
(Fire meet gasoline) Capítulo 1 - Eu vou guiá-lo
Capítulo 1 - Eu vou guiá-lo
Escrito por Dane_Diaz
Pedro
O rosto pálido da minha esposa me desconcentra. Ela é a morena mais linda que eu já vi na vida. Minha pequena que com apenas 1,58 consegue me dominar. Não o tempo todo, claro. A confusão em que me meti foi por causa desse problema de controle. Falta dele, no caso.
Eu conheço a minha garota, mas não tanto quanto eu pensava. A reação da Cris está sendo a mais inesperada possível. Penso em quantas vezes vi esse olhar assustador, louco. E que me excita.
Eu já tinha aprontado outras vezes. Acho que ela sentia um certo prazer nisso. Em me ver ir e voltar. Sempre voltar. Mas pela primeira vez o risco de me perder fez com que ela agisse de forma estranha. Muito estranha, porque parecia até empolgada. Não em não me ter, mas sim em me fazer provar que eu era dela acima de todas as coisas.
Tinha certeza que ela quebraria todos os objetos e móveis da nossa pequena casa alugada quando eu contasse sobre a gravidez da Paula. Sobre o nosso breve caso. Achei que a Cris tocaria tudo na minha cabeça. Só que não.
Ela quis saber quem ela era. Quem era aquela que havia me seduzido. Eu tive medo pela Paula, apesar de não ser amor nem nada. Ela foi algo irresistível na minha vida, mas só por um momento. Um instante que fez com que todas as nossas escolhas mudassem.
***
Há dois meses eu estava saindo de casa quando eu vi o carro no imóvel ao lado do nosso. Eu tinha passado para um almoço rápido. Não tinha grana para comer fora todos os dias com o pessoal da corretora. Antes de chegar até o meu carro velho prestes a ser apreendido por falta de pagamento eu quase caí pra trás. Aquela estonteante garota loira surgiu de dentro da SUV preta.
Ela estava perdida e atrapalhada. Suas coisas eram tantas e estavam espalhadas pelo gramado da casa vizinha. Malas, bolsas, caixas. Senti obrigação em a ajudá-la. Vontade de me apresentar também. Não pensei que me aproximar da nova vizinha gostosa poderia ser ruim. Não pensei em nada pra falar a verdade. Apesar de sentir o alerta em minha cabeça eu o ignorei.
Não faça isso.
Coloquei as mãos nos bolsos da calça. Cheguei perto. Ela falou antes de mim:
- Er, oi. Desculpe. Sou a Paula - ela disse estendendo a mão delicada.
- Oi. Sou o Pedro. Pedro Almeida. Pelo jeito sou o seu novo vizinho. Deixa que eu vou te ajudar - eu falei enquanto pegava uma das caixas.
Percorri o corpo dela com os olhos. A blusa branca era tão transparente que eu podia ver os bicos dos seios e o umbigo. Adoro umbigos. A saia preta, colada em suas coxas, acabava em uma faixa de babados. O menor movimento de Paula mostrava mais do que devia. Senti o cheiro almiscarado dela quando cheguei até seus pés para pegar a caixa no chão. Era quente, doce, sensual.
- Ah, não. Na verdade, eu não estou de mudança, vim levar algumas coisas - ela disse me tirando dos meus pensamentos sobre o corpo dela.
Só então me dei conta de que a caixa que eu carregava estava vazia. Ela segurou a porta enquanto eu colocava tudo na varanda da casa velha.
Eu me esforçava, mas não conseguia lembrar de ter visto alguém sair dali algum dia. Meu braço roçou em sua perna e eu senti um calafrio. Procurei os seus olhos e senti que queimavam em mim.
Eu achei que aquela loira não se encaixava ali naquele lixo de bairro. Minha mulher também não. E era a minha promessa de honra da vida tirar ela dali o mais rápido possível. Eu estava tentando, mas não era tão fácil quanto eu pensava quando prometi isso pra ela.
Eu e a Cris mudamos para o pardieiro ao lado da casa de Paula há quase um ano. Nosso contrato já estava vencendo. Três meses que não pagamos o aluguel. Nossa internet havia sido cortada há duas semanas. Eu, corretor de imóveis, há tempos não fazia um bom negócio. Minha garota, professora de música, só tirava para as contas básicas.
A cada semana, eu e ela nos víamos mais e mais atolados em contas e dívidas. Eu me sentia culpado quanto a isso. Mais do que pelos meus pequenos deslizes sexuais porque a falta de dinheiro parecia afetá-la de verdade.
Eu nunca fui santo. A Cris sabe bem. Também não era de me atirar em cima de ninguém. Nenhuma era como a minha Cris. Trabalhadora, linda, inteligente. Quando ela canta eu fico louco. Pego a minha pequena no colo, boto no ombro e levo na cama sem pensar em mais nada.
Só que a Paula acabou comigo. Assim de cara, no primeiro dia, ela me fez perder a ordem dos pensamentos. Depois daquele encontro, após o almoço, não fui trabalhar mais.
