Epílogo
REBECCA
Minha mãe já estava me perturbando a dias para conhecer Allan, todo dia me ligava querendo saber quando seria marcado o almoço de apresentação. Ela só queria conhecê-lo para desaprová-lo, era assim, mas ela teria que esperar até Apolo chegar. Quando meu irmão mais velho descobriu que eu estava namorando, ele quase surtou, até me surpreendeu, disse que ia pegar um voo para o próximo fim de semana para conhecê-lo pessoalmente. Começou a me deixar nervosa quando disse que eu só iria namorar alguém se ele aprovasse, eu amava Apolo, mas não tinha mais idade para que ele aprovasse algum relacionamento meu. Então aquilo já estava me deixando nervosa, não queria nenhuma discussão dos dois, nem queria que Allan ouvisse algum piada de minha mãe. E com toda certeza ela diria algo para me constranger, se fosse possível Allan conhecer só a minha avó, eu ficaria bem mais aliviada.
Mas não tinha mais como fugir, Apolo chegou e Allan foi convidado para um almoço na casa da minha mãe, vovó também estaria presente. Allan demorou a chegar porque morava longe, então minha mãe começou a dizer que ele já estava perdendo pontos com ela. Eu queria chorar, não estava sendo como eu imaginei, eles não deviam falar dele pelas costas, Allan era um doce de garoto, não tinha como alguém não gostar dele. Queria que Ana estivesse aqui comigo para me dar algum apoio, mas ela estava com o novo namorado, que era um cara descente e legal, todos gostamos dele quando o conhecemos a uns dias.
Eu estava olhando as mensagens no celular sozinha na sala quando Apolo se aproximou por trás de mim.
— Você não é mais virgem, está com cheiro de sexo exalando pelo corpo — ele sussurrou no meu ouvido.
— Quando foi que você virou uma pessoa desagradável? — virei para ele de cara feia.
— Está vendo? Você não negou! Por que não me contou que ia fazer isso? Eu ia te explicar os perigos e...
— Preciso da sua permissão para transar? E quando foi que virou a minha mãe? — eu bufei de raiva e falava alto.
— Rebecca? Que pessoa é essa que você se tornou? — ele deu um passo pra trás.
— Se quer saber, ele não queria tirar a minha virgindade, Apolo, queria esperar até a gente se casar, eu que não quis!
— Não acredito em você, minha Rebecca não é assim — ele franziu o cenho e eu comecei a chorar, estava sensível.
— Qual o problema de todos vocês? Achei que fosse me apoiar, Apolo, todos estão julgando ele sem conhecê-lo. Allan é uma ótima pessoa, só falei assim porque estou nervosa e vocês estão fazendo tudo piorar.
— Meu doce — ele mudou o semblante e me abraçou forte, abracei ele de volta e solucei. — Me desculpa, você tem razão, eu só estou com ciúmes. Antes você só tinha olhos pra mim.
— Bobo — eu ri e chorei ao mesmo tempo, mais aliviado pelo seu apoio.
— Me diz que usaram camisinha.
— Claro que usamos, Allan tem uma gaveta cheia — ele me largou na hora.
— Informação de mais, prefiro pensar que você ainda é uma menininha pura e inocente — ele ergueu a palma da mão e fechou os olhos.
— Apolo, sabe aquele dia que conversamos e você disse que existiam três tipo de garotos na faculdade?
— Hmm? — ele resmungou, olhando pra mim.
— Ele é o terceiro tipo, ele queria mesmo casar, mas sabe como é... — eu olhei pro lado, tímida.
— Não acredito que estou ouvindo isso, então devo gostar dele e dar cintadas em você!
— Violência nunca é a solução — eu me afastei dele, sorrindo. — Lembro também que você me contou que era o quarto tipo, que quer ver a irmã feliz. Eu estou muito feliz, meu amor.
— Já que lembra de tanta coisa, eu acho que também lembro que ele estava abraçado com a vizinha na última vez que estive no Brasil — ele ergueu as sobrancelhas, colocando as mãos na cintura.
— É uma longa história — eu nem queria me recordar disso, na época Allan estava com raiva porque soube que beijei Dylan, que na verdade gostava era de Allan, ele só queria me manter longe da sua paixonite. É engraçado pensar nisso agora que somos amigos.
