(Flashlight) Capítulo 2 - Céu
1. Céu
E mesmo que a estrada seja longa, olharei para o céu
No escuro, descobri a esperança perdida de que não voarei
Eu canto junto, canto junto
E eu canto junto...
Flashlight (Jessie J)
Laura recebeu a notícia de que sua mãe estava morta, mas nunca soube da ordem de "não ressuscitação", aquele seria um segredo que Leda levaria para o túmulo, mas não havia nada a ser feito que mudasse a situação daquela mulher. O papel que estava dobrado dentro do bolso traseiro de sua calça jeans parecia ter o peso do universo.
Sozinha no corredor, a garota chorou.
Ela tinha um roteiro, uma missão: Seguir a lista que sua mãe havia ditado no dia anterior.
Uma semana depois, Laura voltou ao hospital. Haviam flores, muitas flores em seus braços. A primeira exigência de Leda era que sua filha procurasse o pai, conversasse com ele e fizesse o esforço de perdoa-lo. Ela não estava pronta para riscar o item número um de sua lista, decidindo começar pelo número dois enquanto criava coragem.
- Doutor Henrique? - Laura deu uma batidinha na porta do consultório do médico que acolheu o caso de sua mãe, depois de três outros médicos recusarem-se a assumir aquela bomba-relógio.
- Laura? - Ele piscou os olhos algumas vezes. - Laura Rodrigues?
- Eu mesma, doc! - Ela sorriu amplamente.
- Achei que... - O médico balançou a cabeça de um lado para o outro lenta e repetidamente. - Achei que você fosse me processar.
- Quero te dar isso. - Laura esticou um ramalhete de rosas brancas na direção do médico, havia um sorriso conciliador em seus lábios. - Sei que o ameacei, estava sentindo muita dor por causa da morte de minha mãe.
Henrique ergueu-se da cadeira e contornou a mesa, ignorando as flores estendidas em sua direção, puxando a jovem garota para um abraço afetuoso. Ainda sorrindo, o médico beijou o topo da cabeça de Laura. Mesmo um pouco sem jeito, Laura retribuiu o abraço, sentindo um pouco de conforto e proteção.
- São as flores do perdão? - Ele indagou divertido.
- São um pedido de perdão, na verdade. - Ela admitiu. - Fui injusta, você só estava tentando ajudar minha mãe.
- Sabe que só assumi o caso porque sou um médico jovem e no início da carreira, não é? - Ele arriscou uma brincadeira.
- Claro que sei! - Laura deu de ombros. - Todos os médicos experientes e conceituados foram procurados antes e disseram um sonoro não. Também sei que justamente por ser jovem e ambicioso, você dedicou muitas horas ao caso de minha mãe, afinal você ainda pretende fazer algo extraordinário, não é mesmo?
Henrique ruborizou. Laura não poderia estar mais certa sobre ele. Realmente desejava fazer algo extraordinário em sua carreira, pretendia destacar-se dentro da área que escolhera, queria ser o melhor cirurgião neurológico do Rio de Janeiro, por isso trabalhava mais de sessenta horas por semana no hospital universitário. Realmente acreditava que poderia fazer algo por Leda Rodrigues, mesmo sabendo que as chances de sucesso seriam ínfimas.
- Posso distribuir flores para a equipe e todos os pacientes que não forem alérgicos a pólen?
- Do que se trata essa iniciativa? - Ele percebeu um brilho diferente nos olhos da garota.
- Minha mãe tinha uma lista. - Laura confidenciou. - Estou cumprindo as tarefas que ela deixou para mim.
- Incrível! - Henrique colocou as mãos dentro dos bolsos de seu jaleco impecavelmente branco. - Qual é a tarefa?
- Tornar o dia de alguém mais feliz. - Ela sorriu largamente. - E ficar feliz com isso também. Você ainda não aceitou minha oferta de paz.
O médico tomou o ramalhete das mãos de Laura e aspirou o aroma das flores, antes de colocá-lo sobre sua mesa e voltar-se na direção dela.
- Estou com a tarde mais ou menos livre. - Henrique anunciou. - Posso ir com você?
- Claro doc! - A garota exultou. - Vamos distribuir flores, sorrisos e alegria por aí.
Juntos, Laura e Henrique, percorreram diversas alas do hospital entregando flores e trazendo um pouco de afeto e otimismo para cada pessoa que cruzava seu caminho.
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FEBRÍSSIMA"Poesia é a ponte entre a reflexão de um pensador e a agonia de toda humanidade". Ludmila Clio capta com maestria esse conceito. É possível sentir o anseio de mudança em cada nova atmosfera dessa obra incendiária. O eu lírico da autora me faz sentir perdido em um imenso campo de girassóis: versos conflitantes e insolúveis."Febríssima" é um termo criado pela autora para designar uma força brutal e faminta. Força essa que simplesmente não consegue viver com a monotonia e a passividade que a geração atual apresenta. Para Febríssima, é preciso ver faíscas nas pessoas. Um indivíduo morno pode trazer toda a madeira necessária, mas somente um indivíduo febril pode torná-la fogo! Os principais ícones da História foram aqueles capazes de inflamar suas dores, tornando visível a fumaça de novas realizações. Seja você parte dessa combustão. Deixe arder! Diego Velleno (escritor)
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