(Eu me lembro ) Capítulo 2 
Lincolm
Escrito por Yka Nick
 
Minha irmã é a maior figura. 
Não sei o que seria de mim sem ela. E o que seria dela sem mim, claro. 
Modéstia à parte, nossa infância foi bem vivida, com a atenção de nossos pais, na medida do possível, mas depois que entramos na adolescência, essa atenção foi ficando cada vez mais escassa, de acordo com o crescimento da empresa que meus pais montaram, ou melhor dizendo, tiraram do buraco que se encontrava e inovaram. 
A empresa era do meu avô, e que ficou no seu lugar foi meu tio. O problema era que ele só queria saber dos lucros e esquecia que primeiro tinha que pagar os fornecedores e marketing para ter lucro. Típico filhinho de papai que não quer saber de como funciona a empresa para gerar lucro, mas sim de como gastar o dinheiro que vinha fácil para suas mãos. 
 
Não estou dizendo que todos são assim. Um exemplo somos nós - Letty e eu. 
Então, depois que meu tio largou de mão algo que não rendia mais nada, meu pai resolveu tentar colocar em prática, suas ideias que na época meu avô não aceitava por ter uma mente tradicional, contra a tecnologia e companhia. 
A empresa deu certo, cresceu muito mais do que meu pai imaginava, minha mãe resolveu colocar sua formação em prática, cuidando da administração da empresa, e nós fomos colocados em segundo plano. 
 
Não posso culpá-los por isso. Eles nos deram o que há de mais importante (depois da família, claro), educação. Isso eles não mediram esforços, e nós tivemos oportunidades que muitos não tem. E ao contrário de muitos, nós demos valor a isso. Mas sempre contamos somente um com o outro para tudo. 
A partir de então, era somente um pelo outro. E até hoje é assim. Não é à toa que compramos essas casas germinadas uma ao lado da outra. Até fizemos um portãozinho ao lado do murinho que separa as nossas entradas. Se bem que por mim, tirava essa cerquinha e fazia um terreno só, mas minha irmã não quer “misturar” as coisas. 
 
Eu não sei o que o meu pai fez ou prometeu para ela, a única coisa que sei é que ficarei sem ela durante três longos meses. Para você pode ser pouco, mas para nós, que desde a barriga somos unidos, três meses é muito tempo. 
E somente por este detalhe, eu irei nessa “reuniãozinha” em plena manhã na casa dela. 
Tenho certeza que ela escolheu a parte da manhã só de zoeira, já que todos sabem que não sou adepto a esse horário. “Carpe Noctem”, é o meu dilema. Deixo o dia para quem gosta. 
Eu vou ter que remarcar meus compromissos desta noite para não me atrasar amanhã. Eu sei na pele o que acontece quando se atrasam para um compromisso que marcaram com ela…. Sinto até meu corpo tremer só de lembrar. 
 
Compromissos reagendados, vou tentar dormir mais cedo, já que o Miguel irá me acompanhar. Esse não vai deixar passar a aposta que fizemos para essa noite. Ele disse que ficará na minha cola para não voltar atrás. Como se isso passasse pela minha cabeça. Já não basta ter que perder a noitada em pleno feriadão de segunda para fazer a vontade da Letty, terei que aguentar uma “babá”, mas algo me diz que amanhã irá ser O dia. Para quem? Não sei. Talvez para a Letty, ou para mim. Só esperando para saber. 

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