(Estranged) Parte 5 - Com todas as mudanças de estação da minha vida
(Estranged) Parte 5 – Com todas as mudanças de estação da minha vida
Escrito por Ana Luiza Marriel
Dois anos e meio depois
Se alguém tivesse me contado como seria minha vida, depois que tudo aquilo aconteceu, eu provavelmente teria começado a rir na cara da pessoa e falado que era uma loucura pensar isso. Mesmo depois de constatar que Vicente não era uma pessoa tão boa quanto pensava, eu não conseguia deixar de ter um pé atrás com tudo e todos.
Mas aos poucos e com a ajuda das pessoas certas, fui deixando essa desconfiança para trás e voltando a ser eu mesma. E não poderia estar mais feliz por isso: Quando voltei para meu trabalho, entrei de cabeça em cada um dos ensaios que fazia e meu olhar ficou cada vez mais afiado, me rendendo uma promoção para diretora de fotografia há um ano.
Milene havia deixado a revista, para poder juntar suas duas maiores paixões: fotografia e viagens, se tornando uma das maiores apostas da fotografia de cenários naturais no último ano. Ela vivia dizendo que, quando eu tirasse férias, deveríamos viajar juntas, porque seria uma experiência incrível, segundo suas palavras. O problema era que eu não tinha como tirar férias. Não com dois empregos.
Quero dizer, o segundo não era oficial, mas eu gostava de trata-lo dessa forma, por ser algo que me deixava feliz todas as vezes em que eu o realizava. Inclusive naquela noite, que enquanto o realizava, acabei encontrando alguém que nunca mais pensei que iria ver em minha vida.
— Ravena? – Escutei Vicente me chamando com incerteza e me virei em sua direção. – Oi, quanto tempo. – Completou dando um sorriso mínimo.
— Oi, Vicente, como vai?
— Bem e você?
— Eu estou ótima. – Respondi colocando em volta do meu pescoço e o encarando.
— Fico feliz em ter te encontrado aqui. – Começou a falar, se aproximando de mim enquanto eu mantinha uma expressão neutra. – Eu queria te pedir desculpas pelo que aconteceu entre nós dois.
— Tudo bem, Vicente, isso é passado. Tenta esquecer disso, eu já esqueci.
— Esqueceu mesmo? Porque passamos cinco anos juntos, nos amando, sendo felizes e você conseguiu esquecer com tanta facilidade?
— Não, não foi tão fácil assim, mas eu encontrei pessoas que conseguiram me ajudar a superar tudo o que aconteceu.
— Ah, é mesmo? – Perguntou com ironia, se aproximando mais ainda, provavelmente tentando me desestabilizar. – Mas aposto que você não conseguiu encontrar alguém que pudesse me substituir.
— Realmente não tem como te substituir, Vicente. Sabe por quê? – Perguntei, lhe lançando um sorriso e apertando os olhos em sua direção. Vicente arrumou a postura, sorriu com confiança e negou com a cabeça. – Porque você nunca valeu tão a pena assim, para merecer um lugar insubstituível no meu coração. E eu me sinto tão... bem por ter descoberto como você realmente é, Vicente, antes de fazer a burrada que pretendia fazer.
— Do que você está falando?
— Eu pretendia te pedir em casamento naquele dia, mas graças a Deus eu resolvi fazer uma surpresa para você e tudo aconteceu. – Falei com tranquilidade e Vicente parecia perdido. – Bom, agora se você me dá licença, eu vou continuar meu trabalho. Te desejo tudo de bom na sua vida, Vicente, porque a minha só melhorou depois que terminamos. – Completei, dando um tapinha em seu ombro e sem olhar para trás.
Não tinha porque olhar para trás, se minha vida só andava para frente e muito bem. Quando parei onde queria, coloquei a câmera em uma posição boa e tirei a foto. O flash assustou algumas pessoas que estavam na fila a espera de um autografo da celebridade da noite, que me encarava com um sorriso enorme, terminando de conversar com um dos seus leitores.
Sorri de volta e pedi que eles posassem para a foto, tentando mandar uma postura profissional, mas falhando miseravelmente ao ver Henrique sussurrar um "eu te amo" poucos segundos antes da câmera disparar.