Pela porta entreaberta da casa vizinha eu vi uma sala de estar montada com itens básicos. Um sofá velho, uma prateleira de livros. Não tinha televisão. O cheiro de lugar fechado fez com que meu nariz coçasse. Me perguntei o que ela levaria dali e de quem eram aquelas coisas.
Colocamos tudo para dentro. As malas e caixas vazias. Queria ir embora logo porque alguma coisa não me parecia certa naquela situação. Só que ela me amarrou.
- Bom, eu já vou indo então. Moro aqui do lado, se você precisar de alguma coisa pode chamar - eu avisei.
- Ah! Já vai? Gostei de você, sabe? - ela disse com a voz rouca.
Ela me prendeu aos seus pés quando sentou no sofá diante de mim e abriu as pernas revelando a pele nua entre elas. Era a última coisa que eu imaginava para o meu dia. Mentira. Eu não imaginaria isso nunca. Nem se me perguntassem qual seria a minha melhor escolha para passar aquela tarde.
Com o dedo indicador ela me chamou. A pele bronzeada reluzia por causa da luz que invadia o cômodo pela fresta da janela. A unha vermelha me lembrava o alerta de perigo. Eu o ignorei mais uma vez.
Não faça isso.
- Olha, você nem sabe quem eu sou. E eu sou casado, entende? Acabamos de nos conhecer. Tipo, cinco minutos - tentei me esquivar para diminuir a minha culpa.
- Já transei com caras que conheci por menos tempo do que isso - ela respondeu sussurrando.
Fiquei em dúvida sobre toda aquela sorte. Eu não sabia se era uma brincadeira dos meus amigos ou o quê? Da Cris, quem sabe? Tinha medo de me atirar sobre aquela deusa na minha frente e ser tudo uma armação. Mas eu também tinha medo de perder a oportunidade da minha vida. Bom, não sou dos homens que conseguem raciocinar esse tipo de coisa numa situação dessas. Então eu só me deixei levar.
***
Aqueles grandes olhos cor de azeitonas não param de piscar diante de mim. Ela espera pela minha resposta. Só que eu não faço ideia do que dizer. E ela sabe disso. Sei que lê a minha expressão como se eu fosse um livro. Sabe o quanto eu estou surpreso.
A barba por fazer acusa o meu rosto cansado. O rosto de um cara que soube que vai ter um filho com uma mulher de uma única noite, mas que é louco pela esposa. Não penso em mais nada. Tenho medo de perder a Cris. Eu posso sentir que a sua cabeça é um vai e vem de ideias. Assim como todo o seu corpo, que percorre a casa inteira enquanto raciocina.
Para quem tinha acabado de ouvir do marido que ele teria um bebê ela até que estava indo bem. Sim. Eu tinha acabado de me contar que eu teria um bebê. E ela não.
E.
Ela.
Não.
Isso com certeza deveria ser um puta de um problema pra mim. Minha esposa não ser a mãe do meu filho. Acontece que ela viu uma oportunidade ali. Uma grande oportunidade.
A torneira velha pinga água contra a pia metálica. É o único som que eu escuto. Não. Posso ouvir também as batidas do meu coração. Posso senti-las. Tranco a respiração por alguns segundos sem perceber de imediato. Não quero demonstrar que estou assustado com a reação dela. Com a falta de sensibilidade. Com os olhos faiscantes de empolgação. Como eu não respondo ela por fim implora:
- Anda Pedro! Qual é o seu problema, hein? - ela pergunta com a voz projetada como só uma cantora consegue fazer.
- Não sei Cris. Não sei - respondo andando ao redor da mesa da cozinha.
- Sabe - ela fala -, eu não podia culpar de todo aquela piranha. Meu marido é lindo. Confesso que sinto até um certo poder ao saber que alguém deseja o que é meu.
Paro de andar. Cara, as mulheres são loucas. Completamente loucas. Eu não sou capaz de entender o que ela espera, onde quer chegar. Preciso confirmar olhando em seus olhos mais uma vez.
- Larguei tudo quando percebi que você estava apaixonado por mim. Saí de casa, deixei a faculdade. Nada mais importava além do meu moreno de 1,75. Mais nada importava além de você. Mais nada importa ainda e eu não vou te perder assim - ela continua entregando seu amor por mim com a voz doce de cantora.
Cantora falida. Não por ser ruim, é muito boa até. Mas não consegue cantar para mais do que três pessoas reunidas. Tem vergonha. Acabou virando professora, o que não é mau. Apenas não nos ajuda a pagar as nossas contas. Um dos motivos que penso que a levaram a chegar até a proposta que tinha acabado de me fazer: fugirmos após roubar o dinheiro da minha amante grávida.
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Pessoa linda que lê esse conto, bem-vindo ao meu mundo literário. Convido você para chegar mais perto e saber um pouco sobre mim e do que se passa pela minha mente. Tenho certeza de que você vai gostar de conhecer o Flávio e seus bebês em "Aquilo que você não sabia".
Conheça o livro em Dane_Diaz
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