Quando Allan chegou, eu estava ainda mais nervosa, Apolo foi na frente e abriu a porta, quando viu Allan, ficou olhando pra ele sem dizer nada. Vovó e mamãe vieram da cozinha e ficaram paradas na porta olhando Allan também, pareciam surpresas. Eu disse que ele era descendente de Coreano, como eles podiam me constranger assim?
— Você não disse que ele era famoso — vovó comentou, então eu entendi, ela estava achando que ele era um ator, passou a assistir Dorama comigo porque achava os atores lindos.
— O que você passa no rosto? — minha mãe perguntou. Aí meu Deus, isso não podia estar acontecendo! Ninguém tinha cumprimentado Allan ainda e estavam fazendo perguntas indelicadas a ele, que estava parado do lado de fora sem saber o que fazer.
— Gente, deixem ele entrar, e ele não é famoso — empurrei Apolo pro lado e puxei Allan pela mão para dentro de casa, ele começou a sorrir timidamente e a abaixar a cabeça e o tronco em forma de cumprimento.
Minha família parecia tímida ainda enquanto olhavam para ele sorrindo e retribuindo o cumprimento, Allan era mesmo muito lindo, mas era constrangedor ver minha avó, minha mãe e até Apolo que estava curiosamente quieto encarando meu namorado sem parar. Allan me deu um beijo na testa quando todos foram na frente para a sala de jantar, a comida já estava pronta e nos sentamos para comer e conversar. Minha mãe deixou um pouco o encantamento por Allan de lado e começou a fazer aqueles questionamentos de mãe sobre a faculdade, trabalho e outras coisas. Quando disse que eu era virgem na frente de todos, eu quase passei mal engasgada com a comida, foi então que ela soube que eu não era mais e veio tentar me dar um tapa, mas Allan colocou a mão na frente.
Então foi aí que tudo começou a dar errado, Apolo e vovó me defenderam, Allan mencionou que queria esperar até o casamento e mamãe me chamou de safada ao perceber que eu que não quis esperar, foi tudo tão constrangedor que eu voltaria no tempo para esperar o casamento como Allan tinha proposto. Mamãe ficou chateada comigo, mas todo mundo gostou de Allan, disseram que ele era bem vindo na família. Foi um alívio, apesar do desastre que foi aquele almoço, mas no final tudo deu certo, Allan recebeu abraços e até um pedaço de torta para levar pra viagem, cortesia da minha avó.
— Não me deixa aqui, me leve com você — implorei ao meu namorado quando fui levar ele até lá fora.
— Seu irmão está aí, não quer matar a saudade? — ele disse me abraçando pela cintura.
— Ele vai ficar por mais alguns dias, quero te mostrar uma roupa nova que comprei — sorri para convencê-lo.
— É melhor você ficar, para as coisas não piorarem — ele disse, mas me apertou mais em seus braços.
— E sobre isso, desculpa mesmo, eu disse que minha mãe era difícil.
— Mas eu estava certo, falei pra gente esperar até o casamento!
— Está arrependido? Vou devolver a roupa que comprei — fiz menção de me afastar, mas ele me segurou pela nuca e aproximou os lábios dos meus.
— Nem ouse, pegue suas coisas e vamos.
Dei gritinhos de alegria e me soltei dele, correndo pra dentro de casa e pegando a minha mochila já pronta. Minha mãe estava no toalhete, então pedi para meu irmão me acobertar e lhe dei um beijo na bochecha. Ele estava feliz por mim, sempre estaria, se um dia eu me casasse mesmo com Allan, Apolo entraria na igreja comigo.
Fomos o caminho todo rindo, nos beijamos e conversamos sobre a vida, Allan me contou que a família dele queria me conhecer melhor também, fiquei envergonhada por eles lembrarem que eu era a mesma que invadiu sua casa no passado. Como Allan estava trabalhando, disse que ia juntar dinheiro pra gente ir pra Coreia visitar e para eu ser apresentada a toda sua família, fiquei empolgada, mas eu não deixaria ele pagar tudo sozinho. Minha mãe sempre me ensinou que precisávamos ter o nosso próprio dinheiro, todo mundo, tanto homem como mulher, então eu precisava encontrar um trabalho de verdade, de carteira assinada e urgente. Um dia, Allan e eu moraríamos juntos e eu não queria depender dele, dividiríamos as contas todas.