Nesses dois anos e meio, com Milene quase sempre viajando, nós dois nos aproximamos mais ainda e nossa amizade ficou cada vez mais forte, principalmente por conta do livro que ele estava escrevendo e que ele disse ter sido inspirado em mim.
Há quase um ano, nesse mesmo dia, estávamos comemorando o contrato que ele havia fechado com uma editora, para que seus livros fossem finalmente publicados. Por sorte, Milene estava na cidade e pudemos comemorar juntos a conquista de Henrique. Em meio a toda a animação e algumas doses altas de álcool, acabamos deixando os sentimentos um pelo o outro escaparem. E foi aí que tudo começou a acontecer.
Mas não tivemos pressa para que as coisas acontecessem. A sensação de que estava tudo certo era tão grande, que não precisávamos correr. Afinal, tudo era melhor quando aproveitado com calma. O pedido de namoro, por exemplo, só foi aparecer três meses depois. Morar juntos? Faziam duas semanas.
Quando Henrique terminou mais um autografo e foi posar para a foto com o leitor, sussurrei um "eu também te amo" de volta, antes de tirar a foto. É, com toda a certeza estávamos muito felizes assim.
Passamos mais três horas em sua sessão de autógrafos e depois seguimos para casa, onde teríamos uma comemoração particular para sua mais nova conquista: a publicação do livro que ele começou na mesma noite em que nos reencontramos, dois anos e meio atrás.
Aliás, posso apostar que estão loucos para saber sobre o que é o livro, certo? O livro era sobre uma garota que durante o dia trabalhava como detetive forense no FBI. Ela era uma das detetives mais novas, mas a melhor que eles tinham: extremamente inteligente com tudo ligado a tecnologia e ótima com raciocínio. Mas a noite, ela se transformava em uma anti-heroína, que usando suas habilidades em artes marciais – totalmente desconhecidas por seus colegas de trabalho – tenta limpar as ruas da cidade. Só que por seus métodos nada ortodoxos de acabar com a criminalidade, ela vira alvo de uma investigação policial. Sem contar que uma das mais perigosas organizações criminosas do país e que eles estavam investigando, também queriam sua cabeça. Tudo porque ela estava matando seus "funcionários" e sabia demais sobre o que eles faziam. E qual era o nome da protagonista? Raven.
Pois é, Henrique se "inspirou" um pouco demais em mim, mas não conseguia ficar brava com ele. Principalmente quando ele começava a dizer coisas fofas e extremamente engraçadas, me fazendo esquecer qualquer coisa que tivesse me deixando chateada.
— Hey, o que você quer fazer agora? – Henrique perguntou, enquanto terminava de estacionar o carro na garagem de nosso prédio.
— Não sei. O que quer fazer?
— Que tal tomarmos um banho, pedir uma pizza e depois dormirmos? – Sugeriu.
— Tenho uma ideia melhor: que tal tomarmos um banho, transarmos no banheiro, na sala, talvez no quarto e daí pedimos uma pizza, para que você leia um de seus livros para mim até não aguentarmos ficar de olhos abertos mais? – Falei com um sorriso nos lábios e arranquei algumas risadas dele.
Henrique tirou o cinto de segurança e virando seu corpo todo em minha direção, perguntou:
— Como você pode me conhecer tão bem? Era tudo o que eu queria fazer desde o início.
— Eu te conheço desde que posso me lembrar, meu bem. – Respondi beijando seus lábios com ternura.
— Eu te amo, sabia?
— Eu também te amo, Henri. – Sorri enquanto lhe beijava novamente. – Vamos entrar?
— Vamos.
Dizem que tempestades fortes levam embora tudo o que está em seu caminho e depois o tempo abria e tudo ficava extremamente bonito. Então eu tinha que agradecer a que apareceu em minha vida, pois ela levou tudo o que de pior existia nela.
E eu não poderia estar aproveitando melhor as coisas bonitas que surgiram depois.
FIM
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Queria agradecer a oportunidade que a lindona da Aretha me deu, de estar participando desse projeto maravilhoso. Espero de todo o coração que todos tenham gostado do conto e que a leitura tenha valido a pena!! Até uma próxima!
XOXO
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Aninha, eu que agradeço, minha linda! Obrigada por se dedicar a fazer este conto. <3
Aretha V. Guedes
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