CAPÍTULO 1
Escrito por Yka Nick
Letty
- Lincolm, você não me disse se vai lá em casa amanhã, e se vai levar alguém.
– Maninha, somos vizinhos, preciso mesmo te dizer se eu vou aparecer e quem vai até lá comigo? - Ele colocou o braço ao meu redor. - E mais, por que você não marca isso para a noite?
– Por que eu tenho o que fazer a noite, ou você esqueceu? - Fui falando e tirando seu braço de cima de mim. - Eu trabalho a noite. E talvez eu fique fora um tempo, esqueceu?
– Ah, é verdade, resolveu ser importante e fazer as vontades do papai.
Lincolm foi saindo e zombando do fato de eu ter aceito a proposta do nosso pai de ficar ao lado dele na empresa por, pelo menos, três meses. Já que nenhum de nós mostrou estar apto ou com vontade de seguir seus passos, ele fez esta proposta.
Caso eu tenha a certeza depois de ajudá-lo durante estes três meses (já que não posso ficar fora por muito mais tempo), ele prometeu me deixar fora do seu campo de visão quando o assunto for este – A empresa da família Magalhães.
– Isso por que você não sabe o que te espera irmãozinho.
– Você disse alguma coisa Letty?
– Não, só estava verificando se falta alguma coisa para fazer, além de confirmar com meu irmão se vem e com quem. Caso contrário, ele dará com a cara na porta.
– Ok, ok. Eu vou, tá legal? E vou trazer alguém sim. Satisfeita?
– Até o momento, sim. - Falo olhando para minhas unhas, fingindo não estar interessada. - Desde que não seja uma das suas “fãs”.
– Aí já é demais Letty. Você ainda vai escolher quem eu saio ou deixo de sair, é isso?
– Não querido irmão. - Vou até ele e finjo estar limpando sua camisa. - Só não quero ser presa por jogar lixo pela janela. Agora vai, chispa daqui que tenho mais o que fazer do que dar assunto para marmanjo preguiçoso que não é capaz nem de comprar pão para o café.
Coloquei meu irmão para fora e fechei a porta na sua cara, o que já virou rotina aqui em casa.
Acho que ele esquece que não somos mais criança e que pode sair entrando onde quiser na hora que quiser. Só por sermos vizinhos de porta, e por eu não ter a mania de trancar a mina porta quando estou em casa, ele pensa que isso dá o direito de invadir terreno alheio.
Até o dia em que ele fazer isso e ver o que não deve. Coisa que não pretendo fazer tão cedo, não depois do trauma que fiquei depois do último relacionamento que tive.
Namorei durante dois anos com o André. No começo ele era um príncipe encantado. Educado, carinhoso, me trazia flores sem precisar ser uma data comemorativa, me tratava com respeito. E eu, inocente do jeito que era, primeiro namorado de verdade, fui me encantando com ele. Até o dia em que ele começou a mostrar o seu verdadeiro lado.
Começou a não gostar quando conversava com meus amigos, me fazia ver coisas onde não existia, dizia que só queria o meu bem, e a trouxa acreditava. Me proibiu de sair com eles, depois colocou minhas amigas no rolo, depois passou para meu modo de agir e de se vestir. Depois disso veio o monitoramento dos locais que eu ia, cronometrava o tempo que demorava para chegar, se irritava quando demorava cinco minutos a mais ou a menos. Sim, ele dizia que se cheguei antes, quer dizer que sai antes, logo, estava aprontando. Minha família e amigos me falavam que eu estava em um relacionamento doentio e sufocante, só eu que não via. Apaixonada como estava, achava que era coisa da cabeça deles.
A gota d'água foi quando ele tentou me proibir de falar com meu irmão. Ele falava que meu irmão queria o que era dele. Que duvidava que fossemos mesmo irmãos de sangue. E foi aí que tudo desandou de vez, pois eu comecei a rir do que ele tinha falado.
Meu irmão, gêmeo, poderia não ser de sangue. Não sabia da onde ele tirava aquelas coisas, e fui perguntar para ele com tom de ironia. Foi o estopim para ele tirar a máscara e mostrar sua verdadeira face. Foi a primeira e última vez que ele levantou a mão para mim.
Usei tudo aquilo que vinha aprendendo nas aulas de defesa pessoal e o coloquei no seu devido lugar.
Depois disso ele pediu perdão, dizendo que não sabia o que havia acontecido, que me amava…. Aquelas desculpas que todo homem covarde dá depois de “mostrar seu amor” de forma física.
O fim da história foi eu dando o aviso de que iria sim registrar queixa contra ele e que se ele chegasse perto de mim, faria pior.
Nunca mais soube dele.
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