(Deathbeds) Capítulo 2
CAPÍTULO 2
Conto escrito por Karol Carter e Rosa da Cruz
Um longo suspiro deixa meus lábios, agora secos por ter passado tempo demais sem beber água, e passo minha língua por eles, umedecendo-os. Debruço-me sobre a extensa mesa de madeira onde estão todos os esboços de muitos modelos de roupas que tentei, em vão, fazer. Minha mente, assim como eu, estão em completa confusão e frustração. O motivo? Simples! Um certo homem de olhos castanhos claros, cabelos de cor escura e desgrenhados.
Desde aquele dia no hospital que eu não consigo tirá-lo de minha mente. Nem mesmo com a carranca estampada em seu rosto mostrando que era nítida a sua insatisfação com minha presença em seu quarto. Ele foi um grosso comigo, mesmo que sem intenção alguma eu fosse a causa de seu acidente, ele poderia pelo menos ter sido educado. Mas, não! Tinha que ser um antipático. Dei tapas em meu rosto para que eu acordasse para a vida, voltei meus olhos para o papel diante de mim e forço-me a ter uma ideia.
Semanas atrás eu estava em busca de um emprego no dia que aconteceu o terrível acidente. Ou seja, havia perdido minha entrevista, ao final daquele dia fiquei triste por ter perdido a oportunidade que seria a mais importante da minha vida. Se eu conseguisse esse emprego, mostraria ao meu pai que o que escolhi como carreira não era insignificante como ele diversas vezes havia dito. No fundo, penso que meu pai me queria à frente de sua empresa, o que nunca foi uma opção para mim. Quando minhas esperanças estavam perdidas, no dia seguinte, após sair do hospital, tive uma surpresa ao receber uma ligação do ateliê onde iria trabalhar. Eles informaram-me que por problemas pessoais do dono, a entrevista havia sido remarcada para dois dias depois. Eu já havia me recuperado bem, então só me preparei mentalmente para tal.
Semanas depois aqui estava eu, quase colocando meu cérebro para fora e nada de uma boa ideia surgir. Alan Moore, meu atual chefe, praticamente exigiu que eu fosse responsável por esse desenho depois de ver meus esboços. "Vamos lá Leonor, faça seu melhor. Afinal de contas, uma noiva espera por você". Tentava me encorajar a continuar.
Foram precisos três horas e uma lata cheia de papéis amassados, porém ficou muito bom para um primeiro momento. Dei os retoques finais e guardei aquela relíquia em minha pasta, bem longe do Aladin, meu gato bagunceiro. Liguei para o meu chefe em seguida. Ele ficou muito feliz e até pediu uma foto, eu o fiz e quase fiquei surda com seus gritos animados. Ótimo! Tive que forçá-lo a desligar, senão iria tomar meu tempo dizendo o quanto ficou um espetáculo meu desenho.
Passei o resto do meu dia deitada colocando em dia minhas séries e lendo um bom livro. Felipe, meu namorado que estava mais para encosto, me ligou e eu ignorei. Ainda estava chateada com ele. Já de noite, tomei banho e escolhi a roupa que iria usar amanhã para estar com a noiva. E, mais uma vez, sonhei com ele. Contudo, no sonho ao invés de uma cara amarrada, ele sorria para mim. No dia seguinte, ainda estava flutuando com o homem dos meus sonhos quando um grito estridente tirou minha cabeça das nuvens.
– Senhor e Senhora Vallentin! – Meu chefe saudou nossos patrões temporários. Eu me limitei a sorrir e menear a cabeça. Era o meu primeiro vestido de noiva e eu estava distraída. Ainda dizer que estou muito nervosa? Não é eufemismo.
– Alan mais uma vez realizando nossos sonhos. – A senhora elegante sorriu graciosamente para ele e em seguida para mim. – Venha, Maria nos espera e devo dizer que está tão ansiosa quanto eu. – Suspira. – Amo casamentos.
– Imagino, ainda mais sendo o de sua filha. – Meu chefe graceja e vejo que não está tentando ser simpático por obrigação e sim por que realmente quer. Vamos dizer que alguns clientes nossos não são muito agradáveis.