Chegamos ao apartamento e fomos logo pro quarto, não tínhamos mais vergonha um do outro, nem dos nosso corpos, ele ficou esperando eu mostrar a roupa nova, mas era mentira, eu não tinha comprado nada. Apenas retirei minhas roupas e fiquei lá, parada na frente dele como vim ao mundo.
— Não tem roupa nenhuma?
— Não.
— Você é mesmo uma gótica safada — ele veio pra cima de mim e me ergueu no colo, beijando meu rosto, meu pescoço e minha boca. Reclamou do gosto de maquiagem no meu pescoço, mas foi preciso, para esconder a marca que ele fez da minha família.
Allan também se despiu e fizemos amor, deixei o gótico safado todo arranhado porque ele gostava, e eu também na verdade. Ele era muito branco, então sua pele ficava vermelha e lindamente marcada, eu não entendia quem não gostava disso, era muito prazeroso. Quando caímos na cama suados, Allan não demorou a se recuperar e pedir pra gente continuar.
— Posso te dizer uma coisa? — ele disse, enquanto nos moviamos ofegante.
— Hmm? — resmunguei, de olhso fechados.
— Quero ter filhos algum dia, quero que se pareçam com você.
— Porque você sempre tem que falar coisas sérias em momentos inoportunos? — eu reclamei de olhos abertos agora. Achei que Allan ia parar pra gente conversar, mas ele não parou e sorriu quando eu abri a boca com seus movimentos fortes.
— Não quer ter filhos, rainha gótica?
— Tenho cara de quem saberia cuidar de uma crinan... Ah! Allan, para, me deixa falar — eu tentei me afastar dele, mas Allan deitou o corpo pesado sobre o meu, me prendendo na cama e sem sair de mim.
— Um dia vai querer ter filhos comigo — ele sorriu maldosamente enquanto se aproximava do meu pescoço e me beijava lá, fazendo meu corpo todo se debater e meus olhos se revirarem.
— Vai sonhando — eu disse em um último fôlego que me restava.
Allan e eu terminamos a noite comendo pipoca e assistindo Dorama na Netflix, era um bem fofinho, chamado "Passarela dos sonhos", virou logo o meu favorito. Mas Allan começou a discutir comigo dizendo que eu não tinha assistido nem metade dos doramdas que ele viu para já estar escolhendo um favorito. Ele queria que o favorito dele fosse o meu também e por isso discutíamos, tudo terminou em mais alguns minutos de suspiros e prazeres na cama.
Quando dormi, sonhei que estava na praia, de vestido longo e branco, a minha barriga estava reta, mas eu sentia que tinha algo ali, alguém na verdade. Allan me esperava ao fim do fino tapete azul como a cor de sua gravata. Seu terno era branco, igual de Apolo, que me acompanhava ao meu lado, mas a gravata de Apolo também era branca. Eu sabia que tinha mais pessoas em volta, mas nenhum rosto ficou focado de verdade, só conseguia ver o sorriso grande de Allan. Depois o sonho mudou, eu estava sentada em uma enorme sala no meio de um tapete grande, tinha duas crianças brincando em volta de mim e uma chutando a minha barriga enorme. As crianças em volta tinham olhos puxados, assim como o homem que entrou sujo de tinta e trazendo mais brinquedos pintados de madeira e feitos a mão. As crianças se pareciam com Allan, eram dois meninos, ele entregou os brinquedos para eles e depois veio até mim, brincar com a barriga. Ele disse "minha menina" e eu comecei a chorar, mas agora já estava acordada, não estava chorando no sonho, estava chorando acordada. Eu teria filhos com Allan, na verdade, agora eu queria ter filhos com Allan. Ele ficaria muito feliz quando eu contasse assim que ele acordasse, tudo que eu mais queria no momento, era que ele fosse feliz, assim como me fazia sentir a pessoa mais linda e amada do mundo.
— Allan, meu Allan — eu sussurrei, sorrindo e chorando, e senti seus braços me apertarem em volta da cintura.
🖤𝓕𝓲𝓶 🖤
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