gratidão.
Laura e Henrique encararam-se em silêncio por alguns instantes, ele sorriu e ela devolveu o sorriso, sentindo o rosto ruborizando pouco a pouco. Ele acariciou o antebraço da jovem, retirando a mão em seguida para provar um pouco do famoso fondue de morango, fazendo cara de satisfação e recostando na cadeira de um jeito teatral.
- Aprendi algumas coisas sobre gratidão enquanto corria contra o tempo para tratar sua mãe.
- Sou grata a você por isso. - Laura disse e também provou a sobremesa.
- Então podemos dizer que realizamos mais uma missão juntos?
- Claro, apesar de termos feito isso separadamente. - Laura puxou o papel do bolso e pegou a caneta que Henrique gentilmente oferecia. - Deve contar, não é mesmo?
- Sim, acredito que sim. - Ele espiou enquanto ela esticava a folha de papel sobre a mesa e riscava o item quatro. - Mas olha, o item um ainda não está riscado. O que é?
Laura engoliu seco e puxou o papel, prendendo-o junto ao peito para que o médico não visse o que estava escrito. Henrique arqueou a sobrancelha, claramente confuso, e ergueu as mãos logo em seguida em sinal de rendição.
- Não precisa mostrar se não quiser.
- Não é isso! - Laura apressou-se em dizer. - É que não consigo cumprir essa tarefa.
- Talvez eu possa te ajudar com isso. - Ele baixou as mãos vagarosamente, voltando a comer uma colherada do seu fondue.
A jovem hesitou por um momento, duvidosa sobre compartilhar os itens que restavam na lista com Henrique.
Leda não havia criado um cronograma de vida para a filha, apenas relacionado cinco itens que julgava serem importantes para que Laura pudesse viver uma vida feliz, realizada, plena. Analisando o primeiro e o último item, Laura sentiu-se em um beco sem saída. Ainda não sentia-se forte o bastante para perdoar o próprio pai, mas também não estava em condições de realizar o quinto e último conselho da lista de Leda.
- Item número cinco. - Laura anunciou, fazendo com que o médico voltasse sua atenção para ela novamente. - Encontrar um homem apaixonante.
Henrique largou a colher dentro da taça e fez uma expressão surpresa, novamente arqueando a sobrancelha, mas não disse nada.
Laura continuou falando.
- Alguém que provoque arrepios em sua pele, que faça aquele delicioso friozinho na barriga acontecer diariamente. - Ela falou com a voz um pouco tremida. - Quando encontrar este homem, descubra se ele é apaixonado por você, deseje que ele seja um pouco mais apaixonado do que você. Permita-se sentir o mesmo.
- Acho que já cumpri este item também. - A voz de Henrique cortou o silêncio que havia pairado entre ambos momentos depois.
- Quando? - Laura ficou ansiosa de repente, ela não sabia que Henrique tinha alguém em sua vida. Ele era tão ocupado, ela imaginava que ele nem tinha uma vida social, que dirá alguém por quem estivesse apaixonado.
- Faz algum tempo.
- Oh... - Laura baixou o olhar, sentindo-se envergonhada de repente.
- Foi na época em que comecei a tratar sua mãe.
- Entendi.
A vontade de continuar comendo o doce sumiu, do mesmo jeito que não queria mais conversar ou olhar para Henrique. Aquela revelação fez com que Laura sentisse que tinha ultrapassado alguma linha imaginária que regia o limite entre eles.
- Laura...
- Preciso voltar ao trabalho agora. - Ela disse enquanto levantava-se e recolhia as duas taças da mesa, voltando para trás do balcão.
Henrique e Laura criaram alguns hábitos nos últimos tempos, como fazerem trabalho voluntário juntos no hospital e tirar um dia de folga a cada duas semanas - o que geralmente acontecia na loja dela, degustando doces.
- Mas hoje não é o dia de folga? - Ele também se levantou. - Troquei o plantão para estar aqui.
- Podemos adiar o dia da folga? - Ela disse enquanto pegava uma bandeja de doces dentro de um armário e começava a organizar o expositor. - Lembrei de uma coisa muito importante que preciso resolver hoje.
Henrique pareceu desapontado, mas concordou com a cabeça, despedindo-se dela brevemente e saindo da loja em seguida.
- Eu até riscaria o número cinco, mãe. - Ela disse para si mesma. - Mas ele não está apaixonado por mim também. Isso é triste.
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