– Minha menina já não dorme de tão ansiosa. – Seu marido, bonito apesar da idade completa.
Entramos no enorme jardim de frente a uma casa tão grande quanto, com janelas enormes de vidro, telhados na cor cinza e com ar de lar. Mesmo sendo uma mansão. E, sentada em um banco de metal na cor branca, uma jovem linda nos esperava. Seus cabelos castanhos claros, pele clara, e olhos amendoados observam nossa chegada. Diferente do que eu pensei, ela não era uma menina mimada e cheia de não me toque. Era simpática e de sorriso fácil. Ficou muito feliz e gostou em primeira mão do vestido e, disse não querer que fosse feito nenhuma mudança.
Quando nos preparamos para ir embora e já havíamos nos despedido deles , Dona Cora sorri largamente para o homem que cruza o jardim com passos firmes e decididos. No começo eu não o reconheci, no entanto, quanto mais se aproximava mais minhas pernas ficavam fracas e era difícil sustentar meu próprio peso. O sorriso que estava em seu rosto some ao me notar aqui. Seu gesto me faz empinar meu queixo em desafio e um micro sorriso de escárnio aparece por segundos em sua boca bonita.
– A mulher de cabelos azuis. – Diz entre dentes quando ficamos tempo demais nos encarando.
– Sim. – Não deixo minha pose morrer. Se ele pensa que vai me humilhar está muito enganado.
– Mãe, pai e Alan! – Cumprimenta a todos ignorando-me por completo. – Onde está Maria? Vim vê-la.
Dona Cora fuzila o filho com os olhos enquanto diz:
– Não vai falar com a moça? – Sua delicadas mãos vão para sua cintura e tento conter minha risada.
– Não, por causa dela fui parar naquele hospital e não pude... – suas palavras morrem no final e aperta a ponta do seu nariz, raiva pinta seu olhar, me escolho com uma mistura de medo e culpa. E me lembro do tal evento do qual me falou por cima no hospital. Até hoje me pergunto se foi uma boa ideia ter ido falar com ele. Nos pouparia de muita coisa, como por exemplo essa cena.
– Não importa, Dean Vallentin! Essa não foi a educação que lhe dei. – Bufa arrumando seus cabelos. – Agora seja homem e fale direito com a menina.
O silêncio no local é tão pesado que poderia ser cortado por uma faca. Diante do olhar da mãe, seus ombros caem e logo se rende.
– Está bem. – Bufa e até contrariado ele fica lindo . – Como vai Leonor?
– Uhunm – Limpo minha garganta. – Bem!
– Chega dessa palhaçada. – Se afasta de nós. – Vou falar com Maria.
Sem nos dar tempo de digerir sua repentina explosão, nos deixa a todos estáticos e confusos no jardim.
– Desculpe, querida. Dean está passando por um momento difícil. – Dona Cora diz com suas bochechas levemente vermelhas.
– Não se desculpe, eu tenho uma parcela de culpa. – Sou pega de surpresa com seu abraço e me sinto afundar nele.
– Ele ainda não superou. – Limpa seu rosto banhado em lágrimas. – Espero vocês na próxima semana.
Senhor Mike Valentin envolve sua esposa em seus braços e seguem em direção a casa. Alan e eu suspiramos e logo estávamos em seu carro. E, durante todo o caminho para minha casa, me perguntava o que Dean perdeu para que ficasse assim.
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Um recadinho da Aretha:
Rosa da Cruz é uma autora em construção e ainda muito tímida. Eu acho que vocês deveriam segui-la e incentiva-la a escrever um romance ou transformar este conto em livro, junto com a Karol. O que vocês acham da ideia?
Ah, desejo um Feliz 2018 a cada uma de vocês! Não sei se sabem, mas está rolando um sorteio (livros físicos de A culpa é das estrelas e Elle - música, amor e amizade + marcadores) no meu livro, Obstinada - vencer é apenas o começo, aqui no Wattpad. Pode participar até dia 2/1/2018, venham ler e boa sorte!
Para quem não conhece Obstinada, aqui vai uma quote do capítulo novo:
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